domingo, 8 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14234: Inquérito online: opinião: "em matéria de afetos, e em relação aos guineenses, levamos hoje a dianteira a russos, chineses, cubanos, suecos e outros que apoiaram o PAIGC no tempo da guerra colonial"...

1. Amigos/as e camaradas: aí vai mais uma "sondagem de opinião"... A primeira do ano de 2015. 

Claro que nós somos suspeitos e, neste caso, juízes em causa própria... A pergunta também deveria ser colocada aos "outros" que estão aqui em causa; russos, chineses, cubanos, suecos... Os seus governos, na época, apoiaram politica, militar, financeira, humanitária e/ou diplomaticamente o esforço de guerra do PAIGC durante a guerra colonial (1961/74)...

Será que estes povos continuam a ter hoje afeto pelos guineenses, tanto ou mais que os portugueses ?

A pergunta pode parecer idiota... Os ministros dos negócios estrangeiros não têm afetos, têm interesses... Hoje, a diplomacia é cada vez mais "económica"...  e os ministros dos negócios estrangeiros não passam de caixeiros viajantes...

De qualquer modo, os governos não se confundem com os povos... Os  governos (e os regimes) passam, mudam, os povos ficam... Felizmente, para todos nós... Apesar do estigma: Hitler e os alemães, Estaline e os russos, Mao Tsé Tung e os chineses, só para falar de "grandes povos"... e de alguns dos seus líderes históricos... Amílcar Cabral gostava de fazer a distinção entre o "povo português" e o regime político (e económico) que o PAIGC combatia, o de Salazar/Caetano...

Os portugueses levam, à partida, alguma vantagem, porque chegaram à costas da Guiné por volta de meados do séc. XV... E sempre foram poucos para se perderem na tentação de abarcar um império do tamanho do mundo... Dizem que foram mais exploradores que conquistadores... Foram seguramente melhores exploradores do que conquistadores,,,

Por outro lado, guineenses e portugueses são lusófonos....E inventaram,  em conjunto, essa bela e fantástica língua, que é o crioulo... Russos e chineses treinaram combatentes do PAIGC e forneceram lhes armas e munições (da Kalashnikov ao Strela) com que mataram portugueses e guiineenses... Cubanos também, alguns, morreram ao lado dos combatentes, guineenses (muitos) e caboverdianos  (poucos) do PAIGC, em nome do "internacionalismo proletário" e da "luta anticolonialista e anti-imperialista"... Os suecos, por sua vez,  foram, nos países ocidentais, os que mais apoiaram, em termos diplomáticos e em ajuda humanitária, a partir de 1969, o partido do portuguesissimo Amilcar Cabral...

Afinal, em que é que ficamos ? É tudo mitos e balelas ? Falar de afetos não significa passar uma esponja sobre a história da colonização da Guiné, se é que a houve... Colonialismo, sim, sem dúvida... A Casa Gouveia era uma andorinha que não chegou a fazer a primavera... Claro que houve a "pacificação militar" e o "capitão-diabo", Teixeira Pinto... Claro que houve o "imposto de palhota" (, peça fundamental do colonialismo europeu)... Claro que houve violência, de um lado e do outro... Claro que houve o Pidjiguiti (mal contado, de um lado e do outro), houve a PIDE, houve o Tarrafal... Claro que houve a morte dos três majores e seus acompanhantes, desarmados, no chão manjaco, em 1970.... Claro que houve, em 1973,   a tragédia do assassinato do Amílcar Cabral (, ainda envolta em muitos silêncios e perplexidades)... Claro que houve o fuzilamento dos nossos camaradas guineenses, dos comandos, dos fuzileiros, das milícias, e outros, já depois da independência, no tempo de Luís Cabral...

Enfim, claro que houve uma guerra e ajustes de contas...  Mas também houve um esforço, mútuo, para alcançar a paz... E há gente que hoje volta à Guiné, à Guiné-Bissau, e mantém uma relação positiva com os guineenses... E não falo apenas de interesses e negócios... Felizmente,  a Guiné-Bissau ainda não tem petróleo...

Camarada, qual a tua opinião sobre este tema ? Faz o teu balanço... Vota. O objetivo é apenas didático. Vota e comenta. A sondagem é extensiva aos demais leitores. amigos da Guiné-Bissau,  que têm opinião sobre o assunto... (LG)

34 comentários:

Vasco Pires disse...

