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sábado, 21 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20164: In Memoriam (348): António Manuel Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018), ex-alf mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel, Nhabijões e Bambadinca, 1969/71... Entra para a Tabanca Grande, a título póstumo, sob o nº 797.

António Manuel Carlão
(Mirandela, 1947- Esposende, 2018)
1. Através do nosso amigo, camarada e grã-trabanqueiro, Fernando Sousa, que viva na Trofa  (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971), soubemos ontem da notícia, tardia, da morte do ex-alf mil António Manuel Carlão, ocorrida no  passado dia 14 de novembro de 2018.

Essa triste notícia foi por nós confirmada através de pesquisa na Net:

"2018-11-14 > Deixou o nosso convívio... > Faleceu hoje António Manuel Carlão com 70 anos de idade, após doença prolongada. Era natural de Mirandela mas residia há bastantes anos nesta Vila fangueira, mais recentemente no lugar dos Lírios. Era genro do falecido sr. Bento da Lareira [, restaurante "A Lareira", em Fão,], figura que foi bastante conhecida na restauração local.

"O seu corpo encontra-se a ser velado na Casa Mortuária de Fão e as cerimónias fúnebres e religiosas terão lugar amanhã, quinta feira, a partir das 16 horas, indo depois a sepultar no cemitério local.

"O Novo Fangueiro apresenta a todos os familiares os votos sentidos de profundo pesar."


Também vimos, no Facebook da Agência Funerária Fangueira, a notícia necrológica dada pela família (esposa, filhos, genros, netos e demais parentes).


[Foto à direita:] Esposende > Fão > 1994 > 1º Encontro do pessoal de Bambadinca (1968/71): CCS do BCAÇ 2852 (1969/71), CCAÇ 12 (1969/71), Pel Daimler 2206 (1970/71) e outras unidades adidas.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Na foto, à direita, aparecia o ex-alf mil António Carlão, transmontano, da CCAÇ 12,  era o terceiro a contar da esquerda, sendo ladeado, à  sua direita, pelo Humberto Reis (Lisboa)n  o José Luís Sousa (Funchal), ex-furriéis, da mesma unidade; e, à sua  esquerda,   pelo José Luís Vacas de Carvalho (Lisboa), ex-alf mil cav do Pel Rec Daimler 2206

O Carlão era, na altura, comerciante em Fão, tendo tido ele o mérito de organizar do encontro, com a prestimosa colaboração da sua esposa Helena que conviveu connosco em Bambadinca, durante grande parte da comissão.

Foi a primeira (e última) vez,  de resto, que o reencontrei depois do regresso da Guiné, em março de 1971. No verão de 2018, passei por Fão e procurei saber notícias dele.  Disseram-me que tinha mudado de local de residência. Verifiquei que o sogro era pessoa conhecido na terra pela sua ligação à restauração, mas que já deixara a gerência do restaurante "A Lareira". Pelo que apurei, o Carlão e a Helena devem ter vivido em Angola, depois do regresso da Guiné, até à data da independência. Segundo bem percebi, a família da Helena era retornada e integrou-se bem em Fão, Esposende.

Tanto quanto me lembro, o Carlão veio do CSM para o COM, e foi mobilizado para a Guiné através da nossa CCAÇ 2590, que mais tarde daria origem à CCAÇ 12. Era originalmente o comandante do 2º Gr Comb, a quem pertcnciam, entre outros, os ex-fur mil, nossos grã-tabanqueiros, António Levezinho e Humberto Reis.  Teve uma atuação polémica no decurso da Op Pato Rufia, no subsetor do Xime, em 7 de setembro de 1969, de que resultou a primeira baixa mortal da companhia, o sold at inf Iero Jaló (*).

Entretanto, ainda antes de casar (a esposa virá  viver para Bambadinca,  creio que a partir de finais de 1969 ou princípios de 1970),  o António Carlão é escolhido pelo cap inf Carlos Brito para integrar a equipa técnica do reordenamento e autodefesa  de Nhabijões (**): essa equipa, pelo lado da CCAÇ 12, é constituída, além do alf mil António Manuel Carlão, pelo fur mil Joaquim A. M. Fernandes, o 1º cabo at Virgilio S. A. Encarnação e o sold arv Alfa Baldé,  os quais vão  tirar o respetivo estágio a Bissau, de 6 a 12 de Outubro de 1969. A essa equipa juntam-se dois  carpinteiros, os 1º cabos aux enf Fernando Andrade de Sousa, que vive hoje na Trofa, e o Carlos Alberto Rentes dos Santos, que  vive em Amarante (**).  

Esporadicamente, o alf mil Carlão ia fazendo uma ou outra coluna logística (aos subsetores de Mansambo, Xitole e Saltinho). Numa delas,  rebentou na frente da coluna uma mina A/C, num dia em que ele decidiu levar a sua Helena para ver os rápidos do Saltinho. Ainda me recordo como ia vestida: de camuflado e sapatos de salto, vermelhos... Seguia  "à guarda" do alf mil capelão Arsénio Puim.  Por razões de segurança (e de bom senso), acabou por ficar retida, a meio do trajeto, em Mansambo (***).


2. Temos, no nosso blogue,  uma escassa meia dúzia de referências ao António Manuel Carlão, e também à sua esposa,  Helena Carlão,  que era uma das poucas senhoras que viveu em Bambadinca no nosso tempo (****)



Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca, > CCS/BART 2917 (1970/72) > s/d  [. c. 1970] > Messe de oficiais > Da esquerda para a direita: (i) o Cap Art Passos Marques, comandante da CCS; (ii) o Alferes Sapador da CCS, Luís Moreira; (iii) a Helena Carlão, a mulher do Alf Mil Inf Carlão (CCAÇ 12); (iv) o Alf Mil Inf Abel Rodrigues (CCAÇ 12); (v) o Alf Mil Abílio Machado (CCS); (vi) e o Alf mil Op Esp Francisco Moereira; e (vii)  mais um oficial que não conseguimos idemtificar, provavel,mente da CCS, ou de uma suubidade adida ao BART 2917.

 Foto: © Gualberto Magno Passos Marques (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Convivi pouco com o alf mil Carlão, e menos ainda com a Helena (****). Vivíamos, os oficiais, os sargentos e as praças em "regime de apartheid", ou seja, de "segregação socioespacial"... Cada classe tinha os seus espaços de hotelaria,  sociabilidade, lazer e convívio. Outros camaradas poderão falar melhor do que eu do António Carlão e da Helena Carlão. Nunca tivemos relações de amizade nem nunca o Carlão se aproximou do nosso blogue. Em todo caso, e em memória do que passámos juntos (, a Op Pato Rufia foi, não posso esquecê-lo, o meu batismo de fogo...), eu acho que ele deve figurar, a título póstumo, na lista alfabética dos membros da Tabanca Grande...

A sua aventura terrena acabou em 14/11/2018, por motivo de doença prolongada, aos 71 anos incompletos.  Lamentamos só agora ter sabido da sua morte. Que esta pequena homenagem  do nosso blogue seja vista pela Helena, e pelos seus filhos e netos, como um tributo de saudade dos antigos camaradas de armas do António.  Ele entra, a título póstumo,  para a nossa Tabanca Grande com o nº 797, depois do Domingos Robalo (nº 795) e do Carlos Marques de Oliveira (nº 796), cuja apresentação será feita nos próximos dias.

Embora com um atraso de 10 meses, aqui fica a manifestação do nosso apreço e da nossa solidariedade na dor,  para a Lena e a sua família. É missão, nobre, do nosso blogue "enterrar os nossos mortos" e "fazer o seu luto", não deixando os nossos camaradas da Guiné ir para a "vala comum do esquecimento". É esse o sentido do nosso gesto. (*****)
____________





terça-feira, 28 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P7048: A minha CCAÇ 12 (7): Op Pato Rufia, 7 de Setembro de 1969: golpe de mão a um acampamento IN, perto da antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, morte do Sold Iero Jaló, e ferimentos graves no prisioneiro-guia Malan Mané e no 1º Cabo António Braga Rodrigues Mateus (Luís Graça)







Esposende > Fão > 1994 > A primeira vez que me  reencontrei com a malta de Bambadinca (1968/70), incluindo os meus camaradas da CCAÇ 12, e outras subunidades adidas ao comando do BCAÇ 2852. 


