sexta-feira, 12 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11829: Os filhos do vento (12): "Em busca do pai tuga" ou "Os filhos que os portugueses deixaram para trás"... Reportagem de Catarina Gomes, Manuel Roberto e Ricardo Rezende, a sair no Público, domingo, dia 14






Guiné-Bissau > região de Tombali > Iemberém > Simpósio Internacional de Guileje (Bissua, 1-7 de março de 2008) > 2 de março de 2008 > Visita, inesperada, de duas irmãs, que vieram de longe (, de Bedanda, garante o Zé Teixeira), para estar com os tugas.

Estas duas mulheres, de olhar triste, irmãs, vieram de longe procurar-nos, uma delas com um filho às costas... Estariam na casa dos 30 e muitos anos... Queriam saber notícias de um tal Furriel Mil Mecânico Auto, de apelido Barros, que terá estado em Cacine em 1971/72... e que seria de origem madeirense ou açoriana. Por essa altura, entre 20 de Maio de 1970 até 15 de Fevereiro de 1972, sabe-se que passou por Cacine a CCaç 2726... Não fixei os seus nomes, nem soubei ao certo onde viviam, mas prometi divulgar as suas fotos, o que fiz na altura.  A jornalista do Público, Catarina Gomes, voltou a encontrá-las, em março de 2013, no sul da Guiné, carregadas de filhos...

Fotos  (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem que a jornalista do Público, Catarina Gomes, nos mandou, ontem, às 17h44, chamando atenção para uma reportagem que vai sair no Público, de domingo, dia 14, sobre o tema dos "filhos do vento". Ela deslocou-se recentemente á Guiné-Bissau, para efeitos deste trabalho de investigação e teve o apoio do nosso blogue e de diversos camaradas (como o Zé Saúde) e de amigos (como o Cherno Baldé). Está também a escrever um livro sobre o tema. Ela própria é filha de um ex-camarada nosso, alferes milicano, que esteve em Angola no final da guerra, e já falecido.

Boa tarde,

Só para vos avisar que já há na página do público, www.publico.pt, um videozinho de apresentação do projecto, que também terá 3 vídeos e uma página para debate e informações sobre os filhos que os portugueses deixaram para trás:

 http://www.publico.pt/multimedia/video/os-filhos-que-os-portugueses-deixaram-para-tras-20130711-142901

Mais uma vez, muito obrigada pela ajuda

Cumprimentos,

Catarina





Fotogramas do vídeo Em Busca do Pai Tuga, disponível desde ontem na página  Público Multimédia


"Em busca do pai tuga" é o título de uma série de reportagens que levou os enviados especiais Catarina Gomes, Manuel Roberto e Ricardo Rezende à Guiné-Bissau para contar as histórias de filhos que os ex-combatentes portugueses tiveram com mulheres guineenses e que ficaram para trás depois da guerra colonial ter terminado. Não tinham nascido ou eram crianças quando os pais deixaram o país, hoje têm entre os 40 a 50 anos e um sonho: conhecer o pai tuga. A reportagem foi feita no âmbito do projecto PÚBLICO+".

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Nota do editor:

Vd. aqui alguns dos muitos postes (, para além de centenas de comentários) que foram já publicados, no nosso blogue,  sobre a temática dos "filhos do vento" e do "sexo em tempo de guerra":

5 de julho de 2013 > Guiné 63/74 – P11807: Memórias de Gabú (José Saúde) (30): Rescaldo da apresentação de “As Minahs Memórias de Gabu", em Beja.



18 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P9919: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte V : Depois de Piche: de novo em Bissau e Mansoa, a dar instrução a artilheiros, antes de ir para o sul (Bedanda, Gadamael e Guileje)

12 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11377: (Ex)citações (218): Sexo em tempo de guerra... e brancos mpelelé no pós-independência (Cherno Baldé / José Teixeira / António Rosinha)

8 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11360: (Ex)citações (217): Lavadeiras... e favores sexuais na Empada do meu tempo (José Teixeira / Arménio Estorninho, "maiorais" da CCAÇ 2381, 1968/70)
25 de março de 2013 > Guiné 63/74 – P11313: Guiné 63/74 – P11313: Memórias de Gabú (José Saúde) (26): Sexo em tempo de guerra. Tabu?
12 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8897: Filhos do vento (11): A filha da minha lavadeira (António Bastos)

11 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8888: Filhos do vento (9): Tenho por mim que são mais as vozes que as nozes (António Costa)


29 de setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8838: Filhos do vento (7): O infanticício não era uma prática tão generalizada quanto se pensa... O caso doBalanta-Tuga, de Bedanda (Cherno Baldé)




24 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8816: Filhos do Vento (2): Duas mães que eu conheci: Binta de Chamarra e Binta Bobo de Mampatá (José Teixeira)

23 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8813: Filhos do Vento (1): Nem branquear os casos nem culpabilizar ninguém (José Saúde)

29 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1900: Estórias cabralianas (25): Dois amores de guerra e uma declaração: Não sou pai dos 'piquinos Alferos Cabral' (Jorge Cabral)

4 comentários:

Anónimo disse...

A täo triste e vergonhosa..."Poeira dos Impérios".

Anónimo disse...

Children of the dust / Filhos do pó, da poeiras, das cinzas / Filhos do vento...

Veja-se o que acaonteceu na guerra do Vietname (que terminou em 1975)... Estima-se em cerca de 26 mil os filhos de soldados americanos nascidos duranete a guerra do Vietname... Apesar do esforço de repatriamento, dos "filhos do pó". só 3% encontraram, na América, o pai... Escassas centenas restarão hoje no Vietname...


Na América, muitos tiveram e têm problemas de adpatação acabando no álcool, na droga, na prisão... Como diz um ditado vietnamita, aqui citado, "filho sem pai é como uma casa sem telhado"...

É meritório, mesmo que tardio, o trabalho de investigação da Catarina Gomes e da sua equipa (ela, que foi a todo o lado da GB, em poucos dias, mais um vídeojornalista e um fotojornalista)

(LG)
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(...) No one knows how many Amerasians were born—and ultimately left behind in Vietnam—during the decade-long war that ended in 1975. In Vietnam's conservative society, where premarital chastity is traditionally observed and ethnic homogeneity embraced, many births of children resulting from liaisons with foreigners went unregistered. According to the Amerasian Independent Voice of America and the Amerasian Fellowship Association, advocacy groups recently formed in the United States, no more than a few hundred Amerasians remain in Vietnam; the groups would like to bring all of them to the United States. The others—some 26,000 men and women now in their 30s and 40s, together with 75,000 Vietnamese they claimed as relatives—began to be resettled in the United States after Representative Stewart B. McKinney of Connecticut called their abandonment a "national embarrassment" in 1980 and urged fellow Americans to take responsibility for them.

But no more than 3 percent found their fathers in their adoptive homeland. Good jobs were scarce. Some Amerasians were vulnerable to drugs, became gang members and ended up in jail. As many as half remained illiterate or semi-illiterate in both Vietnamese and English and never became U.S. citizens. The mainstream Vietnamese-American population looked down on them, assuming that their mothers were prostitutes—which was sometimes the case, though many of the children were products of longer-term, loving relationships, including marriages. Mention Amerasians and people would roll their eyes and recite an old saying in Vietnam: Children without a father are like a home without a roof.

The massacres that President Ford had feared never took place, but the Communists who came south after 1975 to govern a reunited Vietnam were hardly benevolent rulers. Many orphanages were closed, and Amerasians and other youngsters were sent off to rural work farms and re-education camps. The Communists confiscated wealth and property and razed many of the homes of those who had supported the American-backed government of South Vietnam. Mothers of Amerasian children destroyed or hid photographs, letters and official papers that offered evidence of their American connections. "My mother burned everything," says William Tran, now a 38-year-old computer engineer in Illinois. "She said, ‘I can't have a son named William with the Viet Cong around.' It was as though your whole identity was swept away." Tran came to the United States in 1990 after his mother remarried and his stepfather threw him out of the house. (...)
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Read more: http://www.smithsonianmag.com/people-places/Children-of-the-Dust.html#ixzz2YpUhCZtf
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Luís Graça disse...

É óbvio que as generalizações são sempre abusivas... Embora entre aspas ou comas, a frase "os filhos que os portugueses deixaram para trás" não deixa de ser ambígua: que portugueses ? civis, comerciantes, funcionários da admininistração, militares, cooperantes, turistas... ? Do antes, do duarnet e do depois, da guerra (1961/74) ? E até quando ?

Até ao golpe de Estado do Nino Vieira muita gente, portuguesa ou não, nomeadamente cooperantes, passaram pela Guiné-Bissau, num ambiente mais distendido... Russos, suecos, cubanos... Talvez o António Rosinha possa falar melhor dessas "desvairadas" gentes que ele conheceu... Alguns também poderão ser pais de "filhos do vento"... Espero que a jornalista clarifique estas questões...

Além disso, alguns destes "lusoguineenses" poderão nem sequer estar devidamente registados na conservatória do registo civil, como acontece com muitos guineenses... O António Baldé, por exemplo, hoje com a nacionaldiadfe portuguesa, só agora, e com muitas dificuldades burocráticas (e não só), é que está a tentar reguistar a sua filha, de 3 e meio, a Alicinha de Candoz (, e filha da saudosa e pobre Cadi)...

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

A seguir com interesse, com curiosidade e com muita atenção ao 'sentido' que será dado (ou não) ao conteúdo do artigo, do trabalho.

Hélder S.