segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P7012: Doenças e outros problemas de saúde que nos afectavam (1): Paludismo (Rui Silva)

1. Mensagem de Rui Silva* (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 16 de Setembro de 2010:

Caros amigos Luís Graça, Vinhal, M. Ribeiro e Briote:
Recebam desde já um grande abraço e o maior desejo de que estejam bem de saúde e boa disposição.

Junto, envio um trabalho que se virem de algum interesse publiquem no Blogue.
Qualquer vossa decisão será sempre bem aceite.

Há mais histórias para contar do meu “Páginas Negras com salpicos cor-de-rosa” (no presente não é o caso) e também dos salpicos alguma coisa.

Mais um abraço.
Até sempre
Rui Silva


2. Como sempre as minhas primeiras palavras são de saudação para todos os camaradas ex-Combatentes da Guiné, mais ainda para aqueles que de algum modo ainda sofrem de sequelas daquela maldita guerra.

DOENÇAS E OUTROS PROBLEMAS DE SAÚDE (ou de integridade física) QUE A CCAÇ 816 TEVE DE ENFRENTAR DURANTE A SUA CAMPANHA NA GUINÉ PORTUGUESA (Bissorã, Olossato, Mansoa - 1965-67)

(I) Paludismo
(II) Matacanha
(III) Formiga “baga-baga”
(IV) Abelhas
(V) Lepra
(VI) Doença do sono


- Não é minha intenção ao “falar” aqui de doenças e outros problemas de saúde que afligiam os militares da 816 na ex-Guiné Portuguesa imiscuir-me em áreas para as quais não estou habilitado (áreas de Medicina Geral, Medicina Tropical, Biologia, etc.) mas, tão só, contar aquilo, como eu, e enquanto leigo em tais matérias, vi, ajuizei e senti.

Assim:

As 4 primeiras, a Companhia sentiu-as bem na pele (ou no corpo); as 2 últimas (Lepra e Doença do Sono), embora as constatássemos - houve mesmo contactos directos de elementos da Companhia com leprosos (foram leprosos transportados às costas, do mato para Olossato nas tais operações de recolha de população acoitada no mato para as povoações com protecção de tropa) –, não houve qualquer caso com o pessoal da Companhia, ou porque estas doenças estavam em fase de erradicação (?), ou porque a higiene e a profilaxia praticadas pela Companhia eram o suficiente para as obstar.


PALUDISMO - I

Esta doença não demorou a entrar na 816 ou não começássemos logo a ser atacados pelo agente causador (o Anopheles) mal pusemos os pés na Guiné.
Pele branquinha e sangue fresco, bom pasto para aqueles sanguessugas.
Os 13 primeiros dias em Brá (trampolim para o mato) foram dormidos sem mosquiteiros. Foi um tal atacar! O pessoal passava a vida a “tocar harpa”, como dizia o meu amigo Furriel Baião (já falecido) ao apontar um camarada a coçar-se desesperadamente com as unhas das mãos, logo ao limiar do dia. Afinal aprendemos todos a tocar harpa (uns mais desesperados que outros). A picada do mosquito, em alguns quase não se via sinais da dita, noutros era cada verdugo(!). Curiosa a reacção tão diversa da epiderme no pessoal. Mas todo o mundo se coçava. Já o nosso Primeiro (1.º Sargento Rodrigues, também já falecido) era alérgico, ou parecia ser, às picadas dos mosquitos, pois era vê-lo à noite (altura do ataque em massa) vestido de pijama de algodão fininho e de chinelos de tira, com o peito desnudado e de calças arregaçadas qual turista usufruindo da frescura da noite. Mosquitos não eram com ele. Seria de ele ser da terra dos presuntos (Lamego) e aqui estaria o antídoto? Fazia-nos cá um asco, pois a maioria à noite vestia-se do pescoço às pontas dos pés para não deixar um milímetro da pele à mostra.

Era um suplício querer desfrutar da frescura da noite e estar vestido quase “à inverno”.
Concluímos que a cor preta nas camisas ou nas meias ainda os atraíam mais.
Vínhamos então a saber que era através da picadela do mosquito que podíamos apanhar o Paludismo.

