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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8394: Ser solidário (107): A população de Elalab tem razões para se sentir feliz (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 31 de Maio de 2011:

Caríssimos editores.
Com um fraternal abraço, junto um texto sobre Elalab que gostava fosse publicado no blogue para dar a conhecer o trabalho que a Tabanca Pequena está a desenvolver na Guiné-Bissau.
Abraço fraterno do
Zé Teixeira


A POPULAÇÃO DE ELALAB NA GUINÉ-BISSAU TEM RAZÕES PARA SE SENTIR FELIZ


Cercada de rios e riachos. Isolada do mundo. Mereceu o olhar atento dos dirigentes da AD - Acção para o Desenvolvimento, nossa parceira na Guiné-Bissau.
O grito das jovens mulheres a pedir um espaço com o mínimo dos mínimos de higiene e sanidade para poderem dar à luz, foi ouvido e canalizado para a Tabanka – ONG alemã que disponibilizou o dinheiro necessário para se construir o Centro Materno-Infantil e um poço de água potável junto ao mesmo para as necessidades locais de água potável. O Centro Materno Infantil terá três salas: sala de espera, sala de partos e sala de repouso pós-parto.

O terreno arenoso de acesso a Elalab que dificulta o acesso por via motorizada e é extremamente cansativo na marcha a pé.


Acessos a Elalab

A população de Elalab na receção dos representantes da Tabanca Pequena.

A nossa Associação Tabanca Pequena, correspondeu com o compromisso de garantir o fornecimento permanente do material sanitário de consumo, como ligaduras, desinfectantes, compressas, material de higiene, e limpeza etc. para apoio às parturientes.
Forneceu também com a colaboração da Associação Viver 100Fronteiras uma marquesa para partos, e uma marquesa hospitalar para apetrechar a sala de partos. Forneceu também três camas hospitalares com mesinha de cabeceira, para apetrechar a sala pós-parto.

A AD – Acção para o Desenvolvimento assumiu a preparação técnica das matronas. São mulheres, habitantes locais que vão adquirir conhecimentos de apoio às parturientes na falta de enfermeira ou parteira, para substituírem as “habilidosas” existentes no terreno, as quais até à data têm assistido aos trabalhos de parto em pleno mato ou seja em casa das parturientes sem o mínimo de garantia sanitária, situação que tem sido a causa de muitas mortes de nascituros e quantas vezes a morte das próprias mães, provocada por infecções e pelo tétano.

As obras do Centro Materno-Infantil já começaram, prevendo-se a sua inauguração para Outubro próximo.

Uma morança típica de Elalab

Um dos grandes problemas existentes nesta Tabanca prende-se com a sua situação geográfica. Isolada no terreno pelas bolanhas e riachos, tem uma única saída por terra através de diques que levam cerca de uma hora a percorrer em fila indiana, seguindo-se um areal, onde só potentes viaturas com tracção a quatro rodas podem com muita dificuldade circular. A pé são mais de duas horas para se chegar a Suzana, a povoação mais próxima com acesso via “picada” até S. Domingos.

O sonho da população é ter um barco, que através do rio encurte o tempo de chegada a Suzana para cerca 45 minutos, sem o cansaço da caminhada que teriam de fazer por terra. O isolamento da Tabanca afasta-os da ligação à sociedade. Vivem do que a terra e a água dos rios lhes dá, mas não conseguem juntar dinheiro porque a sistema monetário não funciona.

O Barco seria muito útil não só para transportar pessoas, sobretudo as idosas e ou doentes mas também para transportar bens que podem ser para comercializar nas feiras de povoações próximas, ou para suprir as suas necessidades como a palha para cobrir as moranças.

O Barco que a Tabanca Pequena vai oferecer a Elalab será parecido com este que vemos na imagem e já está em construção.

Mais uma vez o seu apelo foi ouvido. A nossa Associação - Tabanca Pequena, mandou construir um barco de transporte cerca de 30 pessoas que via oferecer à população de Elalab, cujo custo está orçado em 1.500.00 €.
AD – Acção para o Desenvolvimento, ONG comprometeu-se em oferecer o motor para equipar o barco.

Já está em construção. Sairá em breve do Estaleiro.
Apoiando assim as Tabancas perdidas no interior da Guiné-Bissau estamos a contribuir para o bem-estar das populações e consequentemente para a sua ligação à terra-mãe, combatendo a fuga para os grandes centros, onde a miséria é maior e sobretudo se perdem rapidamente a ligação às raízes étnicas e valores aprendidos no colo da mãe.

Zé Teixeira
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8271: Ser solidário (106): A Associação Tabanca Pequena de Matosinhos visitou Amindara (José Teixeira)

sábado, 14 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8271: Ser solidário (106): A Associação Tabanca Pequena de Matosinhos visitou Amindara (José Teixeira)


A alegria no meu coração não tem tamanho

Foi desta forma que uma mulher grande em Amindara começou o seu “discurso” de agradecimento, na recente visita que uma delegação da Associação Tabanca Pequena fez a esta Tabanca em plena mata do Cantanhez - Guiné-Bissau.

