quarta-feira, 12 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2628: Fórum Guileje (2): Nunca uma guerra foi feita de uma só batalha (Mário Fitas)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Visita dos participantes do Simpósio Internacional de Guiledje > 1 de Março de 2008 > Três homens (solitários) de Guileje. Da esquerda para a direita: o ex-major Coutinho e Lima (que em 22 de Maio de 1973, era o comandante do COP 5, sendo hoje coronel na reforma); Abílio Delgado (ex-Capitão dos Gringos de Guileje, a CCAÇ 3477, Nov 1971/ Dez 1972); e Nuno Rubim, (que comandou duas companhias, em Guileje, a CCAÇ 726, e a CCAÇ 1424, no período de 1965/66).

Foto e legenda: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.


1. Texto do Mário Fitas (1):

Caro Manuel Lema Santos,

Li, e senti a profundidade do seu texto Ainda sobre o 'Simpósio de Guilege' (2).

Fui um simples Fur Mil de Operações Especiais, em Cufar, de Março de 1965 a 1966, fazendo parte da CCAÇ 763 comandada na altura pelo então Capitão Carlos da Costa Campos, já não existente entre nós, mas cuja urna entrou na sua última morada, pelas mãos de elementos da CCAÇ 763, e que no seu regresso à Guiné para outra comissão, onde foi promovido a Coronel, comandadou o COP3, na altura das operações em Guidaje.

A empatia gerada entre mim e o Cor Costa Campos levou-nos a falar, e analisar pormenorizadamente, muita coisa sobre a Guerra da Guiné.

Já tive oportunidade de falar na nossa Tabanca Grande, não só sobre a colaboração da Armada bem como da Força Aérea Portuguesas, nos teatros da referida Guerra. E que reafirmo o meu grande reconhecimento, por tudo o que por nós fizesteis. Tenho a certeza que este reconhecimento seria subscrito em absoluto, por todos os elementos da CCAÇ 763.

Tenho plena consciência que determinados tabus ainda se encontram instaurados entre nós, mas que teremos de ter a capacidade de nos ouvirmos, e debater com clarividência, para que seja a verdade da Guerra na Guiné contada na primeira pessoa.

Muitos foram de facto os que sofreram e sofrem. Nunca uma guerra foi feita de uma só batalha!

Tenhamos a capacidade de ultrapassar todas as barreiras, e deixemos ao Povo Português o que foi uma Guerra de facto e não uma batalha. Dum lado e do outro que as mãos se unam, e façam a História dos seus Povos.

Tudo isto, para lhe demonstrar a minha admiração, pela clarividência e honestidade do seu texto.

Há momentos tristes, mas a verdade tem de ser nosso apanágio. Estou consigo! Estas suas palavras devem fazer parte do legado da Nossa Tertúlia!

Já que, de certeza, muitas vezes subiu e desceu o mítico Cumbijã, um abraço do tamanho desse maravilhoso rio.

Mário Fitas

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Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 28 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2593: Pami Na Dondo, a Guerrilheira, de Mário Vicente (11) - Parte X: O preço da liberdade (Fim)

(2) Vd. poste de 12 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2626: Fórum Guileje (1): E Cameconde ? Cabedu ? E a nossa Marinha ? (Manuel Lema Santos / Jorge Teixeira / Virgínio Briote)

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