sexta-feira, 26 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14800: Memória dos lugares (297): O Rio Geba e o macaréu no Xime (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74 / José Martins Rodrigues, ex- 1º cabo aux enf, CART 2716, Xitole, 1970/72)


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 5


Foto nº 4

Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1973/74) > Xime > Rio Geba > c. 1973/74

Fotos ( e legendas): © António Manuel Sucena Rodrigues (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Estas fotos [, nºs 4, 5, 6 e 7,] mostram um fenómeno natural que poucos rios no mundo podem mostrar: o macaréu no rio Geba Trata-se de uma onda que se forma na confluência do "Geba estreito" com o "Geba largo".

Enquanto, no momento mais baixo da maré, a água do Geba estreito corre para a foz a grande velocidade e com grande caudal (rio de planície), no mar, e por isso também no "Geba largo" a maré começa a subir rapidamente devido à grande amplitude das marés. 

Este encontro das duas águas provoca uma onda que sobe o rio lentamente (a cerca de 10 a 20 Km/h ???). A sequência desta onda pode ver-se nestas fotos. Na época das chuvas esta onda pode atingir, perto de um metro ou um pouco menos (???). No fim da época seca apenas se observa uma pequena perturbação das águas. Nesta foto não se vê com muita nitidez essa onda,

Foto nº 4 - O rio Geba estreito, na maré vazia ], do lad esquerdo, a margem sul, onde se situava o quartel e tabanca do Xime; do lado direito, a margem norte, onde se situava a tabanca e o destacamento do Enxalé]:

Foro nº 5 - Já se pode ver [ e , "in loco", ouvir...]  o macaréu ao longe;

Foto nº 6 - Uma visão perfeita do macaréu à passagem junto ao cais do Xime [onde estava o fotógrafo];

Foto nº 7 - Após passar o cais,  vimos essa onda "pelas costas" e dá uma ideia de que não existe. Era bastante perigosa para os barcos pequenos que subiam o rio e talvez por isso se verificaram alguns acidentes graves [, caso de um sintex, com a companhia anterior no Xime, a CART 3494, em 10/8/1972, em que morreram três camaradas nossos ].  Neste ponto foi afundada uma das duas canoas que se encontravam na margem [norte].

António Manuel Sucena Rodrigues

[ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74]

2. Comentário do editor:

Temos dozes referências a este marcador, macaréu... Há um vídeo do nosso camarada José Martins Rodrigues, aquando da sua primeira viagem de saudade à Guiné-Bissau, em que ele filmou o macaréu no Xime, no dia 10 de Abril de 2001. O vídeo (6' 58'') está alojado no You Tube, na conta do nosso coeditor Carlos  [Esteves] Vinhal. Tomámos a liberdade de incorporá-lo neste poste.

O José Martins Rodrigues, nosso grã-tabanqueiro,, foi 1º cabo aux enf,  CART 2716 / BART 2917, Xitole, 1970/72). A sua primeira viagem à Guiné-Bissau, depois da guerra, foi em 1998.




O macaréu no Rio Geba, Xime, 10/4/2001.

Autor: José Rodrigues Martins (2001) 
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14797: Memória dos lugares (294): O porto fluvial do Xime, no final da guerra (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74)

2 comentários:

Juvenal Amado disse...

Na navegação das LDG este fenómeno tinha uma acção bastante importante.
Diziam que o Geba enchia em 2 horas e levava 7 a despejar assim as LDG,s tinham a sua navegação condicionada às marés.

Não sei se isto tem algum fundo de verdade.

Estive no Xime talvez mês e meio para uma evacuação de material e via algumas vezes o Macaréu e lamentei não ter na altura máquina fotográfica

jpscandeias disse...

Rodrigues, ao ver as fotos do Xime e as datas só posso chegar a uma conclusão, estivemos em simultâneo na 12. O que me leva a perguntar-te se fizeste parte da proteção a uma coluna até ao Saltinho, com passagem pelo Xitol. Isto aconteceu antes de termos ido para o Xime. A data ao certo não sei, mas sei que foi por volta de fevereiro ou março de 1973, por ai. Se foste podes ter feito parte de um grupo de furriéis que, ainda antes do almoço, foi tomar um belo e saboroso banho nos rápidos. E que alguém registou numa foto que mais tarde adquiri, mas que, infelizmente, perdi.
Eu estava no quarto do António Duarte e do Osório e fazia parte do 4º grupo de combate. Alguns meses depois fui transferido para Bolama.

Um abraço, João Silva