sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3418: Álbum fotográfico de Manuel Bastos Soares (1): Bambadinca, a festa da comunhão solene, Dona Violete e a malta da CCAV 678 (1965/66)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Foto nº 5 > Abril de 1965 (?) > Festa da primeira comunhão > A menina branca, filha do chefe do posto de Xitole, ladeada pela Professora Primária Dona Violete (à esquerda, de óculos escuros) e a esposa de um dos comerciantes locais (à direita).




Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Foto nº 3 > Abril de 1965 (?) > Capela local > Um grupo de meninos e meninas (só uma das quais é branca, filha do chefe de posto do Xitole, a frequentar a escola primária em Bambadinca), no dia da comunhão solene, devidamente enquadrados por uma freira, católica, muito possivelmente missionária e estrangeira.
 

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > Foto nº 6 > 1965 > Festa de 1º. aniversário da CCAV 678, em Bambadinca. Na mesa dos oficiais e sargentos, o 1º de frente e da esquerda é o Fur Mil At Manuel Bastos Soares, autor destas fotografias, natural de Vila Nova de Gaia e residente na Maia.


Guiné > Zona Leste > Bambadinca > Foto nº 10 > Fevereiro de 1966 > Vista aérea de Bambadinca, tirada do lado do Rio Geba e da estrada Bafatá-Bambadinca, vendo-se em primeiro plano a tabanca, atravessada a meio pela estrada; e em segundo plano, a íngreme (e poeirenta, no tempo seco) rampa de acesso ao aquartelamento e aos edifícios administrativos da localidade (posto administrativo, correios, escola, capela...); em terceiro plano, a tabanca de Bambadincazinho (à esquerda da estrada) e do outro lado, a pista de aviação e o cemitério local; em quarto plano a bifurcação da estrada: para a esquerda, Xitole (não havia ainda Mansambo, só construído em 1968); para a direita, Xime. Ao fundo, do lado direito, talvez o Rio Udunduma, afluente do Rio Geba...


Guiné > Zona leste > Bambadinca > Foto n º 11 > Fevereiro de 1966 > Vista aérea da tabanca de Bambadinca, à esquerda, e do Geba Estreito, à direita; em segundo plano, o morro, onde se situava o quartel e outras instalações civis e administrativas. Estas duas fotos foram tiradas de um Cessna, dos TAG - Transportes Aéreos da Guiné, fretado pelo Cap da CCAV 678 para trazer víveres, de Bissau, para o pessoal.

Fotos (e legtendas): © Manuel Bastos Soares (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.Mensagem de Beja Santos, de 4 de Novembro último:


Queridos amigos:

Aqui vão fotos históricas do nosso camarada Manuel Bastos [Soares]. Oxalá ele entre na nossa tabanca grande e nos preste relevantes serviços, como estas imagens abonam. Esta é mesmo a D. Violete, que eu conheci, mais amadurecida. Comoveu-me muito esta lembrança, transfiro-a já para o nosso blogue. 

Até breve, um abraço do Mário.


2. Mensagem de 31 de Outubro de 2008, enviada por Manuel Bastos [Soares] ao Beja Santos:


Assunto: FOTOS DE BAMBADINCA - D. VIOLETE

Caro Beja Santos :

Antes de mais as minhas cordiais saudações. Como é meu dever e obrigação, passo a apresentar-me: de nome, chamo-me Manuel Bastos Soares, sou natural de Santa Marinha, Vila Nova de Gaia (aqui nasceu o nome Portugal), fui militar na Guiné-Bissau de Julho de 1964 a Abril de 1966, e resido na cidade da Maia.

O motivo que me leva a escrever-lhe está relacionado com a sua prosa (dou-lhe os meus parabéns pela mesma), que fui lendo, desde que sou cliente, e assíduo, do
blogue do Luís Graça. 

Tal como eu, o Beja Santos também esteve em Bambadinca e nos seus escritos fala muito de determinada senhora, a D. Violete, com a qual tinha óptimo relacionamento, mas da qual nunca vimos nenhuma foto dela.

Na minha posse, tenho várias fotos, tiradas em Bambadinca no dia da comunhão solene em Abril de 1965 (?), e numa das quais está uma senhora, cujo nome se me varreu por completo da memória, e que na época era a professora da escola primária de Bambadinca.

Será esta senhora a D. Violete? Na hipótese de querer confirmar, se é ou não a dita senhora, terei imenso gosto em enviar-lhe, via e-mail, a foto digitalizada, assim como outras de Bambadinca.

