quarta-feira, 22 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14500: Efemérides (185): Tabanca de Matosinhos, 10 anos de convívio fraterno e solidariedade que merecem ser festejados, com um almoço especial, animado com fados e guitarradas, na 4ª feira, dia 29 de abril, no sítio do costume, o Restaurante Milho Rei, Rua Heróis de França 721, Matosinhos, telef 22 938 5685 (José Teixeira)

O Zé Teixeira com o régulo de Medjo, em 2013
1. Mensagem, com data de 16 do corrente,  do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º cabo aux enf,  CCAÇ 2381,Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70):



Assunto - 10.º Aniversário da Tabanca de Matosinhos

... A festejar no dia 29 de Abril, com o regresso de mais uma equipa de trabalho enviada à Guiné-Bissau.

Decorria o mês de Março de 2005, quando um grupo de aventureiros partia do Algarve, por terra, com destino à Guiné-Bissau. Entre eles iam quatro ex-combatentes; o Xico Allen, o Santos, o [António] Camilo e o Zé Teixeira, desta vez voluntários.

Uns dias depois do regresso, mais propriamente no dia 23 de Março os três membros deste Grupo, oriundos do norte de Portugal, decidiram proceder à avaliação da operação e comemorar o regresso com uma sardinhada na Casa Teresa em Matosinhos, e gostaram.

…E, marcaram novo encontro para a semana seguinte, e gostaram.

Seguiram encontros semanais sem interrupção até á data.

A partir de então os nossos amigos Santos, da Póvoa de Varzim, Xico Allen, de Canidelo / Vila Nova de Gaia, e o Zé Teixeira, de Leça do Balio / Matosinhos, abriram a porta da Tabanca de Matosinhos e nunca mais a fecharam.

Passado pouco tempo, começou a aparecer gente nova, ex-combatentes amigos que quiseram experimentar e a palavra foi passando. O Marques Lopes, o Pimentel, o João Rocha, o Pires, o Custóias, o Álvaro Basto e o Sr. Rolando, seu pai, de saudosa memória… E tantos outros.

Em 2008, a Tabanca de Matosinhos teve de mudar de poiso, porque a Casa Teresa não tinha capacidade para comportar tanta gente. Foi quando assentou no restaurante Milho Rei.

Continuou e continua a crescer. Quase todas as semanas aparecem caras novas à procura do convívio e de amigos para recordar e reviver os tempos que passaram na Guerra da Guiné.

Muito mais de um milhar de ex-combatentes cruzaram as portas do Milho Rei para almoçar. Reencontraram-se amigos de longa data perdidos no tempo. Criaram-se e desenvolveram-se grandes amizades que perduram.

Fomentaram-se, indiretamente, a criação de outras tabancas.

Organizaram-se viagens de visita à Guiné. Combateram-se e destruíram fantasmas que navegavam nas nossas mentes. Contaram-se histórias de vida. Histórias de sangue, suor, lágrimas e dor; reviveram-se e recontaram-se de excelentes momentos que são suporte positivo na velhice que nos invade.

Daqui nasceu a ONGD Tabanca Pequena – Grupo de amigos da Guiné-Bissau. E a solidariedade ganhou asas em benefício dos povos da Guiné:

(i) Organizaram-se convívios e festas de angariação de fundos e recolhas de artigos e livros escolares, medicamentos, roupas para crianças, livros para bibliotecas etc.;

(ii) Apoiou-se a saúde e a maternidade, enviando medicamentos e equipamento para apetrechar dois Centros Materno-infantis. Apetrechou-se a maternidade e sala de partos do Hospital da Cumura com luz solar;

(iii) Apoiou-se a pré-infância no Jardim Escola Flor d’Arroz em Ingoré, com mesas, cadeiras, jogos e brinquedos e roupas;

(iv) Apoiou-se o ensino primário nas EVA - Escolas de Valorização Ambiental,  com livros e material escolar para milhares de crianças e promoveu-se a educação para a higiene oral com o envio de 3000 pastas de dentes e escovas e 9000 frascos de elixir;

(v) Levou-se água de melhor qualidade a seis Tabancas abrindo poços de água nos centros das tabancas fazendo-a subir a um depósito através de bomba movida a energia solar e daí para uma torneira que dá de beber a cerca de quinhentas pessoas em média; assim libertou as mulheres e crianças da marcha diária de três a quatro quilómetros para captar água de duvidosa qualidade em poços naturais na mata e ao mesmo tempo libertou-as no tempo a gastar com o transporte de água, proporcionando-lhe bem-estar e tempo para se dedicarem às lalas (campos) e à família;

(vi) Dinamizou-se s várias escolinhas de costureiras nas tabancas do interior com o envio de 28 máquinas de costura tipo Singer, com o objetivo de promover o desenvolvimento local e fixar as jovens bajudas nas suas tabancas de origem natal;

(vii) Apetrechou-se a Tabanca de Elalab com um barco para tirar esta Tabanca do isolamento.

…E continuamos.

No dia dezassete de abril, sexta feira, partiu uma equipa para verificar no terreno o trabalho desenvolvido e recolha de dados para novas aventuras de solidariedade.

A Tabanca de Matosinhos celebra dez anos de convívio fraterno e solidariedade, que merecem ser festejados.

No dia 29 de Abril, vamos comemorar, com o almoço habitual, das quartas-feiras no Restaurante Milho Rei [, Rua Heróis de França 721, 4450-159 Matosinhos, Telef 22 938 5685], animado com fados e guitarradas, com a presença dos tertulianos entretanto regressados da Guiné.

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Caros camaradas
Caro José Teixeira

Este 'anúncio/convite/memorando" é bastante revelador da profundidade do trabalho desenvolvido.

Constitui como que uma espécie de relatório das actividades desenvolvidas, dos programas activos de solidariedade e também dos projectos para o futuro.

Ao mesmo tempo mostra e demonstra como se "engrossa um rio", como a partir de um gesto simples, que reuniu 3 ou 4 camaradas, se partiu para a criação de uma organização pujante, solidária e, se calhar para desgosto de alguns, duradoura.

Parabéns pelo 10º aniversário!

Hélder S.