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sábado, 13 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25380: Os nossos seres, saberes e lazeres (623): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (149): No Museu Militar de Lisboa, o mais antigo da cidade (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Janeiro de 2024:

Queridos amigos,
É de facto o mais antigo museu de Lisboa, e num local cheio de história, por aqui houve arsenais, fundições, estaleiros, até se chegar ao Arsenal Real do Exército, e depois foi a fase de aformosear o interior do edifício, há para ali salas deslumbrantes, combinam a azulejaria e artilharia, a pintura e a escultura. Não deixa de intrigar como houve dinheiro a rodos para tornar todas aquelas salas deslumbrantes e dinheiro para pagar a Sousa Lopes, Columbano, Rafael e Gustavo Bordalo Pinheiro, Malhoa, Carlos Reis, Veloso Salgado, a coleção de peças de artilharia não podem deixar ninguém indiferente, tal como os 26 painéis de azulejos nos esplendoroso Pátio dos Canhões. E ao consultar a publicação Roteiro dos Museus Militares descobri que há um núcleo museológico destinado às Ex-Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, estou absolutamente seguro que lá irei encontrar a indumentária que usámos entre a cidade e a floresta equatorial.

Um abraço do
Mário


Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (77): No Museu Militar de Lisboa, o mais antigo da cidade - 1

Mário Beja Santos

Vezes que não sei contar que entrei por esta majestosa fachada do Museu Militar de Lisboa, encimada pela escultura de Teixeira Lopes, À Pátria, entrei pelo Pátio dos Canhões, virei à direita, para frequentar o Arquivo Histórico-Militar, estávamos no ano de 2011 e eu ultimava o livro "A Viagem do Tangomau", eram pesquisas sobre unidades militares que tinham passado pelo Leste, antes de 1968, e depois. E não havia um assomo de curiosidade para dar uma volta ao edifício e entrar no museu. E um dia adquiri uma publicação intitulada Roteiro dos Museus Militares, edição By The Book, 2019, ardido pela curiosidade de ter uma cartografia dos ditos museus militares, que os há em Bragança, Porto, Elvas, Alverca e Ovar, Lisboa, Buçaco, não faltam os da Madeira e dos Açores e até a fragata de D. Fernando II e Glória. Creio que estes são os museus que estão na órbita do Ministério da Defesa Nacional, temos também os centros interpretativos, como os do Vimeiro e de Aljubarrota, mas não fazem parte deste roteiro. Fiquei a salivar sabendo que há um núcleo museológico das Ex-Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, sito no Campo de Santa Clara, espero oportunidade para lhe bater à porta.

Este local do Museu Militar de Lisboa tem mesmo história, aqui assentou o antigo Real Arsenal do Exército, local onde D. Manuel I, cerca de 1488, mandara construir as tercenas (arsenais ou estaleiros), das Portas da Cruz, indo por aí fora, e depois de fábrica de pólvora, oficinas de fundição, em 1760 concluiu-se por ordem do Marquês de Pombal aqui o Real Arsenal do Exército. Os interiores foram enriquecidos com talha dourada, pinturas e murais e estatuária de artistas portugueses. No reinado de D. Maria II, o edifício passou a dominar-se Museu de Artilharia, em 1926 mudou de nome para Museu Militar e em 2006 para Museu Militar de Lisboa.
Neste Pátio dos Canhões há aqui um vislumbre de grandeza, como se pode ler no desdobrável oferecido ao visitante, “A coleção de peças de artilharia em bronze é considerada uma das mais completas a nível mundial, e cujas peças são preciosos documentos históricos, tanto pelas suas inscrições e símbolos heráldicos, como pelas suas ornamentações bem ao estilo das épocas das respetivas fundições. A azulejaria é constituída por 26 painéis de azulejos, dos séculos XVIII, XIX e princípios do séc. XX, que representam os factos mais notáveis da história nacional, no período compreendido em 1139 e 1918.”

A fachada principal, obra de Teixeira Lopes
Pátio dos Canhões, ao fundo era o Arquivo Histórico-Militar e lá em cima vê-se o ponto alto do zimbório do Panteão Nacional, perto do largo de Santa Clara
Pátio dos Canhões, uma mostra do potencial em bronze e uma bela azulejaria de relance
É o mais antigo museu da cidade de Lisboa, o seu valioso património museológico impressiona. O que nos é dado a observar resulta fundamentalmente dos trabalhos desenvolvidos em finais do séc. XIX e inícios do séc. XX em que o então diretor, general José Eduardo Castelbranco, fez decorar novas salas com trabalhos dos nossos melhores artistas da época. E daí este museu arrogar-se a uma vasta compilação de quadros dos nomes mais sonantes da pintura portuguesa do séc. XIX e inícios do séc. XX, caso de Sousa Lopes, Columbano, Malhoa, Carlos Reis ou Veloso Salgado. E há também as peças de escultura executadas por Delfim Maya, Rafael Bordalo Pinheiro e José Núncio.
Na parte mais antiga do museu há equipamentos como esta balança ou carro usado para o transporte das colunas do Arco da Rua Augusta, de dimensão gigantesca, como se pode ver
Berlinda do séc. XVIII, reinado de D. José, restaurada pela Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra
Há muito para ver neste Museu Militar: uniformes, barretinas, capacetes, a evolução das armas, inúmeros objetos que aludem à participação de Portugal em conflitos bélicos. Da coleção de artilharia de bronze já falámos, há depois a profusão decorativa dos tetos, como aqui se exemplifica.
A exuberância azulejar, a riqueza do mármore e a ornamentação de uma peça de artilharia, estamos a passar do rés-do-chão para o primeiro andar.
Outro detalhe, cada sala tem a sua singularidade pictórica, os frescos estão muito bem restaurados.
“Rendição nas Trincheiras”. Soldados portugueses na frente de batalha em França, quadro da autoria de Sousa Lopes
Carvalho Araújo em combate com o submarino alemão, um dos mais significativos episódios de heroísmo da nossa participação na Primeira Guerra Mundial

