quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13886 Da Suécia com saudade (47): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte VII): E depois da independência e até 1994, atingiu os 2 mil milhões de dólares! (José Belo)


Foto nº 15  > Quem disse que em tempo de guerra não se limpavam armas ? [Legenda original: "15 Soldiers in the liberated areas in Guinea Bissau"]



Foto nº 6 > Isto não é uma picada, é uma autoestrada...  [ Legenda original: "Soldiers marching in the liberated areas in Guinea Bissau"]


Foto nº 23 > Mezinhas para o povo...   [Legenda original: "Medical examination in the liberated areas in Guinea Bissau"]



Foto nº 22 >  O trabalho da menino é pouco mas quem não o aproveita é louco... [Não, não é a apologia do trabalho infantil, é um ditado popular português...[Legenda original: "Harvesting rice in the liberated areas in Guinea Bissau. The rice was stored in the little house with straw roof in the background"]


Foto nº 5  > Uma visão idílica da guerra de guerrilha por parte dos escandinavos... [Legenda original: "In a boat on the river in the liberated areas in Guinea Bissau.]



Foto nº 31 >  

Guiné-Bissau (ou Guné-Conacri) > PAIGC > s/l> Novembro de 1970 > Algures, na Guiné Conacri ou nas "áreas libertadas" (sic) da Guiné-Bissau, fotos do fotógrafo norueguês Knut Andreasson, por ocasião de um visita de uma delegação sueca.

Algumas destas foto foram publicadas no livro Guinea-Bissau : rapport om ett land och en befrielserörelse, da autoria de Knut Andreassen, Birgitta Dahl (Stockholm : Prisma, 1971, 216 pp.). [Título traduzido para português: Guiné-Bissau: relatório sobre um país e um movimento de libertação].

A chefe da delegação, a controversa deputada socialdemocrata e antiga presidente do parlamento sueco, Birgitta Dahl, fez um relatório desta missão, em sueco, e que infelizmente não está disponível na Net: a visita foi à Guiné-Conacri e às "áreas libertadas" da Guiné-Bissau, no período de 6 de novembro a 7 de dezembro de 1970 [”Rapport från studieresa till Republiken Guinea och de befriade områdena i Guinea-Bissau, 6 november–7 december 1970” (”Relatório da viagem de estudo à República da Guiné e às zonas libertadas da Guiné-Bissau, 6 de Novembro–7 de Dezembro de 1970”), Uppsala, Janeiro de 1971 (SDA)].

Fonte: Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa [Com a devida vénia] [Seleção, edição e legendaqgem livre: LG]

[As fotos podem ser usadas, devendo ser informado o Nordic Africa Institute (NAI) e o fotógrafo, quando for caso disso. Este espólio fotográfico de Knut Andreasson (, relativo à visita ao PAIGC na Guiné-Conacri  e, alegadamente, às áreas sob o seu controlo na Guiné-Bissau, em novembro de 1970, de uma delegação sueca) foi doado pela viúva ao NAI.]


1. Última parte da publicação de alguns dados e notas de contextualização, sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência e até 1994, da autoria do nosso camarada José Belo (na Suécia há quase 4 décadas, e a quem a gente chama carinhosamente o "régulo da Tabanca da Lapónia") (*)


Data: 6 de Novembro de 2014 às 20:27

Assunto: Auxílio Sueco à Guiné (pós independência)

Caro Luís Graca.

A partir do dia 12 parto para os States por um bom período de tempo. Aproveitarei para umas longas férias "blogueiras" em todos os azimutes.


Um abraco, José Belo

[O blogue do Zé Belo, Lapland Near Key West tinha a seguinte inscrição à porta do iglô, às 19h00 ontem, de Lisboa: "Sorry, we 're closed  for vacation" ( Desculpem, estamos fechados para férias).] (LG)


2. Depois da independência a Suécia continuou a ser o maior fornecedor de assistência à Guiné (*).

O auxílio estatal era dado pela Swedish International Development Cooperation Agency (SIDA) e pela Swedish Agency for Research and Cooperation with Developing Countries (SAREC), para além de Organizações  näo Governamentais (ONG) como por exemplo a Save the Children/Sweden (Rädda Barnen).

