domingo, 12 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3303: O Nosso Livro de Visitas (33): Iaia Djamanca, cidadão guineense, estudante universitário no Rio de Janeiro

1. Mensagem de Iaia Djamanca, guineeense, a estudar no Rio de Janeiro, Brasil, com data de 9 de Outubro de 2008.

Assunto: Comentário

Ao iniciar gostaria de poder agradecer do fundo do meu coração por este magnífico trabalho de Vossa Excelência Senhor Luís Graça, Sociólogo do Trabalho e da Saúde, doutorado em Saúde Pública, professor na Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa, em Lisboa.

Fiquei impressionado com este brilhante trabalho que me facilitou numa simples pesquisa que estava fazendo na minha faculdade, aqui no Rio de Janeiro (Brasil), com os colegas brasileiros que queriam tanto conhecer algo da minha terra e o nosso crioulo.

Finalmente consegui encontrar de entre muitas que eram do crioulo de Cabo-Verde, o seu trabalho.

Gostei muito e peço a Deus que apareçam milhares de trabalhos como o seu para a Guiné-Bissau.

Obrigado pelo trabalho....

2. Resposta enviada em 12 de Outubro

Caro Iaia Djamanca:

Muito obrigado pelo seu contacto e pelas suas palavras.

É nossa missão escrever uma parte da História de Portugal que está directamente relacionada com as lutas contra os movimentos de libertação das antigas colónias.

Nós, os ex-combatentes, não nos envergonhamos do nosso passado, pois em tempo de ditadura não havia alternativa para o não cumprimento do então chamado dever de defender a Pátria. O poder político julgava poder manter intacto o império colonial, lutando contra o que era já então um movimento irreversível a todos os níveis. Havia, sim, a hipótese de fuga do país, mas isso acarretava um futuro incerto, pois ainda não se sonhava com o derrube do regime totalitário vigente.

Alguma supremacia por parte dos movimentos libertadores e a saturação dos Oficiais e Sargentos do Quadro Permanente do Exército Português, precipitaram o derrube dos governantes de então e a abertura de conversações com quem justamente ansiava a independência total a absoluta.

Hoje, todas as antigas colónias portuguesas são países independentes de pleno direito. Existe uma amizade sincera entre os nossos povos e consideramo-nos mutuamente como irmãos. Os nossos inimigos de ontem recebem-nos hoje de braços abertos, quando os visitamos.

Pena que, pelas limitações próprias da Guiné-Bissau, onde a internete está muito longe de chegar sequer a uma minoria dos cidadãos, os ex-combatentes do PAIGC não possam colaborar no nosso Blogue, porque a troca de informações entre ambos os lados só enriquecia este espólio que ajudará no futuro a reescrever este bocado da História dos dois países. Daí ser muito importante, para nós, o diálogo com os guineenses da diáspora, os que vivem, estudam e trabalham no estrangeiro, como o Iaia Djamanca.

Sempre que precise de alguma informação, não se acanhe a contactar-nos, que nós, se tivermos a resposta, ajudá-lo-emos.

Desejamos-lhe as maiores venturas em terras do Brasil , se fôr sua vontade, volte um dia à Guiné-Bissau para ajudar os seus compatriotas que muito precisam de quadros.

Receba um abraço dos editores, assim como de todos os ex-combatentes e amigos da Guiné-Bissau, membros deste blogue.

Carlos Vinhal
Co-editor

Sem comentários: