quarta-feira, 18 de julho de 2007

Guiné 63/74 - P1965: Cusa di nos terra (1): Embondeiro (cabaceira) e poilão (Paulo Santigo / Leopoldo Amado)


Guiné > Zona Leste > Galomaro > c. 1972 > Poilão atingido por um raio. 

 Foto: © Paulo Santiago (2007). Direitos reservados. 



  1. Mensagem do Paulo Santiago, em reposta a um e-mail meu (1): 

 Não sou grande especialista em Silvicultura,mas também penso que o embondeiro é diferente do poilão. Julgo ver,na minha memória, um embondeiro, árvore com um tronco mais ovalizado e não tão esguio como o do poilão. 

O mais célebre deve ser o de Brá, perto do qual se encontravam, há dois anos, carcaças de viaturas militares senegalesas, destruídas quando da guerra de 1098/99. O Pepito, pela sua formação académica [ é engenheiro agrónomo pelo ISA, de Lisboa],é que poderá dissipar esta dúvida. 

 Junto, possivelmente já a tens, foto de um poilão, em Galomaro, atingido por um ou mais raios.  

Abraço Paulo Santiago 

  2. Comentário do Leopoldo Amado: 

 Caros amigos: Embondeiro (cabaceira) e poilão são duas coisas diferentes, pese embora serem ambas árvores milenares e gigantescas (sobretudo o primeiro). Embondeiro dá fruto, denominado cabaceira na Guiné e múcua em Angola. No caso da Guiné, tanto a árvore como o fruto possuem o mesmo nome. Actualmente, a maior quantidade do sumo que se faz da Guiné é justamente do fruto do embondeiro, ou seja, da cabaceira. Guiné-Bissau exporta muita cabaceira, seja para o Senegal, seja para Cabo-Verde, países esses onde é sobretudo utilizado como ingrediente principal para sumos e sorvetes.

 Curiosamente, no Senegal, embondeiro denomina-se baobab e o seu sumo bissap de baobab. Em Cabo-Verde, onde essa árvore rareia ou é mesmo inexistente, é chamado sumo de fresquinha ou gelado de fresquinha, no caso de sorvete. 

  3. Comentário de L.G.: 

Aquela terra também foi nossa... Não nos acusem de imperialistas, colonialistas, saudosistas... Foi nossa porque amámo-lo... Porque continuamos a manter uma certa relação (quase umbilical) com a Guiné-Bissau e o seu povo... Tínhamos 20 anos e uma enorme capacidade de deslumbramento... Pepito, Leopoldo, Mussá Biai, Sadibo Dabo e tantos outros amigos da Guiné: não nos interpretem mal... 

Cusa di nos terra, coisas da nossa terra, é isso mesmo! 

A terra é só uma e não tem dono, não deveria ter dono. Há um pedacinho do planeta, Portugal e a Guiné-Bissau, de que nós gostamos com um carinho especial, que nós amamos com um amor especial...  
________ 

 Notas de L.G.: 

 (1) E-mail enviado para todo o pessoal da Tabanca Grande: 

 Amigos e camaradas: Leiam o belo poema do nosso Palmeirim de Catió sobre o "embondeiro do Cachil" (Ilha de Caiar)... E depois mandem-me fotos vossas de embondeiros da Guiné... Do que eu me recordo é dos poilões. Há quem diga que é a mesma coisa, mas não é (do meu ponto de vista de leigo)... Fotos de poilões serão também vindas, que é para comparar... O mais fotografado dos poilões deve ser o de Maqué. Uma das maravilhas da Guiné... Mas o poeta é que sabe (2)... 

1 comentário:

Anónimo disse...

DE:ANTONIO ROSINHA

O Poilão Sagrado

Ao ser abordado este assunto, penso que seria interessantissimo, que guineenses, por exemplo Leopoldo Amado, ou outros, fizessem um relato da importância espiritual, que representa para muito povo guineense esta árvore, que, penso que muitos tertulianos não se aperceberam nunca de tal facto. Pelo que eu verifiquei in loco, para certos guineenses, certos poilões representam no mínimo uma catedral para um católico, ou uma mesquita para um muçulmano.

Estou certo, quer este assunto traria muitas novidades a muitos tertulianos.
Um abraço Antº Rosinha