O meu amigo açoriano Furriel Vieira dormia todo vestido, isto ainda em Brá e, como se disse, sem mosquiteiros. As meias verdes militares, compridas, apanhavam as calças do pijama bem até cima e uma outra meia fazia de gorro. Só ficavam as narinas e a boca ao ar livre… para respirar. O medo não era do Paludismo mas sim o da irritação
Que quadro! Aquele calor e um homem todo tapado. Mas dormia, dormia até mais do que os outros.

Havia mosquitos por todo o lado, todos de longa palhinha para nos sugar. Apareciam mais à noite, muitos mais perto das Bolanhas e de outras águas estagnadas. E Uaque, mais lá para diante na comissão, com água por todo o lado. O rio ali tão perto e bolanhas alagadiças por todo o lado.

Ali em Uaque os mosquitos eram às carradas e até o “Lion Brand” dava a impressão que os alimentava.
Quando deixamos Brá para Bissorã aqui já passamos a ter mosquiteiros.

Houve vários casos de Paludismo na Companhia, mas, que eu soubesse, ninguém precisou de ser hospitalizado. Da Icterícia já não se podia dizer o mesmo e no Hospital via-se por ali muita gente amarelinha, alguns em trânsito para a metrópole para uma cura mais cuidada. De comprimidos a injecções, o Paludismo desaparecia logo, o que era preciso era ser bem diagnosticado, o que não parecia difícil, e a terapêutica, logo aplicada, era eficaz.

Era corrente dizer-se que até 38º de temperatura uma dose de comprimidos chegava. Para além daquele valor só de injecção.
Apenas conheci (foi-me contado) um caso de morte por Paludismo e no Hospital Militar de Bissau, que foi de um Fuzileiro que morreu do Paludismo.
Dizia-se que só se morria por desleixo ou incúria, por pavor a injecções e outras fobias, isto é, se se deixasse andar…

A febre, sintoma típico desta doença, era alta, e por vezes, em casos não valorizados, subia até o mercúrio encostar no valor mais alto do termómetro e então aqui a malta dizia que fulano tinha “rebentado” o termómetro.

O Paludismo era por vezes confundido com Dengue mas julgo que esta doença (viral) de sintomas semelhantes aos do Paludismo (parasitária) era mais uma doença sazonal (após chuvas) enquanto o Paludismo era uma presença constante ou não houvesse mosquitos todo o tempo e a toda a hora.

Às quintas-feiras lá tomávamos a nossa pastilha de Quinino como medida preventiva. O Furriel enfermeiro Molhinho (Ludgero) lá se encarregava disso. Mas havia quem não o tomasse. Fiquei ali a saber que havia quem tivesse aversão à tomada de pastilhas, uma espécie de fobia. Não as conseguiam engolir…

A conclusão que se tirou é que era uma doença perigosa e mortal, mas de cura relativamente fácil, daí…


O que se segue foi retirado da Internet cuja reprodução, com a devida vénia, se pede a autorização devida ao autor

O paludismo (malária) é uma infecção dos glóbulos vermelhos causada pelo mPlasmadiu, um organismo unicelular.

O paludismo transmite-se através da picada do mosquito Anopheles fêmea infectado, por uma transfusão de sangue contaminado ou então por uma injecção dada com uma agulha previamente utilizada numa pessoa infectada.

Existem 4 espécies de parasitas (Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae) que podem infectar os humanos e causar paludismo.

Os medicamentos e os insecticidas têm feito com que o paludismo seja muito raro nos países mais desenvolvidos, mas a infecção continua a ser muito frequente nos países tropicais. As pessoas originárias dos trópicos em visita a outros países ou os turistas que regressam dessas áreas estão por vezes afectados e causarão, possivelmente, uma pequena epidemia.

O ciclo de vida do parasita começa quando um mosquito fêmea pica um indivíduo infectado. O mosquito aspira sangue que contém parasitas do paludismo, os quais chegam às suas glândulas salivares.

