sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Guiné 63/74 - P14204: (Ex)citações (259): Sobre o paradeiro do Pintosinho, e mais histórias de Bissau no pós-independência... E já agora, quando querem fazer um encontro da Tabanca Grande aqui no Fundão ? Prometo ter "ostras e camarões da Guiné"... (Mário Serra de Oliveira)

1. Resposta, com data de 28 do corrente, de Mário Serra de Oliveira a um pedido de informação sobre o Pintosinho, a conhecida casa de António Pinto, em Bissau, do nosso tempo (*):

[foto à esquerda: Mário Serra de Olievria, ex-1.º cabo escriturário, BA 12, Bissalanca, 1967/68; viveu nos EUA; é autor de Palavras de um Defunto... Antes de o Ser (Lisboa: Chiado Editora, 2012, 542 pp, preço de capa 16€]


Olá, grande e estimado Luís Graça:

E um prazer imenso trocar algumas palavras com a pessoa por detrás de um dos blogues que eu mais aprecio... quiçá por me tocar também a mim fazer parte da tertúlia.

Agora, antes de responder, permite-me pedir desculpa pela falta de acentos. Estou a usar um portátiç devido a que, já depois de aqui chegar, a EDP teve a gentileza de ter uma queda de tensãoo, e queimou-me o computador com o teclado português. Sei que vais compreender.

Respondendo... começo por dizer que conheci, e muito bem, o Pintosinho (creio que pai e filho). Foi lá que comprei uma carrinha Renault 4 (de "gola" alta) e muita outra mercadoria.

Ter sido preso não foi do meu conhecimento directo. Eu continuei a vida de labutar - e mais ainda depois do 25 de Abril - por ter adquirido casas do meu ramo (comes e bebes) a alguns dos nossos que decidiram vir embora.

Casa Pintosinho, Bissau, 1956 (*)
Creio que o Pintosinho não ficou em Bissau. Recordo, isso sim, um representante nativo que, por casualidade, até andava a cobrar dívidas, incluindo algumas minhas. O que era mais que nomal, uma vez que se comprava a mercadoria a 30, 60, 90 dias, era prática corrente, tal como numa economia livre. Recordo que, temporariamente ou não, aquilo tinha fechado.

Agora, se quiseres saber mais, tenho muitos amigos guineenses, alguns nos EUA, alguns em Dakar (Embaixada dos EUA - ex-colegas de trabalho na mesma Embaixada onde trabalhei também, em Bissau) e, mesmo na Guiné penso ainda estar vivo o António Pinheiro - da Casa Pinheiro, localizada ao lado direito da rua paralela à avenida principal, se esvermos a olhar para o Palácio, junto ao rio - om quem tratei de alguns assuntos com ele em Braga, à frente de uma exportadora ICIC, qualquer coisa.

Ele estava ligado a uma empresa de Angola chamada a "Friango" (Angola Free) para onde as Caves Primavera exportaram cerca de 5 milhões de contos em vinho tinto. Eu tentei arranjar crédito para a LC (Letter of Crédito) do Banco Nacional de Angola...e até era possível, misturando a mesma LC (má) com outras LC boas, tal como fizeram os bancos americanos ao misturar "crédito bom com crédito mau, sobre empréstimos imobiliários. Algo assim parecido esteve quase a ser realizado, à custa de "algo para alguém" que tratava do assunto. Talvez se lhe posssa chamar "vigarices" mas, na guerra, vale tudo! Não seria guerra com armas mas guerra económica.

Vou perguntar sobre o Pintosinho à minha amiga Nené Cabral, em Dakar, cujo marido foi preso após o golpe de Novembro, do Nino, derrubando o Luís Cabral. Eu estava lá. Fui acordado pelo meu chefe americano, para que me refugiasse na Amembassy. Lá fora, só se ouviam disparos tipo castanholas e, aqui e ali, uma morteirada. Era excitante a alegria que se sentia, pelo menos por mim, e pelos locais...já que que o sentimento de descontameto pairava no ar. Uma tensão de "cortar à faca".

Desculpa lá o desvio da conversa principal mas eu vivo isto a cada dia da minha vida. Tanta injustiça que presenciei, que, o que sinto, está enraizado em mim.

Entratanto, gostaria de levar à consideraão dos organizadores dos almoços, a possibilidade de, numa próxima, o mesmopoder ser relalizado noutro cantinho de Portugal. Por exemplo, cá na minha aldeia, onde existem vários ex-camaradas anánimos (não têm computador). Existe o Carlos Couto, dono do Hotel Samasa (Fundão) que me conheceu no Pelicano. tem capacidade para organizer tudo o que for necessário. Prometo ter "Ostras e Camarão" da Guiné. Prometo tentar ter a presenca do Embaixador da Guiné.

Abraço fraternal

Mario S. de Oliveira (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de janeiro de 2015 >  Guiné 63/74 - P14191: Historiografia da presença portuguesa em África (51): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte VII (Mário Vasconcelos): Quem não se lembra da Casa António Pinto ou "Pintosinho". alegadamente a melhor e a mais moderna loja da província ?

3 comentários:

J. Gabriel Sacôto M. Fernandes (Ex ALF. MIL. Guiné 64/66) disse...

Onde poderemos encontrar o Mário Oliveira, quando formos ao Fundão?
Abç.João Sacôto

Anónimo disse...

Camaradas,

Se a memória não me atraiçoa, tenho um registo temporal de 1973 [mês-?], na sequência de uma deslocação que fiz a Bissau, de se ter comentado a morte de um elemento da família da "Casa Pintosinho" (o pai ou o filho, sendo mais provável o 1º).
A esse propósito, afirmava-se que o corpo do falecido tinha sido transportado por via aérea para Lisboa.
Será que está certa esta informação?

Um abraço,
Jorge Araújo.

José Pedro Neves disse...

Boa tarde Camaradas ex Combatentes da Guiné. Sobre a morte do elemento da Família Pintosinho (Pai ou Filho), foi com certeza o Pai, porque em 1991, conheci o Filho, Eng,. Jorge Pintosinho na altura, como agente da marca de automóveis Renault, na Garagem Pintosinho, no Restelo, em Lisboa.
Um Abraço Amigo a todos os Ex Combatentes.