Com os melhores cumprimentos:

Manuel Bastos


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > O nosso fotógrafo-mor, o ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis, da CCAÇ 12 (1969/71), tirou um slide com os memoriais das unidades que passaram por Bambadinca. Havia no nosso tempo vários memoriais, no meio da parada, junto ao pau da bandeira, frente à escola local (onde ensinava e vivia a misteriosa Dona Violete). 

Como a imagem original que possuímos em arquivo, tem uma boa resolução (2,5 Mb), procedemos à sua edição. Neste excerto, o Humberto tem à sua direita o memorial do Pel Mort 1192 (Bambadinca, Maio de 1967/ Março de 1969) e, se não me engano, o da CCAV 678 (que não vem na lista do Benjamim Durães). O Manuel Bastos  Soares também reconheceu, nesta foto, o brazão da sua companhia. Logo me confirmará se o meu raciocínio está certo. Sabemos, pela lista do Durães (**), que nessa altura também esteve em (ou passou por) Bambadinca a CCAV 1482 (Nov-65 Bambadinca Abr-66 Xime Jul-67 / Jan-67 Ingoré).



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Parada do aquartelamento, frente à escola primária > Memoriais de unidades que passaram por Bambadinca > Pormenor: um primeiro plano, ao centro, o momento evocativo da passagem do BCAÇ 1888, o primeiro batalhão com sede em Bambadinca (Mai-66 Fá Mandinga Nov-66 Bambadinca Jan-68), de acordo com a lista do nosso camarada Benjamim Durães (**). A CCAV 678 deve ter sido rendida pela CCAÇ 1551 / BCAC 1888 (Mai-66 Bambadinca Nov-66 Fá Mandinga Jan-68 Fev-67 Xitole).


Por detrás vê-se o monumento do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, Maio de 1968/ Março de 1970). E do lado esquerdo, o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), cuja CCS teve um morto, o Sold Cond Auto Manuel Guerreiro Jorge.

Fotos (e legendas): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legemdagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Mensagem de 3 de Novembro de 2008, enviada ao Beja Santos pelo Manuel Bastos

Caro Amigo Beja Santos:

As minhas cordiais saudações.

Na posse do seu e-mail, cá estou a responder ao mesmo, e naturalmente também
à sua curiosidade e ansiedade. Entretanto vou contar-lhe rapidamente a história destas fotografias.

Corria o Ano da Graça de 1965, e calculo eu, por volta do mês de Abril, realizou-se em Bambadinca a comunhão solene dos meninos e meninas da comunidade católica local.
De entre as meninas do grupo, fazia parte a única menina branca que está em duas das
fotos que lhe envio.

E quem era essa menina? De nome varreu-se-me da memória, mas sei que era filha do chefe de posto do Xitole, e como não havia escola na localidade, o pai colocou-a em Bambadinca. Hospedou-a em casa de uns comerciantes brancos (creio eu, empregados da casa Gouveia), estando a esposa numa das fotos, com uma criança ao lado.

Como eu tinha bom relacionamento com o dito comerciante, pediu-me para tirar as respectivas fotografias da comunhão da menina. Num gesto de retribuição e simpatia convidou-me para o almoço da festa da comunhão. Naturalmente que aceitei e agradeci. Nesse mesmo almoço esteve presente a Professora da escola primária de Bambadinca, que é a senhora que está de óculos escuros na foto nº. 5, e que creio eu será a D.Violete.

Dada a explicação quanto ao motivo que me levou a ser repórter fotográfico, passemos ás fotos.

Já se apercebeu que além das fotografias da comunhão, em anexo tenho o prazer de lhe enviar algumas mais, de locais que lhe farão lembrar os seus tempos passados pelas terras quentes e vermelhas de Bambadinca. Como as fotos não têm legenda passo a descrever:

Foto 3: Meninos e meninas da Comunhão Solene, em Bambadinca com a Irmã freirinha.

Foto 5: A menina filha do chefe de posto do Xitole, com a Professora e esposa do comerciante.

Foto 6: Festa de 1º. aniversário da CCAV 678, em Bambadinca. Na mesa dos oficiais e sargentos sou o 1º de frente e da esquerda.

Fotos 10 e 11: Vistas aéreas de Bambadinca, quando regressava de férias [de Bissau] em Fevereiro de 1966.

Julgo que por agora ser tudo, não deixando contudo de lhe formular um convite: se por acaso viajar cá por estes lados, terei imenso prazer em recebê-lo em minha casa. Em anexo envio-lhe o meu cartão para melhor cá chegar.

Sem mais, um abraço do amigo ao dispor:

Manuel Bastos

P.S. Caro Beja Santos, vai-me desculpar, mas não consigo enviar-lhe as fotos todas juntas, pois os ficheiros são demasiado pesados, por esse motivo vão seguir em vários e-mails.