Na foto, estão alguns camaradas que participaram comigo na Op Pato Rufia, 7 de Setembro de 1969, agora aqui evocada... Não tenho a veleidade de ter boa memória, mesmo assim arrisco uma legenda: na primeira fila, da esquerda para a direita: Fur Mil MAR Joaquim Moreira Gomes [, vivia no Porto, na altura ];  sold cond auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vive em Aljubarrota, Prazeres]; um antigo escriturário da CCS/ BART 2917 (morava em Fão, Esposende); Alf Mil Inf António Manuel Carlão [,casado com a Helena,  comerciante, vive em Fão,  Esposende]; Fur Mil Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal; damista, grande jogador de king e de lerpa, no nosso tempo, a par do Humberto Reis];  Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques [, prof univ., fundador deste blogue,  vive em Alfragide / Amadora]; Arménio Monteiro Fonseca (taxista, no Porto, da empresa Invictuas, táxi nº 69, mais conhecido no nosso tempo como o "vermelhinha"); Fur Mil José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, onde vive, agente de seguros]...


Na segunda fila de pé, da esquerda para a direita: Fernando Carvalho Taco Calado, Alf Mil Trms, CCS/BCAÇ 2852; Alf Mil Manutenção Ismael Quitério Augusto, CCS/BCAÇ 2852;  Fur Mil António Eugénio Silva Levezinho [, Tony para os amigos, reformado da Petrogal, vive em Martingal, Sagres, Vila do Bispo];  Capitão Inf Carlos Alberto Machado Brito [, Cor Ref, vive em Braga, passou pela GNR]; n/s; major Cunha Ribeiro, mais conhecido por "major elétrico", 2º comandante do BCAÇ 2852; Fur Mil Op Esp Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, vive Alfragide / Amadora; na foto, escondido, de óculos escuros]; n/s; Alf Mil Cav José Luís Vacas de Carvalho, Pel Rec Daimler 2206; Alf Mil Inf Mário Beja Santos, Pel Caç Nat 52;  Fur Mil António Fernando R. Marques [, natural de Abrantes, vive em Cascais, empresário reformado];  Manuel Monteiro Valente (de bigode e de perfil, ex-1º Cabo, 1º Gr Comb, CCAÇ 12, apontador de dilagrama; Abel Rodrigues (hoje bancário reformado, ex-Alf Mil, 3º Gr Comb, CCAÇ 12); Alf Mil Op Esp Francisco Magalhães Moreira [, vive em V. N. Famalicão ou Fafe, se não erro]; Fur Mil Joaquim Augusto Matos Fernandes [, de óculos escuros, engenheiro técnico, vive no Barreiro]; 1º Cabo Carlos Alberto Alves Galvão [, o homem que foi ferido duas vezes numa operação, vive na Covilhã];  Fernando Sousa (ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 12, vive na Trofa); e, por fim, 2º Sarg Inf Alberto Martins Videira [, vive ou vivia em Vila Real].


Foto: © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados






Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Paúnca > CCAÇ 11 > Pós-25 de Abril de 1974 > O ex-Fur Mil Op EspJ. Casimiro Carvalho, empunhando um RPG2 (ou 7 ?), e posando para a fotografia com um roqueteiro do PAIGC. O Malan Mané, aqui referido no texto a seguir, também era apontador de RPG2, na altura em que foi feito prisioneiro no decurso da Op Nada Consta (*).


RGP em russo quer dizer Ruchnoi Protivotankovii Granatomet (lança-granadas anti-tanque). Era uma temível arma que datava dos finais de 1940 ou princípios dos anos 50. Deixou, entretanto, de ser usada pelo exército russo por volta de 1960, sendo substituída pelo RPG 7, mais sofisticado e eficaz. 


Esta arma era muito popular entre os grupos de guerrilha existentes em todo o mundo. Era a bazuca dos pobres... Na Guiné, era uma arma de má memória, altamente temida por nós (e pelo próprio PAIGC, quando usada com eles); matou e estropiou muitos camaradas nossos... 


É uma arma muito leve (tubo= 2,86 kg.; tubo + granada= 4,48 kg.) e de fácil manobra: 0, 95 m de comprimento (o tubo) ou 1,20 m  (tubo + granada). Rapidez: Até 6 tiros por minuto. Velocidade máxima: 84 m por segundo. Alcance efectivo= 100 metros. Munição: PG2, granada altamente explosiva, de pólvora preta. Penetração em chapa blindada: até 180 mm. (Agora imagine-se em pele, carne e osso...).


Especificações técnicas / Technical details: Fonte/Source: Cortesia de/ Courtesy of The Sword of Motherland Foundation (2000-2007) 


Foto: ©  J. Casimiro Carvalho (2007). Todos os direitos reservados




Resumo: A CCAÇ 2590/CCAÇ 12, composta por quadro metropolitanos, chegados à Guiné em finais de Maio de 1969 , e por soldados africanos, praticamente todos oriundos do chão fula que tinham feito a sua instrução básica e de especialidade em Contuboel, é dada como operacional, a partir de 18 de Julho de 1969.


Colocada em Bambadinca (Sector L1), como unidade de intervenção, fica pronta a actuar às ordens de qualquer um dos sectores da Zona Leste da Guiné (em especial dos Sectores L1, L3 e L5). Tem o seu baptismo de fogo logo imediatamente a seguir, em Madina Xaquili, ainda em Julho de 1969 e em farda nº 3, no sub-sector de Galomaro .






1. A minha CCAÇ 12 >  Op Pato Rufia: golpe de mão a um acampamento do IN, perto da antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, morte do Sold Iero Jaló, e ferimentos graves no prisioneiro-guia Malan Mané e no 1º Cabo António Braga Rodrigues Mateus


por Luís Graça


O guerrilheiro Malan Mané que foi aprisionado pelos pára-quedistas, na Op Nada Consta (*), realizada em conjunto com a CCAÇ 12 e outras forças, ficou depois à disposição do comando do  BCAÇ 2852, na sede do sector L1, em Bambadinca. Sujeito a interrogatório (e explorando-se o seu estado psicológico), forneceu informações que levariam à localização de um outro acampamento IN, desta vez  no sub-sector do Xime.


Tratava-se de um destacamento avançado,  a escassas horas do Xime, composto por 5 cubatas paralelamente à estrada Xime-Ponta do Inglês, do lado oeste, internadas na mata cerca de 150 metros.


O prisioneiro estivera lá três meses antes, e na altura os efectivos eram de cerca de 40 homens (mais ou menos um bigrupo), incluindo um grupo especial de roqueteiros que todas as manhãs se deslocavam para a Ponta Varela afim de atacar as embarcações em circulação no Rio Geba. O armamento era constituído por seis RPG-2  e armas ligeiras.


Com base nestas informações planeou-se imediatamente Op Pato Rufia afim de executar um golpe de mão sobre o acampamento em referência, com o prisioneiro a servir de guia.


O início do golpe de mão estava previsto para a madrugada do dia 25 de Agosto, mas o guia , o prisioneiro Malan Mané, perdeu-se, alegadamente devido à escuridão e à altura do capim. Foi decido então fazer um prévio reconhecimento da área.


A 27 de Agosto, o 2º Gr Comb da CCAÇ 12 e forças da CART 2520, do Xime, detectariam uma casa de mato abandonada e uma granada de morteiro 60 que não foi levantada por não apresentar garantias de segurança, a escassas centenas de metros do acampamento IN cujos trilhos de acesso foram devidamente reconhecidos pelo prisioneiro.


