quarta-feira, 15 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11569: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (7): Armamento do PAIGC (fotos de Ângelo Gago; legenda de Luís Dias)



Foto nº 1


Foto nº 2 



Foto nº 3


Foto nº 4

Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 (19072/74) > Diverso armamento do PAIGC. Fotos de Ângelo Gago que integram o álbum do Carlos Fraga, na altura alf mil, em estágio operacional em Mansoa, e depois cap mil em Moçambique, em 1974.


Fotos: © Ângelo Gago / Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Mensagem do Carlos Fraga, com data de 27 de abril último:

Caro Luís:

Fui ao almoço da CCS/BCAÇ 4612/72.

Conheci um ex-soldado condutor auto que me disse que foi a ele a quem adquiri as fotos a preto e branco do armamento apreendido ao PAIGC e apenas essas e que foi ele que as tirou. Terá sido armamento apreendido pelas NT de Mansoa e, posteriormente, enviado para Bissau.

Chama-se Angelo Gago.

Portanto nessas podes pôr que foram cedidas por mim mas tiradas pelo Angelo Gago (o seu a seu dono).

Conheci também lá um Sr. chamado João Catarino Teodósio que me disse que era fotógrafo militar em Mansoa e que tem uma carrada de fotos de lá,  inclusive (estas vi algumas) do início das conversações das NT com o PAIGC. Disse-lhe que te ia passar a informação.Abraço
C. Fraga.

2. Pedido de colaboração ao Luís Dias, em 12 do corrente:

Tu que és o nosso especialista de armamento, vais-me identificar e descrever sumariamente este material, apreendido ao PAIGC em 1973, por malta de Mansoa... Preciso da tua ajuda antes de publicar... Um abraço. Luis Graça

PS - O Carlços Fraga e o Jorge Canhão (3ª C/BCAÇ 4612/72) também podem dar uma ajuda. Fotos adquiridas pelo Carlos Fraga, na 2º metade de 1973, em Mansoa. Fazem parte do álbum dele


3. Imediata resposta do Luís Dias [, ex-alf mil at inf, CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74; foto à direita]

Caríssimo Luís Graça:

Em relação à 1ª Foto:

São reconhecíveis as empenas de granadas de RPG-7 (as maiores-encostadas à parede e no centro) e as empenas das granadas de RPG-2 (as mais pequenas espalhadas no chão), todas deflagradas. 

Os restos maiores parecem-me ser de granadas do canhão sem recuo russo B-10, de 82 mm (2 cartuchos do propelante e uma cabeça de granada).

Na 2ª Foto

consigo identificar da esquerda  para a direita:

 Um RPG-2 + 1 Granada de RPG-2 intacta+ 1 Espingarda de Assalto Kalashnikov Modelo Ak-47 + 3 carregadores para esta arma (sendo o do meio - tipo liso - dos primórdios deste tipo de arma). 

Na frente e também da esquerda pata a direita,  temos uma mina anti-carro Russa, modelo TM46 ou TMN46 (depende se tem possibilidades de ser armadilhada lateralmente e na base ou sem essa possibilidade), de caixa metálica, contendo 5,7 Kg de TNT, e sendo activada com uma pressão a partir dos 180 Kg e ainda uma mina antipessoal Russa modelo PMD-6, de caixa de madeira, contendo 200g de TNT. Estas minas eram dos modelos  que mais frequentemente o PAIGC utilizava contra as nossas forças.

Na 3ª Foto:

 encontram-se as minas já acima referenciadas, embora na ordem inversa.


Na 4ª e última foto;

está uma metralhadora ligeira Dectyarev, de origem Russa, no modelo RPD, em calibre 7,62 X 39mm M43, com capacidade de disparar 650 tpm. 

A arma falta-lhe o tambor (com capacidade para 100 cartuchos), que é colocado por debaixo da área de alimentação da arma e onde é enrolada a fita com as munições, de forma a evitar o contacto com terra e poeiras. 

A curiosidade da arma - que originalmente é de 1944 - entrando ao serviço no princípio dos anos 1950 nas forças soviéticas - é que só faz rajada e com o pormenor de as fitas metálicas serem envernizadas para melhor correrem na arma, mas é uma óptima metralhadora, relativamente leve (7,4 Kg) e muito equilibrada. 

Possuo um tambor e uma fita completa, que apreendemos num contaco com o IN mas, por azar, nunca apanhei nenhuma (senão tê-la-ia usado no meu Gr Comb).

Em relação a duas granadas visíveis na foto 2 e 3, não sei se serão de artilharia???

Se precisares de elementos técnicos mais específicos do material, posso fornecer.

Um abraço para toda a equipa de editores do blogue e para todos os camaradas que o leem e colaboram.

Luís Dias

4. Já antes o Carlos Fraga me tinha mandado um esboço de legenda:

Caro Luís

A 1.ª é uma grande confusão. São restos de um rocket, restos de RPG e o resto não sei.
A 2ª é uma mina anti-pessoal, uma mina anti-carro e uma bomba da FAP não detonada que eles acoplavam a minas anti-carro,
A 3.ª são iguais mais um RPG e uma Kalashnikov.
A 4ª creio ser uma PPSH (?) [vd. poste de Luís Dias, P5736, de 31/1/2010]

Talvez um especialista em armaneto te elucide melhor. Abraço
_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 6 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11535: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (6): Testando armamento (HK 21 e morteiro 60) na berma da estrada, na ausência de carreiro de tiro...

5 comentários:

Luís Graça disse...

Carlos, na foto nº 4, estou mais inclinado para metralhadora ligeira Degtyarev, como diz o nosso especialista Luís Dias (, consultor em armamento, reformado da Polícia Judiciária)... Vd, aqui o poste dele.

A "costureirinha" (a PPSH) era inconfundível. Vê a arma que ele tem na mão, e que usava em Galomaro... (Na foto deste poste P11570)...

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/01/guine-6374-p5688-armamento-2-pistolas.html

C. Fraga disse...

Caro Luís

O camarada que percebe de armamento já o identificou.
Desse tipo de armamento pessoalmente só vi RPG, Kalash e mina anti pessoal.
O resto, como disse, não sabia bem o que seria mas já está identificado.

Luís Graça disse...

Luís: Em relação à foto nº 1, dizes que os restos maiores parecem ser de granada de canhão s/r. Não confundir com foguete 122 mm. Ver aqui um poste teu:


http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/01/guine-6374-p9344-armamento-7-o-foguetao.html

Luís Dias disse...

Caro Luís Graça

Olhando melhor para a foto nº1, vê-se no chão do lado esquerdo um (fuse) detonador que parece ser de foguetão 122mm. Sendo assim, é muito possível que os restos que estão encostados à parede possam ser, efectivamente, de foguetão 122mm, sem as aletas. As granadas que refiro poder ser de artilharia, é muito possivel serem bombas de 50kg lançadas pelas nossas aeronaves.
Um abraço.
Luís Dias

C. Fraga disse...

Voltando ao que disse inicialmente.
Pelo que me lembro que me terão dito na altura na foto nº 1 aquela espécie de cilindros serão restos de foguetões que terão sido disparados sobre Mansoa mas terão ido parar à bolanha por detrás do quartel. Se não foram mesmo esses terão sido no género.
Na foto n.º 3 a munição cilindrica será uma bomba da FAP não detonada e que o PAIGC acoplava a minas anti-carro.
Isso pelo que me lembro que me disseram na altura.