quarta-feira, 7 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9577: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (7): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar

 


1. Em mensagem do dia 3 de Março de 2012, o nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviou-nos a VII Parte das Memórias da sua Companhia.






MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (7)

De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné

Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (VII Parte)

A Evolução da Situação Militar

O título da minha intervenção “De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné . . .” foi escolhido por considerar a “Batalha de Gadamael” como o corolário natural da evolução militar na Fronteira Sul, ou mesmo na Guiné. Retomo por isso, a análise feita nas Partes I e II, sem pôr de lado o princípio, que uma luta de guerrilhas não se resolve pela via militar.

Depois de um período em que reagiu à instalação das NT, ao longo da fronteira, o PAIGC considerou prioritário o reforço, noutras zonas, nomeadamente no Cantanhez e no Quitafine. Mas para intensificar a sua presença no interior, tinha de manter abertas as vias de reabastecimento com a República da Guiné, país amigo por onde passava a maior parte do apoio. Ora, na Fronteira Sul, a solução natural era o “Corredor de Guileje”, já que o Quitafine estava encostado à fronteira e era abastecido diretamente através dos rios Caraxe e Camexibo.

Apesar das evidências, a primeira força militar colocada no corredor, foi um pelotão da CART 495 de Aaldeia Formosa, (4/FEV/64) sem capacidade operacional para contrariar a actividade do PAIGC na zona. A primeira Companhia instalada no “Corredor” foi a CCAÇ 726, em 28/OUT/64, praticamente um ano depois de estabelecida a malha operacional em Gadamael/Sangonhá. A reação não se fez esperar e surgem confrontos violentos com o PAIGC, visto que “ . . .o IN estava habituado a utilizar o corredor sem ser incomodado, uma vez que os efetivos de Guileje até então, não tinham passado de um pelotão”. (16)

Em 30/MAR/65 a CCAÇ 726, instala o respectivo destacamento no Mejo e completa-se assim, nesta fase, a Quadrícula das NT, na Fronteira Sul.

Os elementos apresentados explicam, até certo ponto, a relativa acalmia que, a partir da ocupação do “corredor”, se começou a sentir nos setores mais a Sul (Gadamael e Sangonhá), enquanto a Norte, Guileje se vai transformando num “inferno”, apesar da intervenção das “forças especiais”. A situação vai manter-se até o PAIGC consolidar a presença no “Corredor de Guileje” e respectivos apoios, dentro e fora da fronteira.

Entretanto o ano de 1968, vai ser o ano de grandes mudanças. O Comando-Chefe, apercebe-se que a estratégia de Quadrícula se encontra esgotada, remetendo as forças no terreno, a uma atitude defensiva. Em JAN/68 resolve utilizar o Batalhão de Paraquedistas “numa operação arrojada, a fim de recuperar a iniciativa da guerra no Cantanhez. . . . Os Para-quedistas sofreram três feridos graves e dois ligeiros . . . capturaram todo o material de guerra . . . quarenta guerrilheiros foram mortos e 19 foram feitos prisioneiros”. (17)

Aspeto do interior de Ganturé que viria a ser abandonado em 13/MAI/70

Entretanto, em 08/ABR/68, três anos depois da ocupação do Mejo e demasiado tarde face à evolução militar da zona, a CCAÇ 2317 é colocada na zona de Gadembel, no coração do “Corredor da Morte” e instala um Destacamento a defender a ponte do rio Balana, de maneira a garantir a ligação com A. Formosa. O PAIGC reage, deslocando mais efetivos para a zona. O Aquartelamento é continuamente bombardeado e a situação sofre um agravamento a Norte e a Sul do rio Balana, com tendência a estender-se mais para Sul.

Em MAI/68 o general Arnaldo Schulz é substituído pelo brigadeiro António de Spínola que altera a política e a estratégia, tentando ganhar as populações e a iniciativa militar.