No regresso ao Xime verificou-se que o trilho, feito pelas NT dois dias antes, estava minado nos pontos de confluência com a estrada da Ponta do Inglês, tendo os picadores detectado cinco minas anti-pessoal. Tornava-se evidente que o IN fora alertado da presença das NT e que entretanto redobrara de vigilância.


A 7 de Setembro de 1969, repetia-se a Op Pato Rufia, com  a duração previsível de dois dias, e com a seguinte composição e articulação das forças:


(i) Destacamento A: CCAÇ 12 (Bambadinca) a 3 Gr Comb (+);


(ii) Dest B: CART 2520 (Xime) a 2 Gr Comb (+ 1 Secção do Pel Mil 145, de Amedalai)


(iii) Dest C: PEL CAÇ NAT 53 (Saltinho), 63 (Fá Mandinga) e 52 (-) (Missirá).




A missão era executar um golpe de mão sobre o acampamento IN erm Xime (3C7 -28), por parte do Dest A, conjugado com emboscadas, ao cuidado dos Dest B e C.


Desenrolar da acção:


(i) A progressão iniciou-se, a partir do Xime,  pelas 1.30h da noite, atingindo-se as proximidades do local do acampamento IN já perto da madrugada.


(ii) Os Dest B e C dirigiram-se para os seus locais de emboscada, enquanto o Dest A formava em linha paralelamente à estrada, a uns 200 m.


(iii) Sabia-se que o IN tinha uma sentinela avançada e que os elementos do grupo dormiam com as armas à cabeceira. A aproximação através do capim alto e da mata densa facilmente denunciava as NT.


(iv) E, de facto, ainda mal o Dest A (CCAÇ 12) tinha iniciado a progressão em linha quando foi alvejado por duas rajadas de pistola-metralhadora que deram o sinal de alarme.


(v) Imediatamente as NT começaram a ser batidas por fogo de lança-rockets, morteiro 60 e armas automáticas a que reagiram prontamente.


(vi) Foi nessa altura que um dilagrama, ao ser descavilhado, rebentou à boca da arma, por deficiência da alavanca de segurança, tendo atingido o prisioneiro Malan Mané e o Soldado Iero Jaló (2º Gr Comb) que o conduzia e que teve morte quase instantânea.


(vii) Entretanto já tinham sido feridos o 1º Cabo Mateus (3º Cr Comb) com um tiro no joelho e dois picadores da milícia do Xime.


(ix) Continuando a progressão, e tendo ficado 1 Gr Comb (-) a montar segurança aos feridos, atingiu-se o acampamento constituído por 9 cubatas, para quatro a cinco homens cada, e que o IN tinha abandonado precipitadamente.


(x) Na fuga urn pequeno grupo foi cair na zona de emboscada do Dest B que abriu fogo, tendo o IN reagido com um disparo de RPG-2 que causou vários feridos ligeiros às NT.


(xii) Entretanto já os Gr Comb do Dest A tinham literalmente saqueado as casas de mato, recolhendo documentos, livros didácticos, folhetos de propaganda e objectos pessoais (inclusive maços de tabaco russo), além de material de guerra.


(xiii) À ordem, as forças dos 3 Dest reuniram-se no local do acampamento e colaboraram numa batida minuciosa à zona a fim de detectar os vestígios deixados pelo IN que retirou, disperso, em debandada, na direcção de Buruntoni e Ponta Varela.


(xiv) Além de vários feridos prováveis, o IN sofreu 2 mortos confirmados (posteriormente).


(xv) Feita a evacuação dos feridos, os 3 Dest receberam ordem de retirar.


(xvi) Entre Gundagué Beafada e Madina Colhido foram ouvidos vários rebentamentos na área do acampamento. Presumindo que as NT ainda estivessem no local, o IN fizera fogo de reconhecimento na direcção do Buruntoni.


(xvii) Por volta das l6h do dia 7, as nossas forças chegavam ao aquartelamento do Xime, tendo o Dest A transportado em maca o cadáver do soldado Iero Jaló.


(xviii) O material capturado pelo Dest A (CCAÇ 12), no valor de 10.825$00, foi o seguinte:


Granadas de RPG2= 30
Granadas de Mort 60 = 6
Granadas de mão defensivas = 2
Minas anti-pessoal = 3
Munições 7,62 Pist Metr PPSH = 610
Munições 7,62 Esp Aut Kalashnikov e Met Lig Degtyarev = 88
Carregadores Esp Aut Kalashikov c/bolsa = 3
Carregadores Metr Lig Degtyarev=2
Carregadores Pist Metr PPSH = 2
Cartuchos propulsores = 9
Cargas suplementares de RPG-2 = 34
Saco de campanha = 1
Cantil = 1
Marmita = 1
Almotolias =2


(xix) Baixas das NT: 


- Soldado do recrutamento local, nº82115969, Iero Jaló (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12);


- Feridos graves /(evacudos para o HM241): 1º Cabo António Braga Rodrigues Mateus (3º Gr Comb, 1ª Secção, comandada pelo Fur Mil Arlindo T. Roda, CCAÇ 2590/CCAÇ 12); prisioneiro-guia Malan Mané;


- Feridos ligeiros:  Sold At José Rosa Franciso (CCAÇ 2520); Sold Mil  nº 385/64, Iero Só (Pel Caç Nat 145); Sold Mil nº 394/67, Alseine Canté (Pel Caç Nat 145).


Até ao fim do mês de Setembro de 1969, os grupos IN do Xime manifestar-se-iam três vezes:


(i) a 24,  emboscando na área de Poindon/Ponta Varela (Xime 3D2-30)  forças da CART 2520 (Xime) que tiveram um ferido; o grupo IN, não estimado, fez fogo,  durante 3 minutos, de LGFog, Mort 60 e Armas Automáticas, tendo retirado na diercção de Baio;


(ii) a 28, flagelando em Darsalame/Baio com costureirinhas (pistolas metralhadoras PPSH) e rockets o 1º e o 3º Gr Comb da CCAÇ 12 durante a Op Prato Raso;


(iii) e a 29, desencadeando uma emboscada contra forças da CART 2339 (Mansambo) que sofreram um morto e um ferido grave, na estrada Mansambo-Bambadinca (Xime 8B4-72); o grupo IN estimado em 15 a 20 elementos fez fogo, durante 15 minutos, de LGFog, Mort 60 e Armas Automáticas.




2. Comentário de L.G.:


O dilagrama que provocou este trágico acidente era empunhado por um alferes da CCAÇ 12, que não era, obviamente, o  apontador habitual de diligrama do seu grupo de combate (o apontador da 1ª Secção do 2º Gr Comb era o Sold nº 82116369 Sidi Jaló que, há quem diga, terá sido fuzilado pelo PAIGG em 1975). 


O alferes, como se tratava do seu primeiro assalto,  em linha, a um objectivo IN, fez questão de ser ele próprio a levar o diligrama...  Tentou jogar a arma para longe quando se deu conta que a cavilha de segurança da granada se soltara prematuramente. Nem todos nós, que íamos em progressão, em linha, tivemos tempo de nos lançarmos ao chão... Foi um acontecimento trágico, que pessoalmente me marcou muito. O Iero Jaló foi o primeiro homem que ue vi morrer ao meu lado (**).


No relatório da operação  omitiu-se, deliberadamente ou não, por razões que desconheço, o facto de o apontador do diligrama não ser o Sidi Jaló, mas sim o seu comandante... (Vd. excerto, a seguir, da História da Unidade, BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70, Cap II, p. 106).








 O Iero Jaló, de etnia fula, morreu ao meu lado. Fomos no dia seguinte enterrá-lo na sua aldeia, no regulado do Cossé (se não me engano...). Teve honras militares. Lembro-me do ridículo atroz da cerimónia (, pelo menos para mim, para a minha sensibilidade).


Por sua vez, o Malan Mané, o prisioneiro, de etnia mandinga, foi também gravemente ferido, tendo sido evacuado para Bissau.  Soube, em Maio de 2006, através do Torcato Mendonça, que o Malan Mané  conseguira sobreviver aos ferimentos... Não sei, porém, se hoje é ainda é vivo e, se sim, onde vive... Gostava muito de saber dele.