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 6 DE ABRIL DE 2024 > Guiné 61/74 - P25345: Os nossos seres, saberes e lazeres (622): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (148): No Museu Agrícola da Atalaia, uma obra de respeito (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25369: Os 50 anos do 25 de Abril (8): Convite para a inauguração da exposição "O MFA e o 25 de Abril", amanhã, dia 12 de Abril, pelas 17h00, na Gare Marítima de Alcântara - Lisboa (Pedro Lauret, Capitão-de-Mar-e-Guerra Reformado)



1. Mensagem do nosso camarada Pedro Lauret, Capitão-de-Mar-e-Guerra Reformado, com data de 11 de Abril de 2024:

Meu caro Carlos Vinhal,
Venho convidar-vos a estar presentes na inauguração da exposição “O MFA e o 25 de Abril” amanhã pelas 17:00, na Gare Marítima de Alcântara, onde o nosso Blogue figura na Ficha Técnica, assim como o Miguel Pessoa e o Casimiro de Carvalho.

Quem não puder estar presente a exposição estará aberta até fim de Junho, acesso livre, nos horários do Convite.

Forte Abraço
Pedro Lauret

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE ABRIL DE 2024 > Guiné 61/74 - P25359: Os 50 anos do 25 de Abril (7): exposição em Santiago do Cacém, "Filhos da Terra, Soldados do Ultramar"

sábado, 6 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25346: Agenda cultural (852): Convite para o lançamento do livro "Geração D", da autoria de Carlos Matos Gomes, a realiar no dia 11 de Abril de 2024, pelas 18h30, na Sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa, Av. António Augusto Aguiar, 31


C O N V I T E

A Porto Editora, o Âmbito Cultural do El Corte Inglés e o autor convidam-no/a para o lançamento do livro Geração D, de Carlos de Matos Gomes, que se realiza a 11 de abril (quinta-feira), pelas 18:30, na Sala de Âmbito Cultural (piso 6) do El Corte Inglés de Lisboa .*

O autor estará à conversa com José Fanha.

Esperamos poder contar com a sua presença.

*Av. António Augusto Aguiar, n.º31 | 1069-413 Lisboa


MAIS INFORMAÇÕES
Vera Valadas Ferreira | 21 836 40 50 | 910 464 457 | vvferreira@portoeditora.pt

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Notas do editor

Vd. recensão do livro "Geração D" da autoria de Carlos Matos Gomes, por Mário Beja Santos, nos posts de:

18 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25285: Os 50 anos do 25 de Abril (3): "Geração D - Da Ditadura À Democracia", por Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2024 (1) (Mário Beja Santos)

25 de março dfe 2024 > Guiné 61/74 - P25307: Os 50 anos do 25 de Abril (4): "Geração D - Da Ditadura À Democracia", por Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2024 (2) (Mário Beja Santos)
e
1 DE ABRIL DE 2024 > Guiné 61/74 - P25326: Os 50 anos do 25 de Abril (6): "Geração D - Da Ditadura À Democracia", por Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2024 (3) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25301: Agenda cultural (851): "Noite de Solidão no Capim", peça de teatro da autoria de Castro Guedes, levada à cena pela Companhia de Teatro Seiva Trupe. Pode ser vista na Sala Estúdio Perpétuo, no Porto, até ao próximo dia 27 de Março (Jaime Bonifácio Marques da Silva)

quarta-feira, 13 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25269: Historiografia da presença portuguesa em África (414): A Guiné na Exposição do Mundo Português, 1940, Lisboa (Mário Beja Santos)

Capa do livro sobre a secção colonial da Exposição do Mundo Português, mostra uma cena de Macau, pintura de Fausto Sampaio


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Setembro de 2023:

Queridos amigos,
Dei comigo a pensar que nos faltavam imagens e texto sobre a presença guineense na Exposição do Mundo Português. A dedicada bibliotecária da Sociedade de Geografia de Lisboa trouxe-me algumas preciosidades dignas dos mais exigentes bibliófilos, dou-vos conta do que até agora apareceu. Alguém um dia terá que se dedicar a este trabalho de arrumar as peças dos eventos imperiais e delas subtrair o que tange à Guiné. Os desenhos de Eduardo Malta são exímios, são estes que aqui se publicam e no álbum não há mais; quanto à secção colonial, é uma obra essencialmente divulgativa, a generalidade das informações prestadas são do amplo conhecimento dos leitores, seria redundante dar mais do mesmo. Mas o trabalho de procura vai continuar.

Um abraço do
Mário



A Guiné na Exposição do Mundo Português, 1940

Mário Beja Santos

Um dia destes dei comigo a pensar se o assunto da presença guineense nas grandes exposições do Estado Novo era um assunto esgotado. Creio que sobre a I Exposição Colonial Portuguesa, que decorreu no Porto em 1934, se esgotara o assunto quanto às referências bibliográficas mais significativas e ao uso das principais imagens; o mesmo ocorre dizer da Exposição Colonial Industrial que se realizou na área do Parque Eduardo VIII, em 1937. E dei comigo a pensar que era escassa e difusa a informação sobre a presença guineense em 1940; e há imagens de bustos de guineenses no Jardim Botânico Tropical, onde decorreram eventos da Exposição do Mundo Português. Mas havia que preencher lacunas. Graças à preciosa colaboração da Dr.ª Helena Grego, prestimosa eficientíssima bibliotecária na Sociedade de Geografia, pus-lhe o assunto e logo foi buscar o material alusivo à secção colonial.

