sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9527: FAP (65): Mísseis Strela, a viragem na guerra... (António J. Pereira da Costa)

A Viragem na Guerra

Por António José Pereira da Costa*
Coronel de Art.ª na reserva, na efectividade de serviço, ex-Alferes de Art.ª na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69 e ex-Capitão de Art.ª e CMDT da CART 3494/BART 3873, Mansabá, Xime e Mansambo, 1972/74

A revista "Mais Alto"** não veicula necessariamente a opinião, a doutrina ou o pensamento da Força Aérea, mas as opiniões que nela se contêm – da responsabilidade exclusiva dos seus autores – não divergem muito e, decerto, não contradizem as posições da FAP sobre as diferentes matérias. O tema da utilização dos mísseis portáteis Strela por parte dos guerrilheiros do PAIGC, analisado nas revistas n.º 392 e 393, pelo Dr. José Manuel Correia, merece algumas reflexões, já que esclarece, de um modo claro, o que sucedeu e como a FAP lidou com a nova situação.

Vejamos a perspectiva de um não-voador.

Sabemos que a introdução de uma dada arma pode modificar o curso de uma guerra, especialmente se apenas um dos beligerantes a possuir. Tal circunstância deve-se, essencialmente, ao facto de essa arma conferir a quem a possui uma nítida vantagem sobre o opositor ou anular uma vantagem de que este tenha vindo a dispor até então.

Desde o início da guerra que o apoio prestado pela FAP apenas conhecia como limites a sua disponibilidade em meios humanos e/ou materiais ou, como muitas vezes sucedeu, as condições meteorológicas. Na Guiné, o apoio aéreo nas suas diferentes modalidades, era fundamental e, muitas vezes, taticamente decisivo. Por outro lado, a capacidade de as aeronaves detectarem o inimigo e poderem atacá-lo, de imediato ou depois de um reconhecimento fotográfico, ficou bem marcada, durante o ano de 1968, quando surgiram as primeiras armas antiaéreas, mais exactamente no Quitafine, que o inimigo já anunciava como "zona libertada”.

Os guerrilheiros usavam então metralhadoras múltiplas ZPU 14,5mm, instaladas em espaldões em forma de caracol. Nesse ano, foi atingido com fogo antiaéreo o comandante do Grupo Operacional da BA 12, Tenente-Coronel Costa Gomes, que saltou em pára-quedas e foi recolhido perto da Aldeia Formosa. Fiquei com a impressão – por ter ouvido as comunicações rádio – de que armas antiaéreas eram atacadas e destruídas uma a uma, pelo então Capitão Jesus Vasquez e cheguei a ver as fotos antes e depois do ataque, a uma delas.

O inimigo não tinha conseguido, mesmo num dos seus santuários, superiorizar-se à ofensiva da FAP, através de uma postura primordialmente defensiva. Claro que não seria de supor que desistisse de neutralizar o meio ofensivo que “fazia a diferença”. A precisão e capacidade destrutiva da arma aérea era muito superior às da artilharia, já que esta, mesmo regulada com observação aérea, estava depois, no momento de prestar o seu apoio, completamente cega e fazia tiro, raramente com regulação terrestre ou em tiros pré-calculados para locais onde, “provavelmente”, os guerrilheiros se haviam instalado para combater ou se supunha que pudessem vir a fazê-lo.

Além disso, a regulação do tiro com observação aérea, de modo a levá-lo a um objectivo que eventualmente se revelasse não era prática corrente, nem seria muito eficaz, a menos que se pretendesse bater um objectivo de certas dimensões e com pouca possibilidade de mudar de posição, enquanto estivesse a ser atacado.

Se as metralhadoras antiaéreas, pela sua pouca mobilidade, eram armas essencialmente defensivas, os mísseis portáteis, de guiamento passivo, tinham características que permitiam ao PAIGC passar à ofensiva. O Strela era um míssil portátil, podendo por isso acompanhar qualquer grupo de guerrilheiros em deslocamento apeado, de manejo fácil e quase intuitivo, por combatentes pouco letrados e que não necessitava de qualquer acção depois do disparo. Esta circunstância poderá, de certo modo, explicar o relativamente baixo rendimento tirado do Strela (36 disparos para atingir 6 aviões) e o facto de os primeiros dois disparos terem tido origem junto à fronteira Norte faz supor que tenham sido levados a cabo por conselheiros estrangeiros.

Há, porém, um aspecto do problema que não pode ser negligenciado. É que, tal como sucede na luta entre os anticarro e as viaturas blindadas, uma das armas, relativamente barata e fácil de produzir, destrói ou põem fora de combate uma outra mais cara e difícil de substituir. E que dizer dos homens que operam as armas?