Eis o que na altura, ao entrar para o nosso blogue,  me escreveu o Torcato:


(...) "Fui alferes miliciano na CART 2339 [Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69]. Li certos eventos que os vivi: por exemplo, o Malan Mané estava vivo em Novembro de 1969 e recebia tratamento no Hospital Militar de Bissau. Abracei-o, causando espanto ao fuzo que o guardava. Só que eu estive na mata com o Malan Mané, soube que foi ferido... (Eu usava como arma, quando se justificava, o dilagrama)" (...)


Quanto ao ex-1º Cabo António Braga Rodrigues Mateus, julgo que todos lhe perdemos o rasto. Há tempos, fazendo uma pesquisa na Internet, encontrei um nome igual, numa página do sítio da Câmara Municipal de Matosinhos, que não consegui abrir... Será que o Mateus vive para esses lados ?
 
Fontes consultadas:


História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1971. Cap. II. 11-13. Selecção e notas de L.G.


Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné, I Série > 8 Agosto 2005 > Guiné 63/74 - CXLVI: Setembro/69 (Parte I) - Op Pato Rufia ou o primeiro golpe de mão da CCAÇ 12


Diário de um Tuga (notas pessoais de L.G.)
_________________


Nota de L.G.:


(*) Último poste da série > 7 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai... (Luís Graça)


(**) Vd. Luís Graça > Blogpoesia >  Dezembro 8, 2005 > Blogantologia(s) II - (22): Esquecer a Guiné


(...) Descansa em paz,
Ieró Jaló,
Soldado atirador nº 812117869,
Da 3ª secção do 1º Grupo de Combate
Da CCAÇ 2590
(Mais tarde CCAÇ 12).
Descansa em paz, 
djubi,
Debaixo do poilão da tua tabanca,
No chão fula....
Belíssimo poilão frondoso
De uma triste tabanca fula,
Cercada de arame farpado,
Trincheiras e valas de abrigo.
Sete de Setembro
De mil novecentos
E sessenta e nove.
Região do Xime.
Operação Pato Rufia.
Morreste em linha.
Organizado.
No assalto a um aquartelamento do IN.
Estupidamente.
Morto por um dilagrama.
Por um dos nossos.
Um dilagrama nosso
Que explodiu na tua cara.
Por defeito de fabrico,
Disse o relator do relatório.

Nunca soube a tua idade.
Mas eu levei-te a enterrar
Na tua aldeia.
Com honras militares,
Tiros de salva,
Discursos patrioteiros,
Estúpida verborreia,
E a bandeira verde-rubra
Dos 
tugas
Por cima do teu caixão.
Chorei por ti,
Que morreste a meu lado,
E que levavas um prisioneiro,
O Malan Mané,
Que também ficou gravemente ferido.

Tu, que não eras meu irmão.
Nem grande nem pequeno.
Nem tinhas a mesma cor de pele.
Nem a mesma religião.
Nem a mesma língua.
Nem a mesma pátria.
Nem o mesmo continente.
Eras apenas um soldado-atirador
De 2ª classe.
Não eras 
turra, eras uma nharro.
Mas, para mim, eras apenas um homem.
O que primeiro que vi morrer a meu lado.
De morte matada.
Nunca mais chorei por mais ninguém.
Chorei por ti, Ieró Jaló.
De raiva. (...)

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20169: In Memoriam (349): António Manuel Carlão (1947-2018): testemunhos e comentários (Abel Rodrigues, Fernando Calado, Arsénio Puim, Jorge Cabral, Luís Graça)



Esposende > Fão > 1994 > A primeira vez que a  malta de Bambadinca (1968/71), camaradas da CCAÇ 12, e outras subunidades adidas ao comando do BCAÇ 2852, mas também malta do BART 2917 (1970/72)... Este primeiro encontro foi organizado pelo António Carlão, ao centro, assinalado com um retângulo a amarelo:

Na primeira fila, da esquerda para a direita: 

(i) Fur Mil MAR Joaquim Moreira Gomes [, vivia no Porto, na altura ]; 

(ii)  sold cond auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vivia em Aljubarrota, Prazeres]; 

(iii) um antigo escriturário da CCS/ BART 2917 (morava em Fão, Esposende); 

(iv) Alf Mil Inf António Manuel Carlão (1947-2018) [,casado com a Helena, comerciante, vivia em Fão, Esposende];

(v)  Fur Mil Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal; damista, grande jogador de king e de lerpa, no nosso tempo, a par do Humberto Reis]; 

(vi)  Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís [Manuel da ]  Graça [ Henriques]  [, prof univ., fundador deste blogue, vivia em Alfragide / Amadora]; 

(vii) Arménio Monteiro Fonseca (taxista, no Porto, da empresa Invictuas, táxi nº 69, mais conhecido no nosso tempo como o "vermelhinha"); 

(viii) Fur Mil José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, onde vivia, agente de seguros reformado]...


Na segunda fila de pé, da esquerda para a direita: 

(ix) Fernando [Carvalho Taco]  Calado, Alf Mil Trms, CCS/BCAÇ 2852 [, vivia em Lisboa];

(x) Alf Mil Manutenção Ismael Quitério Augusto, CCS/BCAÇ 2852 ], vivia em 

(xi)  Fur Mil António Eugénio Silva Levezinho [, Tony para os amigos, reformado da Petrogal, vivia em Martingal, Sagres, Vila do Bispo]; 

(xii)  Capitão Inf Carlos Alberto Machado Brito [, Cor Inf Ref, vivia em Braga, tendo passado pela GNR]; 

(xiii) camarada, de óculos escuros, que não sei identificar [, diz-me o Fernando Andrade Sousa que se trata do Pinto dos Santos, ex-furriel mil de Operações e Informações, CCS / BCAÇ 2852, natural de Resende];

(xiv) major àngelo Augusto Cunha Ribeiro, mais conhecido por "major elétrico", 2º comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70); 

(xv) Fur Mil Op Esp Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, vive Alfragide / Amadora; na foto, escondido, de óculos escuros]; 

(xvi) camarada não identificado;

(xvii) Alf Mil Cav José Luís Vacas de Carvalho, Pel Rec Daimler 2206; 

(xviii) Alf Mil Inf Mário Beja Santos, cmdt do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70; vive em Lisboa, nosso colaborador permanente]

(xix)  Fur Mil António Fernando R. Marques [, natural de Abrantes, vive em Cascais, empresário reformado]; 

(xx)  Manuel Monteiro Valente [de bigode e de perfil, ex-1º Cabo, 1º Gr Comb, CCAÇ 12, apontador de dilagrama, vive no Porto, organizou o convívio, em 2019, do pessoal de Bambadinca, 1968/71]

(xxi) Abel Maria Rodrigues [hoje bancário reformado, vive em Mirando do Douro, ex-Alf Mil, 3º Gr Comb, CCAÇ 12]; 

(xxii) Alf Mil Op Esp Francisco Magalhães Moreira [, vive em V. N. Famalicão, se não erro; nunca mais o vi, desde deste 1º encontro, em 1994; não é membro daTabanca Grande]; 

(xxiii) Fur Mil Joaquim Augusto Matos Fernandes [, de óculos escuros, engenheiro técnico, vive ou vivia no Barreiro; não é membro da Tabanca Grande ]; 

(xxiv) 1º Cabo Carlos Alberto Alves Galvão [, o homem que foi ferido duas vezes numa operação, vive na Covilhã,: não integra a Tabanca Grande]; 

(xxv)  Fernando Andrade Sousa (ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 12, vive na Trofa); 

(xxvi) e, por fim, 2º Sarg Inf Alberto Martins Videira [, vive ou vivia em Vila Real].


