quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1232: O soldado comando Raimundo, morto em combate, não foi abandonado em Guidaje (A. Mendes, 38ª CCmds)

1. Mensagem do Amílcar Mendes:

Amigo Luís Graça, venho-te pedir que publiques o que te escrevo: O corpo do soldado Comando José Luís Inácio Raimundoje que morreu nas valas em Guidage, foi trazido por nós, Comandos da 38ª Companhia, aquando do nosso regresso a Binta na coluna.

Não ficou enterrado em Guidaje porque NUNCA deixamos mortos ou feridos para trás. Tínhamos o dever moral de trazer o seu corpo e só o largámos em Binta quando ficou numa urna e dali seguiu para a capela mortuária de Bissau onde foi devolvido à família.

Recebi mensagens peguntando porque não ficou ele enterrado em Guidaje como outros; porque na nossa formação de COMANDOS foi-nos ensinado que o mais importante era o HOMEM!

2. Comentário de L.G.:

Amílcar:

(i) Foi um lapso da minha parte, involuntário, um típico erro cometido por simpatia: estava a pensar nos camaradas paraquedistas da CCP 121 que lá morreram e lá ficaram, o Lourenço, o Victoriano e o Peixoto, aqui evocados num post recente do Victor Tavares, no decurso da Op Mamute Doido, em 23 de Maio de 1973: vd. post de 25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto

(ii) Aqui fica a tua correcção (e o teu protesto, implícito): eu sei que um camarada ferido ou morto em combate não se deixa para trás, que isso era um ponto de ponto para os bravos da 38ª CCmds.

(iii) Aceita as minhas desculpas, extensivas a todos os teus camaradas que estiveram contigo nesses longos e difíceis dias de Maio de 1973, em Guidaje. As minhas desculpas também à família do Raimundo, que era natural da Chamusca. Eu sei que ainda é doloroso falar da morte de camaradas nossos.

(iv) Vou corrigir o título do post P1223, de 30 de Outubro último.

3 comentários:

Vitor Mendes disse...

Os 3 páraquedistas também não foram abandonados em Guidage; foram sim sepultados por ordem médica. O camarada A. Mendes da 38ªCComds, deveria ler o livro " A ´
última missão" do Cor.Calheiros. Talvez assim entendesse porque lá ficaram sepultados. Além disso,não vi referido as datas em ocorreu a morte em combate do camarada comando em Guidage e data em que o trouxeram para Binta no regresso da CConds incorporada na coluna.

A, Mendes disse...

Amigo e camarada Vitor Mendes peço-lhe desculpa se de alguma forma o melindrei mas se me conhece-se saberia se ha alguem que respeito são os camaradas que como eu sofrerem na picada .na bolanha. no tarrafo etc.. apenas e so quiz vincar um ponto de vista em resposta a alguem que na altura me provocou. O CORPO DO MEU CAMARADA comando da minha companhia 38comandos JOSE LUIS INACIO RAIMUNDO MORTO NAS VALAS NO DIA 12MAIO73 regressou com a companhia NO DIA 13MAIO73 dentro dum ponche e fomos nós quem o trouxemos e o metemos no caixão em BINTA E FOMOS nós que lhe fizemos a guarda de honra em Bissau quando o corpo regressou no navio NIASSA. Camarada Vitor sem rivalidades vai um abraço do AMILCAR MENDES

Vitor Mendes disse...

Camarada Amilcar Mendes, também sem rivalidades nem ressentimentos mas não me contive ao ler o seu comentário. O camarada Raimundo faleceu a 12/5/73 nas valas de Guidage e foi transportado a 13/5/73, portanto no dia seguinte, o que não aconteceu com os páras que faleceram em combate durante a emboscada no Cufeu e daqui foram transportados pelos seus camaradas até Guidage. E,como sabe,os páras não regressaram no dia seguinte a Binta. Durante a minha permanência na Guiné, foram várias as baixas nos páras e nenhum lá ficou. Aqueles foram uma excepção e, como já afirmei, foram sepultados por ordem médica.

Camarada Amílcar Mendes, um grande abraço para si.