segunda-feira, 25 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16015: Agenda cultural (476): Lançamento do livro “Ten-General Alípio Tomé Pinto – O Capitão do Quadrado”, de Sarah Adamoupoulos, levado a efeito no passado dia 7 de Abril de 2016, no Palácio da Independência (José Eduardo Oliveira)

1. Mensagem do nosso camarada José Eduardo Oliveira (JERO) (ex-Fur Mil da CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), com data de 19 de Abril de 2016, dando-nos conta do lançamento do livro biográfico "Ten-General Alípio Tomé Pinto - O Capitão do Quadrado", da autoria de Sarah Adamoupoulos, ocorrido no passado dia 7 de Abril:


Lançamento do livro “Ten-General Alípio Tomé Pinto – O Capitão do Quadrado”

Em Lisboa, o lançamento do livro decorreu no passado dia 7 de Abril no Palácio da Independência, onde estiveram presentes algumas das principais figuras nacionais e internacionais, presenteando o biografado com uma sala absolutamente cheia.


A obra em causa é da autoria de Sarah Adamoupoulos, que também esteve na mesa de honra.
Por motivos profissionais, o General António Ramalho Eanes, que prefaciou o livro, não pôde estar presente. No entanto, o Gen. Alexandre de Sousa Pinto leu na altura o discurso que o antigo Presidente da República tinha preparado e do qual destacamos o seguinte: "Tomé Pinto é, para mim – que o conheço há décadas – não só, como o próprio afirma nesta obra, um Militar por paixão, mas, sobretudo, um militar de sonho e aventura, de vocação, ambição e missão, um dos melhores entre os melhores, e não só na Instituição Militar, mas, também, no Pais (Portugal)"

Na mesma cerimónia, o Gen. Alexandre de Sousa Pinto aproveitou também para proferir algumas palavras sobre o biografado: "O exercício da profissão de militar exige uma vocação; tal como o sacerdote, o militar que não tenha verdadeira vocação será sempre um infeliz e, mais grave, fará infelizes os subordinados que tenham que o aturar."

O “Capitão do Quadrado, que conta hoje uns invejáveis 80 anos, deslocou-se no fim de semana seguinte a Angola, para fazer o lançamento do seu livro, que teve lugar na Fortaleza em Luanda, no passado dia 12 de Abril.


Alípio Tomé Pinto, hoje General na reforma e que anda a plantar árvores em Maçores, no planalto Mirandês, ficou conhecido como o “capitão do quadrado”. Quando chegou à Guiné, no comando da CCAÇ 675, já tinha desnorteado a “senhora morte”. Fora alvejado numa patrulha a São José do Enconge, no coração dos Dembos, em Angola. A bala atravessou o maxilar e alojou-se junto à carótida. Foi-lhe administrada a extrema-unção mas recuperou. A lenda de Tomé Pinto, também conhecido pelo Capitão de Binta, começa com os primeiros trinta dias em que chegou ao aquartelamento e se pôs a patrulhar toda a região, os guerrilheiros cultivavam à volta de Binta, aproveitavam-se do temor da tropa que anteriormente ali estivera.


Há já obras publicadas sobre esta CCAÇ 675, nomeadamente do então Furriel Milº. Enfermeiro José Eduardo Oliveira que escreveu sobre o primeiro ano de atividade desta Companhia. É o caso inédito de um diário com olhar coletivo publicado em tempo praticamente real.

O Capitão do Quadrado voltará a ser ferido em combate e o cronista destes acontecimentos escreverá com imensa ternura, como soperasse a dor coletiva: “Todos queriam pegar na maca para o transportar; um despia o casaco camuflado para lhe aconchegar melhor a cabeça; outro dava-lhe o seu concentrado de frutos da ração de combate; outro ainda quase que o obrigava a beber água do seu cantil”.


Regressará a Binta semanas depois e lança-se na atividade operacional. Abandonará a Companhia para fazer o curso do Estado-Maior do Exército. O seu sucessor desabafará: “Envergonho-me de comandar os homens de Tomé Pinto. No meio deles, sinto-me um soldado, pois eles não precisam de ordens, nem as esperam. Têm tal conhecimento da zona, tal sentido de orientação e tal intuição do perigo que se movem ordeiramente para qualquer lado". Tomé Pinto chegara a Binta a 29 de Junho de 1964 e no relatório de 24 de Dezembro já registavam 51 ações de fogo sobre o seu comando. Alguns dos seus militares dos tempos de Binta estiveram presentes na cerimónia de Lisboa.

No emblema da CCaç. 675 a inscrição que permanece viva diz: “Nunca Cederá”.

No dia 8 do próximo mês de Maio, o “Capitão do Quadrado” e os seus homens de Binta deslocar-se-ão a Évora para comemorar os 50 anos do seu regresso a Portugal.

JERO
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Último poste da série de 20 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15994: Agenda cultural (475): Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, amanhã, 21, às 16h00, no auditório da biblioteca municipal da Covilhã: Juvenal Amado apresenta o seu livro "A Tropa Via Fazer de Ti um Homem"; confirmada a presença do prof Pereira Coelho, que foi um dos médicos do BCAÇ 3872, em Galomaro, 1971/72

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