segunda-feira, 12 de março de 2007

Guiné 63/74 - P1584: Um choro no mato e as (des)venturas de um futuro comando em Bissorã (João Parreira)


Guiné > Região do Oio > Bissorã > 1965 > CART 703 > João Parreira, um cavaleiro à maneira, embora fosse de artilharia e tivesse mais tarde trocada a dama pelos comandos...

Fotos: © João S. Parreira (2007). Direitos reservados.

Texto enviado em 22 de Fevereiro de 2007, pelo João S.Parreira (ex-furriel miliciano comando, Brá, 1965/66)(1).

Caro Luís Graça,

Nos primeiros dias de Janeiro de 1965 estava em Bissorã (2) e, sem que o previsse ou tivesse pedido, recebi uma carta do Subdirector da delegação do Ministério das Finanças junto do Ministério onde ingressei com 19 anos (aqui abro um parêntesis para dizer que fiquei espantado pois puseram-me a trabalhar numa sala com cinco solteironas de meia-idade) e que tinha sido meu explicador, com a indicação de que deveria entrar em contacto com a esposa do Governador Schultz.

Nunca o fiz por não saber bem o que iria escrever. No mês seguinte, alguém de Lisboa, não me recordo quem, disse-me para entrar em contacto com o Major Semedo de Albuquerque que se encontrava no Quartel-General.

Quando saí de Bissorã, fui informado pelo meu Comandante de Companhia, o Capitão Amaro Rodrigues Garcia, que quando chegasse a Brá iria frequentar o curso [de comandos] e por isso foi com surpresa que durante a entrevista com o Major comando António Dias Machado Correia Dinis, Comandante do C.I.C., este me esclareceu que o mesmo só se iria realizar dentro de alguns meses, não sabia ainda quando, mas que ia ser aceite e que, como tal, deveria regressar na próxima coluna para Bissorã, a fim de resolver a minha situação e apressar o meu regresso com vista a recompletar um Grupo que se encontrava reduzido a 12 elementos, e com a mesma finalidade outro furriel e alguns praças de outras Companhias chegariam também dentro de pouco tempo.

Um breve passagem por Bissau

Durante a minha breve estadia [,em Bissau], além de ir dormir a Brá pouco tempo passei no aquartelamento pois andei atarefado a tratar de assuntos e de compras que vários camaradas me encarregaram de fazer, não deixando todavia de gozar os prazeres que a cidade me podia oferecer, indo à UDIB ver uns filmes, observando os seus edifícios, passeando ao longo do Rio, ficando várias horas nos cafés, e, claro, bebendo umas cervejas na então famosa esplanada do Bento.

Aproveitei também a minha estadia em Bissau para ir bater à porta de casa do Major Albuquerque, tendo conhecido a sua esposa que se encontrava presente na altura. Foram de uma simpatia extrema, tendo-me ele pedido o meu SPM. Quando me despedi, disse-me que se precisasse de alguma coisa que lhe ligasse.

Nunca mais o vi ou falei com ele, mas quando acabei a comissão sem levar nenhuma porrada e com a caderneta limpa, não exclui a hipótese, quem sabe, se nos bastidores ele não terá deixado uma palavra a meu favor.

Para o nosso transporte para Bissau e regresso estava assegurado um serviço de viaturas militares, Unimog ou Mercedes que com horários determinados e partindo do Q.G. e da Amura faziam trajectos diários para Brá.

Partidas da Amura: 12h30, 13h30, 18h00, 19h00.
Partidas do Q.G.: 13h15, 14h30, 19h20, 20h15, 22h00.

Caso se perdesse o transporte ou o regresso fosse mais tarde, havia sempre a possibilidade de nos darem uma boleia de jipe.

Quando regressei de uma dessas ausências disseram-me que o Alferes comando Maurício
Saraiva, que era o comandante do Grupo Fantasmas a que iria pertencer tinha andado à minha procura pelo que fui imediatamente falar com ele.

Coronel comando Saraiva, antigo comandante do Grupo de Comandos Fantasmas.

Foto: Associação de Comandos (com a devida vénia ...)


O Coronel comando Maurício Leonel de Sousa Saraiva faleceu em 16 de Março de 2002. Durante a vigência do Grupo com a patente de alferes , foi agraciado em 1964 com a medalha de Valor Militar e como tenente em 1965 também com Valor Militar.

Chegou o Domingo, dia de regresso, e ao subir para uma das camionetas da coluna encontrei o Alf Adalberto dos Santos Seco (Cmdt Pel Acomp da Companhia) que me apresentou o Fur Fernando Pereira Gomes que vinha sentado a seu lado e que iria ser o meu substituto.

Por não me interessar, nunca soube quem activou o processo de transferência, mas
creio que para os meios militares mais rápido não podia ser.