Quando o mosquito pica outra pessoa, injecta parasitas com a sua saliva.
Uma vez dentro da pessoa, os parasitas depositam-se no fígado, onde se multiplicam. Amadurecem no decurso de 2 a 4 semanas e depois abandonam o fígado e invadem os glóbulos vermelhos.
Os parasitas multiplicam-se dentro dos glóbulos vermelhos, o que finalmente faz com que eles rebentem.

Plasmodium vivax e Plasmodium ovale podem permanecer nas células do fígado enquanto vão, periodicamente , libertando parasitas maduros para a corrente sanguínea, provocando ataques com os sintomas do paludismo. Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae não permanecem no fígado. Contudo, se a infecção não for tratada ou receber uma terapêutica inadequada, a forma madura do Plasmodium falciparum pode persistir na corrente sanguínea durante meses e a forma madura do Plasmodium malariae durante anos, provocando ataques repetidos com os sintomas do paludismo.



Sintomas e complicações

Os sintomas costumam começar entre 10 e 35 dias depois de um mosquito ter injectado o parasita na pessoa.
Em geral, os primeiros sintomas são febre ligeira e intermitente, dor de cabeça e dor muscular, calafrios juntamente com uma sensação de doença (mal-estar geral).
Às vezes os sintomas começam com arrepios e tremores seguidos de febre, os quais duram entre 2 e 3 dias; confundem-se frequentemente com a sintomatologia da gripe. Os sintomas subsequentes e os padrões que a doença segue variam para cada tipo de paludismo.


Dados para recordar acerca da malária

- Os medicamentos preventivos não são 100% eficazes.
- Os sintomas podem começar um mês ou mais depois o indivíduo ter sido infectado por uma picada do mosquito.
- Os primeiros sintomas são inespecíficos e costumam confundir-se com os da gripe.
- É importante estabelecer um diagnóstico rapidamente e começar o tratamento, particularmente para a malária por P. falciparum, que é mortal, chegando a 20% das pessoas infectadas.

No Paludismo por Plasmodium falciparum pode verificar-se uma alteração da função cerebral, complicação denominada malária cerebral. Os sintomas consistem em febre de pelo menos 40º C, dor de cabeça intensa, vertigens, delírio e confusão. O paludismo cerebral pode ser mortal. Em geral afecta as crianças, as mulheres grávidas e os turistas que se dirigem para zonas de alto risco.
No paludismo por Plasmodium vivax pode haver delírio quando a febre estiver alta mas, se não for esse o caso os sintomas cerebrais não são frequentes.

Em todas as variedades de paludismo, o número total de glóbulos brancos costuma ser normal, mas o número de linfócitos e de monócitos, dois tipos específicos de glóbulos brancos, aumenta.
Em geral, se o paludismo não for tratado, aparece icterícia ligeira e o fígado e o baço aumentam de volume. É frequente que a concentração de açúcar no sangue (glicose) diminua ainda mais nas pessoas que têm uma grande quantidade de parasitas. Os valores de açúcar no sangue podem descer posteriormente naqueles que são tratados com quinina.

Às vezes o paludismo persiste apesar de no sangue aparecerem apenas números baixos de parasitas. Os sintomas incluem apatia, dores de cabeça periódicas, sensação de mal-estar, falta de apetite, fadiga e ataques de calafrios e febre. Os sintomas são consideravelmente mais ligeiros e os ataques não duram tanto como o primeiro.

Se um indivíduo não receber tratamento, os sintomas do paludismo por Plasmodium vivax, por Plasmodium ovale ou por Plasmodium malariae regridem espontaneamente em 10 a 30 dias mas podem recorrer com intervalos variáveis. O paludismo por Plasmodium falciparum é mortal, chegando a 20% dos afectados.

A febre hemoglobinúrica é uma complicação rara do paludismo causada pela ruptura de uma grande quantidade de glóbulos vermelhos. Em seguida liberta-se um pigmento vermelho (hemoglobina) na corrente sanguínea. A hemoglobina, que é logo excretada com a urina, faz com que esta apresente uma cor escura. Esta febre ocorre quase exclusivamente nos doentes com malária crónica por Plasmodium falciparum, especialmente nos que foram tratados com quinina.


