sexta-feira, 9 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2824: Poemário do José Manuel (12): Ao Zé Teixeira: De sangue e morte é a picada...

Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > Os alunos da escola de Mampatá onde eu era auxiliar do Furriel Simões (Coimbra) a ensinar todas aquelas crianças. Grande trabalho fez o Simões, professor dedicado e que levava muito a sério a sua missão. Eu gostava mais de jogar à bola com eles.

Foto e poema: © José Manuel (2008). Direitos reservados (1).


1. Poema do dia, sem título, enviado em 24 de Abril:

Ao Zé Teixeira (*)

De sangue e morte é a picada
a escuridão encobre a verde mata
há um silêncio que magoa
um barulho que atordoa
um ruido que embriaga
e adormece os sentimentos
que endurece o coração
é o perder do sorriso
que se volta a encontrar
no sonho, na visão, na ilusão
ás vezes na recordação
da nossa moira encantada
hoje a minha moira é negra
de seios duros e firmes
de palavras e sons estranhos
que aprendo a entender
que sinto que posso amar
pois a vida é para viver
e não apenas para sonhar
renasce o pulsar da vida
em trepidante erupção
sinto regressar a mim
o que perdi na picada.

Mampatá 1974
josema

(*) Nota do JML:

Ontem conheci o José Teixeira e parte do seu grupo de Matosinhos. Relembrámos locais onde vivemos embora em datas diferentes. Havia referências comuns e o mesmo sentir por uma população entre a qual vivemos. Gostei do carinho com que ele falou daquela gente, como o receberam tantos anos depois quando lá voltou, por isso o poema de hoje é dedicado a ele.


2. Comentário, muito sentido e sincero, do nosso Zé Teixeira, com data de 27 de Abril de 2008:

Há momentos na vida em que o escorrer das lágrimas pela face abaixo sem que as possamos conter, reflectem a alegria que vai no coração. Este foi um deles, num fim de tarde de Domingo. Obrigado, Luís, por te lembrares de mim em primeira mão. Obrigado, Zé Manel, pela bela lição de esperança, escrita com raiva e dôr pelo sangue e morte que viste na picada, a picada que eu, antes de ti , trilhei e amargurei, e, só depois de voltar a vê-la, descansei.

Fraternal abraço do
J.Teixeira_______________

Nota de L.G.:

(1) Vd. último poste da série: 2 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2806: Poemário do José Manuel (11): Até um dia, Trindade, até um dia, Fragata

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