No caso em apreço, um guerrilheiro decidido e moralizado, embora quase analfabeto, só teve que aprender a usar uma arma feita de acordo com as suas características psicofísicas, para com ela destruir uma máquina caríssima – no nosso caso “paga a peso de ouro” – de produção lenta e, principalmente, operada por um técnico cuja formação e evolução técnica-literária é muito considerável e obtida através de um demorado processo de formação. Estamos também perante uma vantagem que os guerrilheiros conseguiram obter com relativa facilidade e, como habitualmente, a custo zero.

A reacção da FAP não poderia ser muito diferente da que foi, quer a nível TO, quer a nível nacional, embora se soubesse que a hipótese que acabava de se materializar sempre fora de considerar, dada a facilidade com que o PAIGC se armava e reabastecia de armamento e munições.

Uma análise detalhada das medidas tomadas pela ZACVG, no que respeita ao apoio aéreo próximo às forças terrestre, e um pequeno esforço de memória para quem estava no terreno, naquele ano, leva à conclusão de que o apoio proporcionado pelos aviões T6 desapareceu completamente e o apoio por FIAT G91 ficou reduzido a acções sobre o In bem referenciado com granadas de fumos de morteiro. Sabemos bem que a acção dos primeiros, pela sua precisão e possibilidade de permanência à vertical da força apoiada era muito determinante. Havia até quem os preferisse aos segundos. É relativamente fácil a uma força em contacto próximo com inimigo sinalizá-lo. Todavia, o apoio terá de ser muito preciso e imediato, de forma a materializar a superioridade táctica, sem perigo para a unidade apoiada. Não é possível que a intervenção dos aviões seja imediata e o tempo que medeia entre o pedido de apoio e a chegada dos meios aéreos ao local é sempre “demasiado longo”.

Por vezes tão longo, que os guerrilheiros, no seu procedimento habitual, já abandonaram o local da refrega, cabendo apenas aos aviões uma acção de retaliação realizada sobre algo que, a 2.000 de altitude, se resume ao fumo de umas granadas lançadas com muita estimativa e pouca precisão. As acções de reconhecimento visual desapareceram e o reconhecimento fotográfico, já de si raro, também. Desse modo, a possibilidade se irem colectando informações sobre as posições inimigas anulou-se. Também no âmbito das acções de reabastecimento, transporte e evacuação, com a “interdição de inúmeras pistas ao DO 27” e as outras restrições adoptadas, a situação geral piorou, ficando as guarnições dispersas pelo TO reduzidas aos seus meios auto para estes tipos de actividade.

As forças terrestres ficaram assim a dispor de um apoio aéreo muito reduzido, não só em quantidade, mas também, em qualidade, o que só poderia ter más consequências no moral das tropas. Como será fácil de adivinhar, começou a ser sentido um certo isolamento – real ou psicológico – em certas guarnições, formando-se a ideia de que cada uma estava, cada vez mais, dependente das suas capacidades.

Em resumo poderemos dizer que o aparecimento dos mísseis Strela, na Guiné, constituiu uma conquista decisiva para o PAIGC e a perda de um apoio essencial para as forças terrestres especialmente para as unidades do Exército dispersas no interior do TO. Não haja dúvidas de que “a sobrevivência militar da província depende(ia) e assenta(va) na Força Aérea” como dizia, então, o comandante da ZACV.

O passo seguinte seria algo que se previa, também de há muito: o “fornecimento” de aviões MIG 17 ao PAIGC, operados por pilotos estrangeiros. Nunca chegou a ser dado, mas o “número de sobrevoos não autorizados” não parava de subir, em todos os documentos de informações recebidos nas unidades e não nos esqueçamos do Antonov que apodrecia na placa da BA 12, com os distintivos da Guiné Conacri (que nunca o reconheceu como seu) depois de ter aterrado, por engano, em território da Guiné Bissau.

A BA 12 era particularmente vulnerável a um ataque aéreo com consequências imprevisíveis, especialmente se a unidade não conseguisse reagir projectando força contra o atacante. E se fossem as instalações portuárias onde podemos incluir as da SACOR? E se no momento do ataque estivesse um navio a desembarcar ou a embarcar tropas? Estes dois objectivos eram extremamente sensíveis e estavam desprotegidos, mas se o inimigo pretendesse apenas “causar um problema” poderia atacar uma guarnição militar de média envergadura, não muito longe da fronteira. Com aviões “descaracterizados” ou arvorando os símbolos do PAIGC estaria criada uma situação em que só restava retaliar.