O auxílio estatal entre 1974 e 1993 foi de 2 mil milhões (!) de dólares (USA),

De entre projectos financiados pela SIDA [, A Agência Sueca Para o Desenvolvimento e Cooperação  Internacionais] salientam-se:

(i) Programa de Desenvolvimento Rural Integrado (PDRI) administrado desde o Centro Olof Palme, em Bula:

(ii) Fábrica de Blocos e Tijolos em Bafatá;

(iii) Estaleiros de reparação GUINAVE em Bissau;

(iv) Oficinas mecânicas GUIMETAL em Bissau;

(v) Companhia de madeiras SOCOTRAM que operava 3 serrações, uma fábrica de mobílias,e uma fábrica de revestimentos de madeira para construção civil:

(vi) Uma rede telefónica automática:

(vii) Oficinas Volvo de reparação e manutenção;

(viii)  A PESCARTE - Direcäo Nacional da Pesca Artesanal

(ix) Laboratório Nacional de Saúde Pública e apoio em especialistas e material hospitalar para o diagonóstico e tratamento do  HIV/SIDA


Dos projectos financiados pela SAREC - Swedish Agency for Research and Cooperation with Developing Countries, salienta-se:

(x) Financiamento e assistência ao INEP-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa.(Assstência e apoio ás publicações, projectos de pesquisa, conferências académicas, grupos de estudos, bolsas académicas).


Em 1994 uma avaliação  muito crítica(!) aos resultados da assistência desde 1974 recomendou uma redução  substancial da mesma por, entre outros motivos...menos diplomáticos..."O auxílio dado à Guiné-Bissau durante 20 anos ter resultado num crescimento económico muito limitado".

Cinco anos mais tarde, na sequência da destrutiva guerra civiil de 1998-1999 a embaixada sueca em Bissau foi encerrada.

José Belo 

[ ex-alf mil inf da CCAÇ 2381,Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70; cap inf ref, é jurista, vive Suécia há quase 4 décadas, e onde formou família: e, ultiimamente, reparte o seu tempo com os EUA, aonde família tem negócios].

3. Mail do José Belo,  recebido ainda hoje de manhã, por volta das 10h30:

Caro Luís Graça.

Aproveito já estar na minha casa em Estocolmo a aguardar o voo de amanhã para os States,  para enviar sugestão quanto à interessante leitura do documento de um dos estudos sobre os auxílios da Agência Estatal Sueca SIDA à Guiné, Moçambique, Nicarágua e Vietname, na época os países que maior auxílio sueco recebiam: (i) "Aid and Macroeconomics", de Stefan Vylder; (ii) "An evaluation of Swedish Import Support to Guinea-Bissau, Mozambique, Nicaragua and Vietnam".

É interessante a Suécia ter mantido um perfil muito discreto nos diálogos políticos com as autoridades de Bissau sobre os programas de ajustamentos estruturais. No relatório de estudo e análise, mais ou menos crítica,  de 1993,  constata-se não ter tido a Agência Estatal Sueca-SIDA uma influência nas políticas económicas do governo da Guiné,  compatível com a realidade de ser de longe a dadora do maior auxílio económico e dispondo de especialistas nesta área com mais vasta experiência do que a de outros países envolvidos.

A política seguida pela SIDA até essa data foi a de permitir ao Governo da Guiné a formulação das suas prioridades e solicitar auxílios de acordo com as mesmas. A seu modo auxílios... "requisitados".

Esta política (diferente de a seguida por outros países que têm sempre procurado estabelecer condições formais para fornecimentos de auxílios bilaterais) tem feito com que o governo local olhe a SIDA como um dador "soft", a ser encarado como amigo(!).....

Os resultados?

De qualquer modo é interessante o aumento dos números quanto aos milhões de coroas suecas fornecidas de ano para ano.