Diagnóstico

O médico suspeita que um indivíduo apresenta malária quando este tem ataques periódicos de calafrios e febre sem causa aparente. A suspeita é maior se, durante o ano anterior, a pessoa visitou alguma zona na qual o paludismo é frequente e se, além disso, o seu baço aumentou de volume. O facto de se identificar o parasita numa amostra de sangue confirma o diagnóstico.
É possível que sejam necessárias mais do que uma amostra par estabelecer o diagnóstico, porque a taxa de parasitas no sangue varia com o passar do tempo. O resultado do laboratório deve identificar a espécie de Plasmodium encontrado no sangue, porque o tratamento, as complicações e o prognóstico variam conforme a espécie.


Prevenção e tratamento

As pessoas que vivem em zonas endémicas ou então que viajam para lá devem tomar as suas precauções. Podem utilizar insecticidas com efeitos de longa duração quer dentro das suas casas quer nas zonas anexas, colocar redes nas portas e janelas, usar mosquiteiro sobre as suas camas e aplicar repelente contra mosquitos na pele. Também devem usar roupa suficiente, em particular depois do pôr-do-sol, protegendo a pele o mais possível contra as picadas dos mosquitos.

É possível iniciar algum tipo de medicação para prevenir o paludismo durante a viagem a uma zona endémica. O medicamento começa a ser tomado uma semana antes, continua-se durante toda a estada e prolonga-se durante mais um mês depois de ter abandonado a zona. O fármaco mais frequentemente utilizado é a cloroquina. Contudo, muitas zonas do mundo têm espécies de Plasmadium falciparum que são resistentes a este fármaco. Outras medicações compreendem a mefloquina e a doxiciclina. No entanto, a doxiciclina não pode ser tomada por crianças menores de 8 anos ou mulheres grávidas.

Nenhuma terapêutica é completamente eficaz no momento de evitar a infecção. Os turistas que tenham febre enquanto se encontram numa zona infestada de malária deverão ser examinados de imediato por um médico. O indivíduo pode começar a tomar, por conta própria, uma combinação de fármacos como a pirimetamina-sulfadoxina, até conseguir ajuda médica.

O tratamento depende do tipo de malária e de, na zona geográfica em concreto, existirem espécies de parasitas resistentes à cloroquina. Para um ataque agudo de malária por P. falciparum numa zona que se sabe possuir espécies resistentes à cloroquina, a pessoa pode tomar quinina ou receber quinidina endovenosa. Noutros tipos, a resistência à cloroquina é menos frequente e, por consequência, a pessoa afectada toma-a, habitualmente, seguida de primaquina.

Segue: MATACANHA (II)
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 – P6579: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (10): Golpe-de mão à “casa-de-mato” de Cussondome

21 comentários:

José Marcelino Martins disse...

Com a publicação de textos sobre os mais variados temas, em breve, teremos manuais para constituir uma universidade aberta a todos os cidadãos.

Isto (o blogue) é uma autentica bola de neve, e ainda estamos no verão!
Deixem vir os dia frios ...

Anónimo disse...

Eu não sei se posso dizer isto !...
Picadelas em Brá, em Bissorã e no Olossato e depois em Farim e Jumbembém apanhei umas boas centenas. Efeitos das picadelas não foram além das coçadelas habituais. Comprimidos nunca engoli nenhum, não pelo seu tamanho, porque até eram pequenitos, mas outra qualquer maluqueira de que não me recordo.
Matacanha apanhei uma que o Mamadu tirou com um canivete de madeira sem consequencias de maior. Das outras só vi no Hospital de Bissau.
Como durante os 24 meses de Guiné não apanhei paludismo, e como os Médicos entendiam que quem não apanhava na Guiné apanhava cá e com consequencias mais graves, acabei por ficar 6 meses de quarentena, pelo que uma vez em cada mês tinha de me deslocar a um Departamento na Rua D. Estefânia onde me era fornecido um saco de medicamentos. E agora não vou dizer o que lhes fazia porque já todos advinharam.
Na Guiné dei sangue por 3 vezes e nunca alguém me perguntou se já tinha tido paludismo.
Depois do regresso dei sangue várias vezes, e a cada vez o Médico perguntava, esteve no Ultramar ? Estive na Guiné. Teve paludismo ? Não tive. Nunca nenhum acreditou, e só depois da picadela no dedo para retirar sangue para análise, que custava bem mais do que dar sangue, é que acreditavam.
Não digo mais.....
Os meus respeitos e a minha admiração para todos aqueles que não tiveram a mesma sorte. Vi muitos aflitos e em grande sofrimento.
Um grande abraço para todos os que apanharam paludismo e para os outros também......

