terça-feira, 5 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11195: Facebook...ando (24): Armando Pires e João Rebola, fadistas de Bissorã: o reencontro, 43 anos depois, em Lisboa, no Arquivo Geral do Exército


 
Lisboa > Arquivo Geral do Exército, no  antigo Convento de Chelas (, sito o largo de Chelas, em Chelas, Freguesia de Marvila, Concelho de Lisboa)  > 22 de fevereiro de 2013 > O reencontro de 2 velhos amigos, camaradas de armas e companheiros de fadistagem em Bissorã... 43 anos depois: Armando Pires (Miraflores, Carnaxide, Oeiras) e João Rebola (Senhora da Hora, Matosinhos)... E tudo graças ao nosso blogue... É caso para dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!"...

Foto: © Armando Pires (2013). Todos os direitos reservados.


Guiné > Região do Oio > Bissorã > BCAÇ 2861 > Messe de sargentos > Numa das sessões de fados aos sábados:  da esquerda para a direita, João Rebola, Armando Piores e Vilas Boas...

"Sou o João Manuel Pereira Rebola, ex-furriel mil. que cumpriu desde 15/11/68 a 20/08/70, a sua comissão na Guiné. Mas foi em Bissorã que conheci o furriel enfermeiro "ribatejano e fadista", Armando Pires e que ao fim de 40 anos nos reencontrámos!!!

"O Armando, durante o tempo em que a minha companhia, a CCaç 2444 - "Os Coriscos", permaneceu em Bissorã, todos aos sábados, na messe dos sargentos do BCAÇ 2861, cantava fados como ninguém e tinha como acompanhantes o Vilas Boas e eu, que me encontro à sua direita, na foto, que confirma o epíteto de furriel fadista. Aqui está a prova real!"   (Excerto do poste  P10821). 

Foto: © João Rebola  (2012). Todos os direitos reservados.


1. Texto do Armando Pires, publicado em 22 de fevereiro último na  página do Facebook da Tabanca Grande::

Há três anos atrás, escrevi ao Carlos Vinhal pedindo-lhe que me ajudasse a encontrar alguém de "Os Coriscos", a CCAÇ 2444, com quem eu estiveram de finais de 69 a meados de 70, em Bissorã.

Não demorou uma semana (onde é que está a novidade? não costuma ser assim?), recebi um e-mail de um camarada cujo nome, lamentavelmente, não retive, a dar-me o contacto telefónico de um tal João Rebola, que ele pensava ter pertencido a essa companhia.
- Está lá?
- Estou sim, muito boa noite. É o sr. João Rebola?
- Sou sim, diga.
- Ó sr. Rebola, o senhor pertenceu a uma companhia de caçadores, a 2444, que tinha o lema de "Os Coriscos"?
- Pertenci sim, mas porque é que pergunta?
- Sabe, eu gostava de falar consigo...
- Mas olhe lá, quem é que lhe deu o meu telefone?
- Fui eu que escrevi para o blog do Luís Graça...
- Luís Graça? Não conheço ninguém com esse nome.
- Pois, mas não foi ele, foi através dele que apareceu um camarada nosso...
- Sim, mas diga lá o que é que quer, que eu já estava de saída com a minha mulher para ir jantar.
- Bom, é que eu também estive em Bissorã, estive lá na mesma altura que a vossa companhia lá esteve, por acaso voltei lá em 1998, e gostava de falar...
- Mas olhe lá, você é o Armando Pires?
- Sou - respondi-lhe de pronto, convencido que ele relacionava o ano de 1998 com as reportagens que eu fizera para a rádio, aquando do golpe militar liderado pelo Ansume Mané.
- Então tu não te lembras de mim?
- Não estou ver, sabe. Já lá vão tantos anos.
- Ó pá, sou o Rebola, o furriel que te acompanhava a cantar o fado, lá do bar de sargentos, em Bissorã.
- Sinceramente, peço-lhe desculpa... não estou a ver - respondia-lhe eu, meu incrédulo, meio titubeante...
- Não te lembras, pá? Mas olha que eu tenho fotografias comprovativas.

Bom, por pouco a mulher do João Rebola ficava sem jantar e eu sem cara para tanto espanto pelo sucesso do reencontro. Uma semana depois, o correio entregou-me uma encomenda, na qual vinha um fotografia com o Rebola a tocar e eu a cantar, lá no bar de sargentos em Bissorã.
Essa foto é a que ele publica na sua apresentação ao nosso Blog, e que podem ver no P10821. Dela, da foto, e dessas noites de fado em Bissorã, hei-de falar-vos proximamente. Porque hoje, do que vos quero dar conta é do nosso reencontro. Desde aquele dia, desde aquele conversa inicial, muitas outras conversas tivemos ao telefone e naquela modernice chamada Skype.
Mas ali, corpo a corpo, olhos nos olhos, ainda não tinha acontecido. Até que hoje, sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2013, o João Rebola, que, já me esquecia de dizer, vive na Senhora da Hora, [Matosinhos,] veio a Lisboa e eu fui com ele, ao Arquivo-Geral do Exército, levantar a Medalha das Campanhas, e ali mesmo, nos claustros do velho convento que hoje instala o dito Arquivo, indiferentes à chuva (chuva civil não molha militares, não e?), eu e o João Rebola, como a foto testemunha, demos aquele abraço, mais do que um abraço de amizade, um abraço com 43 anos a pesar na saudade.
E graças a quem, digam lá?

  

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