4. Comentário de L.G.:

Falei, há umas duas ou três horas, ao telefone, com o Manuel Bastos. A cumplicidade da Guiné e o conhecimento de Bambadinca vieram logo ao de cima. Passado 30 segundos, já estávamos a falar como velhos camaradas, e a tratarmo-nos como deve ser, entre camaradas da Guiné, ou seja, por tu...

Fiquei a saber que o novo membro da nossa Tabanca Grande (vai entregar as fotos da praxe e as notas biográficas), andou primeiro por Cacine e Cabedú, no Cantanhez, noutra unidade (cujo não nº não consegui fixar, mas penso que foi a CCAÇ 555, do Norberto Costa) (*), antes de vir para Bambadinca, para a CCAV 678.

Esteve na construção do destacamento da Ponta do Inglês, passou por Fá, pelo Xime e pelo Enxalé. "No meu tempo ainda não havia o cais do Xime, nem a estrada Bambadinca-Bafatá era alcatroada"... Teve mortos no Buruntoni e em Ponta Varela... Fez colunas logísticas ao Xitole, sempre com porrada... Nunca foi ao Saltinho.

As melhores memórias que guarda, são as de Bambadinca... "Ainda gostaria de lá voltar um dia", confessou-me ele ao telefone. Da próxima vez que eu for ao norte, estou convidado a procurá-lo. Mora na Maia, Gueifões, próximo de camaradas nossos como o Zé Teixeira, de São Mamede de Infesta. Incentivei-o a passar a frequentar a Tabanca de Matosinhos, às 4ªs feiras. Está reformado, há 3 anos, depois de 40 e muitos anos de trabalho. Era formador numa escola profissional (CENFIM).

Fiquei com uma bela impressão do camarada Manuel Bastos... Estivemos à conversa mais de meia hora. Disse-lhe que foi comovente para mim e para o Beja Santos revisitarmos Bambadinca, através das suas fotos, a nossa Bambadinca comum... Numa próxima oportunidade ele irá assinalar-nos as diferenças existentes em 1965/66 por comparação com as fotos de 1969/70, do Humberto Reis.

Desejei-lhe as boas vindas ao nosso blogue que ele, de resto, conhece e acompanha há mais de um ano, silenciosamente... (Sentindo-se mais disponível depois da reforma, há um ano escreveu a palavra Guiné no Google e foi dar com o nosso blogue, cuja leitura, frequente, já não dispensa).

Sobre a CCAV 678, tínhamos até agora poucas referências no nosso blogue. Por exemplo, encontrei informação, na lista do A. Marques Lopes, sobre dois mortos desta unidade, que ficaram sepultados na Guiné:

(i) José Augusto Silva Pereira, Soldado / CCav 678 /30.08.65 / HM241, Bissau / Ferimentos em combate / Xime / Vilar da Maçada, Alijó / Cemitério de Bissau, Campa 1953, Guiné.

(ii) Nuno da Costa Moreira, 1.º Cabo / CCav 678 / 10.11.65 / Galomaro / Acidente de viação / Pedorido, Castelo de Paiva / Cemitério de Bissau, Campa 2038, Guiné.

Mas fiquei com a ideia de o Manuel Bastos me ter dito que, no cemitério de Bambadinca, no seu tempo (1965/66), havia pelo menos um morto, branco, da sua unidade ou de outra unidade que passou por Bambadinca (CCAV 1482 ?), e cujo nome não constava da lista dos mortos sepultados na Guiné, organizada pelo A. Marques Lopes.

Pelas fotos que o Manuel Bastos nos manda percebe-se que houve posteriormente uma escalada da guerra que terá levado à saída das famílias portuguesas e ao aumento dos efectivos militares. No seu tempo ainda não havia nenhum batalhão sediado em Bambadinca. O primeiro terá sido o BCAÇ 1888 (1966/68).

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd.postes de:






1 comentário:

Luís Graça disse...

Pergunto-me: Quem era a comunidade cristã de Bambadinca nessa época (1965) ? E quantos eram ? Quantos civis, de origem portuguesa, é que haveria ? E de origem caboverdiana ? Quem eram os missionários ? O que será feito destas crianças ? E a Dona Violete, ainda estará viva ?

No meu tempo (1969/71) não me recordo de ver crianças brancas, nem sequer mulheres brancas (com excepção das esposas dos militares, três ou quatro, que lá viveram).

Também não tenho ideia da Casa Gouveia nem dos seus empregados. E comerciantes, em Bambadinca, só conheci dois: o Zé Maria e o Rendeiro...

LG