Apesar da nossa chegada coincidir com a hora do grande calor, que convida à sesta debaixo do mais frondoso poilão, Amindara esperava-nos em festa. O batuque já se fazia ouvir ainda não se avistava a tabanca.

A festa


De um lado da picada, a juventude. Tocadores e dançarinas, vestidas com a vestimenta de ir à missa, como se diz na minha aldeia, aprimoravam-se a espelhar a sua alegria e gratidão pelo poço de água aberto ali mesmo ao lado. Do outro lado, homens e mulheres mais velhos, as pessoas importantes da terra, também elas vestidas a rigor com o melhor traje, esperavam-nos com a mesa posta.


A mesa posta à nossa espera

O Pitéu

Algumas cadeiras vagas à volta da mesa indiciavam que se destinavam aos “ilustres” visitantes. Cumprimentos afetuosos e prolongados. Olhos nos olhos que teimavam em deixar escapar lágrimas de comoção. Abraços de quem nunca se conhecera antes, mas que se irmanara num sonho – ter água potável ali, mesmo no centro da tabanca.

A palavra “obrigado” era repetida continuamente, enquanto do outro lado da picada o batuque subia de tom para prazer dos nossos olhos e ouvidos enquanto as máquinas fotográficas não se cansavam de fazer clic.

Quão belo é todo este ambiente. Novos e velhos, africanos e brancos em animada festa, passados que são quarenta e tantos anos!

Tempo em que os olhos e ouvidos eram desviados para outros fins que não explorar a beleza do ser humano. Era preciso estar a atento a ruídos ou movimentos estranhos que nos podiam roubar a vida num segundo, e… as máquinas também eram outras.

Somos convidados a saborear um excelente petisco cozinhado para nós com todo o esmero e carinho. Esparguete salteado com ostras. Que saboroso petisco!

Infelizmente não nos avisaram, pois queriam fazer-nos uma surpresa. Para azar nosso tínhamos acabado de almoçar em Faro Sadjuma, ali mesmo ao lado um petisco não menos saboroso. O apetite era pouco, mas deu-se um jeito e lá e se fez o sacrifício. Estive tentado a pedir um taparwere e levar as sobras para Iemberém. eh! eh!

Eu bebi água fresca e potável em Amindara

As crianças de Amindara saboreiam o momento

Ainda há muito a fazer em termos de educação para uma vida saudável

Seguiram-se pequenos discursos em Nalu traduzidos pelo nosso anfitrião, o Abubakar, delegado da AD- Acção para o Desenvolvimento na Região. O Pepito andava atarefado na organização de um acampamento para 100 jovens em Varela e também porque queria que a festa fosse só nossa, pois foi a Tabanca Pequena que investiu em Amindara. Devo dizer que tive oportunidade de por duas vezes visitar tabancas juntamente com o Pepito. Ele é sempre recebido em festa, tal como fomos nós em Amindara, em Medjo e em Farim.

Discursou o jovem chefe de tabanca, que nos contou um pouco da história de Amindara e das dificuldades que têm tido em conseguir água. Até há um ano atrás ela era transportada de uma fonte no interior da mata e quando essa secava iam buscá-la à Tabanca de S. Francisco. Continuam a não ter escola.

Seguiu-se no discurso uma mulher. Começou com uma frase que dá que pensar.

A alegria no meu coração não tem tamanho, porque eu queria água dar de beber às crianças e não tinha; queria água para cozinhar e não tinha, queria água para lavar a roupa e não tinha…

Quando Pepito ouviu o nosso pedido e disse que iam construir um poço fiquei muito contente. Hoje sou uma mulher feliz.

Seguiu-se outra mulher no discurso. O tema foi o mesmo. Os benefícios para a população por ter água na tabanca. A higiene e limpeza, a pureza da água que reduz as doenças tantas delas fatais, sobretudo nas crianças, as hortinhas de legumes...

A mindjer garandi botou discurso pra partir mantenhas gradecer

 
Uma plateia atenta...

Para a posteridade

Agora só falta a escola, dizia-me um homem de cabelo branco.

Depois… as palavras parece que se recusavam a sair da minha boca, talvez um pouco aturdido com tanta alegria. Eu estava encantado e feliz, mas não conseguia expressar por palavras este estado de espírito.

Amindara foi o inicio de um projecto. Temos de seguir em frente. contrariamente ao que alguns afirmam, a Guiné-Bissau precisa de abrir muitos poços de água para poder atender às necessidades de uma população em crescimento, cuja idade média de vida é 47 anos.

[Texto e fotos de José Teixeira, membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), enviado em mensagem do dia 9 de Maio de 2011]
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8126: Ser solidário (105): 10 poços de água potável para o Cantanhez ... No dia Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, dedicado à "Agua, cultura e património"... e 3 dias depois do Zé Teixeira realizar um sonho...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8225: Portugalidade(s) (5): Sinais encontrados na Guiné-Bissau de hoje (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 3 de Maio de 2011:

Caros editores
Junto um artigo sobre a portugalidade que encontrei na Guiné-Bissau.
O texto já foi publicado na Tabanca de Matosinhos, mas creio que tem interesse ser divulgado pela Tabanca Grande.
Junto também uma foto minha para ser colocada nos temas escritos por mim para me identificar.

Abraço fraterno




Após umas horas de merecido repouso, na sequência de uma noite em viagem de Lisboa para Bissau*, eu e os meus filhos Joana e Tiago, deixamos o Bairro de Quelelé para uma visita à cidade histórica de Bissau.

O Antero, condutor da viatura que a AD nos disponibilizou para as nossas deslocações em Bissau que é um excelente conversador, fazia de cicerone, explicando-nos que estávamos a atravessar o bairro a que foi dado o nome de Bissau Novo, ainda no tempo do colonialismo. De repente ouvem-se os acordes do hino A Portuguesa ou seja o Hino de Portugal. Era o telemóvel do Antero que tocava accionado por alguém que lhe queria falar.

Exclama o Tiago: - Estou a ouvir o Hino de Portugal!

Diz-lhe o Antero um tanto atrapalhado: - Eu gosto muito de ouvir o hino nacional!?

E… deixou tocar para que pudéssemos saborear este momento de portugalidade.

Depois, timidamente pergunta; - Posso atender?

Várias vezes nesse dia e seguintes pudemos ouvir o “hino nacional” como o Antero tinha o prazer de lhe chamar.

A conversa foi então desviada para a sua meninice. Viera, muito pequeno, de Encheia com os pais e radicalizara-se ali no Bairro de Bissau Novo.

Manhã cedo corria para a Praça do Império e para o QG para ouvir o toque de hastear bandeira e comunicar com os militares portugueses. Sobretudo gostava de ao domingo ver a parada militar que se desenrolava na Praça do Império. Deste modo foi cultivando o seu sentido de filho de Portugal como os nossos políticos e militares de então tão bem semeavam.

Hoje, o seu maior prazer é ser condutor dos portugueses que vão a Bissau, comunicar, conversar, contar histórias da sua meninice. O seu herói é o tabanqueiro Nuno Rubim, o Capitão Fula, tão querido em Guiledje e grande dinamizador do Museu que se está a construir nesta Tabanca com objectivo de deixar aos vindouros um pouco da realidade histórica da guerra colonial ou da Independência que acabou por unir de forma indelével os combatentes de ambas as frentes.

Antero, o guineense que gosta de ouvir o Hino Nacional

No dia seguinte ao chegar a Mampatá Forreá, recebo um aperta-costelas bem apertado do Puto Reguila. Outro menino que parava à porta do quartel de Quebo (Aldeia Formosa). Transporta na sua mente um grupo de amigos, que nunca esquecerá, tais como o Lobo,  de Matosinhos,  e o Carmelita,  de Vila do Conde. É um gosto ouvi-lo cantar a Mariquinhas,  da Amália Rodrigues, com letra adaptada às colunas que se faziam de Aldeia Formosa para Buba e vice-versa. Mas tem muitas mais canções que ficaram gravadas na memória.

O Puto Reguila sempre pronto a cantar mais uma cantiga.



Andando mais um pouco, paramos em Faro Sadjuma para almoçar. Eis que a nossa anfitriã, a cozinheira do excelente petisco que saboreamos, ao ver a viola e o cavaquinho do Luís e do João Rebola, logo os desafia a tocarem o Malhão, que ela tão bem cantou. Claro que não nos fizemos rogados e logo ali o Eduardo Moutinho Santos demonstrou os seus dotes de cantor, formando-se uma tertúlia com a senhora aficana a dar o tom.

Ali mesmo, conhecemos a filha do já conhecido tocador de gaita-de-beiços, também chamada harmónica de boca, que se prontificou a ir a Medjo convidá-lo para se apresentar nessa noite em Iemberém para nos deliciar com as suas tocadas do Vira do Minho e outras músicas tradicionais dos ranchos folclóricos portugueses.

Em Faro Sadjuma cantou-se o malhão

Apareceu-nos no outro dia de manhã, a pedir “discurpa” por não ter vindo à noite, devido a falta de transporte. Foi de Medjo até Iemberém a pé, para nos ver e poder tocar as nossas músicas. Infelizmente, estávamos de abalada, pelo que tocou duas gaitadas e foi embora. Triste ficou, com certeza, porque estes tugas foram uns ingratos. Mandaram-lhe um convite e depois deixaram-no a tocar sozinho, quanto ele veio com tanto gosto, sabendo quanto é apreciado pela sua arte que não é mais nem menos que a arte que um camarada nosso levou para a Guiné. Por lá deixou a gaita, nas mãos o nosso tocador guineense que a guarda religiosamente na caixa de origem e cultiva os acordes que aprendeu com todo o carinho.

