segunda-feira, 25 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1881: História de vida (1): N.R., aliás, Nuno Rodrigues, nascido em 62, filho de sargento do BCP 12, aluno do liceu Honório Barreto


Guiné > Bissau > Anos 50 > "O novo liceu Honório Barreto. O antigo liceu funcionava no edifício da praça do Império que era também museu e biblioteca. Esse edifício, que ainda lá está embora quase arruinado, era por nós apelidado de “chapéu de palhaço” pela semelhança que o torreão central tinha com o dito chapéu" (Mário Dias) (1).

Foto e legenda: © Mário Dias (2006). Direitos reservados

Comentário de NR ao post de 24 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1874: Abreviaturas, siglas, acrónimos, gíria, calão, expressões idiomáticas, crioulo (2)... (António Pinto / Joaquim Mexia Alves)

NR é Nuno Rodrigues, mas não se pode identificar como camarada (no bom sentido em uso no blogue). Só veio ao mundo em 62, altura em que os camaradas já andavam nestas andanças. Mesmo assim é capaz de bater alguns em tempo de serviço: uma comissãozita na Guiné, entre 69 e 74, antecedidade de outra de 2 anos em Angola mas da qual nada se lembra (aliás, 2 anos devia ser também a idade nessa altura).

Porém completou o 3ª ano no Liceu Honório Barreto (o antigo 3º ano), o que lhe deu manga de experiência no crioulo e nas bajudas... é uma idade danada, nada se esquece.

O camarada era o pai, 2º sargento pára-quedista que estava no BCP 12.

Vai daí que por arrasto passava o tempo nos mesmos circuitos (excepto no mato, claro), frequentava os mesmos hospitais, bares (só podia beber Coca-Cola ou 7UP), cinemas (também não havia muitos, o do da Base e do da UDIB) e festas.

Embora com menos vitalidade, muitos dos camaradas do Liceu dessa altura também ainda se mantêm em contacto, fazem blogs e outras coisas do género e discutem e recordam esses tempos... aliás, é por isso que vasculhamos o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Seria alguma coisa do clima?

Um abraço a todos
A ver se as memórias não se perdem!

2. Comentário de L.G.

Nuno, filho de camarada nosso, nosso camarada é... Venham para cá essas estórias de Bissau, de Bissalanca, do UDID, do Honório Barreto... Por outro lado, já reparaste que há malta no nosso blogue, que pertenceu ao BCP 12, nomeadamente o Victor Tavares (que era da CCP 121, 1972/74) ? Espero que o teu velhote ainda esteja em boa forma. Dá-lhe um abração. L.G.
_________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 15 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXX: Memórias do antigamente (Mário Dias) (3): O progresso chega a Bissau

O Liceu Honório Barreto foi criado em 1958/59, segundo foi informado pela a página da AD - Acção para o Desenvolvimento > Guiné-Bissau > História e Dados Económicos:

(...) Em 1942 a capital muda de Bolama para Bissau, que já então era, de facto, a 'capital económica' da Guiné.

Em 1950, dos 512.255 residentes só 8320 eram considerados civilizados (2273 brancos, 4568 mestiços, 1478 negros e 11 indianos) e destes, 3824 eram analfabetos (541 brancos, 2311 mestiços e 772 negros).

Em 1959, 3525 alunos frequentavam o ensino primário, 249 o Liceu Honório Barreto (criado em 1958-59) e 1051 a Escola Industrial e Comercial de Bissau (...).

1 comentário:

Anónimo disse...

O velhote ainda está óptimo. Com 73 não perdeu a mania que "é tropa". Não há muito tempo vi por lá pendurado na parede o diploma do curso de páraquedista tirado em 55 em Alcantarilla. Pois, é desses...

No princípio dos problemas andou, com os colegas, a guardar aviões da TAP. Mais tarde em 63/65, fez uma primeira comissão em Angola. Aí nós ficámos em Luanda (só conheço pelas fotografias) e ele andava no mato. Nessa altura eram largados de helicóptero e faziam patrulhas de 15 dias ou 3 semanas até serem recolhidos num ponto de encontro préviamente combinado.

Depois tivémos um pequeno intervalo por cá e a partir daí já me lembro de qualquer coisa. Passei muito tempo no RCP em Tancos, às voltas com o que por lá havia para brincar, e era muito. Desde a torre de saltos ao Junker que estava por lá em exposição, passando pelo "gajo" que estava pendurado na asa à entrada do quartel.

Em 69 o velhote foi parar à Guiné. Foi para lá no "Uíge" e ficou colocado em Bissalanca. Já "chico" esteve mais no quartel que no mato. Nós fomos atrás, ficámos em Bissau. Aí estive, da primária ao 3º ano do liceu, com uma ou outra vinda à metrópole na altura das férias grandes ("sózinho" porque o patacão não dava para tudo). Estivemos lá até Agosto de 74, ele ainda ficou, veio depois.

Lembro-me perfeitamente da viagem de ida, cheia de peripércias, num DC6 da FAP que conseguiu chegar mas acabou por voltar de barco, desmontado... mas isso são histórias para depois, com mais calma. O tempo não abunda mas há-de chegar para resumir uma ou outra situação engraçada ou mais complicada. Os putos, os meus, gostam de as ouvir, o que já não é mau. Estão na mesma idade que eu tinha nessa altura e "vingo-me" fazendo-lhes inveja. Qual deles pode ter cá um "sagui"? Nem pensar, até é proíbido porque são animais "selvagens"...

A propósito de histórias, como fazê-las chegar ao blog?

Um abraço a todos