Em JUN/68 põe em marcha um plano de retração do dispositivo militar, de maneira a recuperar efetivos sem comprometer a defesa das populações. Em Cacine, fala com o Cap. Veiga da Fonseca e questiona-o quanto à possibilidade de abandonar posições na zona, para recuperar mais unidades de intervenção. A resposta foi: “ . . . para não perder o controle da estrada para Guileje, não deveria abandonar nenhuma posição, mas se a ideia era essa, então abandonasse Sangonhá e Cacoca”. (18) Estes aquartelamentos foram extintos nos finais de 1968. As populações deslocam-se, à sua escolha, para Ganturé Gadamael e surge neste, com o apoio das NT, “ . . .o primeiro reordenamento da população da Guiné . . .” (18) uma das bandeiras do General Spínola.

Em 28/JAN/69, são ainda abandonados os aquartelamentos de Mejo, Gadembel e Ponte Balana, entre outros.

O regresso de uma patrulha no rio Queruane com o médico Batalhão, em primeiro plano

Entretanto a situação continua a degradar-se. Em Gadamael, com um setor alargado para além de Sangonhá, os contactos com o IN são mais frequentes, bem como as flagelações dos aquartelamentos. O destacamento de Ganturé, a 6 Km da fronteira é agora o mais exposto e a 06/JAN/69 (um ano depois de Spínola ter informado a população do seu abandono e quase um ano ates deste se ter concretizado – 13/MAI/70), sofre um ataque com Mort/82 e Canhão S/R, a partir da pista de Sangonhá. O apoio aéreo pedido surpreende o IN, destruindo o armamento pesado e causando uma autêntica “chacina”.

A pressão do PAIGC estende-se a toda a Fronteira Sul. O Aquartelamento de Guileje, fortificado com abrigos de betão para resistir à artilharia inimiga, está isolado no “corredor da morte” e entregue aos apetites do PAIGC. (19)

Para causar instabilidade ao IN, nas “zonas problemáticas”, Spínola utiliza as “forças especiais”, fortemente apoiadas por meios aéreos, capazes de incursões rápidas e violentas. Foi assim em Cassebeche, no Quitafine, a 07/MAR/69, mas as NT são rechaçadas. Os intensos bombardeamentos, não conseguem eliminar a bateria de antiaéreas e assim não é possível apoiar a progressão dos Páras.

Todo o Sul da Guiné, cujo comandante da Guerrilha é Nino Vieira, é um quebra-cabeças para Spínola e a sua captura seria um golpe importante contra a guerrilha. A oportunidade chega com as informações que dão como certa a sua passagem, no “Corredor de Guileje” a 18/NOV69. Os PÁRAS montam uma emboscada e capturam um elemento importante, mas não é o Nino, é um Cap. Cubano de nome Peralta.

Na Fronteira Sul, as notícias não são Boas. “ A CCAÇ 2796 foi fustigada de forma brutal nos seus primeiros passos em Gadamael, numa primeira tentativa do PAIGC de, indirectamente, eliminar a posição de Guilege. Sofreu baixas, incluindo o Comandante de Companhia ( 24/JAN/71 ) . . .” (20) O Médico do Batatalhão diz mesmo que “no tempos da CCAÇ 2796, Gadamael era o pior buraco do sul .“ (21) As citações deixam perceber que o PAIGC pressiona mais a sul na tentativa de isolar Guiledje, o que vai continuar a fazer, dada a sua capacidade crescente.

A situação que, no cômputo geral, melhorou com a chegada de Spínola, começou entretanto a regredir e a principal preocupação é o Sul. O Comando-Chefe planeia uma grande ofensiva no “Corredor de Guileje”, em que os efectivos são deslocados de avião para A. Formosa e Gadamael Porto. A operação que durou 10 dias, teve início a 28/MAR/72, com fortes bombardeamentos, a norte e a sul do R. Balana. Foi considerada um êxito pelo material apreendido, as destruições e as baixas provocadas, num zona em que o PAIGC lançava estruturas de apoio.