É sabido que em sociologia, leia-se guerra (subversiva), não à há “ses”. Todavia, esta última hipótese não se concretizou, mas, num conflito velho de 13 anos, será que a deveríamos descartar? Por mim creio que perdemos 9 homens e 5 aparelhos em 10 dias, por termos subestimado a possibilidade de o inimigo poder obter e utilizar a arma decisiva e assim virar uma página no conflito.
____________

Notas de CV:

(*) Vd, poste de 11 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8888: Filhos do vento (9): Tenho por mim que são mais as vozes que as nozes (António Costa)

(**) Vd. postes de:

22 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8806: Recortes de imprensa (48): Strela, a ameaça ao domínio dos céus do ultramar português - Revista da FAP, Mais Alto, n.º 392 , Jul / Ago 2011

16 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8912: Recortes de imprensa (51): Strela, a ameaça ao domínio dos céus do ultramar português - II Parte - Revista da FAP, Mais Alto, n.º 393 , Set / Out 2011
e
25 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8945: (Ex)citações (152): Strela, a ameaça ao domínio dos céus do ultramar português - Apreciação de António Martins de Matos ex-Ten Pilav, Bissalanca, 1972/74

Vd. último poste da série de 16 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8111: FAP (65): Falando do nosso destacamento em Nova Lamego (Gil Moutinho)

29 comentários:

Joaquim Mexia Alves disse...

E assim devagarinho se vai tentando levar a água ao moinho!

Acho até que já estava encomendado um porta-aviões para o paigc!

E se..., e se..., e se...!

Um abraço, caro António.

Para estas guerras não dou mais!

Mas sempre camarigo, pois claro!

Anónimo disse...

Caro Coronel e camarada artilheiro

Os meus parabéns pelo artigo.
Como artilheiro só quero fazer algumas considerações usando linguagem "artilheira", mas que os infantes certamente percebem.
Falando em "contra bateria", anular a base de fogos in,concordo que isso era muito difícil ou mesmo impossível, no contexto da guerra da guiné, mas também não era esse o objectivo principal da artilharia, apesar de por mera sorte ,digo eu, uma vez isso foi conseguido.
Pelo facto de após o inicio do uso dos mísseis terra-ar a actuação da Fap ficou mais difícil, a artilharia teve um papel ainda mais fundamental no apoio às NT em progressão no terreno.
Apenas posso falar da minha experiência.
Tínhamos já previamente calculados os dados de tiro e as respectivas correcções, e desde que as NT dessem a sua posição correcta, o tiro era feito com segurança para o objectivo pretendido.
É evidente que quando se fala de erro de 100 m do alvo, os infantes ironizam.
Utilizamos algumas tácticas às vezes pouco convencionais...por exemplo, quando nas flagelações não acertavam no aquartelamento raramente respondíamos, mas se acertassem era obrigatório responder..não falo de outras situações por pudor e ter algum peso na minha consciência, apesar de o principal objectivo ser sempre defender as NT.

Um alfa bravo

C.Martins

antonio graça de abreu disse...

Eu bem não quero fazer mais comentários, mas tem de ser.

Leio: (Com os Strela) "o apoio proporcionado pelos aviões T6 desapareceu completamente e o apoio por FIAT G91 ficou reduzido a acções sobre o In bem referenciado com granadas de fumos de morteiro."
E mais um estendal de mentirinhas
e de "ses", com os Migs do PAIGC e tudo...

Até quando teremos de ler estas aldrabices no blogue? Sempre a desinformação a bulir, este desgraçado gosto tão português de dizer mal de nós.
Eu estava lá, em Cufar, de Junho de 1973 a Abril de 1974, num Comando de Operações que dava apoio a todo o sul da Guiné e contou sempre com a funcionalidade dos meios aéreos.
Tenho fotos dos T 6 no aeroporto de Cufar em Janeiro de 1974.

Os nosso tenente general António Martins já explicou aqui como voava com os Fiats em 1973/1974 e como bombardeou como nunca tinha acontecido na guerra da Guiné.
A ameaça dos Strela era real mas
as DOs pararam de voar, e a partir de Junho de 1973 os hélis não iam a quase todos os lugares da Guiné? Até foram a Madina do Boé, com o governador Bettencourt Rodrigues, em Novembro de 1973!

Porquê sempre este gosto de denegrir a Força Aérea e as tropas portuguesas e exaltar o PAIGC?

Este não é o meu blogue, com os textos dos falsificadores da nossa História.

