sábado, 31 de março de 2012

Guiné 63/74 – P9684: Tabanca Grande (326): António Vaz, ex-cap mil CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69




António Gabriel Rodrigues Vaz, ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69.





Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 13 > Cais do Xime, em frente à bolanha do Enxalé > "Poucos de nós se atreviam, solitariamente, a pisá-lo por estar demasiado exposto… Mas havia um puto que apanhava aí camarão, enquanto sonhava com o momento de vir para Lisboa estudar" (RM)... O camarão (gigante) desta parte do Geba era muito apreciado e pago a 50 pesos o quilo em Bambadinca, na tasca do Zé Maria... Pergunto-me se esse puto não poderia o nosso amigo, hoje engenheiro, e membro da nossa Tabanca Grande, José Carlos Mussá Biai... (LG)

Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 4 > Cais do Xime... Milhares e milhares de homens e de viaturas passaram por aqui, ao longo de toda a guerra... Havia tensão naquela ponte. Ali começava o Geba Estreito. A montante e a juzante, havia ataques do PAIGC contra as nossas embarcações: Ponta Varela, Mato Cão... O aquartelamento do Xime era flagelado ou atacado com frequência... O PAIGC tinha, desde o início da guerra, uma boa implantação no triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, entre a margem direita do Rio Corubal e a estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole. Na região do Poindon/Ponta do Inglês perderam-se muitas vidas... Por sua vez,  a saída do Xime, em Madina Colhido, era temida...


Guiné > Zona Leste > Xime >  Destacamento da ponte do Rio Udunduma > > CART 2520 (1969/70) > Foto 9 >  "Udunduma. Quem seria o dono da Piroga? Sei é que o rio era estreito e os putos que chegavam pela hora do almoço, na expectativa de umas sobras, acabavam por infundir-nos alguma tranquilidade… Ora, como poderia o IN flagelar-nos na presença deles? Mas a partir do entardecer, o coaxar das rãs era mesmo infernal!"...


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto 1 > "Bar de Sargentos do Xime. Em cima do balcão um barril com uma função meramente decorativa. Mas a telefonia estava operacional bem como um pequeno gira-discos. O Je t’aime, moi nos plus [, Serge Gainsbourg & Jane Birkin, 1968, ] fazia furor e a cantinela Mãe, não chores que o teu filho há-de voltar estava no topo. Ambas puxavam por mais um copo. O camarada, de caça ao piolho, de quem guardo uma boa recordação, era um tipo duro e fixe".


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  19 > "No dia de um ataque ao Xime, uns poucos decidiram prolongar as detonações dos disparos, abatendo duas ou três vacas que, entretanto, andavam um pouco estonteadas, a monte…Esta acção deveu-se ao facto de o proprietário dos bovinos não querer vender nenhuma cabeça à tropa. A partir daí, não teve outro remédio"…


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  20 > Aspeto parcial do aquartelamento, que estava separado da tabanca por uma rede de arame farpado..."Da vista panorâmica do Aquartelamento do Xime, eu destacaria o bidão em primeiro plano, transformado, como era corrente, em depósito para um banho tépido e ferruginoso, mas sempre refrescante… Ponham-me um Dali ou um Miguel Ângelo à frente dos olhos, junto com um bidão amolgado, carcomido, inútil, e é o bidão que ainda me emociona mais: a não me ter salvo a vida, evitou, pelo menos, ser atingido por uns estilhaços, aquando de um ataque ao Enxalé".

Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  3  > "O meu pelotão (ou parte dele) acabado de chegar de Bambadinca ou de Bafatá onde íamos frequentemente abastecer-nos e trazer o correio".



Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) > Foto  21 &gt"Duvido que esta foto tenha sido tirada por mim… Na minha opinião, e apesar de tão maltratada, é a melhor do conjunto. Do lado esquerdo do poste, o Capitão [, Mil Art António dos Santos Maltez] por quem eu nutria uma grande simpatia e cujo paradeiro ignoro. Não faço ideia nenhuma onde teve lugar a cena ilustrada"...


Fotos: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados (Legendas do autor e do editor).



1. Anteontem, na sessão de lançamento do último livro do Beja Santos, conheci finalmente o António Vaz (*), o camarada, nosso leitor, que tinha feito um belo elogio ao nosso blogue e ao seu espírito de amizade e de camaradagem.

 Nesse mesmo poste (*)  manifestara-lhe  o deu desejo de ver o entrar na Tabanca Grande como o tabanqueiro nº 544. Quinta feira passada, não foi preciso insistir… Ele passa a ser, desde então, o tabanqueiro nº 544…

O António aceita as nossas 10 regras de ouro (incluindo o natural tratamento por tu,  entre antigos camaradas de armas, agora 'cotas') e promete arranjar uma foto atual… Quanto mais seja a que lhe vamos tirar em Monte Real, no nosso próximo encontro, para o qual ele está inscrito. Embora com a máquina em punha, não me lembrei de lhe tirar uma chapa, no meio da conversa com este e com aquele.

Quanto ao resto, ele – que é leitor assíduo do nosso blogue – já aqui fez a sua apresentação (*). A seu lado, estava o cor inf ref José Aparício, o homem que, como capitão, comandava a CCAÇ 1970, na altura da retirada de Madina do Boé e do desastre do Cheche, no Rio Corubal, em 6 de fevereiro de 1969. Também é fã do nosso blogue. 



Qualquer deles são pessoas afáveis. Convidei o Aparício  igualmente  a ingressar na Tabanca Grande. Ficou, por lado, de mandar para o blogue informação sobre duas teses de doutoramento norte-americanas cujo conteúdo poderá eventualmente ser de interesse para nós.


Voltando ao António Vaz, e como ele próprio o diz, tem na Tabanca Grande muita gente do seu tempo, tanto da região do Oio (Bissorã) como da região de Bafatá (Bambadinca, Xime, Mansambo, Xitole, Galomaro…), a começar pelo Torcato Mendonça. 

Já disse ao Torcato que comfirmo "o pormenor da pera"  e e que o0 acha em grande forma, para um camarada com a idade dele.

Recorde-se que o António Vaz também já tinha manifestado a vontade de voltar a ver o nosso Torcato “para caturrarmos à volta de Mansambo onde cheguei a ir numa operação em que também ia o Pimentel Bastos e que dará para umas larachas a propósito”.

Recorde-se, mais uma vez, que a CART 1746 teve como unidade mobilizadora o GCA 2, seguiu para a Guiné em 20/7/1967, regressou em 7/6/1969, esteve em Bissorã e no Xime, e só teve um comandante, o Cap Mil António Gabriel Rodrigues Vaz, de seu nome completo.

Em meu nome do Luís Graça, dos demais editores e de toda a Tabanca Grande, dou ao novo camarada as boas vindas, ficando então para Monte Real a sessão de fotografia...  (LG)



PS - António Vaz, meu camarada, como prenda pela tua entrada na Tabanca Grande, fui recuperar velhas fotos do Xime, do álbum do meu amigo Renato Monteiro (ex-Fur Mil da CART 2479, depois CART 11/CCAÇ 11, Contuboel e Piche, 1968/69, e da CART 2520, Xime, 1969; esta  CART 2520, foi a que vos foi substituir, a vocês CART 1746).

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Notas do editor:

(*) vd. poste de 28 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9673: O Nosso Livro de Visitas (131) ): Antonio Vaz, 75 anos, lisboeta, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69: A Tabanca Grande é um fenómeno sem paralelo, que me deixa abismado e surpreendido



(**) Último poste da série > 15 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9608: Tabanca Grande (325): António Eduardo Jerónimo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873 (Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74)


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