domingo, 9 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3427: Em bom português nos entendemos (5): Estórias com história... ou deixem-se de estórias / histórias... (Manuel Amaro / Jorge Cabral / Jorge Teixeira-Portojo / Torcato Mendonça / J. M. Matos Dinis / J. L. Mendes Gomes / Luís Graça)

Blogcomentários sobre o tópico história e/ou estória, a que se refere o Poste P3417 (*):


(i) Manuel Amaro

Meu caro Luís Graça:

Eu nunca escrevi a palavra estória, a não ser em situações como esta, em que acabo de escrever estória.

No entanto, fui convencido, em Junho de 1980, pelo meu amigo Fernando Assis Pacheco, jornalista e escritor, já falecido, que o uso da palavra estória em nada diminuía a história, desde que cada uma fosse colocada no seu "galho". Aceitei, aceito, já votei no blogue, pela continuidade das estórias.

Por outro lado, há dias, ao seleccionar o título para um livro de poesia, optei por "histórias contadas em verso" em vez de "estórias contadas em verso".

Concluindo, acho que é um pouco como os "piercings" ou os brincos, ou o cabelo em "crista de galo"... eu não uso, mas não vejo qualquer inconveniente em que se use...

Mais, creio que o Camões ou o Pessoa, não devem ser chamados para esta questão.
Quem sabe, um dia destes, ainda vou escrever umas estórias para o blogue.

Um Abraço

Manuel Amaro


(ii) Jorge Cabral

Amigo!

Por mim conto estórias.. Quanto ao Pulo Genético...claro, sempre me achei com cara de Mamadu..
Abraço Grande. Jorge


(iii) Henrique Matos

Concordando plenamente com o que o Luís escreveu, só me resta dizer: Se as "estórias cabralianas" fossem história não tinham o mesmo sabor.

Abraços
Henrique Matos


(iv) Jorge Teixeira (Portojo)

Sobre a "estória": Li esta palavra a primeira vez no Jornal A Bola há muitos anos, numa crónica do saudoso Carlos Pinhão, creio que na última página da edição de sábado,-nessa altura o Jornal publicava-se tri-semanalmente no espaço A Duas Colunas.

Como nessa época, os jornalistas, além de saborosas crónicas que nos davam a ler, sabiam imenso da nossa língua. Carlos Pinhão fazia parte da regra. Por isso estranhei aquela palavra. Dias depois li a explicação porque se escrevia "estória" e não história.

Li agora, aqui num comentário, exactamente a mesma descrição da palavra. Por isso, votei a favor da sua manutenção, desde que devidamente correcto o seu sentido. Mas isso depende de cada um de nós.

Um abraço para toda a Tabanca.
Jorge Portojo

(v) Torcato Mendonça

Escrevi uma Declaração de Voto. As pressas dão em vagares e a dita foi-se. Concordo com o Comentário ao Post (ou Poste) sado no blog (ou Blogue????´).

Não me alongo mais: ALINHO LETRAS QUE SÃO ESTÓRIAS E NUNCA ESCREVO HISTÓRIA OU SOBRE ELA.Era ser vaidoso e não sei escrever...

Abraços
Torcato

(vi) José Dinis

Obrigado, Luis Graça, pela investigação sobre o étimo e a tradição do vocábulo "estória". Por outro lado, a língua como forma de expressão, é dinâmica, evolutiva, muito embora se façam distinções entre a linguagem popular e a erudita, dos cultos, e a escrita vai-se ajustando.

No texto que ontem enviei, fiz referência a jogos de futebol, e a estórias concomitantes. Estórias marginais , sem qualquer interesse para o grande estudo que se possa fazer da guerra colonial, que apenas servem para ilustrar pedaços da permanência das NT, sem a ambição, ou glória, de fazer história. Ao contrário, o acidente aéreo que vitimou P.P.Leite, esse é histórico, pois influenciou o desenrolar político da nação.Eis o meu ponto de vista, pois falta-me o necessário conhecimento científico para afirmar convictamente.

Um abraço

José Dinis

(vii) Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes


Eu cá não gosto de ser como o caraguejo. O caminho é para a frente. Se "estória" já valeu no linguajar da sua época, remota, e se por evolução fonética passou para a forma actual de " história" então fixemo-nos na forma actual. De contrário é recuar...