Abraço,

António Graça de Abreu

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caros Camarigos.

A situação era bem pior do que muitos de nós pensavam e pensam, hoje em dia.....

Sabiam que em 1973/74, um dos perigos era simplesmente:

"O In não possuía suficientes conhecimentos de identificar se a aeronaves eram militares ou civis, ou se um avião era português ou se tinha uma matrícula estrangeira!!" Como tal o pior aconteceu........
"na noite do dia 26 ABR73 o In disparou um míssil STRELA contra um avião comercial Francês, devidamente autorizado a sobrevoar o território Nacional.." de um Avião de matrícula estrangeira naquelas condições.."
"se tal acontecer, Portugal teria de assumir a responsabilidade do abate por se verificar ter ocorrido em território nacional"

Em virtude destes pressupostos, o Sr. Coronel Gualdino Moura Pinto, Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e da Guiné, pedia na Reunião de Comandos no CC em 15 de Maio de 73, propunha o seguinte:
"...propõe-se que o espaço aéreo da Província da Guiné seja considerado INTERDITO a todas as aeronaves, desde o solo até ao nível 150, com excepção do sector de descida e aproximação ao Aeroporto de Bissau...", "...imprescindível que as NT disponham de mísseis terra-ar equivalente ao STRELA, em ordem a responderem, em igualdade, ás acções aéreas que o In mesmo apenas com os seus aviões, já tem possibilidade de realizar..." e esses mísseis eram........
MÍSSEIS Terre-AR do Tipo REDEYE , para actuar em ligação com o RADAR de Detecção que também se era pedido com urgência nessa mesma data, a saber: Radar de Detecção, planimétrico e altimétrico, de longo alcance, que permitisse referenciar, sobre os Territórios Limítrofes, incursões dirigidas ao território nacional......

Informações Recolhidas em DOC MUITO SECRETO (já desclassificado), anexo "D" à Acta da Reuinão de Comandos de 15 de Maio de 1973, anexo assinado pelo coronel piloto-aviador Gualdino Mora Pinto, CMDT da Zona Aérea de Bissau.

O que será que alguns de vós pensa disto, e querem saber quais eram os Aviões que os Comandos da Altura pediam? O C. Martins sabe de certeza! eram apenas "..12 aviões MIRAGES, com possibilidades de ataques ao solo e intercepção e 300 milhas náuticas de raio de acção, para substituírem os T6 e Fiat-G91.......

Grande abraço:
Luís Gonçalves Vaz
(tabanqueiro 530)

Anónimo disse...

Como é curioso e ao mesmo tempo trágico que se reaja desta forma a um artigo como o do Coronel, com o suporte, ainda por cima, da própria revista MAIS ALTO?
A única mentira que aqui circula, afinal. é a afirmação de no artigo António Pereira da Costa ataque a FAP e enalteça o PAIGC.
Dou volta ao texto e não consigo vislumbrar um sinal sequer de que assim seja, coisa que, aliás, não acredito que passasse pela dignidade deste homem fazê-lo.
Mas pronto! Julgo que a pressa de qualificar confunde muitos camaradas levando-os a ler (a ouvir) o que não foi dito. Na formação de pilotagem, na cadeira de comunicações, esta é uma questão muito debatida, porque pode sempre acontecer que um piloto com desejo de aterrar oiça a autorização para uma descida de nível quando lhe foi dito para permanecer.
Abraços
José Brás

antonio graça de abreu disse...

O Zé Brás e o seu grupo de forcados eram valentes, pegavam touros à unha.
Agora vêm uns senhores dizer que afinal o Zé Brás e o seu grupo de forcados, depois de umas tantas cornadas, medrosos, já só pegavam touros às arrecuas.E fugiam para o burladero.
Enfim, para cada um sua verdade, até porque, como costuma dizer o Zé Brás, o conceito de verdade não é rigoroso, é muito subjectivo.
Mas todos sabemos que o Zé Brás e
o seu grupo de forcados não tinham medo dos touros, tinham cuidado, pois claro(e se viessem os Miúras desembolados?) Todos sabemos que o Zé Brás e os seus forcados eram valentes e nunca viraram à luta.
Esta a verdade.

Estamos entendidos?
Parece que não...