Boa tarde Luis,
Cordiais saudações,
Dizes bem, mais exploradores que conquitadores.
Ousaria dizer, que somos o povo de um pequeno País de costas voltadas à Europa que precisou de buscar a sua subsistência (a partir do século XV) no mar e pelo mar.
Desde Ceuta,andamos por aí,em busca "do pão " que rareava em casa.
As feitorias, o ouro da Mina, os escravos, a "pimenta " da Índia, o ouro do Brasil, a volta a África, sempre em busca da subsistência como povo, e consequentemente da nossa existência como Nação.
Após a morte do nosso "último Imperador",e com o fim do sonho Imperial, voltamos á Europa,e parece que não deu muito certo.
Nessa nossa saga através dos mares,até longínquos povos,tivemos um relacionamento "sui generis" com esses povos, bem diferente dos nossos nossos vizinhos do Norte.
Miscigenamo-nos,como já tínhamos feito com Berberes e Semitas,na África, na Ásia, na América, logo a nossa relação afetiva com outras gentes,foi necessariamente diferente da de outros colonizadores.
Melhor? Pior?
Será que compete a nós dizê-lo?
Forte abraço.
VP

A. Murta disse...

Olá, camarada Luís Graça.
Na introdução que fazes ao lançar mais este desafio, dizes quase tudo. De facto, não estamos no mesmo patamar dos países que apoiaram a luta armada do PAIGC e, mesmo esses, creio, não o fizeram todos pelos mesmos motivos. Terão havido, por certo, uns com mais interesses político-estratégicos em nome do "tal" internacionalismo, e outros com uma vertente mais solidária ou fraterna. Nuances! Nós, apesar do ostracismo secular a que votámos aquele povo, apesar da exploração colonialista - que não colonização - exercida por meia dúzia, apesar de submetermos, pela força, parte desses povos ao nosso jugo, nós, apesar disso tudo, temos uma ligação secular com alguns aspectos inegavelmente positivos no desenvolvimento em geral, sobretudo no último século de ocupação. Isso, e a grande proximidade entre nós e eles durante mais de uma década de guerra, criou laços fraternos que alguns de nós e muitos deles, jamais esquecerão. Coisa de que não se poderão gabar os outros estados que, tirando algumas visitas, nunca tiveram qualquer proximidade. E liga-nos ainda, claro, a lusofonia, embora cada um a use à sua maneira. Só pode haver verdadeiro afecto entre quem se conhece bem.
Um grande abraço,
António Murta.

Anónimo disse...

Nem é preciso sondagens...digo eu

Quem já lá foi após a independência e desde que os tratemos com respeito manifestam-nos a sua profunda amizade e até os próprios guerrilheiros do paigc pedem desculpa.."era a guerra" dizem ..mas agora podemos ser amigos.
Falo obviamente da população..porque os "políticos"..sobre esses estamos conversados.

ab

C.Martins

Valdemar Silva disse...

Caros camaradas e amigos, estamos em Fev. de 2015, os meus netos, os meus netos são luso/holandeses, já com nove e onze anos e, quanto eu sei, o meu filho, contou-lhes que o avô Zé esteve numa guerra na Guiné.

Valdemar Silva disse...

continuando
Os meus netos, parece que perguntaram porque é que o avô Zé foi para a guerra, o meu filho/pai, teria dito, não sei.

Valdemar Silva disse...

Não é bem assim, os nossos filhos que nasceram 1972, 1973, 1974, têm que explicar, agora, aos seus filhos, agora nossos netos, , porque é que seus avós foram para a guerra, mas não os enganem, porque a história vai contar tudo, se calhar da maneira 'dominante', se calhar com o testemunho de quem lá esteve de carne e osso.

Anónimo disse...

"AFETOS" !?

Luís Graça disse...

afecto | s. m. | adj.

a·fec·to |ét|
substantivo masculino
1. Impulso do ânimo; sua manifestação.
2. Sentimento, paixão.
3. Amizade, amor, simpatia.
adjectivo
4. Dedicado, afeiçoado.
5. Incumbido, entregue.

• Grafia alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990: afeto.

• Grafia no Brasil: afeto.

"afeto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/afeto [consultado em 09-02-2015].

Anónimo disse...

Caríssimo Luís Graca.

Estarei "assuecado" mas näo tanto.
Ainda espero saber (felizmente) o significado da palavra afeto.

Por isso mesmo,e em relacäo à pergunta do poste,lhe coloquei um importante para mim... ponto de interrogacäo.

Nem todos os sentimentos pessoais (que näo os colectivos) podem ser "os convenientes" nos contextos.

Ou,na tal linguagem clarinha-clarinha para militar entender,talvez näo os "grâme" a tais níveis afectuosos.

Um grande abraco do José Belo

Luís Graça disse...

E a propósito, voltemos a ler e a ouvir o "Fado Tropical"... Que muitos pensam que é uma "canção abrileira" do Chico Buarque... Não, não é de 1974, mas de 1972 ou 73.. E é da dupla Chico Buarque-Ruy Guerra... E incomodou muita gente, em 1972/73 (o regime de Caetano em Portugal) e em 1974 (o regime militar no Brasil)...