Foto (e legenda): © Fernando Calado (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Cinco mensagens ou  comentários de membros da nossa Tabanca Grande que conheceram (e conviveram com) o  António Carlão (*):


(i) Abel Maria Rodrigues [, vive em Mirando do Douro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71, cmdt do 3º Gr Comb]

Olá, Luis!
Obrigado pela tua comunicação sobre o falecimento do Carlão. No dia 30/8/2019 o Duraes publicou a triste notícia no grupo [, fechado,] Bambdainca, do Facebook,  de que è administrador. 
Eu era o único da companhia [, CCAÇ 12,]  que mantinha contacto regular com ele, pois ia muitas vezes jantar ao restaurante dele [, em Fão, Esposende,]  com a minha família e cheguei a ir também com o Branco, o Sousa e o Mateus.
Tinha falado com ele por telefone pouco antes de falecer e disse-me que tinha fechado o restaurante e passava a vida entre Fao e o Canada onde vivia uma filha.
Fiquei chateado com a Helena por não me ter comunicado, pois ele costumava caçar com primos meus na minha aldeia e também não souberam nada.Quanto á duvida que tens ele veio do CSM mas não passou pelos Rangers [,em Lamego]..
Paz para alma dele e dos camaradas já falecidos e saúde para os que por cá continuamos.
Grande abraço, Abel
(ii) Fernando Calado [, vive em Lisboa, ex-alf mil trms, CCS / BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70]
Junto foto do 1º. encontro da malta que esteve em Bambadinca no período 1968/1971, que teve lugar em Fão e que foi organizado pelo Carlão. O almoço decorreu num restaurante cujo proprietário, julgo, era o próprio Carlão.

Estamos todos bastante mais novos mas não tenho registo da data de realização do evento [, 1994].

Um grande abraço para todos.

Fernando Calado

(iii) Arsénio Puim [, vive na ilha de São Miguel,  RA Açores, ex-alf mil capelão, BART 2917, Bambadinc, 1970/72]

Amigo Luís Graça:

Obrigado pela informação sobre a morte do ex-alferes Carlão, que eu sinto, como acontece sempre que tenho conhecimento do falecimento de algum colega do nosso Batalhão. Nos dois encontros do Batalhão em que participei, lembrei-me e perguntei informações dele, que, na verdade, eram escassas.
Contactei, naturalmente, várias vezes com o António Carlão. Pessoa porventura um pouco polémica, mas sempre muito atencioso para comigo.

Na referida coluna para o Saltinho, que eu aproveitei para me deslocar para Mansambo, a sua esposa Helena ia no mesmo camião que eu, «à minha guarda», como vocês dizem por graça. Numa altura, o Carlão veio dizer-me para eu ir lá à frente à cabeça da coluna, porque havia problemas. Realmente, lá estavam dois picadores nativos gravemente feridos. Um deles pareceu-me mesmo estar morto, merecendo todo o meu respeito. Ao outro dei-lhe um momento de apoio e simpatia.

A lembrança que tenho da Helena é de uma mulher simpática e engraçada e com consideráveis dotes para cantar, que bem contribuiu para animar os nossos serões em Bambadinca. Pois, como dizia um professor meu de História a respeito da «guerra das damas», ela era «uma nota de ternura no meio daquele ambiente belicoso».

Daqui e por este meio, envio à Helena e família os meus sinceros pêsames. Para ti, Luís, um grande abraço. Arsénio Puim

(iv)  Jorge Cabral [, vive em Lisboa, ex-alf mil art, cmdt Pel CAÇ nAT 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71]

A minha total solidariedade com a Helena! Creio que estiveram num Encontro em Montemor Novo, há anos. A Helena era uma miúda, quando apareceu em Bambadinca. No referido encontro, conversei muito com ela. Lembro-me dela dizer à minha mulher: "O Cabral era um rapaz muito bonito".

É a vida...O Carlão , a Helena...todos nós tão jovens! Carlão Amigo, até qualquer dia, mas não uses o dilagrama...Jorge Cabral

(v) Luís Graça [, editor do blogue, ex-fur nil, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71]


Uma das nossas 14 obras de misericórdia é enterrar os mortos e a outra é cuidar dos vivos... "Alfero" Cabral, não fui a esse encontro de Montemor-o-Novo, razão por que, desde 1994, nunca mais vi o casal Carlão...

A Helena, embora muito jovem, foi corajosa em meter-se naquele "vespeiro" que era Bambadinca... Quando foi para lá era a única branca no perímetro do arame farpado, depois da professora cabo-verdiana que vivia "enclausurada" na escola, com a mãe, e que não convivia com os militares... 

Portanto, a Lena foi a primeira mulher de um militar, metropolitano, a vir viver para Bambadinca, depois do ataque ao quartel em 28 de maio de 1969... Ao tempo do BCAÇ 2852, que terminou a sua comissão em maio de 1970, um ano depois...A Lena deve ter chegado a Bambamdinca depois das férias do Carlão, talvez já no fim do ano de 1969 ou princípio de 1970. Só mais tarde, com o BART 2917, vieram outras senhoras...

Continuo a pensar que terá sido uma decisão errada, a do meu cap inf Carlos Brito, ter autorizado um dos seus oficiais a trazer a esposa, recém.casada... Era (é, ainda está vivo) um bom homem, mas deixou-se ir na cantiga do Carlão... A Lena podia ter regressado viúva à sua terra...A CCAÇ  12 (e o seu setor de intervenção, o setor L1) não era companhia para se passar "luas de mel"...
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 21 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20164: In Memoriam (348): António Manuel Carlão (Mirandela, 1947- Esposende, 2018), ex-alf mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel, Nhabijões e Bambadinca, 1969/71... Entra para a Tabanca Grande, a título póstumo, sob o nº 797.

sábado, 23 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16003: Tabanca Grande (486): Fernando Andrade Sousa, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... Valoroso, leal, afável, dedicado e corajoso... Vive na Trofa e vai fazer uma festa de arromba, no dia 30 de maio, ao perfazer 70 aninhos de vida... É o nosso grã-tabanqueiro nº 714



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A equipa de futebol de onze... Da esquerda para a direita: primeira fila:

 (i)  Luciano Pereira de Silva (1º cabo at inf, 4º Gr Comb, natural de São Mamede do Coronado, Trofa, emigrado em França);

(ii) Francisco Magalhães Moreira, capitão da equipa  (alf mil op esp, cmdt do 1º Gr Comb, Santo Tirso);

(iii) António Manuel Carlão (alf mil at inf, cmdt do 2º Gr Comb, destacado depois para a equipa do reordenamento de Nhabijões; vive em Fão, Ermesinde, onde explora um restaurante);

(iv) Abílio Soares (1º cabo  at inf, da 3ª secção (comandado pelo fur mil Branquinho) do 1º Gr Comb (vivia em Lisboa, terá sido morto há muitos anos em circunstâncias misteriosas);

(v) Arlindo Teixeira Roda (fur mil at inf, 3º Gr Comb, natural de Pousos, Leiria, vive em Setúbal); 

na segunda fila, de pé: 

(vi) guarda-redes João Rito Marques (1º cabo quarteleiro, ou Manutenção de Material; vive no Souto, Sabugal);

(vii) Fernando Andrade de Sousa (1º cabo aux enf, vive na Trofa);

(viii) Arménio Monteiro da Fonseca (sold at inf, natural da Campanhã, vive no Porto); 
(ix) Eduardo Veríssimo de Sousa Tavares (1º cabo escriturário, vivia em Miranda do Douro, faleceu em 29 de agosto de 2015] (*);

(x) Manuel Alberto Faria Branco (1º cabo at inf, 2º Gr Comb; vive na Póvoa do Varzim, e é grande amigo do Fernando Sousa);

e (xi)  Ernesto A. M. Rocha, 1º cabo at inf, 4º Gr Comb, que veio substituir o 1º cabo at inf António Pinto, também evacuado para o HMDIC; morada atual desconhecida,   [Vd. composição orgânica da CCAÇ 25690 / CCAÇ 12].