Artur Conceição

Anónimo disse...

Camarigos
Assim que desembarquei em Brá fui de tal maneira picado que os braços e as pernas pareciam umas chagas. Passados 3 a 4 meses, não mais fui picado. Fiquei imunizado.
Já não tinha o "Sangue metropolitano" deixaram-me em paz até ao fim da Comissão. E esta hem?
Alfa Bravo
Luís Borrega

Anónimo disse...

RUI OLHA EU DEVO TER MUITA SORTE AINDA NÃO TIVE PALUDISMO, SE CALHAR FOI POR LÁ NA GUINÉ TER BEBIDO MUITA FANTA E LEITE COM CHOCOLATE POIS COM CINQUENTA E NOVE ANOS AINDA NÃO BEBI QUALQUER BEBIDA QUE CONTENHA ALCOOL, ACREDITEM QUE É VERDADE E OUTRA AINDA NÃO FUMEI QUALQUER CIGARRO.

UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA TODA A TABANCA GRANDE.

AMILCAR VENTURA EX-FURRIEL MILº MECÂNICO AUTO DA 1ªCCAV/BCAV8323
PIRADA-BAJOCUNDA-COPÁ 73/74.

Anónimo disse...

Também não tive Paludismo,embora

nunca tenha tomado os tais compri-

midos...E acreditem que não foi

da fanta,nem do leite com chocolate

E muito menos da abstinencia taba-

cal..pois fumava,fumo e fumarei..

Enfim mistérios..

Abraço.

Jorge Cabral

Carlos Vinhal disse...

Há gente com sorte.
Cá o rapaz tomava religiosamente os comprimidos que o Fur Enf.º Marques punha na mesa. Apanhei umas três ou quatro pielas para fortalecer o fígado, coração e outros orgãos a menos de 50 centímetros, fumava como um desalmado para queimar os micróbios, e mesmo assim adoeci com o paludismo lá e cá.
Um abraço
Carlos

Anónimo disse...

Belo artigo e explêndida idéia trazer aqui temas que nos preocupavam e afectavam bastante.

Parabéns Rui Silva.

Vou mostrar o artigo ao Luciano Mourão da tua 816 que é o presidente da Freguesia aqui do Estoril a ver se ele entra na Tabanca.

Pois eu felizmente também não tive paludismo.
Pelo que vi escrito, eu devia ter a mesma receita do Jorge Cabral.

Foi o dr. Lemos que me receitou:

Vai mais um p´ró mossssquito?

Um abraço,

Mário Fitas

Luís Graça disse...

Rui: Parabéns pelo texto, e pela série... São informações muito úteis, para todos nós... No entanto, por lapso não citaste o "sítio" de onde reproduzes uma parte do texto sobre o paludismo... Agradeces mas não dizes quem é o(a) autor(a)... No nosso blogue respeitamos a "propriedade intelectual"... Um grande abraço. Luís

Anónimo disse...

Camarigos
Já que estamos a falar de paludismo, alguém se lembra do nome dos comprimidos que tomávamos na Guiné? O Laboratório era o Roche, se bem me lembro.
Na Messe de Pitche todas as 5ªs feiras era dia de tomar o dito cujo ao almoço. Se tivessemos no mato ou tomávamos à noite, após o regresso, ou levávamos para o mato e tomavamos lá.
Depois de regressar ainda tomei uns meses um por semana.
Felizmente nunca contraí a doença até hoje.
AB
Luís Borrega

Anónimo disse...

