quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Guiné 63/74 - P1263: Os Falcões de Bissorã, festejando os 39 anos de regresso a casa (Rogério Freire, CART 1525)

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Guiné > Região do Oio > Bissorã > CART 1525 (Os Falcões) (1966/67) > Armamento IN apreendido em 3 de Fevereiro de 1967 em circunstâncias que tem algo de insólito e até de hilariante... A estória está contada na excelente página dos Falcões e merece ser aqui transcrita(1) . Estas fotos foram-me gentilmente cedidas pelo webmaster da página, o ex-Alf Mil Rogério Freire (2).

Texto e fotos: © Rogério Freire (2006). Direitos reservados. Fotos alojadas no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.

Caro amigo:

Tenho o prazer de te informar que a CART 1525 (Os Falcões) se vai reunir no próximo dia 11 de Novembro, no Restaurante José Julio, em Santa Luzia, Mealhada para comemorar o 39º ano após o regresso da Guiné que ocorreu em 11 de Novembro de 1967 (Meu Deus, como o tempo passa !!!)

Informações detalhadas estão disponíveis no nosso sítio: Companhia de Artilharia 1525 - Os Falcões (Bissorã, 1966/67).

Aproveito para te convidar a visitar o nosso site que foi actualizado, com a inclusão do nosso Historial e de muitas fotos do tempo e não só.

Agradeço-te que registes esta reunião e, se possível, que a coloques no painel informativo que regularmente recebo anunciando estes convívios.

Bem hajas.

Cordialmente

Rogério Freire
_______________

Notas de L.G.:

(1) (...) "Na madrugada de 3 de Fevereiro de 1967, um grupo de balantas de Bissorã, no qual iam integrados Milícias e Polícias Administrativos, encontrou-se, em plena escuridão da noite, na região de Conjogude [, vd. carta de Binta], com uma coluna de reabastecimento de material do IN.

"A surpresa foi geral, de parte a parte, sendo contudo os elementos de Bissorã os primeiros a reagir e a aperceber-se da situaçãoo, abrindo, acto imediato, fogo. Desorientados, os carregadores inimigos puseram-se em fugas, abandonando, pura e simplesmente, o material que transportavam.

"O nosso pessoal, ainda incrédulo, mais não teve do que recolher aqueles despojos e regressar à vila [de Bissorã], onde contou o sucedido e apresentou as provas materiais da acção. Tinham trazido consigo 4 ML, 8 Esp Aut e grande quantidade de granadas de Mort 82 e LGFog.

"Calculando-se que no local do encontro, houvesse ainda outro material abandonado, imediatamente saiu o 2º Grupo de Combate [da CART 1525], devidamente enquadrado, em plena madrugada ainda, e, efectivamente, pouco depois, regressava, trazendo consigo mais duas MP, granadas de Mort e LGFog, medicamentos, cunhetes com fitas de ML e material diverso. Esta acção, pelo ineditismo de que se revelou, pelos óptimos resultados obtidos, pela acção decisivamente colaboradora da população nativa que colaborou nela, a todos causou satisfação, merecendo até um Comunicado Especial, por parte das entidades responsáveis" (...).

O autor - estamos a citar a história da unidade que está integralmente reproduzido no site - tece a seguir algumas considerações ambivalentes sobre o imprevisível comportamento do balanta do Óio e a sua mania de roubar gado aos vizinhos das outras etnias:

"Como é do conhecimento geral, o balanta é, por tradição, ladrão de vacas. Esse seu costume, que, para além dos enormes benefícios que trouxe para as NT, se veio também, por vezes, a revelar bem pernicioso, foi para nós motivo de bastantes aborrecimentos. Impossível de controlar nas suas saídas para o Mato, o grupo de balantas, no qual se integravam clandestinamente elementos nativos da Milícia e Polícia armados, arriscava-se em incursões perigosas no seio dos terrenos mais bem controlados pelo IN. Daqui resultou um elevado número de baixas por parte dos balantas, assim como da parte dos Milícias e Polícias que seguiam incluídos no grupo" (...).

(2) Vd. post de 13 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)

(3) Tanto quanto eu conheço, é a página mais completa sobre uma companhia individual, no TO da Guiné. Desejo aos nossos amigos Falcões um belíssima festa e dou-lhes os parabéns, pelo aniversário. De facto, 39 anos é obra!... Também já é altura de descansarem.... As estatísticas sobre a actividade operacional dos Falcões é impressionante: 281 acções de carácetr operacional, realizadas, das quais 20% com contacto; quase 3600 km percorridos a pé; mais de 4300 km, de carro... Tiveram 19 mortos (apenas 3 propriamente da CART 1525, sendo os restantes das unidades adidas: mílicias, polícia administrativa e caçadores nativos)...

Esta unidade foi condecorado com 9 cruzes de guerra. O Cap Piçarra Mourão (hoje coronel) é autor do livro Guiné, sempre: testemunho de uma guerra (2001), já qui recenseado no nosso blogue: vd. post de 19 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXIII: Piçarra Mourão, militar e escritor (CART 1525, Bissorã, 1966/67) (A. Marques Lopes)

(...) "Não conheço o coronel Piçarra MOURÃO, mas li o livro. A companhia com que foi inicialmente, uma CART, foi colocada em Bissau às ordens do Comando Chefe (noto que ele nunca diz o nome das companhias, é cumpridor das normas, não é como eu).

"Conta que uma vez a companhia foi mandada para o Queré com um pendura, um tenente-coronel americano que vinha ver como era a guerra na Guiné e que, parece, iria depois para o Vietnam. Conta a sua atrapalhação, pois que o deram à sua responsabilidade pessoal. Acabaram por cair numa emboscada e o pendura desatou a tirar fotografias e a filmar de máquina em punho, em vez de usar a G3 (a melhor da companhia) que lhe fora distribuída. Não aconteceu nada e ele pergunta-se se aquelas imagens lhe terão valido alguma coisa no Vietnam.

"A sua companhia ficou, depois, adida a um Batalhão colocado em Mansoa, colocada no Olossato. Diz que durante 1966 foi quatro vezes ao Morés, com o apoio de outras forças. Da primeira vez conseguiram capturar material. Na segunda, em Junho, o guia fugiu na altura decisiva e valeu-lhe um segundo guia para indicar o caminho da retirada. A terceira investida foi em Setembro, com o apoio dos páras e de artilharia; tiveram dificuldades, levaram porrada antes de lá chegar, e os páras não quizeram mais e retiraram para Mansabá. Em Outubro chegaram a Morés, mas a base estava abandonada (...).

"Em resumo, gostei do livro escrito por este militar de carreira. Tem um olhar crítico sobre a preparação antes de ir para a Guiné. Curiosamente, fez o IAO, como eu, na serra de Sintra e na Carregueira. Foi uma lástima para ele, como foi para mim. Como profissional fez a guerra, mas reconhece que esteve envolvido num processo sem saída. O livro, com um traço de humanidade sentida, procura transmitir os sentimentos dos intervenientes, tem relatos de actividade operacional, tem um perspectiva correcta sobre o povo da Guiné, o IN é um combatente sério e motivado. Vale a pena ler.

"Curiosamente (para mim), quem assina o texto do prefácio é o Gen Octávio de Cerqueira Rocha, que era Oficial de Operações do BCAÇ 1857, o tal para onde a companhia do coronel Piçarra Mourão foi como adida. O Vidrão (a alcunha que foi dada ao Gen Cerqueira Rocha quando foi Chefe do Estado-Maior do Exército) diz que a companhia do coronel Piçarra Mourão era a CART 1525" (...).

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