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A valorosa equipa de futebol da CCAÇ 12, que disputou campeonatos em Bafatá... Da esquerda para a direita, na primeira fila:

(i)  Gabriel Çonçalves (1º cabo cripto, vive em Lisboa), 

(ii)  Francisco Moreira (alf mil op esp, cmdt do 1º Gr Comb, vive em Santo Tirso); 

(iii) Arlindo Roda (fur mil at inf,. do 3º Gr Comb, vive em Setúbal);

(iv)  Arménio Fonseca (sold at inf, 1º Gr Comb, vive no Porto);

(v) e o guarda-redes, João Rito Marques (o 1º cabo quarteleiro, vive no Souto, Sabugal); 

e na  segunda fila: 

(vi)  Fernando Sousa (1º cabo aux enf, vive na Trofa),

(vii) Luciano Pereira de Silva (1º cabo at inf, 4º Gr Comb, natural de São Mamede do Coronado, Trofa, emigrado em França); 

(viii) Fernando B. Gonçalves (1º cabo aux enf, que veio substituir o 1º cabo aux  José M. Sousa Faleiro, evacuado logo no início para o Hospital Militar de Doenças Infecto-Contagiosas;  morada atual desconmhecida)

(ix)  Alcino Carvalho Braga  (sold cond auto; vive em Lisboa) 

(xi) Manuel Alberto Faria Branco (1º cabo at inf, 2º Gr Comb; vive na Póvoa do Varzim)

(xi)  e o António Manuel Martins  Branquinho (fur mil at inf, 1º Gr Comb; falecido, vivia em Évora).

Fotos: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Três bambadinquenses: da esquerda para a direita, o Fernando Andrade de Sousa (Trofa), o José Armando Almeida (Albergaria a Velha) e o José Fernando Almeida (Óbidos)... O Sousa foi 1º cabo aux enf, na CCAÇ 12 (1969/71), e é a primeira vez que vem ao nosso encontro. É hoje apresentado formalmente à Tabanca Grande, como o membro nº 714.

Foto: © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados


1.  Finalmente o valoroso, leal, afável, dedicado e corajoso Fernando Andrade Sousa, ex-1º cabo aux enf, da CCAÇ 2590/ CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio 1969/março 1971), entra formalmente para a nossa Tabanca Grande.

Encontrámo-nos, na última vez, em Monte Real, por ocasião do XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 16 de abril último.  Vive na Trofa e vai fazer 70 anos no próximo dia 30 de maio. Diz que, na ocasião, vai haver festa de arromba, e promete fazer uma exposição com suas 600 e tal fotografias dos todos os convívios que tem organizado e em que tem participado (,não falhou um, desde 1994, em Fão, Esposende, quando o revi, depois do nosso regresso a casa, em março de 1971).

Era e continua a ser um camarada voluntarioso, tendo feito parte da comissão organizadoras dos convívios da malta de Bambandinca (CCS/CAÇ 2852, e subunidades adidas, 1968/71):  em 1999 (Resende), 2002 (Póvoa do Varzim), Trofa (2006) e Trofa (2015).

Das várias operações onde a malta da CCAÇ 12 apanhou porrada da grossa, lembra-se, nomeadamente da primeira, de Madina Xaquilo (24/7/1969), que foi o seu batismo de fogo, e do Poindom/Ponta do Inglês (em 26/11/1970) (Op Abencerragem Candente, seis mortos e 9 feridos graves).

Felizmente  já tem um endereço de email para podermos comunicar, se bem que ainda não esteja muito à vontade com as TIC (tecnologias da informação e comunicação), como acontece com muitos camaradas da nossa geração. Tem já página no Facebook.


2. Quando da realização do encontro na Trofa, em 2006 onde estiveram reunidos, na casa do Fernando, 65 convivas (!),  nossos camaradas da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e da CCS / BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), eu telefonei-lhe, depois do almoço, a dar-lhe os parabéns pelo evento (**)...

Com muita pena minha, à última hora, não me foi possível dar lá um salto, já que tinha previsto com antecedência ir até à casa que tenho na região, não muito longe, no Douro Litoral (Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canavezes)...

Do outro lado do país, no norte, no Minho, o Fernando era um homem feliz!.. E continua a ser o mesmo, dez anos depois, um minhoto dos quatro costados, com a  cultura da hospitalidade... O Sousa, um dos nossos maqueiros (que termo tão injusto, depreciativo, usado no nosso tempo, para estes nossos anjos da guarda, os homens do soro que salvaram algumas vidas nas matas do Xime!).

Nesse ano, na Trofa, identifiquei 4 bons camaradas da CCAÇ 12, os furriéis Humberto Reis, o António Fernando Marques, e o Joaquim Fernandes,  mais o Sousa da Trofa, o nosso valente cabo enfermeiro... O Marques, o Fernandes e o Sousa são totalistas dos encontros da malta de Bambadinca. não falharam um, desde 1994.

Eram, então, para mim os quatro magníficos da CCAÇ 12, a quem eu aproveitei para prestar a minha homenagem, atribuindo-lhes, simbolicamente,  a Ordem da Torre e Espada, do Valor, da Amizade e da Camaradagem (, sendo eu, pomposamente, o presidente honorífico das ordens honoríficas portuguesas)...

Por tudo isto e muito mais, o Fernando Andrade Sousa tem, de há muito um lugar cativo, à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande... Ele sabe qual é o nº do lugar: o 714 (***)... Espero que ele esteja connosco (ou com nós, como se diz no Norte) por muitos e bons anos. E nós com ele, pois claro! LG



Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > o Arménio Fonseca, o Humberto Reis e o João Rito Marques (o nosso Cabo Quarteleiro), todos da CCAÇ 12 (1969/71)...

O Arménio e o João, não os via há 40 anos! Fiquei feliz por os rever. E aproveito para revelar um segredo: foi o Arménio que, em grande parte, me inspirou na criação da figura do Campanhã (vd. poste de 13 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - P168: A galeria dos meus heróis (1): o Campanhã (Luís Graça) que prometo reeditar, e que ele seguramente nunca terá lido)...




Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Visionando as fotos do Arlindo T. Roda (que me chegaram finalmente, por mão do Benjamim Durães, ex-Fur Mil, Pel Rec Info, CCS / BART 2917, 1970/72 > Da esquerda para a direita: o Marques, o Fernando Andrade Sousa, o Joaquim Fernandes e a companheira deste (que conheci o ano passado, em Castro Daire).



Óbidos > Restaurante A Lareira > 22/5/2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Quatro camaradas da CCAÇ 12 > Da esquerda para a direita: João Gonçalves Ramos (ex-sold radiotelegrafista), o José Manuel P.  Quadrado (ex-1º cabo ap armas pesadas inf), o Fernando Sousa (ex-1º cabo aux enf) e o Adélio Monteiro (organizador do encontro do ano passado, o 15º, em Castro Daire, e que era sold cond auto).


Fotos (e lengendas): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados




Foto A

Esposende > Fão > 1994 > A primeira vez que me reencontrei com a malta de Bambadinca (1968/70), incluindo os meus camaradas da CCAÇ 12, e outras subunidades adidas ao comando do BCAÇ 2852 (1968/70).

