sexta-feira, 15 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11256: Agenda cultural (256): Camões levou 20 anos a escrever 'OS Lusíadas': dez cantos, 1102 estrofes, 8816 versos, 88160 sílabas métricas... O ator António Fonseca levou 4 anos a decorá-los e amanhã, no CCB, vai dizê-los, das 10h às 24h, no CCB, em Lisboa... Acontecimento único, a não perder: afinal são os 8816 versos da nossa identidade maior!...



Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Capa da primeira edição, 1572 (Fonte: Wikipédia)


"Do justo e duro Pedro nasce o brando,
(Vede da natureza o desconcerto!)
Remisso, e sem cuidado algum, Fernando,
Que todo o Reino pôs em muito aperto:
Que, vindo o Castelhano devastando
As terras sem defesa, esteve perto
De destruir-se o Reino totalmente;
Que um fraco Rei faz fraca a forte gente."

Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas, Canto III, estrofe 138 [Negritos nossos. LG]



.
CAMOES, Luís de, 1524?-1580
Os Lusiadas / de Luis de Camões. - Lisboa : em casa de Antonio Gõçaluez,, 1572. - [2], 186 f. ; 4º (20 cm) 

http://purl.pt/1
http://purl.pt/1/cover.get

 - Edição princeps conhecida por edição "Ee", distingue-se pela sétima estância da primeira estrofe "E entre gente remota edificarão". - Assin.: [ ]//2, A-Y//8, Z//10. - Na portada cabeça do pelicano voltada para a esquerda do observador. - Folha branca com notas manuscritas PTBN: CAM. 2 P.; CAM. 3 P.. - Encadernação da época de pergaminho, com falta dos atilhos PTBN: CAM. 4 P.. - Pert. na f. [2]: «T. NORTON» PTBN: CAM. 2 P.. - Nota manuscrita na folha de guarda: «Pertencia a livraria de D. Francisco Manuel de Mello»; na p. de tít.: «Manoel Lopes Teixr.ª»; na última f.: «D. Jer.mo Correa da Costa» PTBN: CAM. 4 P.. - Exemplar restaurado PTBN: CAM. 2 P.. - Anselmo 697. - D. Manuel 136. - Simões 116

CDU 821.134.3-13"15" [Portugal. Biblioteca Nacional]


1. CCB - Centro Cultural de Belém, Lisboa, Sábado, 16 Mar 2013 - 10:00 às 00:00 (*)


 TEATRO MERIDIONAL – ANTÓNIO FONSECA

OS LUSÍADAS, de Luís Vaz de Camões (**)

António Fonseca dirá os dez Cantos, num único dia. O público pode assistir ao espectáculo integral ou assistir a alguns Cantos. O Canto X será dito em partilha pelo António Fonseca e alguns participantes que trabalharão previamente com o actor na aproximação ao poema.

Horário:

Canto I > 10h00
Canto II > 11h00
Canto III > 12h00
Canto IV > 15h00
Canto V > 16H00
Canto VI > 17H00
Canto VII > 18H00
Canto VIII > 19H00
Canto IX >  22H00
Canto X > 23H00


Pequeno Auditório
M/12 anos
Preços 2€ cada canto. Descontos>  10 cantos 16€; 5 cantos avulso 8€. Não há lugares marcados

Sinopse:

(...) "Os Lusíadas são, para nós, portugueses, a maneira maior de contar um tempo, de diversas formas inscrito nos nossos cromossomas e na nossa memória, em que todos os conceitos da mundivisão foram completamente alterados, em que as paredes se romperam: um punhado de homens lança-se no espaço desconhecido, por razões que podemos imaginar: ambição, desespero, aventura, convicção, necessidade, inconsciência…

As mudanças, políticas, sociais e económicas que vivemos em catadupa exigem o reforço da nossa identidade individual e colectiva, das nossas âncoras. Actualizar aquelas motivações de viver, que são ainda, apesar de tudo, as nossas, através da arte maior da poesia de Camões" (...).