Foram estes, entre tantos outros, bocados de portugalidade, semeados por simples homens do povo, soldados de Portugal que demandaram às terras da Guiné, forçados pelas circunstâncias de um tempo em que os senhores deste nossos País, remando contra os ventos da história, sonhavam com um Portugal, uno e indivisível,  do Minho a Timor, quando lhes restava, historicamente, apenas o velho cantinho europeu.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8186: Missão na Guiné no século XXI (José Teixeira)

Último poste da série > 15 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7789: Portugalidade(s) (4): Os nossos mútuos estereótipos lusófonos (Cherno Baldé / Antº Rosinha)

domingo, 1 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8192: Convívios (320): Lampreiada e visita ao aproveitamento hidroeléctrico de Crestuma-Lever, 30 de Abril (Magalhães Ribeiro)

Cumpriu-se ontem, num agradabilíssimo ambiente de boa disposição, alegria e satisfação geral das pessosas presentes, a iniciativa do nosso camarada António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Mampatá, 1972/74, que contava levar cerca de três dezenas de convivas a “devorarem” um bom prato de lampreia no restaurante “Freitas”, localizado na margem direita do Rio Douro, mesmo junto ao aproveitamento hidroeléctrico de Crestuma-Lever e que incluiu uma visita à central deste empreendimento.

Eclusagem de um barco, de jusante para montante do aproveitamento

Tal como o programado, pelas 11H00, o pessoal começou a concentrar-se no parque de estacionamento do restaurante e, passados uns minutos, deu-se início à visita das instalações da central de Crestuma, guiadas pelos Sr. Engº Costa e Silva e Sr. Engº Alfredo Cerqueira.


Explicações prévias aos visitantes, no hall de entrada e na sala de comando, sobre as características fundamentais, o funcionamento e a exploração do aproveitamento


Pelas 13H30, juntaram-se no almoço 44 convivas, excedendo assim as melhoras expectativas do nosso dinâmico e entusiasta organizador.


O convívio contou também com uma breve e amigável presença do nosso Camarada Aníbal Couto, que além de ser um dos sócios-gerentes do restaurante, também foi combatente na Guiné - CCS do BART 6523/73 -, Nova Lamego, 1973/74, e que deixou um convite a todos nós para aparecermos no seu estabelecimento, onde além da promessa de nos saciar com uma boa refeição nos oferece um digestivozinho.

Aníbal Couto da CCS do BART 6523/73

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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:




segunda-feira, 4 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8046: Blogpoesia (140): Tabancas e Tabanqueiros (Manuel Maia)

1. Homenagem às nossas Tabancas, de Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), enviada em mensagem de  30 de Março de 2011:


TABANCAS E TABANQUEIROS

Monte Real é império do cozido,
nos Melros há um cardápio bem sortido,
e a "Linha" faz do peixe uma bandeira...
Sardinha assada reina em Matosinhos,
p`ra além, claro está, d`outros peixinhos
e das famosas tripas, "à maneira"...


Monte Real por soba tem Mexia,
acolitado pela "confraria"
no ataque à vitualha ultra famosa...
Do grupo Gil e Silva (bela sede...)
Solar dos Melros, justas meças pede,
deguste da lampreia ali se goza...

Na "Linha", é Zé Dinis cipaio-mor,
que os pratos já conhece até de cor,
tal frequência tem daquele espaço...
P`ra Matosinhos régulo votado,
Álvaro Basto, um "garfo bem tratado",
comanda "camarigos" do abraço...
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8037: Blogpoesia (139): Eusébio, o babuíno de Bissum (Manuel Maia)

quarta-feira, 23 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7985: Ser solidário (103): Assembleia-Geral Ordinária da Associação “Tabanca Pequena" (Matosinhos), em 2 de Abril de 2011, na Maia, antecedida de almoço de solidariedade


1. Recebemos da tertúlia da Tabanca Pequena, com sede em Matosinhos, o seguinte pedido de divulgação da sua próxima Assembleia-Geral:


ASSEMBLEIA-GERAL ORDINÁRIA
da
Associação “TABANCA PEQUENA-GRUPO DE AMIGOS DA GUINÉ-BISSAU - Apoio e Cooperação ao Desenvolvimento Africano”

CONVOCATÓRIANos termos do artigo 22º dos Estatutos, convoco a ASSEMBLEIA-GERAL ORDINÁRIA prevista no artº 21º, nº 2 – 1º parte – dos mesmos Estatutos, que terá lugar no dia 02 de Abril de 2011, sábado, no Salão anexo ao “Bar/Restaurante do Jardim Zoológico da Maia”, sito na Rua Padre José Pinheiro Duarte, nº 161, na Maia, (ao lado da Junta de Freguesia da Maia - Rua da Igreja), pelas 15,00 horas, com a seguinte:


ORDEM DE TRABALHOS:
Ponto Um – Informações do Conselho de Administração;
Ponto Dois – Apreciação e votação do Relatório e Contas do Conselho de Administração, e do Parecer do Conselho Fiscal referentes ao ano de 2010;
Ponto Três – Assuntos Diversos.