Mas o Comandante-Chefe tem planos mais ambiciosos para o Sul: ”. . . fazer do rio Cacine a principal linha de defesa do Sul da Província. Para a concretização deste plano, era absolutamente necessário que as tropas portuguesas ocupassem a Península do Cantanhez ....” como “... apoio aos aquartelamentos de Cacine, Guilege e Gadamael . . .” (22)

A 12/DEZ/72 o plano é posto em marcha com o ataque à base de apoio à guerrilha no Cantanhez. Depois de violentos confrontos, os Páras conseguem entrar na base, enquanto Caboxanque, Cadique e Cafine são ocupados. A par desta acção militar, toda a fronteira, desde Aldeia Formosa a Cacine, é objecto da intervenção conjugada de forças especiais e outras, de maneira a desarticular e criar instabilidade ao IN. O conjunto de Acções que decorreu de DEZ/72 a JUN/73 permitiu a captura de diverso material do qual se destacam 2 rampas de foguetões. Foi ainda capturado o comandante do bi-grupo de Simbeli.

Aspeto do rio, na zona de descargas, onde posteriormente foi construído o cais

O PAIGC decide responder à ofensiva das NT. Desde o assassinato de A. Cabral a 20/JAN/73) que a cúpula dirigente prepara uma grande ofensiva a que dará o nome do seu fundador.

Na primeira semana de MAI/73, o IN cerca Guidage a poucos metros da fronteira com o Senegal e corta todos os acessos a sul do aquartelamento com um vasto campo de minas. Os PÁRAS não conseguem romper o cerco. Os Comandos Africanos atacam a norte a base de apoio do IN que enfrentam em luta corpo-a-corpo. Uma força de Fuzileiros consegue fazer chegar ao aquartelamento uma coluna de reabastecimentos, mas a artilharia IN não dá tréguas. A FA limitada na sua ação pelos mísseis terra-ar, não consegue apoiar as NT. Feridos e mortos não são evacuados.

Guidage resistiu, mas “ . . . a operação de cerco ... terminou quando já não tínhamos necessidade de desviar as Forças de Intervenção do nosso objetivo principal, que não era ali, mas no Sul da Guiné”. (23).

O Objetivo principal era Guileje e por isso, às 07H00 de 18/MAI/73, uma coluna que se dirige para Gadamael cai numa emboscada e sofre 1 morto, 7 feridos graves e vários ligeiros. O apoio aéreo pedido não é concedido e as evacuações só a partir de Cacine, o que gera mal-estar, agravado com a morte de um dos feridos. Conhecedor da situação, o Comandante do COP5 esforça-se por apresentar, junto do Comandante-Chefe, os seus pontos de vista e pedir reforços.

Apesar dos responsáveis militares considerarem que “ O IN está a preparar as necessárias condições para conquista e destruição de guarnições menos apoiadas. . .“ onde se incluíam Guileje e Gadamael, (24) o Comandante-Chefe não só não atendeu o pedido de reforços do Comandante do COP5, como o nomeia 2º Comandante, entregando o comando ao Coronel Rafael Durão. Regressado a Guileje, depois de três dias de ausência, pela ida a Bissau, Coutinho e Lima encontra o Aquartelamento parcialmente destruído pela Artilharia, sem víveres, sem água, sem comunicações, com escassez de medicamentos e munições alguns abrigos destruídos, um furriel morto e a presença confirmada do IN nas imediações. Perante a situação, depois de uma reunião com os oficiais, decide retirar para Gadamael, na madrugada seguinte com toda a guarnição e a população, depois de destruir ou inutilizar o armamento pesado, viaturas e documentos. A retirada para Gadamael colhe de surpresa o IN que continuou a bombardear Guileje, (atingida até então por mais de 700 impactos ), mas surpreende também o Comandante-Chefe que, através do Cor. Rafael Durão, lhe dá ordem de prisão à chegada.