Concepção e interpretação >  António Fonseca
Espaço cénico e figurinos > Marta Carreiras
Desenho de luz > José Álvaro Correia
Música original e sonoplastia > Fernando Mota
Fotografia > Susana Paiva
Assistência > Rosa Cardoso
Assistência de cenografia > Marco Fonseca
Montagem > Marco Fonseca e Nuno Figueira
Operação técnica > Nuno Figueira
Registo vídeo > Patrícia Poção
Produção executiva > Natália Alves
Direcção de produção > Maria Folque
Produção > Teatro Meridional
Direcção artística do Teatro Meridional > Miguel Seabra e Natália Luiza

2. Recortes de imprensa:

 (i) Local.pt

(...) "Os Lusíadas, obra maior da nossa Literatura e da Literatura Universal,  tem, entre nós, vários defices: é semi-odiada quando somos alunos do ensino secundário; é apreciada sem ser conhecida quando crescemos; é uma vaga referência cultural ligada, pelo menos, à toponímia de alguns centros urbanos; e, para muito poucos de nós, portugueses e falantes do Português, é uma grande estória primordial de Ser Humano, uma síntese de algumas das ideias que moldaram e moldam a nossa vida e a nossa Cultura. Este projecto pretende ser uma proposta de actualização desta estória: no seu pensamento, nas suas referências históricas, no nosso imaginário colectivo, na sua arte maior de poesia. Não vou recitar os dez cantos de Os Lusíadas, vou dizê-los com o coração" [, António Fonseca].

(ii) RTP > Antena Um:

(...) De fio a pavio, a obra maior de Luís Vaz de Camõe foi dita, hora a hora, no palco do grande auditório do Centro Cultural Vila Flor [, Guimarães 2012]. Um projeto do ator António Fonseca, que há alguns anos se embrenha pelas estrofes de "Os Lusíadas". É dito um canto por hora. O último, o Canto X, junto com várias famílias entusiastas de Guimarães. Em palco quase cem pessoas numa produção que foi apresentada a 9 de junho [de 2012]. A antena 1 assistiu a um dos ensaios. (...)

(iii) UCV.UC > Televisão Web da Universidade de Coimbra  > You Tube > "Os Lusíadas - A Viagem", com António Fonseca (vídeo 3' 50'')


(...) 8816 Versos

Título original:
8816 Versos
De:
Sofia Marques
Classificação:
M/12
Outros dados:
POR, 2012, Cores

É dito que Camões terá demorado 20 anos a escrever os 8816 versos que compõem Os Lusíadas.
António Fonseca dedicou quatro anos da sua vida a torná-los seus. Neste filme, é documentado o ano que antecedeu a apresentação final da falação d' Os Lusíadas, a 9 de junho de 2012, no âmbito dos Festivais Gil Vicente em Guimarães, que deu os versos de Camões a ouvir e a dizer. Texto: Cineclube de Guimarães. (...) 
_________________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 9 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11218: Agenda cultural (255): Convite para o 5.º encontro da "Tertúlia Fim do Império”: Messe da Batalha/Porto, dia 14 de Março, pelas 16h00 (Manuel Barão da Cunha)

(**) Apontamentos sobre Os Lusíadas (Excertos)


Rota da primeira viagem de Vasco da Gama

Vasco da Gama partiu de Lisboa com três navios e um barco de mantimentos em Julho de 1497. Fez escala na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, e daí navegou directamente para Sul, no que viria a ser a mais longa viagem por mar até então empreendida. Virou a sudoeste para evitar as calmarias  do Golfo da Guiné, depois a sueste para alcançar novamente a Costa Africana. Passados 90 dias sem avistar terra, aportou à Baía de Sta. Helena, na África do Sul, em Novembro de 1497. Passou o Cabo da  Boa Esperança com alguma dificuldade devido às tempestades. Depois de ultrapassar o limite das  navegações de Bartolomeu Dias, a expedição iniciou as suas descobertas próprias: Natal, no dia 25 de  Dezembro, o rio Zambeze um mês mais tarde, a Ilha de Moçambique em começos de Março. A frota  atingiu Mombaça, o actual Quénia, depois Melinde, mais a norte, em Abril de 1498, onde puderam manter  relações amigáveis com o rei local e obter um piloto árabe famoso (Ahmad Ibn Majid) que levou os  barcos até à Índia. Empurrada pela monção de sudoeste, a frota estava à vista da Índia em 18 de Maio.  O desembarque realizou-se quatro dias mais tarde.

Depois de três meses de negociações com alternativas de amizade e de hostilidade aberta,  Vasco da Gama iniciou o caminho de regresso trazendo os navios carregados de especiarias e de outras mercadorias de preço. Largando a 29 de Agosto de 1498, chegou a Lisboa depois de grandes dificuldades e de ter perdido um navio, nos finais do Verão de 1499. (...)