Recorde-se que Ruy Guerra nasceu em Moçambique, em 1933, e foi para o Brasil em 1958... Cineasta, dramaturgo, professor de cinema, poeta, letrista, colaborou entre outros com Chico Buarque...LG

___________________

Vd. aqui no You Tube, vídeo de Moacir Silveira:

Publicado a 16/10/2013

(...) "Fado Tropical" foi composta especialmente para a peça teatral "Calabar" de Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra durante o período da ditadura militar iniciada com o golpe de 1964. Foi originalmente composta como parte da fala de um dos personagens e deve ser lida no contexto que exigiu dos autores refinada ironia para expressar o desejo das elites brasileiras em se verem "civilizadas" nos moldes europeus. " (...)

Só quem viveu aqueles duros Momentos (...) Sugerindo painéis de azulejo à moda portuguesa do século XVIII, Chico Buarque e Ruy Guerra propõem nesta canção um retrato crítico do Brasil colonial, que corresponde em filigrana ao país tal como se encontrava sob a ditadura civil-militar. Na confluência entre pintura, história e literatura, os dois artistas compõem uma série de paisagens e de naturezas mortas luso-tropicais. Através deste jogo metafórico, tornado ainda mais complexo pela censura, buscaremos desvendar como "Fado Tropical", ao recorrer à arte pictórica, esboça uma nova "aquarela do Brasil", ambivalente e irônica, que sugere a permanência do autoritarismo ibérico em nossa formação histórica e cultural." (...)

Moacir Silveira

Letra e música de Chico Buarque e Ruy Guerra, 1972. Interpretação do Chico Buarque e Ruy Guerra.

https://www.youtube.com/watch?v=NfjaFMah7sE

(Continua)

Luís Graça disse...

(Continuação)


Fado Tropical

letra, música e interpretação: Chico Buarque e Ruy Guerra

Oh, musa do meu fado,
Oh, minha mãe gentil,
Te deixo consternado
No primeiro abril,

Mas não sê tão ingrata!
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga,
Alecrins no canavial,
Licores na moringa:
Um vinho tropical.
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!

"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto,
De tal maneira que, depois de feito,
Desencontrado, eu mesmo me contesto.

Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito,
Me assombra a súbita impressão de incesto.

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa,
Mas meu peito se desabotoa.

E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa".

Guitarras e sanfonas,
Jasmins, coqueiros, fontes,
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!

Luís Graça disse...

O "Fado Tropical" é, quanto a mim, um obra-prima da poesia e da música, já não direi, "brasileiras", mas "lusófonas", é patrimónia comum, como é a "Sodade", da Cesária Évora, ou a "Estranha Forma de Vida", da Amália...

Tendo em conta que foi num contexto de censura, não pode ter uma leitura linear... Tal como, por exemplo, a "Tourada", de Fernando Tordo / Ary dos Santos, da mesma época (1972).

Enfim, há um clara diferença entre a poesia e o panfleto...

Luís Graça disse...

Vasco, eu iria mais atrás ainda... Se calhar já íamos pescar bacalhau, para o mar do norte, quiçá Terra Nova e Groenlândia, desde o séc. VIII... Tenho ouvido isto a "entendidos" da pesca do bacalhau à linha...

Acabei de ler e reler um romance, recente (2014), "Neste mar é sempre inverno", do Tibério Paradela, um "lobo do mar" de Ílhavo, irmão de um grande amigo meu, o arquiteto José António Paradela, que lhe desenhou a capa... (Ambos andaram, na pesca do bacalhau, na "frota branca"...).

É pena que seja edição de autor. Vou fazer-lhe uma bela recensão bibliográfica, aqui para o blogue... E tem muito a ver connosco: sabes que se ia para a pesca do bacalhau para "escapar à guerra do ultramar" ?!...

Sete campanhas de seis meses (de abril a setembro) equivaliam a um comissão de serviço militar em Angola, Guiné ou Moçambique...

Por certo, que haverias de gostar de ler o livro, que mete pelo meio uma "grande história brasileira"... mas também a guerra do ultramar...e o "salto" para França... A ação passa-se em 1965... durante uma safra do bacalhoeiro "Nova Esperança"...

Luís Graça disse...

Zé Belo, concordo que o "nós" é muito abusivo... Tu falas por ti, eu falo por mim, nós falamos por nós...

Na realidade, os portugueses é muita gente, os suecos é muita gente, os russos é muita gente... Cuidado com os estereótipos, é sempre o meu aviso (de sociólogo) à navegação...

Aquele abraço ou melhor aquele "quebra-costelas", como dizem os alentejanos...

Luís Graça disse...

Não tenho, mas viu ver se compro este livro...

MOUTINHO, Mário, História da Pesca do Bacalhau: por uma antropologia do “fiel amigo”, imprensa universitária, editorial estampa, Lisboa, 1985.