Aparentemente, para as chefias militares, tudo se resolvia com o afastamento do Comandante do COP 5, esquecendo que “ . . . encontrarmo-nos na entrada de um novo patamar da guerra . . .” e na “ . . . passagem para acções de tipo convencional embora ainda isoladas . . .” (24) esquecendo também a aglomeração de efetivos e de população em Gadamael, bem como a impreparação das defesas do Aquartelamento para resistir a um ataque de Artilharia em que ninguém parecia acreditar.

A 31/MAI/73, o Cor. Rafael Durão é substituído pelo Cap. Comando Ferreira da Silva, que, após a chegada, promove uma reunião com os dois Comandantes de Companhia. Finda esta, começam a cair as primeiras granadas que, gradualmente se vão aproximando, nove dias depois da chegada da coluna vinda de Guileje

Quando em 1966, olhava o Aquartelamento, não imaginava que um dia iria ser arrasado pelo PAIGC

No dia seguinte, estando no exterior do Aquartelamento dois pelotões, em patrulhamento, o IN desencadeia um ataque (cerca de 800 granadas) com vários tipos de armas e granadas. As guarnições dos Obuses, são praticamente dizimadas, ficando a resposta limitada aos Canhões S/R 5,7 e Mort/81 que não tinham alcance para atingir a base de fogos do IN, bem como a tiros esporádicos de um dos Obuses.

No entanto o IN coloca as granadas onde quer, destruindo o Aquartelamento: - Os 2 Comandantes de Companhia, de uma só vez, são atingidos, no Posto de Transmissões que fica inoperacional. Segue-se o médico que é evacuado. O Comandante do COP5, bem como vários graduados multiplicam esforços para socorrer e evacuar mortos e feridos.

Até à chegada dos PÁRAS, na manhã de 03/JUN, a guarnição de Gadamael respondeu ao ataque constante da Artilharia, com os meios disponíveis numa “ . . .aparência de capacidade de reacção que dissuadisse um eventual reconhecimento em força por parte do inimigo . . .” (25), municiando as armas, assistindo os feridos e procedendo às evacuações pelo rio, até Cacine. Entretanto regressaram ao Aquartelamento os militares que se tinham refugiado no exterior, enquanto outros com a população (cerca de 300/400) eram socorridos pela Marinha e levados para Cacine, entre eles muitos feridos, de tal maneira que “ à noite, a coberta das praças estava completamente repleta de feridos . . . “(26)

Mas os guerrilheiros pressionam nas imediações do Aquartelamento, emboscando e atacando as NT. O Comando-Chefe, depois de recusar a proposta de retirada, (27) decide empenhar na defesa de Gadamael todo o Batalhão de Paraquedistas que se transferem do Cantanhez para o COP5. A partir daí, a situação vai progressivamente melhorando com o patrulhamento ofensivo e permanente, de maneira a afastar o IN para lá da fronteira.

A situação permitiu toda a reorganização defensiva do Aquartelamento, até que no dia 23/JUN os PÁRAS descobrem e atacam uma base fortificada, na linha da fronteira, a 2,5 Km a sul de Caur, capturando importante material de Guerra e provocando muitas baixas, trabalho que FA completou. A Batalha de Gadamael custou às NT 18 mortos e 76 feridos, mas a operação “Amilcar Cabral” veio revelar a capacidade do PAIGC e a incomodidade das NT, perante as limitações da FA, resultantes da ameaça dos mísseis terra-ar. Repor a capacidade operacional da Força Aérea estava fora de causa, pelo isolamento internacional do País e pelos custos financeiros do seu reequipamento. (24) Assim, o colapso das NT está a prazo, perante o arsenal anunciado do PAIGC, onde se incluíam aviões MIG, Carros de Combate, mísseis terra-ar de tubos múltiplos, etc. etc.