(---) A forma

"Os Lusíadas" foi lido pela 1ª. vez a D. Sebastião e editado em 1572, após a  necessária autorização e licença da Inquisição. O poema está dividido em 10 cantos e é constituído por 1102 estrofes [, 1102 x 8 = 8816 versos, 88 160 sílabas métricas]. O canto mais longo é o X com 156 estrofes. As estrofes ou estâncias são oitavas e cada verso é  composto por 10 sílabas métricas (verso decassilábico ou heróico). As estrofes apresentam  o seguinte esquema rimático invariável: a b a b a b c c, rima cruzada nos 6 primeiros versos  e emparelhada nos dois últimos. (...)

7 comentários:

Luís Graça disse...

Amigos e camaradas:

Lá estarei amanhã, com o João Graça, das 10h à meia noite, no CCB... Já vi o filme da Sofia Marques, "8816 versos", e adorei... O António Fonseca é um ator maior, e um grande português!...

Anónimo disse...

Francisco Henriques da Silva
10:18

Meu caro,
Obgdo pela sugestão, mas infelizmente, não posso, pois estou a 600 quilómetros de distância, na capital espanhola, onde reside a minha filha. Desejo que tudo corra pelo melhor.
Ab
Francisco Henriques da Silva

Luís Graça disse...

“Sabe que há muitos anos que os antigos
Reis nossos firmemente propuseram
De vencer os trabalhos e perigos,
Que sempre às grandes coisas se opuseram;
E, descobrindo os mares inimigos
Do quieto descanso, pretenderam
De saber que fim tinham, e onde estavam
As derradeiras praias que levavam.”

[Do Discurso de Vasco da Gama, Canto VIII, estrofe 70]

... Que atualidade!...Que programa para construir o Portugal futuro!...

Luís Graça disse...

“Ó que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves, que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã, e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.”

[A Ilha dos Amores. Canto IX, estrofe 83]

... Digam lá quem é, na adolescência, no liceu, não ia logo direitinho ao canto IX, à Ilha dos Amores, para saborear estas estrofes eróticas do melhor da poesia universal!...

Luís Graça disse...

Conheci o António Fonseca quando entrou na peça de Anton Tchekov, o "Ivanov", levada à cena no Teatro Maria Matos, em março de 2010. A direcção musical era dos Melech Mechaya, banda da qual faz parte o nosso grã-tabanqueiro João Graça.

Mais recentemente, em 3 de Fevereiro de 2013, no Teatro Maria Matos, em Lisboa, foi estreada a curta-metragem "Ivanov - Shortcut".

O filme tem a realização de Joaquim Horta, Sérgio Graciano e Tiago Marques. O António Fonseca é um dos atores, todos eles grandes atores. A banda sonora foi composta e interpretada pela banda portuguesa Melech Mechaya. (Nesse dia, da estreia do filme, mo Teatro Maria Matos, os Melech Mechaya interpretaram ao vivo a banda sonora do filme).

Conheci o António Fonseca, pessoalmente, aquando da apresentação do filme "8816 versos", de Sofia Marques, no CCB, no 17 de fevereiro de 2013, às 18h00, no pequeno auditório. O filme faz o "making of" do espetáculo que o António Fonseca realizou, em junho passado, em Guimarães 2012... Espetáculo que tem 4 anos (dolorosos...) de preparação.

É uma ator e uma pessoa fascinantes!




Antº Rosinha disse...

Se antigamente abriamos os Lusíadas na página da Ilha dos amores, agora nos 70´s já é mais curioso conhecer as ideias do Velho do Restelo.

Vem na Wikipédia que a presidenta Roussef discursou que: "Se as admoestações do Velho do Restelo tivessem sido ouvidas, o Brasil não teria sido descoberto pelos navegadores portugueses".

Mas o velho do restelo, assim como as beldades da Ilha dos Amores era tudo imaginação do poeta.

E o poeta não sabia ainda a trabalheira que era desenhar no mapa um Brasil ou uma Guiné!

Se soubesse ia dar outros tantos cantos.

Bispo1419 disse...

Diz o Luís Graça:
"... Digam lá quem é (que), na adolescência, no liceu, não ia logo direitinho ao Canto IX, à Ilha dos Amores, para saborear esta estrofes eróticas do melhor da poesia universal!!!"

Pois é Luís, eu não ia! No meu tempo de liceu "Os Lusíadas" adotado tinha esse episódio tão belamente erótico substituído por uma sucessão de pontinhos em vez de palavras. Que país de merda e de "chumbo"! Até os "Os Lusíadas" usados no ensino eram censurados pelo poder político e
religioso!!!

Um abração do
Manuel Joaquim