Regresso a Bissorã

Chegámos [, a Bissorã,]às 14h00 e ficámos a saber que a Companhia estava há vários dias no Olossato onde tinha montado novamente estacionamento com a finalidade de levantar abatizes na estrada Olossato-Farim, e que só deveria regressar a Bissorã na quarta-feira.

Conforme as instruções recebidas de não ficar muito tempo em Bissorã, e apressar o
meu regresso a Brá, fui da parte da tarde do dia seguinte falar com o Encarregado da Secretaria, o 1º Sgto Maurício Martins Clemente, sobre a alimentação, tendo ele feito as contas e dito que, como eu recebia mensalmente para alimentação 827$00, ia dar-me 216$00 referente a 8 dias.

Terça-feira, ainda com o Capitão Amaro Garcia e a Companhia fora - era como se fosse
dia santo no aquartelamento –, para matar o tempo entreti-me a arranjar matéria para tirar fotografias e assim durante o dia pedi ao Nelson Borges (vaguemestre)
que andava também por ali vagueando para mas tirar, e numa delas apanhou-me de lado,
e sem eu ter dado por isso, a olhar para uma bajuda. O Nelson é hoje professor de arqueologia e história na Universidade de Coimbra.

Guiné > Região do Oio > Bissorã > 1965 > O Parreira e as bajudas

Fotos: © João S.Parreira (2007). Direitos reservados.


Depois de almoço, como estava cansado (!), fui deitar-me, tendo sido acordado pela Danfa que foi ao meu quarto buscar roupa, tendo lhe eu pedido, ainda sem lhe dizer que ia sair de Bissorã, para ma devolver antes do dia estabelecido.

A seguir ao jantar e sem qualquer motivo aparente comecei a sentir-me inconfortável
e irritado pelo que, para espairecer e acalmar, resolvi sair do Aquartelamento e comecei a andar pela estrada absorvido com vários pensamentos supérfluos que me estavam a acalmar, pensamentos esses que de repente derivaram para o apreensivo e que se centraram no que iria ser o meu destino e a minha nova vida em Brá, quando no silêncio da noite, ouvi ténues vozes que me pareciam serem cantos ou lamentos que vinham do mato. Parei, e só naquela altura realizei que sem ter dado por isso já me encontrava muito afastado do Aquartelamento.

Convidado inesperado num choro balanta

Entre regressar ou avançar para o local onde tinha ouvido as vozes, optei por continuar a andar mais algum tempo na estrada para pensar na situação. Tendo avaliado os prós e os contras cheguei à conclusão que se por ali houvesse alguns elementos IN por certo me teriam já raptado ou morto, já que não me podia defender mesmo que tivesse tempo para reagir, pois ia desarmado.

Se isso acontecesse ninguém teria conhecimento e seria mais um militar cujo paradeiro ficaria por desvendar. Com um “que se lixe” inicial, e movido pela curiosidade, resolvi saber o que se passava pelo que saí então da estrada e embrenhei-me no mato e aí, agora com um seja o que Deus quizer, dirigi-me na direcção de onde tinha ouvido as vozes.

A certa altura vejo um africano já perto de mim, pois tinha vindo ao meu encontro pelo que deduzi que devem ter dado pela minha presença quer na estrada quer já no mato. Sem me fazer qualquer pergunta disse-me que estavam num Choro, que eu não fazia nenhuma ideia do que era, e apontou para um ponto do mato.

Acompanhei-o em silêncio, e depois de algum tempo deparei-me com muitos africanos ao relento, alguns sentados em semicirculo, junto a umas palhotas que eu desconhecia que ali existissem. Felizmente que me receberam bem pois ele levou-me à presença do homem grande que se encontrava sentado e, depois de trocarem umas breves palavras no dialecto local, percebi pela deferência com que o tratavam que devia estar a presidir à cerimónia fúnebre.

Depois de ouvir o que o jovem africano lhe tinha dito, o ancião estendou o braço e apontou para o seu lado esquerdo, que eu tomei como se fosse para me sentar a seu lado se não estivesse ocupado, e de facto assim foi pois mandou saír o africano que ali estava.

Apesar de ser o único branco no meio de muitos africanos de ambos os sexos, todos eles meus desconhecidos, em nenhuma altura me senti mal ou ameaçado. Passado algum tempo vieram trazer ao homem grande uma malga enorme cheia de líquido.

Sem beber, e sem me dizer o que era, entregou-ma e disse para ser o primeiro a beber uma vez que, segundo disse, eu era o convidado. Ora fosse o que fosse que estivesse na malga eu não podia recusar pois para além de estar a ser observado, seria uma ofensa.