A situação encaminha-se para um fim que a recusa do Plano Spínola/Senghor deixava adivinhar. O Regime de Lisboa não soube resolver o problema da Guerra, vai ser a Guerra que vai ajudar a resolver o problema do Regime que cai em ABR/74.
__________/ /__________

(16) – Virgínio Briote, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 2360
(17) – Manuel Catarino, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COlONIAL ( 2º Vol. ) (18) – António Costa (Coronel na reserva ), Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 6614 e 3013
(19) – “Dizia Amílcar Cabral que, se Guileje caísse, tudo o mais se desmoronaria.”- Depoimento de Manuel dos Santos (Comandante do PAIGC), ANEXO de A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros
(20) – Morais da Silva, (Coronel na reserva), Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 7825
(21) – Amaral Bernardo, EX. Alf, Mil. Médico, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 7796
(22) – Manuel Catarino, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COlONIAL ( 8º Vol. ) (23) – Manuel dos Santos (Comandante do PAIGC), ANEXO de A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros
(24) – Acta da Reunião de Comandos de 15/MAI/73, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 5627
(25) – João Seabra, , Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 3801
(26) – Pedro Lauret, Com. Da Fragata ORION, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 6217
(27) - “SITUAÇÃO CADAMAEL PORTO INSUSTENTÁVEL( . . . ) PESSOAL COM MORAL EM BAIXO POUCO TEMPO AGUENTARÁ NESTA SITUAÇÃO VIRTUDE NÃO DORMIR, NÃO COMER VÁRIOS DIAS . . . SOLICITO AUTORIZAÇÃO PARA SE EFECTUAR RETIRADA ORDENADA COM MEIOS NAVAIS EXISRENTES NESTE ( . . . )”, Msg 5/P de 032229JUN73 do COP5 para COMCHEFEOPER, in A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros

ANEXOS:
 I – Presença das NT na Fronteira Sul ( Diagrama );
II – Presença das NT em Gadamael Porto ( Cronograma );
III – Reforço de Pessoal e Armamento em Gadamael Porto ( Diagrama );
IV – As NT em Gadamael Porto ( Representações Várias )

FONTES:
- Vários, Blogue LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA CUINÉ
- Catarino, M, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COLONIAL, Presselivre, Imprensa Livre SA, 2010
- Calheiros, J. M, A ( Cor. Par. ) ÚLTIMA MISSÃO, Caminhos Romanos, Porto, 2010
- Lima, C, ( Cor. Art. ) A RETIRADA DE GUILEJE, DG Edições, Linda-a-Velha, 2010
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9435: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (6): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VI Parte - Momentos de descompressão

11 comentários:

Anónimo disse...

Caro camarada Manuel vaz


Às vezes dizem-se meias verdades, que acabam por se tornar verdades absolutas.
Quando dizes "as guarnições dos obuses foram praticamente dizimadas... um obus fazia tiro esporádico", desculpa mas não é verdade.
O que aconteceu foi que o IN fazia fogo muito próximo com morteiro 82 e 120 e com o tiro regulado por observadores avançados, tornando inútil o fogo de artilharia, porque o alcance mínimo do 14 era de 2,5 km.
Foi atingido o posto de transmissões, mas não se ficou sem transmissões, conseguia-se comunicar com cacine.
O que causou maior dano, não foram as granadas explosivas, mas sim as incendiárias,nem o aquartelamento ficou completamente destruído.
Confesso que ninguém sabe quantas granadas caíram,ninguém as contou,tínhamos mais que fazer.
No dia 5 de junho,caiu uma granada de morteiro 82 dentro do espaldão do obus que estava mais próximo da pista, encontravam-se aí 5 militares,tendo morrido dois e os outros três ficaram feridos.
O obus ficou inop, devido a um estilhaço inutilizar o aparelho de pontaria,mesmo com os pneus destruídos podia-se fazer fogo se o aparelho de pontaria estivesse operacional.
Quando as bases de fogos do IN,começaram a ser mais longe,graças ao trabalho notável dos Páras,os 2 obuses restantes podiam exercer as suas funções,nem sempre conseguidas, é certo.
Um alfa bravo
C.Martins

Anónimo disse...