Temos primeiro o livro que o visitante podia adquirir, alusivo às parcelas do império. Encontrei alguns dados curiosos, se bem que a generalidade das fontes seja do conhecimento do leitor, são obras já aqui referidas. Dá-se informação geográfica, ou seja, fala-se da situação e superfície, da orografia e considero bem observado o que se diz sobre a geologia: “O solo da parte plana da Guiné é formado exclusivamente por aluviões argilosos, misturados de sedimentos arenáceos derivados de fortes arrastamentos das terras altas do Futa Djalon, pela fusão das geleiras glaciares formando caudalosas correntes, como se depreende ainda hoje dos estuários dos principais rios e da localização do arquipélago dos Bijagós. Os aluviões argilosos constituem nos lugares baixos as bolanhas e lalas conforme são temporariamente ou permanentemente alagados. O óxido de ferro é abundante, dando às terras da Guiné uma característica cor avermelhada.” Depois na referência hidrográfica (território retalhado por uma rede de braços de mar), faz-se uma observação sobre o clima: “É equatorial oceânico. As condições meteorológicas e as terras baixas não dando fácil escoante às águas das chuvas, dão à Guiné as características de um clima insalubre, porém, os braços de mar e os ventos oceânicos modificam estas condições, beneficiando o clima.”

Dão-se informações que o leitor já conhece: capital em Bolama, a colónia dividida em dois concelhos e sete circunscrições, os concelhos de Bolama e Bissau e as circunscrições de Cacheu, Farim, Mansoa, Bafatá, Gabu, Buba e Bijagós. No tocante à informação económica, escreve-se que a Guiné está incluída no domínio vegetal do Sudão e os seus terrenos baixos e húmidos e de aluvião favorecem uma vegetação luxuriante e de grande porte. Eram assim as vias fluviais da época: as portas principais abertas à navegação de longo curso eram Bissau, Bolama, Bubaque e Cacheu; os portes de navegação de cabotagem ficavam em Bafatá e Farim. Quanto à indústria da época, havia a Sociedade Industrial Ultramarina que explorava uma fábrica de cerâmica, uma fábrica de gelo e de energia elétrica que abastecia Bissau. Mista, de comércio e indústria, era a Companhia Agrícola e Fabril da Guiné, concessionário em Bijagós com sede em Bubaque e explorando palmeiras. Depois os autores espraiam-se sobre a informação etnológica e etnográfica, guardei a seguinte informação: “Por quatro veias correu o sangue a alimentar o corpo das famílias a que pertencem os povos da Guiné Portuguesa. Pela Etiópia, do Iémen, pelo Alto Nilo (Egito), pelo deserto do litoral, líbico, e pelo Atlântico.” E depois espraia-se ao detalhe sobre a etnologia e a etnografia, considero matéria já aqui largamente tratada.

Capitão Henrique Galvão pintado por Fausto Sampaio, ele foi o grande arquiteto da secção colonial
Uma das muitas imagens referentes à Guiné nesta obra, aqui vemos um Felupe, os responsáveis pela publicação socorreram-se dos arquivos da Agência Geral das Colónias

Este álbum comemorativo é hoje uma preciosidade, andam os bibliófilos à caça e pagam bom dinheiro por o ter. Os desenhos são de Eduardo Malta, de facto um artista plástico que tinha um lápis invulgar, não tanto se dirá do que pintava. Reservou à Guiné estes desenhos, estou em crer que não tínhamos qualquer um deles e vêm enriquecer o nosso acervo de imagens, porventura o mais rico que existe em Portugal sobre a história da Guiné e a guerra colonial. Não dou por concluída a pesquisa sobre estes tempos de 1940, mas a paciência e a insistência são as armas do negócio, é provável que haja mais elementos. Deliciem-se com os desenhos do Eduardo Malta.
Maritime – Bijagós, desenho de Eduardo Malta
Mansata Bande (Fula) e Jenabá Mantânhadjalo (Mandinga) – Guiné, desenho de Eduardo Malta
Braima Sanhá (chefe Fula), alferes de 2ª linha – Guiné, desenho de Eduardo Malta
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Nota do editor

Último post da série de 9 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25252: Historiografia da presença portuguesa em África (413): O luso-colonialismo nunca existiu: para África, só desterrado ou com "carta de chamada" (António Rosinha / Valdemar Queiroz)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25215: As nossas geografias emocionais (22): O antigo Hospital Militar Principal (HMP), Lisboa, Estrela


Fachada do Hospital Militar Principal,  Lisboa, â Estrela, s/d .  



Hospital Militar Principal de Lisboa 
(Igreja e antigo Convento de Nossa Senhora da Estrela)


Fonte: Adapt de Município de Lisboa


1. Quantos de nós passaram por aqui, pelo HMP, que não se resumia a este antigo edif´ciio conventual ?  Do complexo hospitalar da Estrela, fazai ainda parte o Anexo de Campolide... Algns andaram pelo HMP , em tratamento, recuperação e convalescença, um, dois ou até mais anos...  

Importa então relembrar a história do antigo Hospital Militar Principal (HMP) (que encerrou definitivamente em 2013) (*)... 

O edifício  (qeu vemos na foto) começou por ser,   originalmente,  um convento beneditino, fundado em 1572 e dedicado a Nª Sra. da Estrela. 

Em 1615, muito próximo deste, é fundado o Mosteiro de S. Bento da Saúde (no sítio onde é hoje o Palácio de São Bento) (**) . O primitivo convento da Estrela será, entretbato, transformado em colégio e casa de estudo da Ordem.

Em 1624 construiu-se no Convento das Janela Verdes, o Hospital Real Militar da Corte, mais tarde transferido para o colégio de Nossa Senhora da Estrela, passando a designar-se por Hospital Militar de Lisboa.