Quando pus à malga à boca e toquei ao de leve com a língua no seu conteúdo, não sem certo receio, fiquei a saber que era vinho de cajú. Assim, e como gostava bastante daquela bebida, estava a satisfazer-me, pois pensava que era só para mim, quando ainda com ela na boca ele estendeu os braços e eu então entreguei-a, pelo que bebeu um trago, tendo-a depois passado ao próximo e assim sucessivamente.

Estando com os sentidos mais concentrados no circuito que a malga ia percorrer, do que observar o que se passava ao meu redor, não pude deixar de reparar que todos eles tiveram a malga na boca muito menos tempo do que eu, pelo que cheguei à conclusão que sem ter dado por isso tinha abusado.

Como pensei que também seria uma ofensa levantar-me e sair dali, e como de vez em quando vinham trazer mais vinho de cajú, por lá fiquei muitas horas, tendo regressado ao aquartelamento já de madrugada, pelo que deitei-me e dormi lindamente.

Uma última operação, à base de Biambe

Só acordei com o barulho resultante do regresso da Companhia que, como o previsto,
tinha chegado naquela quarta-feira.

Segundo consta no relatório, durante esta curta estadia o aquartelamento no Olossato
foi atacado com Morteiro, LGF e armas automáticas. Ao amanhecer foi batido o local e encontraram 1 GM-F1, 3 carregadores, 3 embalagens de morteiro, vários cartuchos e munições

A CART 730 e o Gr Comb da CART 566 que trabalharam em conjunto no levantamento das
32 abatizes que encontraram durante o tempo de estadia, foram uma vez flagelados
e depois emboscados durante 38 minutos, tendo sofrido 5 feridos, e noutra sofreram
uma emboscada durante uma hora que originaram às NT 1 morto e 4 feridos.

Nessa mesma quarta-feira aguardei que o pessoal voltasse à calma e normalidade do aquartelamento e pelas 16,30h fui falar com o Capitão Garcia e disse-lhe que o Major Dinis me tinha dito para regressar a Brá na primeira coluna, e informei-o que o meu substituto já tinha chegado pelo que lhe perguntei se já podia entregar o material de guerra e aquartelamento ao Gomes tendo ele dito para o fazer na quinta-feira, uma vez que no dia seguinte sexta-feira estava prevista uma coluna para Bissau.

Assim no dia seguinte vi-me livre daquele material, e por se encontrarem em falta tive que comprar lençóis e fronhas.

A Binto, conforme lhe tinha pedido, foi certinha a entregar-me a roupa, tendo-lhe eu pago os 60$00 e dito que ia sair de Bissorã.

Guiné > Região do Oio > Bissorã > 1965 > O Parreira e a Binto Danfa, a sua lavadeira.

Foto: João S.Parreira (2006). Direitos reservados.


Aqui aproveito para mencionar que, numa das visitas que fiz à Binto, ela contou-me sobre o Fanado dos homens (nome para circuncisão) em que, após este acto, os homens andam pelo menos uma semana a baixar os olhos quando passam por mulheres.

Preparei-me para ir na coluna, mas das duas uma, ou ela saiu mais cedo do que o previsto ou eu atrasei-me alguns minutos porque quando me ia dirigir para o local da concentração, já ela se via ao longe.

Passou-se Sábado, e no Domingo o Capitão, apesar de eu já ter ter um substituto, achou que devia fazer parte da operação desse dia, assim tive que ir pedir ao Gomes que me devolvesse a G3 e o restante material.

Desde modo, e apesar de estar com um pé fora e outro dentro, o ter perdido a coluna fez com que levasse com a operação à Base de Biambe, em que se capturou pela primeira
vez material, tendo a Companhia, devido à minha ausência, que esperar várias horas
para poder regressar.

Até breve.
João Parreira

__________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post anteriores do (ou referentes ao) João Parreira:

3 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74- CCCXXX: Velhos comandos de Brá: Parreira, o últimos dos três mosqueteiros

6 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLI: O 'puto' Parreira, do grupo de comandos Apaches (1965/66)

20 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXLIII: Com a CART 730 em Bissorã e Olossato (1965) (João Parreira)

13 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXIII: O baile dos finalistas do Liceu de Bissau de 1965 (João Parreira)

23 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

(2) Vd. post de 3 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74- CCCXXX: Velhos comandos de Brá: Parreira, o últimos dos três mosqueteiros

(...) "Algumas semanas em Bolama com a minha Companhia, a [CART] 730, cerca de um mês no K-3 e ainda em Bissorã, com nomadizações e operações com algumas peripécias, apesar de tudo achei que não foram maus. O pior veio depois.