A Assembleia-Geral reunirá á hora marcada estando presente a maioria dos sócios, e meia hora depois, com qualquer número.


OBS:
1. O Voto por procuração é exercido através de carta/credencial dirigida ao Presidente da Mesa, em que seja identificado o sócio seu representante, podendo ser-lhe enviada como de um email para a “caixa de correio electrónico” da Associação: tabancapequena@gmail.com ou para a “caixa” pessoal moutinhosantos@net.novis.pt
2. Os Estatutos da associação estão transcritos no blogue da associação: http://www.tabancapequenadematosinhos.blogspot.com/ (Post 267).

Leça do Balio e sede da Associação, 11 de Março de 2011

O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral
(Eduardo Moutinho Santos)

Fonte: Tabanca de Matosinhos e Camaradas da Guiné (com a devida vénia...)
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Nota de M.R.:

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7783: Ser solidário (102): Sementes e água potável - Um projecto inovador (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 13 de Fevereiro de 2011:

Caros editores.
Com votos de bom domingo, junto um texto sobre o Projecto em desenvolvimento pela Tabanca Pequena em parceria com a AD de Sementes e água potável para a Guiné-Bissau.
Se entenderem que pode ser publicado no Blogue eu agradeço.

Fraterno abraço do Zé Teixeira


SEMENTES E ÁGUA POTÁVEL – UM PROJETO INOVADOR

É sim, um projeto inovador e exemplo a seguir, conforme me disse ainda esta semana o Pepito, Diretor geral da AD, a nossa parceira que gere o projeto da captação de água por administração direta no terreno e o complementa na dinamização e formação dos habitantes para rentabilizar melhor os recursos que a água proporciona.
Porque é inovador?
Os grandes projetos são dirigidos para os médios e altos centros populacionais, esquecendo o interior, aqueles que pela sua pequena dimensão e isolamento não têm voz. Tendencialmente os moradores do interior sonham em ir viver para os grandes centros à procura do maná que nunca lhes chegará às mãos. Perdem assim a sua identidade. Os que ficam resignam-se a viver com falta de meios.

Quando a Tabanca Pequena iniciou o Projecto Sementes e Água Potável para a Guiné-Bissau, potenciou uma nova e desafiante experiência - levar a água potável até às mais pequenas e mais recônditas Tabancas da Guiné. Terras por onde nunca passara até então a mais pequena réstia de progresso, a não ser alguns jeeps com curiosos turistas, ou os “toca toca”, o transporte público, qual convite ao abandono da terra e “fuga” para os grandes centros urbanos à procura do maná, tão propagandeado pelos “mass media”.

Começamos por Amindara, bem no centro da Mata do Cantanhez. A água, iam-na buscar a três quilómetros de distância. Manhã cedo, as crianças trocavam a sacola dos livros pela bacia de plástico e partiam para a mata à busca do precioso líquido.
Para surpresa dos adultos e gáudio da criançada, apareceram na tabanca uns indivíduos de fora da terra. Falavam outra linguagem, mais usada lá para o Norte, mas logo se entenderam.
Ali, mesmo no centro da tabanca havia água e eles iam-na trazer até à Mas como ?
Era preciso escavar. Escavar bem fundo. Mulheres e homens da terra, foram rapidamente conquistados para o projeto. O seu sonho tão antigo ia tornar-se realidade.
As crianças expectantes, de olhos arregalados, nem queriam acreditar.
A dezoito metros de profundidade surgiu o ouro líquido tão desejado e tudo na tabanca mudou.
A água era fresca e límpida. Mais que isso, era potável, e, estava ali. Mesmo ali à porta de casa. Nem dava para acreditar.

Para maior estranheza dos habitantes, a água começou a aparecer à superfície, na boca da mangueira, pela arte mágica do Sol, que despejava a sua energia num espelho colocado no topo de um mastro ali colocado pelos artistas vindos de Bissau. Transformada em força motriz, a energia do Sol alimentava a bomba que disponibilizava a água, sem o mais pequeno esforço das pessoas. Milagre da Natureza e da capacidade criativa do homem.

Quando o sol se ia embora, a água quedava-se pelo fundo do poço, até a manhã do dia seguinte. Situação que foi resolvida com a colocação de um depósito de 4.000 litros que garante água para as necessidades, até que o Sol e volte.

A água fonte da vida em todos os sentidos despoletou nas gentes da Amindara, forças até então desconhecidas.
Uma onda de felicidade atravessou a tabanca, uniu as pessoas e gerou nelas um sentimento de capacidade. Espelharam essa força na limpeza e higiene pessoal, sobretudo nas crianças. Na limpeza e ordenamento da tabanca. Nas roupas que usam. Na alegria que transmitem.