PS

Quero esclarecer que a granada caiu à frente do obus.
Realço que o obus era feito de aço e ferro forjado e pesava 6,5 toneladas,tendo servido de escudo aos militares que aí se encontravam,senão teriam morrido todos.

C.Martins

Manuel Reis disse...

Caro camarada Manuel Vaz:

Estou integralmente de acordo com a tua análise sobre a evolução da guerra no Sul da Guiné.
É visível um grande trabalho de pesquisa, baseado em depoimentos de camaradas que estiveram no terreno, na década em causa.
Pequenos lapsos não invalidam a tua análise.

Um abraço.

Manuel Reis

antonio graça de abreu disse...

Diz o Manuel Vaz:

"Assim, o colapso das NT está a prazo, perante o arsenal anunciado do PAIGC, onde se incluíam aviões MIG".

O Manuel Reis a dizer que está "integralmente de acordo com a tua análise".

Ai, o medo, o cagaço!

O C. Martins a tentar explicar:

"Às vezes dizem-se meias verdades, que acabam por se tornar verdades absolutas."

Tudo bem, somos o que somos.

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

... na legenda «Quando em 1976, olhava o Aquartelamento [...]»: pf fogachar a gralha e escrever 1967 (e limpar esta obs).
Cpts,
JCAS

Anónimo disse...

Camarada
Pelo que ao ano de 1968 diz respeito, assino em absoluto o teu texto. Era de prever o que descreves. Relembro que em 1968 esse sector era guarnecido por seis companhias e pertencia ao batalhão de Buba. Em 1973 as companhias eram apenas três e não havia nenhuma unidade de intervenção. Gadembel "plantada" no meio do "Carreiro" nunca o cortou nem o podia cortar e cedo desapareceu. Mas isso são contas de outro rosário... Para quartéis (Guileje e Gadamael) que dependiam quase exclusivamente do reabastecimento por terra a cavalaria era fundamental, mas não tinha a expressão adequada às circunstâncias. Tenho para mim, que nesse sector, o nosso povo terá dado provas de grande heroicidade e mostrou uma capacidade de sofrimento que não sei quantos teriam.
Um Ab.
António J.P. Costa

PS Claro que o colapso das NT não estava nada a prazo. Antes perlo contrário. Mais um bocadinho e "agente" inda ganhavaquilo.

Anónimo disse...

Camarada C. Martins:
Agradeço os teus comentários, particularmente as lições sobre Obuses.
Quanto a "meias verdades", procurei a objetividade, baseando-me em declarações dos que viveram a situação. Obrigado
Manuel Vaz

Anónimo disse...

Camarada Anónimo:
Queria aproveitar o reparo para corrigir a legenda da última fotografia. Onde se lê 1976, deve ler-se 1966. Obrigado
Manuel Vaz

Anónimo disse...

Camarada António P. Costa:
Obrigado pelos Comentários.
A análise que fiz baseia-se em factos, declarações de atores ou documentos que reputo de credíveis.
Na Ata de reunião de Comandos de 15/MAI/73, presidida pelo General Spínola,toda em tom pessimista, está escrito: "no mínimo... o IN está a preparar as necessárias condições para conquista e destruição de guarnições...-isto está já ao alcance das suas possibilidades miltares".
Se a "conquista e destruição de guarnições" não representava o "colapso das NT", fiquem todos sossegados porque a aniquilação total e definitiva das nossas Forças Armadas, na Guiné, nunca esteve em causa!...
Quanto "à gente ganhar aquilo",é uma opinião... Há quem tenha essa opinião sem razões e há quem tenha razões para ter essa opinião.
Manuel Vaz

Anónimo disse...

Camarada C. Martins:
Quando li o teu comentário, pela primeira vez, fiquei com a ideia de que era mais uma lição de Artilharia. Mas lendo melhor, de facto, dás uma versão nova dos acontecimentos que eu desconhecia e num tom que até parece que viveste os mesmos. Podias revelar as fontes, para se poder ter uma visão mais objetiva dos factos. Obrigado.
Manuel Vaz

Anónimo disse...

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