Na foto A, estão alguns camaradas que participaram comigo na Op Pato Rufia, 7 de Setembro de 1969, agora aqui evocada... Não tenho a veleidade de ter boa memória, mesmo assim arrisco uma legenda: na primeira fila, da esquerda para a direita:

(i) Fur Mil MAR Joaquim Moreira Gomes [, vivia no Porto, na altura ];

(ii)  sold cond auto Diniz Giblot Dalot [, empresário, vive em Aljubarrota, Prazeres];

(iii) um antigo escriturário da CCS/ BART 2917 (morava em Fão, Esposende) e cujo nome não me lembro,

Na segunda fila de pé, da esquerda para a direita:

(iv) Fernando Carvalho Taco Calado, Alf Mil Trms, CCS/BCAÇ 2852;

(v) Alf Mil Manutenção Ismael Quitério Augusto, CCS/BCAÇ 2852;

(vi) Fur Mil António Eugénio Silva Levezinho [, Tony para os amigos, reformado da Petrogal, vive em Martingal, Sagres, Vila do Bispo];

(vii) Capitão Inf Carlos Alberto Machado Brito [, Cor Ref, vive em Braga, passou pela GNR];

(viii) camarada, de óculos escuros,  que não sei identificar [, diz-me o Fernando Andrade Sousa que se trata do Pinto dos Santos, ex-furriel mil de Operações e Informações, CCS do BCAÇ 2852, natural de Resende];

(ix) major Cunha Ribeiro, mais conhecido por "major elétrico", 2º comandante do BCAÇ 2852, e que teve em Banbadinca, na rampa de acesso ao quartel um grave acidente com o seu jipe);

(x) Fur Mil Op Esp Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, vive Alfragide / Amadora; na foto, escondido, de óculos escuros];

(xi) outro camarada de cujo nome não me lembro.




Foto B


Da esquerda para a direita:

aa primeira fila:

(i) Alf Mil Inf António Manuel Carlão [,casado com a Helena, comerciante, vive em Fão, Esposende];

(ii) Fur Mil Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal; damista, grande jogador de king e de lerpa, no nosso tempo, a par do Humberto Reis];

(iii)  Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques [, prof univ., fundador deste blogue, vive em Alfragide / Amadora];

Na segunda fila, de pé,

(iv) Alf Mil Cav José Luís Vacas de Carvalho, Pel Rec Daimler 2206;

(v) Alf Mil Inf Mário Beja Santos, comandante do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70);

(vi) Fur Mil António Fernando R. Marques [, natural de Abrantes, vive em Cascais, empresário reformado];

(vii) Manuel Monteiro Valente (de bigode e de perfil, ex-1º Cabo, 1º Gr Comb, CCAÇ 12, apontador de dilagrama);

(viii) Abel Maria Rodrigues (hoje bancário reformado, ex-Alf Mil, 3º Gr Comb, CCAÇ 12);

(ix) Alf Mil Op Esp Francisco Magalhães Moreira [, vive em Santo Tirso].



Foto C

Da esquerda para a direita:

na 1ª fila;

(i) Arménio Monteiro Fonseca (taxista, no Porto, da empresa Invictus, táxi nº 69, mais conhecido no nosso tempo como o "vermelhinha");

(ii) Fur Mil José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, onde vive, agente de seguros]...

Na segunda fila, de pé,


(iii) Fur Mil Joaquim Augusto Matos Fernandes [, de óculos escuros, engenheiro técnico, vive no Barreiro];

(iv) 1º Cabo Carlos Alberto Alves Galvão [, o homem que foi ferido duas vezes numa operação, vive na Covilhã];

(v)   Fernando Andrade  Sousa (ex-1º Cabo Aux Enf, CCAÇ 12, vive na Trofa);

e, por fim, (vi)  2º Sarg Inf Alberto Martins Videira [, vive ou vivia em Vila Real].


Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados

(**) Vd. poste de 29 de maio de  2006 > Guiné 63/74 - P815: Ao Fernando Sousa: Sei que estás em festa, pá (Luís Graça)

(***)Ultimo poste da série > 19 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15992: Tabanca Grande (485): Completando o processo de adesão do António Osório, que vive em Vila Nova de Gaia: foi fur mil rec inf, CCS/QG/CTIG (Bissau, Cacine, Gadamael, Cameconde, 1970/72)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Guiné 63/74 – P9908: Convívios (435): Almoço de homenagem aos ex-Combatentes da Guerra do Ultramar, a realizar no próximo dia 10 de Junho em Fão, promovido pela Junta de Freguesia local

1. Mensagem do Presidente da Junta de Freguesia de Fão, senhor Luís Peixoto, com data de 12 de Maio de 2012, a propósito da homenagem que aquela localidade do Concelho de Esposende vai promover no próximo dia 10 de Junho aos ex-combatentes da Guerra do Ultramar:

Caros Srs boa tarde,
Permitam-nos que divulguemos a homenagem aos combatentes da Guerra do Ultramar que a Junta de Fão promove desde de 2010.

Venham a Fão nesse dia. Trata-se de um cerimonia em que vocês são os heróis. 

Inscrevam-se para o almoço que é servido em ambiente comunitário e onde as sobremesas ficam a cargo das esposas dos heróis. Certamente que alguns de vocês já participaram nas anteriores duas edições. 

Deixo o programa cuja divulgação agradecemos:


“A Junta de Freguesia de Fão promove mais uma vez, no dia 10 de Junho, Homenagem aos Ex-Combatentes da Guerra no Ultramar. 

O programa é composto por uma missa, de Homenagem e Honra aos já falecidos, no Mosteiro de S. Bom Jesus pelas 11h00m, presidida pela Sr Padre Gaio, ultimo Capelão do Exército Português em terras Ultramarinas. 

Segue-se uma romagem ao cemitério paroquial para relembrar os bravos já desaparecidos. 

O convívio prosseguirá no edifício da Junta, no Largo das Rodas, com um Grande Almoço de Confraternização. 

Serão reconhecidos os que neste ano de 2012 fazem 50 anos de incorporação militar. 

A fotografia de grupo será o ultimo acto oficial desta cerimónia que o ano passado contou com centena e meia de participantes. 

Estão já abertas as inscrições na sede de Junta de Freguesia para participação nesta homenagem, bem merecida, a todos os que lutaram no Ultramar.” 

Cumprimentos
Luís Peixoto
Presidente de Junta
Tlm: 961 754 783
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 – P9899: Convívios (252): Almoço comemorativo do 40.º aniversário do regresso do BCAV 2922, dia 16 de Junho de 2012 no RC 3 em Estremoz (Francisco Palma)

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Guiné 63/74 - P1161: O nosso Major Eléctrico, Cunha Ribeiro, 2º comandante do BCAÇ 2852 (Beja Santos)

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Esposende > Fão > Convívio do pessoal de Bambadinca (1968/71) > 1994 > O Mário Beja Santos (ex-comandante do Pel Caç Nat 52) com o actual Coronel Ângelo Augusto da Cunha Ribeiro, que foi segundo comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), a partir de Setembro de 1969, altura em que substitui o major Viriato Amílcar Pires da Silva, transferido por motivos disciplinares. Era afectuosamente conhecido, entre as NT, como o major eléctrico...

Texto e foto: © Beja Santos (2006)


Mensagem enviada a 4 de Outubro de 2006

Caro Luís, durante o resto da semana trabalharei nas histórias de Missirá. Tu resolveste trazer à superfície uma nota nostálgica à volta do Major Cunha Ribeiro, e eu acompanho-te (1). Oxalá os tertulianos pretendam comunicar com ele. Mantém-se de espírito alertado, mordaz e pronto à polémica. Recebe a cordialidade do Mário.

Recordações fulgurantes do nosso Major Eléctrico

por Beja Santos

Quem se der ao trabalho de ler a história do BCAÇ 2852, certamente que se questionará de tantas mudanças no oficialato em Bambadinca (2). Mudámos de Comandante, de 2º Comandante, de Major de Operações, de Comandante da CCS, de médico e até de padre, com alguma surpresa e imprevisto, e nem sempre para benefício de todos. 1969 foi um ano horrível com punições e afastamentos, humilhações e dolorosas expectativas.

O Major Ângelo da Cunha Ribeiro é o 2º Comandante que vem numa vaga de substituições. Era loquaz, irónico, interveniente e um conversador compulsivo. Devo-lhe pessoalmente vários gestos ternos: foi ele que me passou a tratar por Tigre e incentivou a socialização do termo; foi extraordinário nos acontecimentos da mina anti-carro de Canturé, em Outubro [de 1969] (3); perguntava sempre sobre as necessidades em comida e material, interferia, imaginava e fazia lobby por Missirá e Finete. Não fica nada mal, parece-me, contar aqui em água forte um punhado de situações.