Com a Restauração e a guerra peninsular, a partir de 1640, desenvolve.se o Serviço de Saúde Militar e criam-se Hospitais de Guarnição.

O edifício da Estrela, tal como outras construções da cidade, fortemente abalado pelo terramoto de 1 de novemvro de 1755. Anos depois, em 1797, passa para as mãos do Estado, acolhendo um hospital militar que será utilizado por tropas auxiliares britânicas (ma também pelas tropas de Junot).

Em 1836, por parecer da 
Comissão de Saúde Militar, o  Hospital Militar Permanente instala-se definitivamente no edifício da Estrela.

Com a evolução dos tempos o Hospital foi alargando as suas instalações e em 1898 anexou-se a ala que dá para a Rua de S. Bernardo, para no ano seguinte alguns dos seus serviços serem instalados na "cerca" do Convento do Sagrado Coração de Jesus (Basílica da Estrela).

Em 1926, passa a designar-se Hospital Militar Principal. No ano seguinte, na "cerca",nas traseiras da Basílica da Estrela, será instalada a Escola do Serviço de Saúde Militar (ESSM)-

Posteriormente, com a abertura da Avenida Infante Santo, em 1950, ficou a referida "cerca" dividida ao meio: os pavilhões de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e o Laboratório de Análises Clínicas vão ficar no lado nascente (lado esquerdo da Infante Santo, quando se desce); o Bloco Operatório e o Pavilhão da Família Militar, construído na década de 1940, situam-se no lado poente (lado direito da Infante Santo, no sentido descendente) (***)

Sem entrar em detalhes, sobre a sua estrutura física e orgânica, que se foi alargando ao longo do tempo, o HMP (constituído por diversas áreas e diversos edificios, e com graves problemas de circulação "intra-hospitalar") vai ter um papel importante durante a guerra de África (1961/75). 
Faz parte das "geografias emocionais" de alguns de nós (****).

Em 1961, o Aquartelamento de Campolide deixou de ser ocupado pelo Regimento de Artilharia n.º 1, sendo aí instalado o Centro Ambulatório de Doentes e Convalescentes, anexo do HMP (conhecido como o Anexo de Campolide), face ao grande número de evacuados do Ultramar.

Em 18 de Outubro de 1973 foi inaugurado a Casa de Saúde da Família Militar, localizada na "cerca" do hospital, com 12 pisos.

Em 1991 procedeu-se à concentração hospitalar dos três corpos de edifícios dispostos em volta do Largo da Estrela, de forma a permitir a alienação do referido Anexo de Campolide que se tornou desnecessário.

Durante a década de 90 o Hospital responde aos desafios da medicina moderna efectuando obras e melhoramentos em diversas áreas. O Hospital Militar de Belém como hospital complementar, integra os seus serviços clínicos no funcionamento hospitalar global.

Em 2009, avançava-se com um projeto para a criação de um Hospital Único das Forças Armadas. Porém, o Hospital Militar da Estrela acabaria por fechar em 2013. O seu destino ficou incerto. 

Anos depois, em 2022, o antigo convento e depois hspital militar, adjacente ao Jardim da Estreka, reabriu portas como espaço cultural, com o nome “House of Neverless” , prometendo eventos, workshops e formações. Tem dois pisos dedicados ao teatro e um terceiro para a academia. 
 
Fontes: 
Adaptado de página do Exército > Hospital Militar Principal > Historial

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de fevereiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25210: Os nossos seres, saberes e lazeres (616): Visita técnica no âmbito da minha Ordem Profissional, a OET (Ordem dos Engenheiros Técnicos), à chamada "Linha Circular" do Metro de Lisboa (Hélder Valério de Sousa)

(**)  Mosteiro de São da Saúde de Lisboa > Historial 

(...) O Mosteiro de São Bento da Saúde de Lisboa era masculino, e pertencia à Ordem e Congregação de São Bento.

Também designado por Mosteiro de São Bento da Saúde de Lisboa, Mosteiro de São Bento de Lisboa, Mosteiro de São Bento o Velho.

Em 1581, os monges beneditinos que estavam instalados no Mosteiro de Nossa Senhora da Estrela de Lisboa, decidiram construir um novo edifício, na quinta da Saúde, também em Lisboa.

Em 1598, foram iniciadas as obras, pelo Geral da Ordem Beneditina, frei Baltazar de Braga, segundo o projecto do arquitecto Baltazar Álvares.

Em 1615, a 8 de Novembro, a comunidade transferiu-se para a quinta da Saúde. A invocação do Mosteiro teve a sua origem nesta nova residência, o qual viria a ser designado por São Bento de Lisboa ou por São Bento da Saúde de Lisboa.

A partir de 1755, os monges foram obrigados a ceder uma parte das suas instalações para vários fins. De 1755 a 1856, e de 1769 a 1772, foi sede da Patriarcal de Lisboa. Em 1757, e nos anos seguintes, serviu de instalação à Academia Militar. Em 1796 e 1798, serviu de prisão de pessoas notáveis. Entre 1797 e 1801, serviu de instalação ao Batalhão de Gomes Freire de Andrade. Entre 1756 e 1990, acolheu o Arquivo da Torre do Tombo.

Em 1822, os monges tiveram de abandonar o mosteiro, indo para o Mosteiro de São Martinho de Tibães de onde regressaram em 1823.

Em 1833, abandonaram o edifício definitivamente quando este foi cedido para local de reunião das Cortes Constituintes.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.

Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.

Localização / freguesia: Lapa (Lisboa, Lisboa) (...)