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Bem António
Nem vale a pena dizer que sempre tive muito medo dos toiros. Não sou doido, não é, embora alguns possam pensar. Mas o meu medo era todo nas cortesias, nos momentos antes de saltar à arena e era também a minha meta a vencer.
Não pequei Miuras desembolados, mas peguei 600 kilos de toiro desembolado em Salamanca e juro-te que é uma coisa lixada.
Quem disser que eu não tinha medo está a faltar à verdade e quem disser que alguma vez me encolhi perante os piores toiros que calhavam ao grupo e que o Cabo me destinava, também estará a faltar á verdade.
Eu só disse que não vejo no artigo do camarada António Pereira da Costa qualquer sinal de apologia e que não vejo como alguém possa ver. Só.
Abraço
José Brás

PS
A propósito (oportunismo), dia 1 de Abril voltarei a fardar-me numa corrida comemorativa dos 80 anos do meu grupo. Quem quiser ver são só 10,00€ e tenho bilhetes para vender
Toma!
José Brás

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Caro Luís Gonçalves

Essa do C.Martins sabe de certeza tem piada.
Estou relativamente bem informado no que diz respeito ao paigc, devido a fonte segura...
Já agora sobre a aquisição de meios aéreos pela FAP,tanto quanto sei, pôs-se a hipótese de adquirir mirages f1 e mísseis scrotale terra-ar para defesa do espaço aéreo da Guiné.
Sobre os Mirage F1, eram muito melhores que os Mig 15,e com maior raio de acção, mas um especialista poderá dar melhores informações.

Um alfa bravo

C.Martins

antonio graça de abreu disse...

Último comentário, não meu mas do Livro de Lie Zi, capítulo III, 8,escrito provavelmente no século III a.C., pelo filósofo Zhuang Zi, um cidadão chinês, claro:

"Hoje em dia toda gente se engana ao distinguir entre o verdadeiro e o falso e anda confundido ao discernir entre o bem e o mal. Como são muitos os que padecem desta enfermidade, uma pessoa já nem dá conta."

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Camaradas,

Reporto-me ao livro intitulado "A Psicologia da Incompetência dos Militares", Norman Dixon, que sobre a envolvência do título, refere, entre várias outras circunstâncias para aquelas manifestações:
- Conservantismo fundamental e apego a tradições ultrapassadas; incapacidade de aproveitar a experiência do passado (devida, em parte, a uma recusa em admitir a existência de erros no passado). Isto envolve também a não utilização ou a tendência para uma errada aplicação da tecnologia disponível.
- Tendência para regeitar ouignorar as informações desagradºaveis ou que chocam com os preconceitos.
- Tendência para substimar o inimigo e sobrestimar as capacidades do seu próprio lado.

Abraços fraternos
JD

Anónimo disse...

"Estou relativamente bem informado no que diz respeito ao paigc, devido a fonte segura..."

Caro C Martins ha momentos que que as nossas ditas fontes "seguras" deveriam passar pelo crivo da razao !!!

So verga a "chantagem" e a "tirania" das (suas) fontes, quem quer !!!

Eu nao !!!

Mantenhas

Nelson Herbert

Anónimo disse...

A filosofia chinesa ao fim e ao cabo, traduz-se no lema: « CADA VEZ MAIS ALTO».

Cerca de quatro decadas depois da sua participação na Guerra Colonial ou Ultramar, através do apoio aos movimentos de libertação (ou turras para uns quantos), eis que "atacam" no N/BLOG.

A tal paciência de chinês.

Uma boa noite para TODOS.

A. Almeida

Luís Graça disse...

O C. Martins (que continua a preferir o seu estatuto de "outsider" dentro do blogue) já me explicou a história das suas "fontes seguras" (que se situam no interior da Guiné-Bissau, e que ele não pode revelar. alegadamente por razões de segurança de terceiros)...

Mas está na altura de dar uma explicação (global) ao Zé Povinho, ... Não fica bem, entre amigos e camaradas da Guiné (que eu sei que ele o é, amigo e camarada da Guiné!), estar sempre a usar o "argumento de autoridade"...

Um abraço. Bom noite, Gadamael!

António Martins Matos disse...

O artigo do meu amigo Pereira da Costa baseia-se na revista Mais Alto e avança com as suas reflexões teóricas sobre o tema, segundo as suas palavras, na perspectiva de um não-voador.
Há no entanto uma série de considerações que estão erradas, as mais notórias referem-se ao modo como os aviões apoiam as Forças terrestres.
É por estas e por outras que nunca me vão ouvir falar do emprego da peça 11.4, ou do obus 14.
Nunca andámos à espera da granada de fumo de morteiro, as FTs só tinham que dizer se tinham tropa no exterior, a arma com que tinham sido flagelados, há quanto tempo e a direcção do ataque, o resto era connosco.
Quanto ao apoio ter sido reduzido, ... acho que ele deve ser surdo.
Abraços
AMM

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Para todos os camarigos em especial paro o Nelson Herbert.