Já é possível educar, as crianças a lavarem as mãos antes de tomarem a refeição. Quantas doenças não se vão evitar nestes gestos tão simples!
Já é possível beber água com a garantia de salubridade. Quantas mortes por diarreias e doenças intestinais se vão evitar?

Ainda não há escola, mas as crianças talvez já tenham tempo disponível para irem para frequentarem a escola da Tabanca vizinha.

Com água por perto foi possível dinamizar a horticultura de modo a possibilitar uma alimentação mais rica e mais saudável, ou propiciar fontes de rendimento pela venda ou troca dos produtos hortícolas excedentes.

Os homens despertaram para a realidade de terem de defender os bens da sua terra. Uniram-se em projetos de proteção e defesa da floresta e de salvaguarda das espécies de caça, muito procuradas por caçadores furtivos de outras tabancas e estrangeiros. Caça que pretendem utilizar devidamente controlada para uso no enriquecimento da sua dieta alimentar.

Nota-se que as pessoas ganharam confiança em si próprias, nas suas capacidades e começaram a acreditar que é possível a mudança para melhor.
Não será isto, evolução cultural?
O que pode fazer uma simples torneira a jorrar água num aglomerado de cerca de quinhentas pessoas no interior de África!

A tabanca de Amindara, escondida no meio da floresta do Cantanhez ganhou vida. É caso para afirmar: A água é fonte de vida em todas as dimensões.

Acreditamos que é um exemplo a seguir. A construção por administração direta gerida pela AD- Acção para o Desenvolvimento, torna o projeto fiável, com a garantia de que nem um cêntimo se perde.

Continuamos no terreno, com um poço já aberto em Medjo e em pleno funcionamento. Os resultados positivos repetem-se. Apesar de estarem no fim da época propícia para desenvolver a horticultura, querem fazer experiências e vão tentar colher cebolas.

O próximo desafio é Farim do Cantanhez.

Zé Teixeira
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7754: Ser solidário (101): Espectáculo de Teatro e Música Popular. Campanha "Sementes e Água Potável para a Guiné-Bissau" (Zé Teixeira)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7754: Ser solidário (101): Espectáculo de Teatro e Música Popular. Campanha "Sementes e Água Potável para a Guiné-Bissau" (Zé Teixeira)


1. O nosso Camarada José Teixeira, (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), publicou no Facebook desta Tabanca a seguinte mensagem:

A LOC/MTC - Liga Operária Católica / Movimento de Trabalhadores Cristãos, da Paróquia de Vilar do Paraíso, em Vila Nova de Gaia, está a mobilizar os diversos organismos da Paróquia para a organização de um Espectáculo de Teatro e Música Popular com objectivo de angariar fundos para a nossa Campanha "Sementes e Água Potável para a Guiné-Bissau".

O espectáculo está a ser dinamizado pela LOC/MTC, JOC - Juventude Operária Católica, Grupo Missionário, com o apoio da Paróquia e a colaboração da Associação Desportiva e Cultural de Santa Isabel de Canelas.

Espectáculo: Teatro e Variedades

Data: 26 de Fevereiro, pelas 21h30.

Local: Centro Maria de Nazaré

Rua da Boa Nova (Junto ao Seminário)

Valadares

A entrada é livre - A angariação de fundos é concretizada através de um sorteio.

É mais uma oportunidade de participares no projecto.

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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

26 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7672: Ser solidário (100): Viagens Contra a Indiferença (Guiné-Bissau) (3) (Belarmino Sardinha / Fernando Nobre)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7730: Parabéns a você (214): José Teixeira, ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381 (Tertúlia e Editores)




PARABÉNS A VOCÊ

06 DE FEVEREIRO DE 2011


Caro camarada José Teixeira, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva. Sabes que és um camarigo especial entre a Tertúlia, pela tua colaboração no Blogue onde cada texto é um hino à solidadriedade que já praticavas ao tempo, e muito mais importante, pela tua actividade dentro da ONG da Tabanca Pequena de Matosinhos, sempre muito bem acompanhado pelos teus camaradas de Direcção. As vossas iniciativas a favor da Guiné-Bissau são reconhecidas e deram já muitos e bons frutos.

Assim, temos a certeza toda a Tertúlia vem desejar-te um feliz dia de aniversário junto de tua esposa, filhos e demais familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, porque isso se vai reflectir no bem de alguém, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas. Amigos não faltarão à tua volta, porque os sabes cativar e manter.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

(*) José Teixeira foi 1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70 e actualmente é membro da Direcção da Tabanca Pequena ONGD que se dedica a apoiar causas em favor do povo irmão da Guiné-Bissau

Vd. último poste da série de 6 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7729: Parabéns a você (213): Ana Duarte, Fernando Franco e Hugo Moura Ferreira (Tertúlia e Editores)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7702: Memória dos lugares (130): Banjara, destacamento a 45 km de Geba, CART 1690 / BART 1914, subunidade com um dos mais trágicos historiais do CTIG (1967/69) (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)



Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > Ao centro, em segundo plano, o nosso camarigo Alberto Branquinho, All Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1914 que foi encontrar, em Banajara, o seu amigo e condiscípulo do liceu de Santarém, Alf Mil Alfredo Reis, da CART 1690 / BART 1913.




Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O Alf Mil Alfredo Reis, com uma mauser... O Reis foi colega do Alberto Branquinho, dos tempos de Liceu em Santarém...









Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O destacamento não tinha população civil e era defendido por um pelotão da CART 1690. Distava 45 km de Geba. O ataque a 24 de Julho de 1968, às 18h00, já foi descrito por A. Marques Lopes, membro da nossa Tabanca Grande, na I Série do nosso blogue. As fotos são do ex-Alf Mil Alfredo Reis, também da CART 1690, embora tenham chegado à nossa mão através do A. Marques Lopes. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande.


Fotos: © Alfredo Reis / A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




Lisboa > Jantar de Natal 2007 > Os quatro gloriosos alferes da CART 1690 > Ao fundo, estão o Domingos Maçarico, à esquerda, e o Alfredo Reis, à direita. Em primeiro plano, está o António Moreira, à esquerda, e o António Marques Lopes, à direita. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande. E a CART 1690 faz o "pleno" em matéria de alferes milicianos...

Recorde-se o que o A. Marques escreveu sobre estes quatro grandes camarigos: "Em 21 de Agosto de 1967, fui ferido na estrada de Geba para Banjara e fui, uma semana depois, evacuado para o HMP, em Lisboa . O Domingos Maçarico foi ferido em 21 de Setembro de 1967, sendo igualmente evacuado para o HMP. O Alfredo Reis foi ferido na mesma altura, mas esteve apenas vários dias no hospital em Bissau. O António Moreira nunca foi ferido. Ele e o Reis estiveram sempre na companhia, em Geba e destacamentos, até Outubro de 1968"...A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

Foto: © A. Marques Lopes  (2007). Todos os direitos reservados




O Geba Estreito (Rio), ligando o Xime-Bambadinca-Bafatá-Contuboel e, na margem norte, a povoação de Geba, mais ou menos a 12 km, a oeste de Bafatá. Em 1953/55, na altura em que foi foi feito o levantamento cartográfico da Guiné, Geba era um centro ou entreposto comercial e uma "povoação de tipo indígena, cerrada". Em 1968, Geba era a sede da CART 1690. A noroeste de Geba ficava o destacamento de Banjara.

Fonte: Excerto da Carta da Guiné Portuguesa (1961) 1/500.000.




Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 > Destacamentos e aquartelamentos > 1968 > A CART 1690, com sede em Geba, tinha vários destacamentos: Banjara, Cantacunda, Sare Banda, Sare Ganá... Os destacamentos não tinham luz eléctrica e as condições de segurança eram precárias. O IN tinha uma importante base em Sinchã Jobel.



Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Milho Rei > Almoço-convívio das 4ªas feiras > 26 de Janeiro de 2011 > O regresso do nosso camarigo A. Marques Lopes... Ex-Alf Mil At Inf CART 1690 (Geba) e CCAÇ 3 (Barro) (1967/69), hoje Cor DFA, reformado.

Foto: © Tabanca de Matosinhos (2011) (Com a devida vénia...)



1. Há tempos, depois do Natal de 2010, falámos por telefone e eu perguntei-te:

- O que é feito de ti, camarigo António Marques Lopes, tertuliano da primeira hora, pioneiro do nosso blogue, co-fundador e co-editor do blogue Tabanca de Matosinhos ?... 

Acabei por saber que estavas com um problema de saúde por resolver... Pois, muito folgo de ver-te agora de regresso ao convívio dos camarigos, das 4ªas feiras, na Tabanca de Matosinhos (foto acima), neste caso no passado dia 26, no restaurante Milho Rei... 

Em tua homenagem, fui desencantar velhas fotos de Banjara, destacamento onde esteve um Grupo de Combate da tua primeira companhia na Guiné, a CART 1690... Em tua homenagem e dos camaradas, como tu, que por lá passaram, e de quem não temos falado nestes últimos tempos... Aqui ficam, editadas por mim, e reproduzidas em formato extra-largo... São "fotos falantes", com rostos expressivos, que por isso mesmo dispensam legenda... Banjara foi um dos muitos Bu...rakos por onde andávamos naquela terra onde Cristo nunca parou....

A CART 1690 foi mobilizada pelo RAL 1, fazendo parte do BART 1914 (Tite, 1967/1969). Partiu para a Guiné em 8/4/1967 e regressou à Metrópole em 3/3/1969. Esteve em Geba e em Bissau. Comandantes: Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães, e Cap Mil Art Carlos Manuel Morais Sarmento Ferreira.