(***) Vd. artigo "Alterações na estrtutura do Hospital Militar Principal", do major Rui Manuel Pereira Fialho, publicado na Revista Militar N.º 2566 - Novembro de 2015, pp 909 - 918. (Disponível aqui em pdf: https://www.revistamilitar.pt/artigopdf/1064)

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25210: Os nossos seres, saberes e lazeres (616): Visita técnica no âmbito da minha Ordem Profissional, a OET (Ordem dos Engenheiros Técnicos), à chamada "Linha Circular" do Metro de Lisboa (Hélder Valério de Sousa)

1. Mensagem do nosso camarada Hélder Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS, TSF  (Piche e Bissau, 1970/72), com data de 23 de Fevereiro de 2024:

Caros amigos
No passado dia 16 deste mês de Fevereiro, integrei uma visita técnica no âmbito da minha Ordem Profissional, a OET (Ordem dos Engenheiros Técnicos), à chamada "Linha Circular" do Metro de Lisboa.
Essa Linha ligará a estação existente do "Rato" à estação ferroviária do Cais do Sodré, sendo que para tal estão em fase adiantada de construção duas novas estações, a da "Estrela" e a de "Santos".
O túnel de ligação entre o Rato e a Estrela já está feito. O túnel da Estrela a Santos também está quase concluído.
A estação de "Santos" terá entrada pela Av. D. Carlos I, situando-se em espaço do Quartel dos Sapadores Bombeiros. A estação da "Estrela" terá entrada pelo Largo da Estrela e ocupa boa parte do espaço do antigo Hospital Militar Principal.
E é precisamente por isso que vos envio estas notas e as fotos, sendo que, embora não seja um assunto "da Guiné", tem muitos pontos de contacto com as vidas de algums, muitos, que por lá passaram.
Quem usufruiu dos préstimos ou prestou serviço nessas instalações poderá rever agora e avivar as suas recordações.
Nas fotos que anexo mostro o túnel que vem do "Rato" até ao poço da estação da "Estrela", bem como o troço que vai dela para a estação de "Santos".
Vê-se também o poço com o edifício ao lado esventrado e com o zimbório da Basílica da Estrela ao fundo.
A outra foto mostra o poço e o edifício ao fundo, o qual não é afetado pela estação mas que virá a ter outro(s) uso(s).
Espero que gostem e sintam que as situações têm as suas evoluções próprias.

Abraços
Hélder Sousa

Edifício Principal do antigo Hospital Militar Principal
Poço da Estação da Estrela
Túnel Estrela-Santos
Túnel Rato-Estrela
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25208: Os nossos seres, saberes e lazeres (615): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (143): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (3) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25051: Por onde andam os nossos fotógrafos? (16): António Murta, ex-alf mil inf MA, 2ª C/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) - Parte I: Em 16 de março de 1973 estávamos irremediavelmente a partir no N/M Uíge...



Foto nº 1

Lisboa  > Cais da Rocha Conde de Óbidos > 16 de março de 1973, meio da tarde >  Partida do Batalhão de Caçadores 4513 no navio Uíge rumo à Guiné.

(....) Estava repleto o navio e os militares alcandoravam-se nos locais mais improváveis, para além de escadórios e da amurada, na ânsia de serem vistos pela multidão de familiares que acenavam do cais. Era uma cena já de todos conhecida, militares e famílias, que ao longo dos anos a viram – e temeram – pela televisão e pelos jornais. 

"No que me toca, e depois de ter perdido de vista o meu pai no cais, apoderou-se de mim uma fria indiferença. Estava ali a começar uma odisseia, uma aventura no desconhecido, mas que haveria de ter um fim, que só podia ser o regresso. Recordo estas sensações porque as preparei antes e me agarrei a elas no momento crucial. 

"Apesar disso, foi no instante em que o bojo do navio se desencostou lentamente do cais, que tive o momento mais penoso e cruel. Não tinha pensado nesse detalhe tão significativo: o brevíssimo instante da separação. Estava quebrado, definitivamente, o fiozinho que ainda me ligava a casa, aos familiares, ao meu país e a uma esperança tola de que, até ao último instante, acontecesse algo de extraordinário, um cataclismo, uma morte bombástica, sei lá..., morreu o Amílcar Cabral e não aconteceu nada, mas podia morrer o Marcelo, cair a Ponte Salazar e o barco ficar ali encalhado!... Nada. Não aconteceu nada. 

"Afinal, estávamos irremediavelmente a partir. E não tinham partido milhares de outros antes de mim? (...) (Poste P14373 (***).

Foto nº 2 

Guiné > Região de Quínara > Nhala > 2ª C/BCAÇ 45143 (Aldeia Formosa, Buba e Nhala, 1973/74) > 1973 > O alf mil inf MA António Murta: "um estado d'alma"



Foto nº 3

Guiné > Região de Quínara > Nhala > 2ª C/BCAÇ 45143 (Aldeia Formosa, Buba e Nhala, 1973/74) > Pós-25 de Abril de 1974  > O alf mil inf MA António Murta, em primeiro plano, sentado no capô da Berliet MG-20-79.

Foto nº 4

Guiné > Região de Quínara >  Nhala (a nordeste de Buba) > 1974 > Agosto de 1974 > Os "Unidos de Mampatá", a CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74), em final de comissão, foram despedir-se dos "periquitos" de Nhala (2ª C/BCAÇ 4513)... À esquerda, assinalado por um quadrado amarelo, o nosso António Carvallho, o "Toni", mais conhecido por "Carvalho de Mampatá".  O nosso fotógrafo, o António Murta,  estava lá.

Um cartão de boas festas 2014/2015 original, criação do António Murta

Fotos (e legendas): © António Murta  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuamos à procura dos nossos fotógrafos (*)


A fotografia é um dos recursos mais valiosos do nosso espólio. Não sabemos ao certo quantas imagens já publicámos no nosso blogue em vinte anos (desde 2004). Uma estimativa por baixo aponta para mais de 100 mil. Já publicámos mais de 25 mil postes, o que daria uma média de 4 fotos ou imagens  por poste. 