Na CCaç 3327 de que fui o furriel enfermeiro adoeceu muita gente com paludismo. Dos graduados só eu fiquei doente.
Quanto a mim, a malária atacava mais quem estivesse mais em baixo, quer física, quer psicológicamente.
Os graduados defendiam-se mais -- ou por outra, trabalhavam menos, e daí a melhor forma física.
A excepção fui eu que tive a infelicidade de perder o meu pai -- morto por um cancro -- e entrei em depressão por uns dois ou três meses.
E, quando dei conta, estava apanhado.
Não me lembro de alguma vez me sentir tão mal -- doía-me tudo, até o cabelo. Durante uma semana, sentado, deitado ou em pé, tudo me parecia um pesadelo.
Abraço a todos, especialmente aos meus amigos da CCaç 3327.
Rui Esteves

Anónimo disse...

Resposta ao Luís Borrega.

Se a memória não me atraiçoa o comprimido tinha o nome de Daraprin
Tomado à quinta-feira penso que era do "regulamento".

Abraços e muita saúde.

Artur Conceição

Anónimo disse...

Camarigo Artur Conceição
És capaz de ter razão, o nome Daraprin não me é estranho.
Agradecido e Abraço
Luís Borrega

Hélder Valério disse...

Caro camarada Rui Silva

Fizeste bem em apresentar este trabalho.

De facto foram vários os problemas com que nos debatemos e embora alguns deles já tinham sido referidos, aqui e ali, a verdade é que neste caso particular foi dada uma informação que tem aplicação geral.

Já agora, em que circunstâncias se aplicava a "fórmula 5"?

Um abraço
Hélder S.

Joaquim Mexia Alves disse...

Se bem me lembro o comprimido que se tomava no meu tempo era Pirimetamina.

Enquanto estive no Xitole penso que o tomava regularmente. A partir daí, nem bafo!

Nunca tive paludismo na Guiné, porque a "esposa" do Anofeles não devia gramar wiskhy, nem cerveja!!!

Em Angola só bebia praticamente Gin Tónico e assim já não precisava de tomar os comprimidos, pois o Quinino já vinha na água tónica!

Também não tive paludismo em Angola.

Mas na noite de fim de ano de 1975 regressado de Angola tive o primeiro ataque de paludismo que me deixou de rastos!

A propósito disso, conta a "tradição" que o Gin Tónico seria uma invenção dos ingleses, que na India em vez de tomarem os comprimidos de quinino, bebiam-no em quantidade visto que a água tónica tem na sua composição, salvo o erro, Hidrocloreto de Quinino.

Um abraço camarigo para todos

admor disse...

Era sim senhor a Pirimetamina em grandes frascos de 500 ou 1000 comprimidos, que se entregavam aos "rancheiros" para todas as 5ªs. feiras porem um comprimidinho ao lado do prato para ser emborcado com qualquer bebida que acompanhasse o rancho. Acho que muitos tomavam com o próprio vinho.
Eu também fui dos que escapei ao frete do paludismo e lá por ser o doutor da companhia não posso garantir q2ue tenha tomado sempre o comprimidinho que tinha o principio activo nas camoquinas e resoquinas. Conforme diz o camarigo Mexia Alves a água tónica na sua composição também lá tem o tal principio activo.Em Guidage havia pouca mosquitada mas em Binta, Bigene e Barro já não era nada assim pois estavam mais perto do Cacheu.
Como diz o Rui Silva o paludismo na fase benigna já era um valente frete, mas na fase má podia levar à morte uma pessoa que não fosse bem tratada. Bebam-se uns whiskeys e uns gins e continuemos a atirar o paludismo para longe.
Muita saúde para todos e um grande abraço também para todos.
Adriano Moreira - Fur. Mil. Enfº. Cart.
2412 "SEMPRE DIFERENTES"

Anónimo disse...