Já informei o camarada Luís Graça sobre "minha fonte".

Contactei, na altura da transição para a independência da Guiné,com muitas individualidades da cúpula do PAIGC, e posteriormente, fruto de várias circunstâncias, também.
O meu conhecimento é resultado do somatório de todos esses contactos, e quando em conversas informais as pessoas são normalmente genuínas.

Apenas tenho como finalidade a procura da verdade.

Caoro Nelson, poderia considerar o teu comentário como insultuoso, mas não o vou fazer, por isso estou a responder.

Dei a minha palavra de honra à minha fonte, e como tal não vou revelar quaisquer indícios que o possam identificar,além disso quem sabe o que se passa na Guiné em relação à instabilidade política, a qualquer momento se pode virar o feitiço contra o feiticeiro.
Pelo seu currículo e estatuto merece-me toda a credibilidade, não é pró-nada, é isso sim um guineense que ama a sua terra, que lutou pela independência, e que mesmo hoje, apesar de todas as vicissitudes, diz que valeu a pena.
Caro Nelson, apesar de seres guineense, isso não te dá o direito de fazeres juízos de valor sobre quem quer que seja, e no que diz respeito a chantagens e tiranias
,quando aqui expresso a minha opinião invocando a minha fonte, jamais tenho essa intenção e seria estúpido da minha parte, e fica sabendo que a pessoa em causa deveria merecer de ti todo o respeito, porque o merece.

Para terminar, considero este blogue, livre e aberto para cada um expressar o seu ponto de vista, e ninguém é obrigado a acreditar naquilo que eu ou outro diga.

C.Martins

Anónimo disse...

Falando de "autoridade"

Será que um artilheiro não pode falar com "autoridade" de artilharia, um pilav de aviões, um médico de medicina, um engenheiro de engenharia...and so on...SERÁ ?
Já agora, um que adquiriu determinados conhecimentos através de fontes fidedignas e credíveis...também não pode ?
Então quem é que pode ?
Olhem...pqp..um abraço e um queijo da serra.
A "lógica é uma batata"

C.Martins

Anónimo disse...

Camarada J.Belo

Quem é que neste blogue tem autoridade para falar sobre renas..suecas..forma de viver acima do círculo polar ártico..e eu que sei.

Camarada A.Matos

Eu ia ficando surdo , não só pelos tiros de artilharia,mas principalmente pelas "ameixas" que, vocês pilavs, largavam lá na minha ZO (gadamael).

Um alfa bravo
C.Martins

Anónimo disse...

Caro C Martins

Garanto-lhe que em momento algum tive a intencao de desrespeitar quem quer fosse, neste Blogue !

Dos valores da minha educacao africana, retenho ainda a reverencia devida aos "cabelos brancos".

Mas se foi essa a percepcao do meu comentario,aceite as minhas sinceras desculpas !

Acredite entretanto que continuarei a discordar (ou a concordar) consigo sempre e quando oportunidade para tal se me oferecer,independentemente da credibilidade e da relativa "autoridade" que entender conferir a sua fonte !!!

Afinal, de vivencias, afectos e testemunhos pessoais,se alimenta esta tabanca !!!

Mantenhas

Nelson Herbert

Juvenal Amado disse...

Ser patriota não implica que se seja cego e surdo.
Muitos de nós somos apreciadores de banda desenhada e muito precisamente, da criada por Urdezo & Goscinny .
Falo do irredutível gaulês Astérix, bem com da sua aldeia que resistem à ocupação dos romanos de Júlio César. As estórias e desenhos para além de muito engraçados, tem um quê, de verdade histórica, que confunde o orgulho patriótico dos gauleses com a verdade dos factos. O motor das narrativas é na verdade a resistência do povo ao invasor mais poção, menos poção.
As tribos celtas gaulesas, entre o 58 e o 52 ano a. C. fizeram frente ao invasor romano durante muito tempo.
Júlio César brilhante general, era o responsável pelo o subjugar das tribos da Gália ao império. Para o fazer dividiu para reinar, para além de ter a melhor engenharia militar, que deixou legados por todo o Mundo.
Os gauleses quando finalmente se uniram em torno de um grande guerreiro celta chamado Vercingètorix, derrotaram e destruíram várias legiões romanas, ameaçando expulsar o invasor de vez.
Mas não aconteceu assim e em Alésia chegou ao fim a aventura dos gauleses.
Júlio César com 50 000 soldados, acabou por derrotar sem apelo nem agravo cerca de 250 000 gauleses, que depois foram obrigados a desfilar perante ele depondo as armas.
Vercingétorix ao render-se disse – EIS-ME AQUI, HOMEM FORTISSIMO, VENCESTE UM HOMEM FORTE.
Findo isto voltemos à banda desenhada dos famosos livros do Astérix, onde com imensa graça o nome de Alésia é pura e simplesmente abolido e quando mencionado, dá azo a ataques de fúria aos velhos combatentes, que entre um sem numero de imprecações viram costas e dizem que Alésia nunca existiu.
Qual Alésia???
Nunca houve nenhuma Alésia!!!!!!!
É aqui chegado que venho falar de ignorância propositada.
Diz-se que contra factos não há argumentos. Sobre o que estava a passar apareceram documentos, mas agora refutam-se os documentos e isto nunca vai parar. É normal os países reescreverem a História a seu favor, mas pelo o menos, a industria cinematográfica de alguns ganha muito dinheiro com isso, o que não é o nosso caso.
Contra provas documentais, usa-se uma oratória digna de advogado que defende causas perdidas, mas que mesmo assim tem que cumprir o seu papel e nunca dá o braço a torcer.
Um abraço