Fotógrafos (ou donos de álbuns fotográficos com grande interesse documental) são seguramente muitas dezenas. Alguns de nós tornaram-se até fotógrafos com talento, no CTIG ou até depois, na peluda. A maioria não tinham tirado fotografias. Comprou uma máquina em Bissau (em geral, de "made in Japan", e mais baratas do que na metrópole), e levou-a para o mato. (**)

As suas fotos  têm suscitado a curiosidade de cineastas, jornalistas, investigadores, etc., que de tempos a tempos recorrem ao nosso blogue para cedência de imagens. Temos uma política sobre esse assunto; cópia digital das fotos é cedida, para efeitos não-comerciais,  mediante acordo tanto dos edtores como dos titulares dos créditos fotográficos. Julgamos que, enquanto antigos combatentes, temos esse dever de serviço público. Mas também exigimos que respeitem a propriedade intelectual e não façam uso indevido do material cedido.

A mítica Olympus Trip 35, de que se terão
vendido10 milhões de unidades entre 1967
e 1984... Ideal para se tirar fotos em férias
(daí o nomedo modelo, "trip"),  
despreocupadamente
2. Hoje começamos a recuperar e a selecionar algumas das melhores fotos do António Murta, de seu nome completo António Manuel Murta Cavaleiro, ex-alf mil indf  MA,  2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74). 

Nasceu em Cantanhede, em 8 de janeiro de 1951, vive atualmente na Figueira da Foz. Está reformado há mais de 10 anos. Passou a integrar a Tabanca Grande em 12 de novembro de 2014.(***) 

Tem 105 referências no nosso blogue, sendo autor de uma notável série, "Caderno de Memórias de António Murta"...  de que se publicaram pelo menos 42 postes (****)

Não nos conhecemos pessoalmente mas já temos falado ao telefone (ainda ontem, data do seu aniversário). Não sei o que fazia profissionalmente, constato que tem um grande talento para o desenho (veja-se o cartão de boas fesats que nos mandou no final do ano de 2014) (vd. imagem acima) (*****).

Exigente consigo e com os outros, escreveu sobre a sua atividade de fotógrafo amador:

(...) "As minhas fotografias, no geral, não têm grande qualidade: quando fui para a Guiné nem máquina tinha. Usei uma emprestada por uma amiga, mas demasiado básica e pouco fiável. Nas primeiras férias comprei uma Olympus compacta e passei a fazer, quase sempre, slides. Digitalizados com um scâner normal, são uma triste amostra dos originais. Com muito deles optei por fotografar a projecção em suportes variáveis, com os inconvenientes que também isso acarreta." (...) (***)

(Continua)
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(****) Vd.postes de:

16 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14373: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (1): Embarque para a Guiné, 16 de Março de 1973


(*****) Vd. poste de 18 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14044: Sob o poilão sagrado e fraterno da nossa Tabanca Grande: boas festas 2014/15 (4): Cartão original de António Murta

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24980: As nossas geografias emocionais (19): Lisboa: Do Passeio Público à Avenida da Liberdade...

 


Imagem nº 1 - A Avenida da Liberdade, o palácio Foz do lado esquerdo e o monumento aos Restauradores. C. 1906. Ainda não havia ao cimo, na Rotunda, a estátua do Marquês de Pombal (inaugurada só em 1934).


Imagem nº 2 - "O antigo Passeio Público do Rossio, demolido em 1883" 

 

1. Lisboa: A Avenida da Liberdade é, seguramente, a mais icónica artéria da cidade (Imagem nº 1). Liga a praça dos Restauradores, na Baixa,  à Praça do Marquês de Pombal. Inspirando-se no "boulevard" parisiense, a sua origem remonta ao Passeio Público (cujo início de construção data de 1764, ao tempo de Marquês de Pombal e da  reconstrução da cidade) (Imagem nº 2).

Mede c. 1100 m de comprimento, e 90 de largura.  Os seus largos passeios são decorados com jardins, fontes  estátuas de escritores e a famosa calçada à portuguesa. Nela se ergue também o Monumento aos Mortos da Grande Guerra.

O Passeio Público foi desenhado pelo arquiteto Reinaldo Manuel. Era inicialmente murado, e só acessível à nobreza. Sofreu grandes alterações no 2º quartel do séc. XIX (anos 1830/40), da responsabilidade do arquiteto Malaquias Ferreira Leal. Democratizou-se com o liberalismo.
 
A  avenida, em si,  é mais recente: foi construída entre 1879 e 1886, e muito se deve à determinação e visão de Rosa Araújo (1840-1893), presidente da câmara municipal.   Passou a ser uma zona "in" para as  novas classes sociais em ascensão , a zona "chique" de Lisboa, com ligação ao Rossio e ao Chiado.

Apesar da sua terceirização e gentrificação, continua ainda hoje a ser um dos palcos preferidos para manifestações públicas, desfiles militares, festividades, etc.  (1º de Dezembro, 25 de Abril, 1º de Maio, 13 de Junho, iluminações de Natal...).

A Avenida da Liberdade foi classificada, em 2013,  como Conjunto de Interesse Público.