Caríssimos

Com a devida vénia até porque não quero de forma alguma meter foice em seara que não é minha, mas esta de Daraprin ou Daraprim ou Pirimetamina parece-me ser mais ou menos a mesma coisa. Que no meu tempo ainda tinha o nome de Daraprin, se tinha dúvidas já as não tenho. Que lhe mudaram o nome mantendo mais ou menos a mesma composição parece verdade.
Também me parece que esta situação de quem tomava e não tomava, porque tomava e porque não tomava, era distribuído a todos ou era só a alguns ?
Alguém se recorda do alerta levantado em 1965 por um grupo de Médicos, entre eles o Dr Afonso da Cart 730, porque estavam a dar Quinino aos Militares ?

Acho que o Rui Silva lançou um bom tema.

Um grande abraço,

Muita saúde sem paludismo ou outras mazelas

Artur Conceição

admor disse...

Possívelmente a diferença que existia entre o Daraprin e a Pirimetamina é que o primeiro devia ser obra de um Laboratório Comercial e o segundo era do Laboratório Militar assim como a Acetalgina que correspondia à Aspirina da Bayer e muitos outros medicamentos para ficarem mais baratos porque naquele tempo todas as pessoas gostavam de poupar em tudo.
Um abraço,
Adriano Moreira - Cart. 2412 "SEMPRE DIFERENTES" 1968/70

Anónimo disse...

Camaradas,

Nunca tomei os tais comprimidos, também não tive paludismo. Fumava muito, já não o faço. Dou-me bem com a mudança!

O repelente era meu companheiro assíduo das longas noitadas.
O uso daquela pestilenta era, compreensívelmente, "obrigatório" na minha secção.

Já tinhamos cerca de 8 meses de Guiné, quando o meu primeiro homem foi atingido. Curiosamente, o homem maior da companhia e um dos mais fortes.

Na altura, ele estava bastante debilitado, devido a um acidente na cozinha, em Bassarel, que o deixou bastante queimado.

O Rui Esteves tem razão quando afirma que, na CCaç 3327, os mais debilitados, física e psicológicamente, eram os mais atingidos.

Os militares da nossa companhia, durante muitos meses, não descansavam o suficiente para retemperar o físico. Para além disso, estavam constantemente expostos às picadelas dos mosquitos.

Um abraço para o Rui e para os camaradas.

José Câmara

JOEL VIOLA PACHECO disse...

Parabêns RUI SILVA pelo texto sobre o paludismo.
Com a CCAV3568/72/74.Comecei no Olossato a "viagem" pelo paludismo.No total foram cinco, em vinte e sete meses e meio de comissão.
Ainda recordo o nome de alguns medicamentos, CLOROQINA,NIVAQINA.
Um forte abraço para todos os ex.combatentes na GUINÉ. JOEL VIOLA.

LAPIN disse...

Por falar em paludismo eu apanhei duas ves«zes em 69 e em 70 em jumbembem / farim e se nao me engano o mome do medicamento para tratamento era um po branco e um liqido que o furriel
misturava na seringa e nos dava intramuscular o nome andava a volta de (ARALENE UM FRASCO E O OUTRO SINIFRINE )SERA ESSE O NOME

Unknown disse...

Facto o paludismo afetava os fisicamente e psicologicamente mais debilitados.Fui 1 cabo na enfermaria de T.Pinto nos anos 71/73.De acordo com o diagnóstico médico todos os militares internados lhe era aplicado a cloroquina e salvo erro tbm resoquina.Todos foram tratados e nenhum foi evacuado para o HMB.Lembro que recuperavam da doença que os enfraquecia injectando vitamina B e C. Sabia que a origem da doença era a picada do mosquito mas desconhecia os pormenores aqui exposto com texto bastante explicito pelo autor a quem agradeço.
ABRACO A TODOS OS MILITARES QUE PASSARAM POR ESTAS TERRAS DA GUINÉ QUE SE SOBREVIVERAM DA GUERRA E DA DOENÇA TEM MAIS UMA FORTE RAZAO PARA TEREM A ESPERANCA QUE TBM SOBREVIREMOS A ESTE COVIDE-19,20,21..Etc...