Joaquim Mexia Alves disse...

Meu caro Juvenal

Não há documentos, há apenas se...

E o se... de um lado é igual e tem a mesma "verdade" do se... do outro lado.

Ou seja de uma lado há se... migs, do outro lado há se... mirages e tudo fica no se...

Um abraço amigo para ti

Mas para além disso e é a última vez que o digo e até agora ninguém me provou o contrário: as forças armadas até ao 25 de Abril não perderam guerra nenhuma e muito menos na Guiné!

Devemos ser o único povo no mundo que nos comprazemos em tentar menosprezarmo-nos e dar aos outros que nos combateram aquilo que nunca tiveram: a vitória!

Conseguiram aquilo que pretendiam porque os próprios Portugueses alteraram por suas mãos a politica do seu país.

Deve ser por isso que até o afamado Manoel de Oliveira fez um filme onde foca sobretudo as "derrotas" portuguesas!

E isto nada tem a ver com mentir na história, porque o não é, mas com a tendência mais vincada nestas últimas décadas de cada vez mais nos colocarmos de joelhos perante os outros.

Já tinha prometido a mim mesmo que não voltaria a falar sobre este assunto e agora tomo para mim próprio a minha palvra de honra que nunca mais aqui intervirei em tal assunto.

Um abraço para todos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Juvenal Amado disse...

Hélio Felgueiras relata assim a situação em finais 1968.

“Neste final de 1968 a situação militar na Guiné chegou a um ponto tal que só muito dificilmente, e com muito otimismo, se poderá antever uma melhoria significativa. Nos gabinetes em frente da carta talvez não seja difícil encontrar uma solução vitoriosa. No mato, porém, é muito difícil, e quem escreve isto tem três anos de mato. Mesmo que venham mais helicópteros, mais páras, mais artilharia e mais aviação e ainda que os efetivos das forças terrestres sejam aumentados e estas sejam adequadamente dotadas com as granadas, munições e armas coletivas que ora lhes faltam, mesmo que isso suceda em breve prazo, nem assim o nosso êxito militar será garantido. O inimigo está demasiado bem armado, bem apoiado pela população, bem organizado e bem enraizado num terreno que lhe é favorável, para poder ser batido e expulso. Realize-se uma operação em larga escala e veja-se o resultado: uns mortos e uns feridos, umas armas apreendidas, uns acampamentos destruídos e que mais? Mais nada. Se ao inimigo não convier o contato, basta esconder-se no mato e esperar que as nossas tropas se retirem. Ele lá ficará e reaparecerá quando quiser. Aliás, o que se entende por uma operação em larga escala? Talvez 4 ou 5 Companhias de forças terrestres, 1 ou 2 de Páras e Comandos e a aviação. Que faremos com estes efetivos? Uma operação, mais nada. Alguns dias depois tudo estará na mesma”.
Meu caro Mexia Alves a nossa diferença de opinião sobre o assunto é sobejamente conhecida desde da minha entrada no blogue. Eu nunca disse que a guerra estava perdida naquele momento, mas sim que se não fosse o 25 de Abril nós a perderíamos rapidamente.
Quando os EU América começaram fornecer os misseis aos guerrilheiros afegãos, a sorte da interversão russa no Afeganistão, ficou rapidamente traçada.
Quando eles começaram a acertar 8 em cada 10 misseis foi o fim da força aérea e dos blindados de ocupação. Os guerrilheiros não precisaram de força aérea para nada para derrotar no terreno, aquilo que era a 2ª potência militar mundial.