2. Sobre a publicação OCCIDENTE (O). REVISTA ILLUSTRADA DE PORTUGAL E DO ESTRANGEIRO

(i)  Publicou-se entre 1878 e 1915, ao ritmo de três números por mês;

(ii) Em 38 anos de edição, publicaram-se 1315 números ao longo dos seus 38 anos de edição;

(iii) O seu sucesso e longevidade devem-se a dois homens: Caetano Alberto da Silva, gravador e principal capitalista da empresa Occidente; e Manuel de Macedo, desenhador ilustrador;

(iv) A revista foi uma verdadeira escola de gravadores. com ateliê próprio;

(v) Acompanhou a evolução dos tempos, recorrendo  também à colaboração da nova figura emergente, o fotógrafo (e passaram por lá nomes conhecidos como  Joshua Benoliel (1873-1932), o primeiro fotojornalista português, e outros como Alberto Lima, Ciríaco Tavares da Silva,  Rocchini, Carlos Relvas, Carlos Vieira, J. Azevedo, F.G. Marques, Manoel Abreu, António P.A. Leite, etc.);

(vi)   "O Occidente" era uma revista muito diversificada, e cosmopolita, seguindo tendèncias estésticas e movimentos sociais (como a luta das sufragistas inglesas, etc.) mas evitando as armadilhas da política partidária; atravessou uma época de profundas mudanças (em todos os domínios), nasceu na monarquia constitucional e acabou na República, com o apoio à entrada de Portugal na Grande Guerra. (Fonte: Adapt. de Rita Correia / Hemeroteca Digital de Lisboa: Ficha hstórica, com a devida vénia...)

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terça-feira, 28 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24894: Concentração Nacional de ANTIGOS COMBATENTES, amanhã, dia 29 de Novembro, a partir das 10h30, frente à escadaria da Assembleia da República (José Maria Monteiro)



CAMARADAS: Ilustres Combatentes

O MOVIMENTO PRÓ-DIGNIDADE, a favor do Estatuto do Antigo Combatente, constituído por COMBATENTES dos três ramos das Forças Armadas, agendou para o dia 29 de Novembro de 2023, a partir das 10h30m e até às 14h00, frente à escadaria da Assembleia da República, dia da aprovação do Orçamento do Estado para 2024, uma concentração nacional de COMBATENTES.

Esta concentração nacional de COMBATENTES, vai ser realizada por a senhora ministra da Defesa, na reunião com o MOVIMENTO PRÓ-DIGNIDADE, do passado dia 27/07/2023, ter prometido melhorar o Estatuto do Antigo Combatente, promessa que caiu em saco roto.

Somos o único país do Mundo em que os seus COMBATENTES não são reconhecidos, nem dignificados.

Assim, no dia 29/11/2023, a partir das 10h30m comparece, com a tua boina ou com o teu camuflado, para dar um grito de guerra contra uma Pátria que nos humilha, nos abandona e nos ostraciza.

Relativamente aos transportes, fui informado que vai sair um autocarro do Porto e outro de Vila Nova de Gaia, pelo que os interessados deverão falar com o nosso camarada Antônio Silva pelo telemóvel 910 880 002.

“PROPOSTA UNITÁRIA APROVADA EM ASSEMBLEIA GERAL DO CONGRESSO NACIONAL DE ANTIGOS COMBATENTES ”

- Considerando que existem diversas fragilidades económicas que afetam a vida da maioria dos Antigos Combatentes;

- Considerando que as carências evidentes são crónicas e privam os atingidos de poderem ter um resto de vida com alguma dignidade;

- Considerando que os princípios de atribuição de complementos ou suplementos de pensão aos Antigos Combatentes são exclusivamente para reparação dos efeitos nefastos da prestação de serviço militar em condições excecionais de dificuldade ou perigo;

- Considerando que a Rede Nacional de Apoio é restrita e não funciona, deixando milhares de Combatentes indiciados com stress pós-traumático sem o necessário rastreio e tratamento;

- Considerando que o Estatuto do Antigo Combatente, pouco contribuiu para a melhoria e qualidade de vida dos Antigos Combatentes:

A Comissão Organizadora, com o contributo de várias Associações e de vários Antigos Combatentes, propõe o seguinte:

a) Atribuição de uma pensão de guerra a todos os Antigos Combatentes, no valor equivalente ao que cada Antigo Combatente gasta em média por mês em medicamentos, no montante de €60,00;

b) Gratuitidade dos transportes públicos em todas as redes nacionais;

c) Isenção de impostos sobre o Suplemento Especial de Pensão (SEP), Complemento Especial de Pensão (CEP) e Acréscimo Vitalício de pensão (AVP);

d) Reestruturação da Rede Nacional de Apoio, com vista a tratar condignamente os indiciados com stress pós-traumático, devendo o Ministério da Defesa Nacional articular, a aludida rede, com os postos de saúde e com os Serviços Sociais das autarquias;

e) Prioridade no acesso aos hospitais militares e aos hospitais e clínicas públicas;

f) Prioridade e gratuitidade nos lares públicos para os Antigos Combatentes e viúvas com fracos recursos financeiros, confirmados junto da Segurança Social;

g) Que seja dada prioridade aos Antigos Combatentes, na situação de sem abrigo, no acesso à assistência médica e medicamentosa e na habitação.

Carcavelos 30/10/2021
Um por todos, todos por um
Vivam os COMBATENTES

José Maria Monteiro

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sábado, 4 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24822: Os nossos seres, saberes e lazeres (599): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (127): No Museu de Lisboa, um olhar sobre o património azulejar dedicado à capital antes do terramoto… e algo mais (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Agosto de 2023:

Queridos amigos,
O que é belo é sempre para rever, esteja onde estiver. Vivo a curta distância do Museu de Lisboa, de que conservo gratas memórias, aqui conversei com Irisalva Moita, uma estudiosa de Lisboa como há poucas, e fui vendo os progressos museológicos e museográficos, a dignificação dos jardins, a extensão dos espaços e altíssima qualidade das exposições. Uma parte significativa do museu está a ser alvo de intervenção, mas há primores indiscutíveis ao nível do rés-do-chão, para quem gosta de um deambular cronológico começa-se na pré-História até à cidade Quinhentista, fecha-se uma porta e abre-se outra e entramos numa área espetacular de azulejaria que só encontro rival com o que está patente no Museu Nacional do Azulejo. E há depois os registos do santos, em que Lisboa é imbatível, a pintura contemporânea, onde não falta Carlos Botelho e Eduardo Viana e um núcleo admirável de Lisboa, Cidade de Cerâmica, de que aqui se presta homenagem a uma ceramista que deixou uma obra sobre Alfama, trabalho da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego. Aos lisboetas e passantes, votos de uma magnífica visita.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (127):
No Museu de Lisboa, um olhar sobre o património azulejar dedicado à capital antes do terramoto… e algo mais