Ver aqui excertos:

sexta-feira, 9 de março de 2012

Os Portugueses na "Heroica Pesca do Bacalhau"

Blogue "História Maximus", de João José Horta Nobre

http://historiamaximus.blogspot.pt/2012/03/os-portugueses-na-heroica-pesca-do.html


Excerto:

(...) Provavelmente nunca vai ser possível estabelecer com precisão a data em que o povo português começou a pescar bacalhau.

Os escandinavos já vinham desde o século X buscar sal às costas de Portugal e em particular a Setúbal. Este comércio de sal era bastante activo tendo em conta a importância das pescarias no Atlântico Norte e no Mar Báltico já nesta época. É necessário ter em conta que não era apenas o peixe que podia ser conservado com sal, pois a carne e a manteiga nesta época eram também sistematicamente salgadas. Só mais tarde é que as salinas portuguesas deixaram de ter um papel preponderante no fornecimento de sal à Europa do Norte quando as salinas da Flândria se abriram a este comércio.[1]
Estes dados permitem-nos ter a certeza de que os portugueses já tinham conhecimento da riqueza da pesca no Norte da Europa e do seu consequente processo de salga desde as época mais remotas.

Assim sendo, podemos concluir que os portugueses estiveram de algum modo relacionados com as pescarias no Norte da Europa bem antes do século XIV.(...)

José Teixeira disse...

Em matéria de afetos, não tenho dúvidas que estamos à frente, a muitas léguas de todos os povos que acidentalmente passaram pela Guiné. Digo acidentalmente, porque na realidade só houve um povo, o português, que deixou raízes. Foram quinhentos anos de vida em comum. Houve violências de parte a parte e os últimos doze anos de convivência foram terríveis por um lado e exemplares por outro, quando tratávamos as populações que estavam do nosso lado com respeito e as defendíamos de um inimigo comum.
Confesso que quando lá voltei em 2005 pela primeira vez, ia preocupado com a possível reacção dos guineenses, afinal eu tinha sido um "tuga", mas fui desarmado logo na fronteira, com o sorriso do guarda, que me perguntou onde estive no tempo da guerra e ao saber que estive em Buba, retorquiu: Então conheceste o meu irmão que foi soldado milícia em Buba. Confesso que me senti, de imediato, em casa, e é assim que me sinto, quando aterro em Bissalanca.
Outras vezes se sucederam. A ligação ao povo português é de irmão para irmão. Antigos guerrilheiros abraçam com mesmo calor, que antigos soldados do exército português, qualquer de nós. É evidente que as conversas são naturalmente diferentes, mas já vi mais que uma vez, antigos "turras" a analisarem, com visitantes portugueses, no terreno, sem "paixões" acontecimentos que forma vivenciados em campos opostos. E também já senti na pele e de lágrimas nos olhos o prazer de abraçar inimigos do terreno que se cruzaram comigo, analisaram comigo os acontecimentos vivenciados, pediram “discurpa” e pediram para a partir dessa data sermos “ermons” é gente que acabada a guerra, voltou às suas terras, fez a paz com os familiares que estavam da outra banda e continuaram a construir o futuro.
As marcas que ficaram da guerra colonial estão a desaparecer ao ritmo do desaparecimento prematuro dos combatentes guineeses. Nós, portugueses temos uma vida mais longa. Os guineenses mais novos, naturalmente, como os nossos filhos estão insensíveis à guerra, mas o testemunho que ficou é a meu ver, pelas experiências que já tive nas várias visitas que fiz à Guiné, extremamente positivo em relação aos Portugueses. O sonho deles é vir para Lisboa.
A luta, de fato, não era contra o povo português, mas contra o regime e Amilcar Cabral conseguiu passar bem esta ideia, tendo como colaboradores diretos os nossos soldados, a começar pelo Governador Spínola que colocou o povo guineense em primeiro lugar, apesar da luta que se travava.
Recordo por exemplo as palavras do tabanqueiro Zé Belo, meu comandante, ao chegar a Mampatá". Foi mais ou menos isto. "rapazes se tratarmos bem esta gente, seremos bem tratados e respeitados e eu quero levar-vos todos para casa daqui por dois anos. Se receber alguma queixa da população, o desgraçado comerá com toda a justiça do RDM que eu lhe puder dar".
E ao fim de 6 meses quando fomos deslocados para Buba, a população veio despedir-se de nós junto à saída para a picada.
Foram marcas como estas que vingaram. Éramos duros e agressivos no mato. Reagíamos com violência aos ataques do Inimigo, mas tratávamos bem a população que estava connosco.
Hoje, posso afirmar com conhecimento de causa que muitos deles se sentem “guineeses de Portugal” e eu sinto-me português da Guiné.

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada
Olha que questão murcona!...
Antes de mais são os países/governos que têm interesses e não amigos/afectos. Os ministros dos negócios estrangeiros, ou outros, são só funcionários ao serviço, entre outras causas, das respectivas pátrias. E sempre foi assim.