1988-1989...3 milhões.
1989-1990...6 milhões.
1990-1991...28 milhões

Um abraço do José Belo


PS - 1 Euro = 9,2691 Coroas Suecas (SEK); 1 SEK = 0,10787 €,  em 13/11/2014 (LG)

________________
Nota do editor:

(*) Últimos postes desta série:

3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)... à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)

4 de movembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)

5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

6 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13853: Da Suécia com saudade (43): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte IV): Rússia e Suécia, vizinhos e inimigos fidalgais, foram os dois países que mais auxiliaram o partido de Amílcar Cabral (José Belo)

7 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V)Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)

8 comentários:

Luís Graça disse...

Zé:

1. Foi muito bom este "regresso ao passado" e este "teste de tolerância"...

No blogue, não me pareceu ter havido grandes indícios de crispação... Os nossos camaradas foram comentando livre e espontaneamente a informação que coligiste para nós... No meu caso, era nova e surpreenderam-me os números... Tinha a ideia que a Suécia oferecia os manuais escolares, e dava mais alguma ajuda humanitária...

Percebo melhor agora a eventual deceção dos suecos em relação ao rumo que a economia, a sociedade e a política da Guiné-Bissau tomaram depois da independência.... Mas não foram só eles, acho que muitos dos amigos do povo da Guiné-Bissau (a começar por alguns de nós que amam aquele povo, separando-o da elite política...) temos pena que tantos milhões de dólares não tenham dado os frutos esperados, em desenvolvimento do potencial humano, em criação de riqueza, etc...

Se calhar é também toda a estratégia da cooperação económica internacional e a ajuda ao desenvolvimento que tem de ser avaliada e revista...

2. Há sempre uns tantos camaradas que lidam mal com o "contraditório"... e com o "fantasma do IN"... E que protestam, inclusive, contra a inserção de fotos dos "inimigos de ontem".

Mas a nossa missão é também a de informar, a de tentar ver as as coisas do "outro lado", e ao fim e ao cabo de explorar a riqueza e a diversidade de fontes que há já sobre a guerra da Guiné que nos coube em sorte…

Claro que há a preocupação, por parte dos editores, do distanciamento crítico, nomeadamente em relação à documentação fotográfica… As fronteiras entre a informação e a propaganda são muitas vezes ténues, ontem como hoje...

Infelizmente, as legendas originais das fotos que ilustraram os teus postes ( e que não da tua responsabilidade, a seleção coube-me a mim...) são muito pobres e imprecisas, retirando alguma credibilidade ao seu autor… e ao próprio Nordic Africa Institute, que as divulga.

As fotos estão datadas (novembro de 1970, o mês da invasão de Conacri…) mas nunca sabemos onde foram tiradas… “Áreas libertadas” é uma entidade vaga, mítica, nebulosa, uma espécie de ilha da utopia, fazendo crer que o PAIGC controlava já efetivamente grande parte do território, o que não era verdade, pelo conhecimento que nós, combatentes na época ( e eu estava lá...), tínhamos do terreno…

É pena que o fotógrafo não tenha tido a preocupação de rigor quanto aos locais onde tirou as fotos… A delegação sueca naturalmente que viu (e só viu) aquilo que os dirigentes do PAIGC queriam que ela visse….

E o fotógrafo, infelizmente, também já não está cá para nos esclarecer ou contradizer… Acrescento que alguns fotos tem excelente qulidade técnica e estética, mesmo tratando-se de imagens digitalizadas...

3. Partes para o "bem-bom" da Florida, mas por favor não fiques de férias muito tempo... que faz mal à saúde... De qualquer modo, também tens direito à preguiça...

Desejo-te boa viagem, boa estadia... Tens que trazer os teus "suecos" até cá, no verão..

Um xicoração para ti, e para... os teus mais-que-tudo da tua segunda pátria (que, como sabes, é um dos países da velha Europa que me fascina e me repele ao mesmo tempo, porque se calhar o conheço mal, só lá estive uma semana, e nem seuqer conheço Estocolmo).