Mário Beja Santos

Não é a primeira vez que aqui se fala do Palácio Pimenta, palácio de veraneio da 1ª metade do século XVIII, adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa em 1962 para, após a requalificação do edifício e jardins, aqui instalar o então Museu da Cidade, a funcionar no Palácio da Mitra desde 1942. O primeiro projeto de adaptação, datado de 1968, foi da autoria do arquiteto Raúl Lino. No entanto, foi graças à intervenção do arquiteto Duarte Nuno Simões, com programa museológico da olisipógrafa Irisalva Moita, que o novo museu foi inaugurado em 1979. O museu está instalado em dois andares, sendo que o 1º está presentemente sujeito a obras, podendo o visitante na multiplicidade das salas do rés-do-chão visitar obras de arte que vão da Idade do Bronze à contemporaneidade, marcas de sucessivas épocas, é uma exposição de longa duração intitulada “Viagem ao Interior da Cidade”. Viagem em que o azulejo é a prima-dona absoluta, há ali três obras magníficas do 1º quartel do século XVIII que permitem conhecer e identificar o que era o Terreiro do Paço, o Hospital de Todos-os-Santos e o Mercado da Ribeira antes do terramoto. Far-se-á também uma referência aos belos registos de santos, de que Lisboa possui um património de incontestável valor, e despedimo-nos com uma lembrança de Lisboa como cidade da cerâmica. Na verdade, dos centros oleiros da Mouraria e de Santos-o-Velho as grandes fábricas Lusitânia, Desterro, Viúva Lamego ou Sant’Anna, passando pela Real Fábrica de Louça do Rato, é toda uma outra história da cidade que o museu revela, em diálogo com obras de artistas do século XX. Desejamos a todos uma boa visita, há também oportunidade para visitar a magnífica maqueta de Lisboa anterior ao terramoto de 1755 e bela pintura contemporânea.
Terreiro do Paço, azulejaria do 1º quartel do século XVIII
Mercado da Ribeira Velha e Casa dos Bicos, 1º quarte do século XVIII.
Era um painel de azulejos que estava na Estrada de Benfica no n.º 385.
Hospital Real de Todos-os-Santos.

Os painéis de azulejos expostos, com vistas da Lisboa pré-Terramoto, encontravam-se num muro de suporte do jardim de uma casa na Estrada de Benfica. Documentos iconográficos fundamentais para o conhecimento de alguns dos principais edifícios e quotidianos da cidade anterior à catástrofe.


O Museu de Lisboa possui um belo acervo de registos de santos em azulejo. São painéis devocionais conhecidos por registos de santos, testemunhos da religiosidade popular. Inicialmente confinados no interior de igrejas, os registos passaram para o exterior, possivelmente durante o século XVII. Estes registos irão multiplicar-se a partir de meados do século XVIII. Aplicados nas fachadas, geralmente sobre as portas de entrada, ou nos átrios das casas, podiam ser acompanhados por flores e luminárias. Em consequência de catástrofes naturais, surtos epidémicos, incêndios e outras calamidades, entendidas como resultado de justiça divina, os registos pretenderam ser um poderoso auxílio para, através da intercessão de Virgem Maria ou de santos da particular devoção, promover a proteção do lar onde estavam colocados e a saúde dos que nele habitavam. Lisboa concentra a maior quantidade de registos de santos conhecida no país.
Registo revivalista com o Milagre da Aparição do Menino Jesus.

A devoção e a necessidade de proteção expressam-se em diversos registos de azulejos com função comemorativa de efemérides da vida de figuras sacras ou de episódios aos quais estas se encontram associadas. Destaca-se este painel de 1895, referente à comemoração do 7º centenário do nascimento de Santo António.
São Marçal
Registo rococó com Nossa Senhora da Nazaré, atribuído a Francisco Jorge da Costa, século XVIII.

Uma devoção com relativa representatividade nos azulejos é a de Nossa Senhora da Nazaré. A sua presença tem subjacente um leque muito diversificado de motivações, desde pedidos de proteção contra as tentações do demónio, passando pelos perigos do mar. O painel representa o mítico cavaleiro medieval, D. Fuas Roupinho, alcaide do Castelo de Porto de Mós, trajado à maneira de Setecentos, numa caçada durante a qual é atraído para o abismo por um veado, personificação do diabo, sendo salvo pela aparição da Virgem.
Registo da Sagrada Família na sua fuga para o Egito
Registo com São João Baptista.

São João Baptista desempenha um relevante papel como elo simbólico da transição do Antigo para o Novo Testamento, por ser o último profeta da Antiga Lei e o primeiro mártir da cristandade. Habitualmente surge descalço, tendo como indumentária uma pequena túnica e uma pele presa ao ombro.
Um pormenor da cozinha do Palácio Pimenta, atenda-se à riqueza azulejar e à magnífica ornamentação dada pelos cobres.
Dois exemplares de azulejaria com belos enquadramentos de chão marmoreado e muito boa pedra.
Placa comemorativa com uma vista do Bairro de Alfama, Manuela Ribeiro Soares (1921-2000), Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, 1959
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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE OUTUBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24802: Os nossos seres, saberes e lazeres (598): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (126): Nos jardins do Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras (Mário Beja Santos)