Esta subunidade tem um dos mais trágicos historiais da guerra da Guiné: 10 mortos em combate, incluindo o Cap Art Guimarães, 2 alferes milicianos e um furriel miliciano; 12 militares "retidos pelo IN" (e levados para Conacri), dos quais 2 morreram no cativeiro; 5 militares, feridos em combate, e evacuados para o Hospital Militar Principal, da Estrela, em Lisboa, incluindo dois alferes milicianos, o A. Marques Lopes e o Domingos Maçarico (meu parente afastado). (LG)

2. O ataque ao destacamento de Banjara em 24 de Julho de 1968

por A. Marques Lopes

Vou-vos falar sobre Banjara. Não havia população civil e estava cercado por mata. Estava só um pelotão, 30 efectivos. A um quilómetro havia uma fonte onde, alternadamente, os nossos e o PAIGC se iam fornecer de água. Às vezes, encontravam-se… Mas havia uma fuga concertada dos dois lados, sem tiroteio. Ficava a 45 kms da sede da companhia (a CART 1690, em Geba).

Como podem ver pelo mapa [do sector de] Geba que já vos enviei, tinha do lado esquerdo a base de Samba Culo, do PAIGC, e do lado direito a base de Sinchã Jobel. Os abastecimentos eram feitos por terra, com grandes dificuldades. Às vezes demoravam muito tempo, pelo que era necessário recorrer aos "produtos" da natureza, isto é, apanhar algum bicho para comer (javalis, pássaros, macacos e até cobras). Neste ataque de que vos dou o relatório, tentaram fazer o mesmo que em Cantacunda [, apanhar a malta à unha], mas sem sucesso.

Ataque a Banjara (excertos do relatório):

24 de Julho de 1968.

"Desenrolar da acção: No passado dia 24, pelas 18H00, o destacamento de Banjara foi atacado por numeroso grupo IN, estimado em cerca de 80 elementos (Bigrupo reforçado) com o seguinte armamento:

-Morteiro 82

-Morteiro 60

-Bazuca

-Lança-Rocketes

-Metralhadoras pesadas

-Armas ligeiras


"O ataque terminou às 19H15. Verificou-se que, durante o ataque, as NT sofreram 1 morto e 2 feridos, tendo sido atingido por uma granada de morteiro a caserna e por uma granada do lança-rocketes o depósito de géneros.

"O ataque foi efectuado no sentido Norte-Sul tendo o IN instalado alguns elementos do lado Sul. Verificou-se que, mal o IN abriu fogo com os morteiros 82 e 60, alguns elementos correram imediatamente para a rede de arame farpado, cortando o arame nalguns sítios, procurando penetrar no aquartelamento. No entanto, devido à pronta reacção das NT, não o conseguiram, tendo sido obrigados a retirar, após o que continuaram a flagelar o aquartelamento sem, contudo, causarem mais baixas às NT.

"Diversos: A hora a que o ataque se realizou quase que coincidiu com a hora da terceira refeição. Verificou-se que a maioria dos soldados se encontravam a tomar banho, pois tinham acabado de jogar uma partida de futebol.

"O impacto inicial do ataque foi sustido principalmente pelo soldado Manuel da Costa que, mal se iniciou o ataque, correu para a metralhadora pesada Breda [, vd. foto acima,]e, sem ser apontador da mesma, pô-la imediatamente [em acção] e manteve-se sempre nesse posto, e pelo soldado José Manuel Moreira da Sila Marques que, sozinho, em virtude dos outros dois camaradas que constituíam a esquadra do morteiro 81, terem sido feridos, funcionou com o mesmo, tendo a presença de espírito para, a certa altura, e após ter verificado que algumas das granadas estavam sujas de terra, despir os calções para limpar as mesmas e poder assim continuar a bater o IN com um fogo bastante certeiro.

"A coluna de socorro, constituída por 1 PEL REC do EREC [Esquadrão de Reconhecimento] 2350, 1 Gr Comb da CART 1690 e pelo PEL CAÇ NAT 64, saiu de Saré Banda às 07H30 do dia 25 (e tal deveu-se a ter sido necessário recolher as forças que executavam a Operação Iluminado) e atingiu Banjara às 15H00, pois foi necessário picar toda a estrada até ao destacamento de Banjara.

"Quando a coluna lá chegou ordenei que um Gr Comb batesse toda a região, tendo o mesmo detectado várias manchas de sangue e pedaços de camuflado IN, e munições de armas ligeiras.

"Devido às baixas, deixei uma secção a reforçar o destacamento de Banjara, tendo em seguida regressado a Geba.

"Resultados obtidos:

"Baixas sofridas pelo IN: dois mortos confirmados; várias baixas prováveis; material capturado: munições de armas ligeiras e uma granada de morteiro 82".

[Revisão / fixação de texto / edição e selecção de fotos: L.G.]

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Nota de L.G.:

Último poste desta série > 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7700: Memória dos lugares (129): Ponta do Inglês no tempo da CART 1746 (Manuel Moreira)