Depois, o afecto é um sentimento individual que cada um sente ou não para com alguém ou uma dada coisa, neste caso um povo.

Além disso, o que é isso de lusofonia? É uma técnica musical, como a estereofonia? Pago para ver os povos das regiões profundas dos PALOP a falarem português. O mesmo direi dos brasileiros e nem preciso de ir muito para o interior. Ainda recentemente vimos os cabo-verdeanos da Ilha do Fogo a terem as sua falas legendadas ao descreveram, na TV, o que tinham sofrido com erupção vulcânica e, nas últimas eleições presidenciais, em Timor, os outdoors estavam redigidos em tétum e não em português. O fracasso do acordo pornográfico, que ninguém queria e não fazia falta, ilustra bem a fraude que é isso da lusofonia. Foi mais uma manobra psicológica de que fomos alvo... (Eu sou muinta desconfiado, não sou?).
Não vejo razão nem lógica para a análise dessa competição (de afectos) entre países. Não entendo porque é que os suecos deveriam ter mais ou menos afectos pelos guineenses do que nós.
Quanto ao Amílcar, direi que a sorte dele foi ter morrido. Assim podem constituir um mito de "homem bom" que via para além do presente, aberto ao furturo e que poderia ser um grande leader africano. Por mim, creio que seria um grande leader dos cabo-verdeanos, como presidente de Cabo Verde. Como presidente da Guiné seria quanto muito um Senghor, se não fosse um Sekou Touré... ou pior. Essa coisa diferença entre povo e administração portuguesa só em teoria se aceita e ele cultivava muito a propaganda, se não, como poderia ter encenado aquela farsa da independência?

Não entendo também como é que o facto de termos andado à morteirada uns aos outros pode ter fortificado amizades.
Para os povos (ou as pessoa) se tornarem amigos têm que andar à pancada?
Faz-me lembrar a divisa da meu Batalhão que dizia: "Na Guerra Preparando a Paz".
Isto é que era previsão!...
Por mim e já o disse noutros posts não me move nada nem contra, nem a favor da Guiné ou do seu povo. É um povo como outro qualquer, nem bom, nem mau. A História é o que foi e será falacioso transformá-la, neste caso, em elemento de união. O passado, a eles revolta-os e a nós envergonha-nos, mesmo entrando em linha de conta com "os tempos eram outros".
Um Ab.

António J. P. Costa

Luís Graça disse...

(...) "Outras vezes se sucederam. A ligação ao povo português é de irmão para irmão. Antigos guerrilheiros abraçam com mesmo calor, que antigos soldados do exército português, qualquer de nós.

É evidente que as conversas são naturalmente diferentes, mas já vi mais que uma vez, antigos "turras" a analisarem, com visitantes portugueses, no terreno, sem "paixões" acontecimentos que forma vivenciados em campos opostos.

E também já senti na pele e de lágrimas nos olhos o prazer de abraçar inimigos do terreno que se cruzaram comigo, analisaram comigo os acontecimentos vivenciados, pediram “discurpa” e pediram para a partir dessa data sermos “ermons” é gente que acabada a guerra, voltou às suas terras, fez a paz com os familiares que estavam da outra banda e continuaram a construir o futuro." (...)

Zé Tixêra:

nem todos passamos pela mesma experiência, a guerra e a paz, e depois a reconciliação... Tu fizeste a guerra, tentaste fazer a paz, e voltaste lá, não em turismo de saudade "mórbida" mas para abraçar velhos amigos e inimigos...

A maior parte de nós não teve a possibilidade de lá voltar. Eu voltei, e devo dizer, com "sentimentos contraditórios"... Tu voltaste, de braços abertos, sem reservas ... Outros camaradas tiveram outras experiências, mais positivas menos positivas... Outros ainda não querem sequer falar da guerra nem da Guiné...

A todos eu respeito. Tem razão o Tó Pereira, quando diz (ou reafirma o que já aqui dissemos) que o afeto é um sentimento individual... Zé Tixêra, eu gostei de ler, preto no branco, o teu testemunho...

Felizmente que aqui, pelo menos, não temos um pensamento único, um sentimento único, e muito menos uma folha de excel única (em lugar da memória).

Quanto à utilidade deste "tipo de sondagens"... bom, como eu estou farto de dizer, tem apenas um função didática... É uma forma de podermos, por exemplo, comentar, escrever, expor-nos, pensar em voz alta...

Não sei se há muitos "morcões" como nós que, cinquenta anos depois da guerra acabar, ainda partilham, como nós, "memórias e afetos"... Os gajos que fizeram a guerra da Argéliam, do Vietname, ou outras mais recentes...

Acho que é isso que fazemos aqui, há mais de 10 anos, cada um com o seu estilo próprio, a sua individualidade, com razão e coração... Ou não ?

Vasco Pires disse...