Anónimo disse...

Caro Luís.
Realmente, as fotos sempre apresentadas dentro de uma prespectiva de propaganda para escandinavos feita,têm para os que por lá andaram todos os aspectos de bilhetes postais folclóricos.
(Nem sequer mostram guerrilheiros com os macaquinhos tradicionais ao ombro,direito ou esquerdo de acordo com as preferências políticas do fotografado).
Mostram no entanto o inimigo por muitos nunca entrevisto mas,infelizmente, demasiadas vezes sentido na carne.
A seu modo ajudam a torná-lo menos "mítico".

Quanto ao "apesar de aqui teres estado näo conheceres Estocolmo,näo me venhas dizer que nos tempos da juventude nunca entras-te no Bar-Estocolmo do Cais do Sodré Lisboeta do antigamente?
(Isto das idades comeca a pregar partidas...será que o Bar se chamava mesmo Estocolmo ou näo seria antes Bar-Escandinávia?).De qualquer modo as meninas eram täo "dadas e virtuosas" como as Suecas de Estocolmo.
Tendo o certo por näo certo atrevo-me a recomentar a ida até ao laplandnear keywest.blogspot.com onde mesmo a início se encontra um filme sobre a muito bonita cidade de Estocolmo

Grande abraco do José Belo

Antº Rosinha disse...

São também novidades destas que enriquecem este blog, talvez tanto como aquilo que foi a guerra de armas na mão e a claustrofobia do arame farpado.

Claro que será impossível obter o que foi a ajuda em milhões em armas da Russa mais os «licenciados» na Ucrânia, Azerbeijão, Roménia, Juguslávia, Roménia...antes e após a independência.

Após a independência os milhões franceses, ajuda para deitar fora, também foi descomunal: fábrica de automóveis citroen, fábrica sobredimensionada de transformação em Cumeré campos agrícolas de algodão...etc.

Era interessantíssimo que alguém, BS por exemplo, conseguisse o que foi a ajuda portuguesa desde 1975 até até hoje (Agricultura, TAP, Educação, etc.).

Mas hoje é opinião de muitos críticos africanos (jornais), todas estas ajudas a países africanos, além de inúteis por despropositados e inoportunos por falta de estudos, foram criminosos por apenas serviram para manter e/ou promover e credibilizar tiranos que só roubaram e fomentaram guerras tribais e deixaram a maioria dos países como o que se vê.

E não será esse ponto de vista que afastou a Suécia, ou alguém duvida?

Pode ser que o amigo José Belo, um dia ainda encontre algo do que foi a cooperação sueca com o Congo Belga, Ruanda e Burundi, da qual também se afastaram.

Aí é que a cooperação sueca terá feito grandes reportagens fotográficas de chacinarias pois já mais ninguém andava por lá, só os suecos , Dinamarqueses e noruegueses.

Ainda conheci em Bula umas instalações da cooperação sueca onde entre homens e mulheres seriam mais de 15 funcionários suecos.

Interagi pelas Obra Públicas em 1993 com um Biorg encarregue da manutenção de vias e pontões naquela região.

Era gente porreira embora quando sabiam que eu era portuga, torciam um pouco o nariz, só faltava porem uma mola no mesmo.

Para eles eramos uns nazis do piorio.

Estavam ali, diziam ao povo, «para fazer aquilo que os tugas não fizeram em 500 anos».

Mas também vi jovens cooperantes professores portugueses a passar fome «cabralista» hospedados na Dona Berta, com o mesmo sentimento dos suecos, a ajudar aqueles «coitaditos»

Bom trabalho o post de José Belo.

Luís Graça disse...

José:

O Cais do Sodré tem tido altos e baixos... Agora é uma zona tórrida da cidade, com 24horas non stop de álcool puro e boéma... Mas as coisas vão mudar, com a restrição de horários... Se já não há o Estocolmo ou o Escandin+ávia, há o Wiking...