"Em 6 de Janeiro 1965, cerca das 03H00, numa operação em Catancó (Olossato), fui ferido com estilhaços de granada, bem assim como três outros camaradas, entre eles um praça e o meu Comandante de Pelotão que devido à gravidade tiveram que ser evacuados.

"Na presença do Capitão, que tinha ficado com 3 pelotões em Cancongo a aguardar o nosso regresso, atribui-lhe as culpas, pois antes tinha discordado com a ordem que nos tinha dado, mas não quis ver a imprudência e puxou pelos galões.

"Assim, rodeado por labaredas às quais fui alheio, decidi que devia sair da Companhia e, sem olhar a possíveis consequências, comuniquei-lhe de imediato que ia tomar as devidas providências para ir para Brá, para os Comandos.

"Tinha já tomado conhecimento que em 28 de Novembro de 1964 no regresso de uma operação uma viatura do Grupo Fantasmas tinha sofrido o rebentamento de uma engenho explosivo na estrada de Madina do Boé – Contabane, perto do pontão do Rio Gogibe, tendo-se incendiado, o que originou a morte de oito Comandos, entre eles o Furriel Artur Pereira Pires (a quem fui substituir) e dois feridos graves.

"Tal como era a minha intenção, e com a devida autorização segui em Fevereiro para Brá, onde me apresentei ao respectivo Comandante, Major Inf Cmd António Dias Machado Correia Dinis que me comunicou que ia ser desde logo integrado no Grupo Fantasmas, que se encontrava reduzido, e nele participei em todas as operações até à sua extinção.

"No mesmo Grupo fui ferido em mais duas operações, uma em 20 de Abril [de 1965], cerca da 01h00 após o regresso de uma operação na zona de Incassol. O Grupo encontrava-se estacionado junto à CCAV 703 que se encontrava a guardar o perímetro, quando repentinamente fomos atacados. Deste ataque a Companhia sofreu oito feridos (três deles graves) e os Comandos quatro feridos sem gravidade.

"Noutra operação, a 6 de Maio, efectuada a um acampamento situado na mata a SW de Catungo (Cacine), em que foi capturado grande quantidade de material de guerra e sanitário, o Grupo (reduzido a 22 homens) teve 10 feridos, entre eles o Capitão de Artilharia Nuno José Varela Rubim que mais tarde ficou a comandar a Companhia de Comandos.

"Em virtude de ter sido ferido com alguma gravidade fui evacuado de heli para o Hospital Militar em Bissau, bem assim como um grande amigo e camarada, o Furriel Joaquim Carlos Ferreira Morais, que, infelizmente, faleceu a meu lado e do qual ouvi a última palavra. Como era amparo de mãe, e não tinha meios financeiros, teve que ser feita uma subscrição a fim de se angariar fundos para que o corpo pudesse regressar a Portugal.

"Com a extinção do meu Grupo, que estava reduzido a pouco mais do que meia dúzia de homens fui integrado num dos dois restantes, os Camaleões, os quais também acabaram por desaparecer, tal como o outro, os Panteras, devido a muitos dos seus elementos terem terminado a comissão e estarem a aguardar o embarque.

"Deste modo deixaram de existir os três primeiros Grupos de Comandos formados no 1º Curso e tornou-se necessário criar o 2º. Curso, no qual participei. Tendo terminado o Curso deslocou-se a Brá o Governador da Guiné, o Comandante-Chefe General Arnaldo Schultz, a fim de, em cerimónia oficial, nos colocar no peito os respectivos crachás. Na mesma altura foram-nos entregues os restantes distintivos. Fui integrado então num dos quatro novos Grupos, os Apaches.

"Com o regresso a Portugal do Capitão Rubim, em Fevereiro 1966, ficou a Comandar a Companhia de Comandos o Capitão de Artilharia José Eduardo Martinho Garcia Leandro, que até à data estava a comandar a Companhia 640, estacionada em Sangonhã.

"Em Março de 1966 deu-se ainda início ao 3º. Curso, destinado a completar os Grupos existentes que já se encontravam desfalcados. Para este Curso apresentaram-se um 2º Sargento, um Furriel e 18 praças. Fiquei nos Apaches também até à sua extinção, uma vez que chegaram a Brá, em 30 de Junho de 1966, os primeiros Comandos formados em Portugal, comandados pelo Capitão de Infantaria Comando Álvaro Manuel Alves Cardoso.

"Apesar de todas as vicissitudes por que passei, em 19 de Agosto de 1966, pisei finalmente o solo da nossa Pátria. Muitas vezes dou por mim a pensar se teria valido a pena o sacrifício e o sangue derramado, e se não teria sido melhor ter aceite a oferta e ter ficado na Secretaria, em Lisboa.

"João Parreira (ex-Furriel Miliciano Comando) (Sassoeiros-Carcavelos) (...)

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