Boa tarde Camarada AJPC,
Cordiais saudações.
Fiquei curioso, que línguas se falam no Brasil,além do Português (e das línguas pré-colombianas)?
Forte abraço. VP

Antº Rosinha disse...

Anónimo Antº Rosinha disse...
A cultura anti-colonialista internacional, que a Guiné-Bissau sofreu com a influência das centenas (ou milhares) de ONG´s e OG´s desde 1963 até 2015=55 anos, equivale aos 500 anos em que Portugal "tropeçou" como os ingleses ridicularizam os descobrimentos portugueses, naquela antiga colónia.

Essa cultura anti-colonialista, anti-lusa, "um país tão atrazado como Portugal", deixou a actual geração de guineenses muito divididos quanto aos "afectos".

No Brasil, após todos estes anos de independência, constantemente discutem na TV o azar da colonização portuga.

(Se fosse espanhola...se fosse francesa...se fosse holandesa and so on)

Não esquecer que as influências mundiais, principalmente norte-americanas naquele país baralharam a cabecinha daquela gente.

Pessoalmente, penso que desde que digam tudo em português, está tudo numa boa!


9 de fevereiro de 2015 às 15:25

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
Ao Vasco Pires recordarei que os brasileiros falam brasileiro e os portugueses falam português, sem que isso seja bom ou mau, mas apenas que seja assim. E eu sou daqueles que têm tendência para uniformizar tudo e todos... Porquê esta ânsia de "uniformizar" nivelando por baixo? Há algum acordo entre a Inglaterra e os EUA? E da Espanha com os países do espelho quebrado e da América Central. Ah como os pobres dos húngaros se devem sentir frustrados por não terem com quem fazer um acordo, mesmo pequenino que fosse. É o castigo por não se terem expandido indo de barco, mas a pé e a cavalo...
Tanto quanto julgo saber ainda não foi inventado o "afectómetro" aparelho para medir os afectos entre povos. Tenho para mim que o povo chinês ou russo deve estar irmanadíssimo com o povo de Guiné... mas não mais do que o povo português (claro!) que provavelmente se preocupará tanto com o povo da Guiné como com a primeira camisa que vestiu.
E aquela das pazes fraternais entre aqueles que andaram à morteirada uns com os outros é de partir a moca. Claro que, hoje, nem Portugal vai invadir e subjugar a Guiné (se calhar era o que eles queriam...) e portanto nunca mais haverá guerra e vamos todos ser "ermons".
É muinta romântismo, né?
E daquela do Buarque que dizer? Saída do seu contexto ou mesmo dentro dele é uma crítica velada à acção colonialistas e imperialistas dos portugueses ao longo da História.
Um Ab.
António J. P. Costa

Vasco Pires disse...

Boa noite Camarada AJPC,
Então existe um língua Australiana?
E Argentina?
E Transmontana?
E Madeirense?
E o Aquilino Ribeiro escrevia em Beirão?
O Jorge Amado em Bahiano?
E o Érico Veríssimo em Gauchês?
...e por aí vamos!!!
Forte abraço.
VP

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada
O estúpido de tudo isto é não se aceitarem as diferenças que a História cimentou. Não existirá uma língua australiana. Porém o "inglês" da Austrália não igual ao de Inglaterra e não passa pela cabeça de ninguém nivelar um pelo outro de qualquer modo. O mesmo diremos das línguas variantes do espanhol/castelhano que se falam no tal espelho quebrado e na América Central e não creio que haja tentativas de uniformizar aquelas variantes de alguma forma.
Quanto às variantes locais da mesma língua... 'tás brincando.
No nosso caso isso de lusofonia é uma treta das antigas. Reparem que, durante séculos de colonização na Guiné fomos nós, os militares que nos desunhávamos para papiar crioulo e não eles a esforçarem-se para falar português. Não tenha nada contra e até acho que a(s) língua(s) tradicionais que eles conservaram é uma forma de resistirem à colonização ou algo similar que lhes desagradava. Mas isso já são outras questões.
Aqui começámos a falar de "afectos" entre povos (que é uma coisa que não há) e a tentar demonstrar que nós somos afectivos kumó karakas e os outros não são assim tão afectivos.
UM Ab.

António J. P. Costa

Anónimo disse...



Nós, portugas,nascêmos com um "porreirismo inbuído" que acaba sempre por nos colocar quase de "cócoras" perante todas as formas envolventes de "afetos em pretoguês", mais ou menos exótico por... tropical.
(O tal acordo ortográfico será um bom exemplo).

Curiosamente ,näo somos afetivos KUMÓ KARAKAS (a ser-me permitido usar a quanto a mim feliz expressäo do comentador anterior) no que diz respeito a alguns dos nossos dialetos näo "tropicais" (mas quase!)como,entre outros,o....... Alentejano!

Um abraco com AFETO do José Belo.

António J. P. Costa disse...