Lisboa é uma cidade calma, dizem, mas mesmo assim há coisas estúpidas e trágicas provocadas pelo excesso de álcool e não só... Sinais dos tempos ?

Sempre foi zona de pancadaria quando a marinhaagem da Nato desembarcava em Lisboa...

Apesar de uns casos graves de "polícia" (ainda há tempos morreu, com um facada no coração um conhecido do meu João, que era arquiteto na Hungria, português, de passagem por Lisboa)...

Mas, tirando isso, somos um país de brandos costumes.-.. Demasiado brandos, a avaliar pela nossa história recente...

Sobre o Wiking, vê aqui;

http://www.yelp.pt/biz/viking-bar-lisboa

Anónimo disse...

José Belo

Há uma canção do Zeca Afonso (que não será difícil de localizar) da qual consta um verso que reza assim:
"... rumo ao Escandinávia Bar."
Creio que era esse o nome nos anos 60/70.
Abraço
Alberto Branquinho

Luís Graça disse...

Jose e Alberto, havia Escandinávia Bar... na Fuzeta...

Cá está a letra da canção do Zeca Afonso...Uma delícia!... LG

_____________


Escandinávia Bar-Fuzeta
José Afonso

Se o gageiro de outras eras
Subisse de novo à gávea,
Diria p´rá marinhagem:
Já se avista a "Escandinávia".

Senhora do Bom Sucesso,
Diz-me onde irei almoçar,
Não quero sola de molho,
Tenho as tripas a estalar.

Entra naquele fiorde
Onde a terra encobre o mar,
Se queres comer como um lord
no Escandinávia-Bar.

Sem rendas de mesa fina,
O choco é bicho moderno,
Naquele lugar fraterno
Goza de geral estima.

Já vai passando à história
O tempo em que não entrava
Um pescador no café
Onde a finesse abancava.

Nesses tempos de castigo
(Só de pensar estremeço),
Dizia cá pra comigo
Nem tudo o que digo penso,

Ali não entra o Tenreiro
Nem cavalos de alta roda,
Mas já lá vi um torneiro
Beber whisky com soda,

À puridade vos digo
Desde a noite ao romper d´alva,
Comi uns chocos com tinta
Vi um búzio a bater palmas.

Digo tudo quanto é franco
Em prol da sardinha assada,
Vi rebentar as costuras
De um fulana alentada,

Por isso não te retenhas,
Se tens pressa de chegar,
Senhora do Bom Sucesso
Rumo ao Escandinávia-bar.

Letra recolhida aqui (e revista) por LG:

https://www.blogger.com/comment.g?blogID=29087476&postID=3498199420420437817

Luís Graça disse...

José e Alberto:

Mas o Escandinávia Bar lá está na Rua Nova do Carvalho, nº 39, se não erro... Ba mesmíssima Rua Cor de Rosa, sem trânsito automóvel, onde está o mítico Jamaica (nº 7)... que faz agora 43 anos...

Houve uma altura, no pós de 25 de abril, que eu ia ao Bar dos Gregos, em frente ao Texas Bar, para ali "partir pratos"... O Texas Bar agora tem outro nome, ainda há tempos lá fui ouvir os Melech Mechaya...

É uma rua (e uma zona) lendária da baixa de Lisboa e da movida de Lisboa onde há um bar para cada marinheiro, seja samurai ou wiking...

Luís Graça disse...

Para o Zé belo que parte para Miami, e para o Alberto Branquinho
que c+á fica...


Partida(s)


Rua Nova do Carvalho.
Agora Rua Cor de Rosa…
Há um bar para cada marinheiro
Ou para cada alma penada,
Seja wiking ou samurai,
Branco, preto ou amarelo.
Entro no Jamaica
e saio no Escandinávia.
O mundo é estreito
Para um abraço apertado.
Lá parti pratos no bar dos gregos,
Ali no Cais do Sodré,
E no Clube Texas, o sempre em festa,
Bebi o último uísque marado,
Antes de partir para a Guiné.