Dito isto, penso que me fundamento o suficiente para defender assim a minha perspectiva, mas também não quero ser responsável por abandonos
de pessoas e ideais, que considero serem adubo da existência deste blogue e que me dá particularmente prazer discutir.

Um abraço e não prometo de não voltar a intervir, porque promessas leva-as o vento.

Luís Gonçalves Vaz disse...

ivessoCaros camarigos, especialmente o ex-combatente Graça de Abreu:

Quando afirmas:

"...Porquê sempre este gosto de denegrir a Força Aérea e as tropas portuguesas e exaltar o PAIGC?..."
Revelas uma posição cristalizada, com alto teor emocional, que te impede de realizares uma análise mais fria de um percurso histórico de um grande grupo da sociedade portuguesa, o que é natural, pois estiveste envolvido...... Mas meu caro, com o devido respeito tens de aceitar que "DAR O DEVIDO VALOR AO ADVERSÁRIO, É UM PASSO MUI GRANDE PARA TE VALORIZARES COMO COMBATENTE E HONRAR AINDA MAIS OS TEUS CAMARADAS QUE TOMBARAM NESTA GUERRA, que não devia ter existido!

Como não fui combatente, estarei numa posição um pouco mais "Imparcial" para realizar algumas, não todas, reflexões sobre a evolução da Guerra colonial,especialmente no TO da Guiné. Como tal posso adiantar-te que "NÃO PERDEMOS A GUERRA", mas também "NÃO A GANHAMOS", e isto neste momento não é "fulcro da questão", mas sim perceber como era conduzida o conflito, o equilibrio/desiquilíbrio entre as forças beligerantes, bem como tentar saber como seria o futuro do conflito, se não existisse o 25 de Abril, entendes-me meu caro Graça de Abreu? E eu neste momento posso adiantar-te que "tenho elementos mais que secretos", não do tempo do "Prec" que funcionam como elementos probatórios, no sentido de "te fazer arrepiar", mas nenhum deles "DÁ VITÓRIA AO PAIGC", e ninguém pode dar, pois a Guerra Acabou da forma que todos sabemos, mas uma coisa é certa, o que eu "VOU REVELAR BREVEMENTE, VAI CALAR MUITAS VOZES".... e no caso do Espaço Aéreo já adiantei um pequeno Veu...... Estejam atentos que brevemente "libertarei mais informações mui reveladoras"... Ha, descobri no outro dia que tenho o teu livro há bastante tempo, gostei muito de o ler, na forma como está estruturado e devorei-o na altura rapidamente.....

Abraço:

Luís G. Vaz

Luís Gonçalves Vaz disse...

Caro Juvenal Amado:

Gostei de ler (já é tradição...) o teu último post, é de um Homem Sábio, de uma pessoa que leu muito, reflectiu, soube ouvir os outros,... e conhecedor da "política das guerras"...... em suma, eu penso da mesma forma, a guerrilha é, foi e sempre será uma "guerra" sem solução...

Grande abraço

Luís Gonçalves Vaz

Anónimo disse...

Caro Nelson Herbert

Afirmativo e correcto.

Desculpas aceites.

Mantenhas.

C.Martins

Anónimo disse...

Caro Juvenal Amado

Em meu entender, e mais uma vez de forma assertiva, tens razão ao relembrar aqui o relatório de Hélio Felgueiras sobre a situação na Guiné.

Um relatório lúcido, que me parece considerar pura e simplesmente a realidade dos factos militares (no terreno)e até históricos (das guerras de guerrilha).

Talvez por isso mesmo, deram-lhe o destino habitual: ninguém ligou patavina.

Só estranho que um relatório destes, datado de finais de...1968(portanto, 7 anos antes do PREC) tenha passado pelo crivo da Polícia Militar, Justiça Militar e...Pide/Dgs e tenha chegado aos nossos dias.

E que Hélio Felgueiras não tenha sido considerado na altura um "perigoso agente subversivo ao serviço de diabólicas forças estrangeiras da URSS, da China ou...dos EUA" (Se quiserem, eu depois explico porque incluí aqui os EUA).

É que se fosse hoje, colavam-lhe o rótulo. Pelo menos, a avaliar por certas "sensibilidades" que andam no ar!!!

E sim. Concordo com a análise lúcida e serena que o Coronel António J. Pereira da Costa faz neste seu texto.

Um abraço para todos

José Vermelho
Um abraço