Começo pelo fim, pelo desastre que o vitimou na rampa de Bambadinca. Alguns dos tertulianos presenciaram ou foram forçados a salvá-lo dentro da viatura destroçada, furada pelos barrotes de cibe onde ele jazia com múltiplas facturas num jipe transformado em sucata.

Transportado para o HM 241 [Bissau], foi um doente dócil e nas primeiras semanas, irreconhecível com tanta ligadura, parecia a múmia. Quando a Dona Maria Helena Spínola lhe perguntou em que podia ser útil, ele respondeu determinado:
- Pode muito, ofereça-me a Enciclopédia Britânica, vou ter tempo de sobra para a ler.

Numa situação de desespero ou desencontro, ele aliviava com uma frase que passou a ser lendária:
- Sosseguem, o mal disto tudo começou com o Infante D. Henrique.- E o ambiente tenso logo se descomprimia.

Por ocasião das duras guerras entre o médico e o capelão (essas vivi-as eu, gritavam noite alta sobre a existência e a misericórdia de Deus...), ele ameaçou-os com uma ordem de serviço em que o médico daria a missa e o padre consulta, para verem como os outros se sentiriam desconfortados com a troca de papéis. A rábula foi curiosa, mas as discussões continuaram. Finalmente, a vivacidade e a brusquidão com que interrompia uma conversa, ao menor som suspeito:
- Pára aí, Tigre, estou a ouvir canhoada. - Eu respondi estupefacto:
- Ó meu Comandante, foi a porta do frigorífico. Simões, repete lá o que fizeste para o nosso Comandante ficar descansado.

Continuo a escrever-lhe pelo Natal e começo sempre "Meu inesquecível Comandante". Não é nenhum excesso de sentimentalismo, ele comandava mesmo, era fraterno e aquela electricidade fez bem a Bambadinca depois dos desastres humanos que vivemos a partir da flagelação de 28 de Maio [de 1969] (2).

Para quem quiser, eu dou os contactos dele. A guerra acabou com aquele acidente de viatura, mas como se viu no encontro de Fão, em 1994, ele não nos esqueceu. Como também vivemos a solidariedade intergeracional, talvez fosse interessante tirá-lo do esquecimento.

Beja Santos

Comentário de L.G.:


Meu caro Mário: As minhas relações com o major Cunha Ribeiro foram estritamente hierárquicas, formais, episódicas... Terei falado com ele, em duas ou três ocasiões... Na nossa tertúlia, não funciona a hierarquia militar mas a lógica da camaradagem... O Cunha Ribeiro tem o mesmíssimo direito de cá estar do que tu e eu... Conheces as regras da casa. Podes apadrinhar a sua entrada... Sei que ele continua a frequentar as reuniões de convívio da malta de Bambadinca de 1968/71... Estivemos juntos, em Fão, em 1994... Não lhe falei, por que não houve oportundidade... Hoje gostaria de ouvir as suas estória, a sua versão dos acontecimentos... Por mim, será bem recebido... Se ele quiser, pode ser testemunha privilegiada dos tempos em que estivemos juntos em Bmbadinca, em posições diferentes, ele oficial superio, major, 2º comandante de um batalhão, e eu, ssimples furriel miliciano de uma companhia de nharros...
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Notas de L.G.:

(...) Nota de L.G.: (...) "Major do BCAÇ 2852. Substituiu em Setembro de 1969 o major Viriato Amílcar Pires da Silva, transferido por motivos disciplinares. Foi vítima de acidente grave com um jipe. Era mais conhecido, na caserna - e nomeadamente pela malta da CCAÇ 12 - como o 'major eléctrico', devido à sua energia" (...).

(2) Vd. , entre outros, os postES de:

(...) "Este é um cínico relato da dura condição da guerra da Guiné, vista pelo lado dos tugas. Por outro lado, há críticas veladas, do autor do relatório, ao Comandante-Chefe, ao Quartel General e à Força Aérea (que se teria comportado como umas verdadadeira prima dona...).

"Há coisas, pouco abonatórias paras as NT, que se passaram neste operação e que eu deixo à atenção e consideração dos tertulianos e demais visitantes deste blogue. Cada um de vós que faça a sua leitura desapaixonada... Aqueles de nós, que foram operacionais, rever-se-ão mais facilmente no cenário que foi o da Op Lança Afiada... 

Sobre o desempenho dos actores, já não vale a pena assestar as bateria da crítica... Felizmente que a guerra acabou! War is over, baby!

"Seria interessante ouvir, entretanto, o depoimento de camaradas do BCAÇ 2852 que participaram na Op Lança Afiada. Infelizmente, ainda não temos ninguém dessa unidade, na nossa tertúlia.

"(...) Deixem-me só lembrar que, dois meses depois desta operação, o PAIGC retribuiu a visita das NT e apareceu às portas de Bambadinca em força: mais de 100 homens, três canhões sem recuo, montes de LGFoguetes, morteiros... Esse ataque ficou célebre: os tipos de Bambadinca foram apanhados com as calças na mão, faziam quartos de sentinela sem armas; enfim, um regabofe...

"Claro que no dia seguinte o Caco Baldé deu porrada de bota a baixo, nos oficiais todos, do tenente-coronel (o célebre Pimbas) até ao capitão da CCS... Um caso exemplar, divertido e hilariante, da guerra da Guiné... A sorte dos gajos de Bambadinca foi os canhões s/r terem-se enterrado no solo e a canhoada cair na bolanha...

"Quando nós, periquitos da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), lá passámos, uma semana depois, vindos de Bissau e do Xime a caminho da nossa estância de férias (Contuboel, um mês e meio de paraíso... seguido depois de18 meses de inferno...quando fomos justamente colocados no Sector L1), os nossos camaradas da CCS do BCAÇ 2852 ainda estavam sem pinga de sangue..."Podíamos ter morrido todos", dizia-me 1º cabo cripto Agnelo Ferreira, da minha terra, Lourinhã... Fomos depois nós , para lá, com os nossos nharros, e em 18 meses nem um tirinho: que o respeitinho (mútuo) era muito bonito... Porrada, porrada, era só quando a gente se atrevia a meter o bedelho na terra deles, que já estava libertada... Eu faria o mesmo, na minha terra...

"Na história do BCAÇ 2852, o ataque a Bambadinca é dado em três linhas, em estilo telegráfico: 

Em 28 [de Maio de 1969], às 00H25, um Gr In de mais de 100 elementos flagelou com 3 Can s/r, Mort 82, LGF, ML, MP e PM, durante cerca de 40 minutos, o aquartelamento de Bambadinca, causando 2 feridos ligeiros" (...)

(...) "Depois de sair de Mafra fui para o extinto BC 8 em Elvas, como comandantes estavam o Pimbas e a Alzira. De lá seguimos para Abrantes para formar o Batalhão [de Caçadores] 2852 e depois Guiné.

"Só tenho boas recordações deles. Ainda serão vivos ? Bem espero. O Pimbas nasceu para ser professor, nunca um militar. Na casa comercial que era do meu Pai, na Rua da Prata, Casa dos Pneus, cruzei-me com ele. Falámos, estava ele na altura no tribunal, em Santa Clara" (...).

(...) "Conheci mal o Pimbas, conheci mal o Corte-Real, conheci mal o Magalhães Filipe, e ainda bem... Parece que eram todos bons homens, ex-professores, que ao fim de trinta anos de carreira, haviam descoberto não ter vocação militar...

"É necessário distinguir, entre a tropa miliciana, civís militarizados à força, e investidos em funções para as quais não estavam preparados, e os profissionais, designadamente os Oficiais Superiores. Comandar um Batalhão exigia possuir qualidades de liderança, determinação e coragem, que a não existirem, deviam ter impedido a Promoção. Sabemos todos, e alguns pelas piores razões, que assim não sucedeu. (...) Muitos viram, sentiram e sofreram, as prepotentes arrogâncias, os ocos autoritarismos e as criminosas incompetências" (...).

(3) Vd. posts de: