terça-feira, 1 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13354: Agenda cultural (330): Atenção, Viriatos, ao lançamento, no dia 9, às 17h30, no Salão Nobre da CM Lisboa, do livro inédito, "As Viríadas", a epopeia portuguesa setecentista escrita pelo médico Isaac Samuda (Lisboa,1681 - Londres, 1729)









1. Por mail de Manuel Curado, professor de filosofia da Universidade do Minho,  Braga,  chegou-nos este convite da Câmara Municipal de Lisboa, da Rede de Judiarias de Portugal e da Imprensa da Universidade de Coiimbra, para o lançamento do livro "As Viríadas do Doutor Samuda", edição crítica,  a cargo do prof dr Manuel Curado,  da epopeia setecentista,  inédita,  dos médicos judeo-portugueses Isaac Samuda  (Lisboa, 1681- Londres, 1729) e Jacob de Castro Sarmento (Bragança, 1691-Londres, 1762),

A sessão realizar-se-á  no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa, dia 9 (3ª feira), às 17h30.

2. Sobre a obra (que vem enriquecer a língua e a cultura portuguesas), ver  a seguir uma sinopse, transcrita, com a devida vénia, da página da Imprensa da Universidade de Coimbra [, negritos nossos]:



As Viríadas do Doutor Samuda
Autor: Manuel Curado
Língua: Portuguesa
ISBN: 978-989-26-0659-0
Editora: Imprensa da Universidade de Coimbra
Edição: 1.ª
Data: Maio 2014
Preço: 25 euros
Dimensões: 240 mm x 170 mm
N.º Páginas: 688

Uma epopeia portuguesa setecentista inédita, mas não ignorada, em décimas bem ritmadas, cujo autor, Isaac Samuda, é um dos judeus de talento que o fantasma da Inquisição chegou a aprisionar por um tempo e ameaçava persegui-lo de novo, pelo que teve de emigrar, é o livro que temos o gosto de aqui apresentar.

A obra era inédita, conforme dissemos, mas não se desconhecia a sua existência, porquanto várias publicações, entre as quais o Dicionário de Inocêncio, haviam falado dela. Tão-pouco o era a figura do seu herói, tantas vezes enaltecida ao longo dos séculos, nomeadamente na célebre epopeia de Brás Garcia Mascarenhas, Viriato Trágico, que é anterior a esta.

Do autor das Viríadas, Isaac Samuda, também se conheciam dados significativos, para além dos já mencionados: bacharel em Artes, estuda Medicina na Universidade de Coimbra, e, devido à sua origem judaica, é forçado a exilar-se; chega a Londres nos primeiros anos do século XVIII; aí efectua a mudança de nome, como era de rigor, e começa a exercer a sua profissão junto da colónia portuguesa. Dentro de poucos anos é admitido em duas instituições britânicas de grande prestígio: O Real Colégio de Médicos e a Real Sociedade de Londres (na qual foi o primeiro judeu a ser recebido).

Estes e muitos outros dados, incluindo a multiplicidade dos interesses científicos de Samuda, são cuidadosamente analisados pelo autor desta edição, Manuel Curado, professor de Filosofia da Universidade do Minho - Braga. Assim, não deixa de pôr em relevo a presença dos ecos das epopeias clássicas, como a intervenção dos deuses, a paixão de Viriato por Ormia, que Tântalo, um dos guerreiros lusitanos, também pretende.

Mas não esqueçamos que o poema está cheio da descrição de combates, da alegria dos banquetes, das exortações de Viriato aos seus companheiros de armas. Ao lado destes temas, surge a descrição de paisagens e monumentos (designadamente os de Évora), que põe em destaque a sensibilidade artística do poeta. 

Não menos evidente é o seu interesse pela Botânica, ao descrever com minúcia e saber as plantas e os seus frutos. São igualmente significativos os seus conhecimentos na área da Física. Para o provar basta ler a estrofe 40 do canto VI, onde se descrevem as alterações do rosto de Ormia, ao ouvir a declaração de amor de Tântalo. Manuel Curado observa: "Ao descrever a alteração da cor do rosto de Ormia" ele a comparava "a um prisma newtoniano que decompõe a luz". E, em nota, acrescenta ainda que Samuda fez mais duas alusões "ao prisma de Newton que decompõem a luz branca". Do saber filosófico que premeia toda a obra nem se torna necessário fazer menção.

Samuda não viveu o suficiente para completar a sua longa epopeia. Na estância 58 do canto XIII, Viriato acaba de celebrar mais uma vitória e de se coroar com ramos de azinheira. As estrofes seguintes (58-108) são já da autoria do seu grande amigo Jacob de Castro Sarmento, porquanto o tema se transformou na apologia de um Deus único e Verdadeiro. É um velho sírio que dá essa longa explicação, que Viriato agradece na estância com que finda o poema.

O destino do texto das Viríadas passou por muitos acidentes até se recuperarem duas cópias - as únicas que se conhecem até à data - que surpreendentemente estão guardadas em bibliotecas da América do Norte: uma na Thomas Fisher Library, na Universidade de Toronto, outra no Jewish Theological Seminary, em Nova Iorque.

É nesses dois exemplares, portanto, que se baseia a presente edição crítica. A riqueza e profundidade do trabalho executado por Manuel Curado, além de acrescentar mais uma epopeia à nossa Literatura, é um estudo profundo e seguro das Viríadas. Nele se evidencia o rigor e experiência que caracterizam os estudos deste investigador e professor.
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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de junho de 2014 > ao Nober da CM LisboGuiné 63/74 - P13342: Agenda cultural (329): Lançamento do livro "Capitão de Abril", de Fernando Salgueiro Maia, apresentado pelo Cor Vasco Lourenço, dia 1 de Julho de 2014, pelas 18h30, na Associação 25 de Abril, Lisboa

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