Subscrevo inteiramente o desabafo do Joseph.
Mas kék çade fazer? Semos assim...
Um Abraço para todos.
António J. P. Costa

PS: Claro que admito, aceito e compreendo a nostalgia e até as saudades patenteadas por alguns camaradas que "lá" vão, ou querem ir, e matam saudades da localidade onde estiveram, da estrada que percorreram, da lavadeira, do homem grande, etc..
Admito que venham depois a cantar hinos àquele "bom povo" (como dizia Spínola), à sua generosidade e hospitalidade.
É uma explosão de afecto que surgirá da parte de cada um e nunca do povo português. Quanto ao fazer as pazes... "eles" fizeram o que entenderam que tinha de ser feito e nós também, mas isso não é nada que nos irmane, senão não havia mais nada para um bom convívio entre povos ou pessoas do que um prévio e bom "bazar de porrada" seguido de umas pazes ardentes e bem feitas. Isto independentemente de outras considerações ditadas pela História.

Anónimo disse...

Não concordo com os termos da sondagem. Essa de nos comparar com os russos...Não nutro nenhum afecto pelos combatentes do P.A.I.G.C...Há uns anos apareceu no meu escritório um"combatente da liberdade" para eu lhe tratar da aquisição da nacionalidade portuguesa.Claro que levou uma corrida..Ética e Coerência, sempre me iluminaram. ABRAÇO! J.Cabral

Mário Beja Santos disse...

Luís, Sempre a provocar os nativos! Então, falando do presente, a cooperação dos jovens, logo capturados pelo fascínio dos palmares, dos sorrisos doces, da gente acolhedora? E a literatura luso-guineense, sempre a desabrochar?
Indo ao passado, ali aportamos e demos origem à primeira colónia do mundo moderno, tivemos os tangomaus, a fortaleza de S. José de Bissau, a Amura, está ensopada em sangue derramado, como sangue derramado houve nas guerras da pacificação. Mas antes avultou-se um tal Honório Pereira Barreto, cujo nome continua à espera de reparação. Tarde e más horas, chegaram os cuidados com a cultura, com a saúde, o desenvolvimento económico, os transportes e comunicações. Mas os guineenses mais velhos sabem perfeitamente que houve Sarmento Rodrigues. E quanto a afetos, vejo os filmes na nossa gente a misturar lágrimas com os de lá, deixámos o bacalhau e o termo saudade. Com tanta história, e mesmo com tanta besteira, estamos na dianteira de todos os outros, e há orgulhos de parte a parte, fico com pele de galinha nos transportes públicos quando oiço o nosso crioulo, paro na rua para ver as vestes policromas de mulheres que parecem rainhas, meto sempre dois dedos no Largo de S. Domingos, pergunto pelo Queta Baldé, mudou o telefone e já se atreveu a pensar que eu morri, e vem gente para dar que promete dar-lhe o recado, há um sentimento familiar que transvaza as muralhas do étnico, no espantoso relato do médico José Pratas ele também destaca que fica eletrizado quando tem um guineense pela frente e ouve histórias de gente escorraçada pelas bolandas da guerra. É assim o nosso mundo de afetos, nos trópicos e aqui. E vai ser sempre assim, tão convicto como dois e dois serem quatro, um abraço do Mário

Torcato Mendonca disse...

És tramado J.Cabral. Nada tens a ver com o "portuguesissimo A.Cabral" mas és o Jorge Cabral. Aqui, este Blogue, já o senti como um lugar de afectos (afetos não sei o que é)e hoje sinto-o menos. Certamente por culpa minha,,,erros meus...má fortuna...
De facto há nesta Sondagem algo que mistura situações que não devem ser misturadas. Por isso, pelo teu poder de sintese digo isto. Aceito todos os outros comentários, concordando ou discordando.Tudo bem e era o que faltava eu criticar quem pensa de outro modo que não o meu. Sou Português e passei por terras que foram colónias do meu País. A nossa História respeito-a e admiro-a.Como conseguiram tão poucos tanto fazerem...mas cada ex colónia é um País livre, respeito-o e a "Lusófonia" é ,actualmente, o quê? O A. Ortogafico é o quê e para quê?Há palavras novas e deixem-nas fluir com alegria e sem normas...olhem os jovens a falar...bué de livre meu...
Pronto já fui além da Trapubana...e podia e devia dizer menos...mas porra.
Tanto ficou por dizer, tanto que, assuntos destes, dava um debate...
Ab,T.

António J. P. Costa disse...

O Beja Santos disse o que havia a dizer sobre o "afectómetro", o tal aparelho ainda não inventado. Mas quando desaparecem os nostálgicos tudo virá a ser como os Camarões, colónia alemã que até tem nome de rua próximo de Colónia/Bona com a qual não houve a loucura de fazer acordos pornográficos, nem me consta que haja uma solidariedade afectiva. E o mesmo se poderá dizer do SW Africano (outrora dos alemães) ou do Sahara Espanhol que não caberá muito nos afectos de "nuestros hermanos". Basta ver o cu-de-boi em que aquilo está mergulhado... mas que se lixe! Eles que são árabes, eles que se entendam!
Se querias provocar os nativos só te posso dar 20 valores. Se não era essa a ideia estamos realmente perante uma questão muito murcona...
Um Ab.
António J. P. Costa

António J. P. Costa disse...

Ainda não tinha visto o inquérito à "maricana".
Deliro com aquela do discordar em parte ou concordar em parte. Será uma pequena parte ou uma grande parte? Tou cheio de dores no espírito com esta diferença. E se for uma pequena parte a concordar ou a discordar ou uma grande parte, sendo que a minha parte é maior do que a tua.´
É sou confusão!
E aquela do meio do "nem sim, nem não" antes pelo contrário.
'Tás mêmo a gozar cunativo!...
Boa sorte para o inquérito.
António J. P. Costa

Luís Graça disse...

Amigos: aceito as vossas críticas metodológicas à “sondagem”. Também estou, por dever de ofício, habituado a fazê-las, aos meus alunos… Mas sejam benevolentes: por razões técnicas, estamos muito limitados no que diz respeito a um bom uso desta funcionalidade do Blogger quês e chama “sondaem”… Por exemplo, não posso fazer uma pergunta com “cabeça, tronco e membros”… A pergunta tem de ser muito curta, daí ter que a complementar com um poste…
O questionário desta semana baseia-se numa “escala de Likert”. Faz-se uma proposição, que não é falsa nem verdadeira: por ex., “os portugueses não são racistas” ou “os portugueses são um povo afetuoso”. A proposição pode vir na afirmativa ou na negativa. Pede-se aos inquiridos para manifestarem a sua opinião em termos de concordância ou discordância. Mas interessa-nos também saber a intensidade da opinião: “Concordo totalmente” ou “discordo totalmente”. São os dois extremos, de uma escala que pode ir de 1 a 5, ou de 1 a 7, por exemplo…. No fundo, o que estamos a avaliar é uma atitude, que se manifesta por uma opinião, e que tem um polo negativo e um polo positivo… e obviamente um polo neutro (“Não concordo nem discordo/Não sei/Não quero opinar”).
“A brincar”, vamos dizendo coisas importantes, e que acrescentam informação e conhecimento sobre nós e os outros… Nada disto é académico, científico, sério, chato… Um blogue não é uma revista científica… Mas é também um fórum de discussão. É isso que se pretende. Aprendemos uns com os outros. E aprendemos a respeitar as opiniões que são diferentes das nossas… Já vamos em 30 e tal comentários. O que não é nada mau… Tenham, sonhos com as cores do arco-íris. Vou chonar (com ch…). E deixo-vos com uma sugestão de leitura sobre o fantástico mundo dos crioulos de base portuguesa…
Vd. sítio do Instituto de Camões > História da Lingua Portuguesa > Crioulos de base portuguesa, por Dulce Pereira
http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/geografia/crioulosdebaseport.html

Anónimo disse...

Entre Amigos....

"Vale mais dizer o que se pensa do que pensar o que se näo diz"

(Provérbio Luso-Lapäo...único)


Um afectuoso abraco do José Belo.

Abranco disse...

Penso que sim que somos um povo de afectos.
Com o povo da Guiné, esse sentimento está bem mais patente, porque foi sempre bem evidente a nossa relação.
É em minha opinião muito importante que a nossa passagem pela guerra, seja contada sem reservas aos nossos filhos e netos porque nenhum de nós deve sentir qualquer ressentimento pela atitude durante a nossa presença. Importante também considerar no enredo dessas histórias, que a maior parte de nós na altura eramos uns meninos de 21 ou 22 anos.

Unknown disse...

Caro Luís, não percebi se o afeto (ou será afecto ?) a que te referes se será entre ambos os povos ou só de nós para eles. Ou se os os outros são mais afetuosos (ou será afectuosos ?)do que nós. Como tudo é subjectivo . não conheço o afecto deles para nós nem dos outros para com eles, respondi não sei.
Muito francamente, caro Luís, uma sondagem tem de prever os casmurros como eu, que colocam dúvidas em tudo.
Nunca mais fui à Guiné nem tive contactos próximos com qualquer Guineense e por isso não sei o que nos pode ou não unir ao Povo Guineense.
Sei que a Guiné uniu um Povo, o Português - ou uma grande parte dele - e à volta desse tema, encontramos antigos camaradas, fizemos novos amigos e por isso confraternizamos e escrevêmo-nos regularmente.
Acho que não tem nada a ver com o povo guineense (será que sabem quem fomos e o que somos ?) mas com um território e uma guerra que nos uniu.
O resto....