O facto de Mia Couto, Luandino Vieira a terem usado nos seus escritos, é lá com eles...A língua não pode andar ao sabor dos caprichos de cada qual. A língua é um código de comunicação entre as pessoas que a perfilham. No qua está nos códigos só se pode alterar pelos órgãos competentes e com deliberação muito qualificada.Se não vamos voltar a dizer que "pluviou" em vez de "choveu"... Água...já há demais.

Um abraço para todos, especialmente para quem discordar do meu ponto de vista.

Joaquim Mendes Gomes



(viii) António Matos



Depois de tanto ler àcerca da polémica, não tive outro remédio senão enfiar o capacete e assim me proteger de alguma roquetada pela opinião que transmitirei.
Eu uso os 2 grafismos e dou-lhes significados diferentes.

Estou perante as chamadas palavras homonímicas (a homonímia é definida como a propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que partilham a mesma pronúncia, mas que conservam significados distintos).

Cá para mim o léxico "história" reflecte o conjunto das estórias;
Um conjunto de histórias nunca vai dar a uma estória.

E esta, hem ?

António Matos

(ix) De novo o Torcato Mendonças

Assunto - Que raio de estória!

Meus Caríssimos Editores:

Não gosto e, menos ainda fazer, a outros, perder TEMPO. Não gosto muito de "purismos"; "fundamentalismos" e outros "ismos". Não gosto de sondagens.
Razões, agora não! Fiquei com a história e a estória atravessadas... isso não é aceitável para mim... feitios...

Logo no primeiro dia lembrei-me de ter lido, escrito por um antigo Professor de uma Faculdade Estatal, um livro, uns escritos... Preguicei e não fui procurar. Mas remoía comigo, dava-me a volta, abria o blog ou blogue e lia...logo á esquerda...e disse: vai procurar, já!

Depois, parei e disse: mas aí, na tua frente nesse portátil tens informação suficiente. Perante isso teclei "Urbano Tavares Rodrigues". Facilmente, com uma simples tecla: O Senhor Professor escreveu em 1977 Estórias Alentejanas.

Obviamente nada mais digo sobre o Homem e o Escritor. Acrescento só: (de outra fonte de informação):

(a) Estória, s.f. - arcaísmo que se procura revitalizar para, em contraste com história (baseada em documentos), significar narrativa de ficção;

(b) Estória, s.f.- história de carácter ficcional ou popular; conto, narração curta.

Perder mais tempo? Eu "escrevo" estórias de Mansambo; do José; Pensar em Voz Alta, Fotos Falantes ( textos de suporte a fotografias da minha passagem pela Guiné - uma foto são mais que mil palavras...); Bloterapia, em escape à "bolha" que me acompanha e, de quando em vez "pluff". Ou outros escritos que nada têm a ver com esta Tertúlia (também não gosto de Tabanca Grande)...

Não vou procurar, devido ao fim-de-semana, quem, de pronto, rindo ou sorrindo, me informaria.

Abraços ou tri-abraços do Torcato (ou Torquato?) ou do José.

Escrevo estórias e escritos afins...são a minha verdade, a minha visão de acontecimentos passados mas que eu sinto serem verdadeiros! Escrevo outros escritos, relatórios e por aí fora, suportados por documentos e saberes adquiridos...também não são histórias ou estórias...mas custam muito €€€€...

Abraços



(x) Luís Graça


Caros amigos e camaradas da Guiné: Se fizerem uma pesquisa no Google, verificam que a expressão "Deixem-de histórias" (com aspas) ganha, por 264 contra 34, à expressão "Deixem-se de estórias"... O Google é democrático... Será ?

Em contrapartida encontrei apenas 13 referências às "estórias cabralianas"!!! Não é muito, mas também não é mau, para um escritor ordinário (no sentido em que ainda não é extra)... Fico simultaneamente feliz, por ele (que eu admiro e que faz o favor de ser meu amigo). Mas fico também intrigado... Eu, pela minha parte, já lhe publiquei, no nosso blogue, meia centena das ditas cujas... E não tenciono ser linguisticamente correcto, no sentido de substituir vir a substituir estórias por histórias...

Estou como o Henrique Matos, não imagino o Jorge a escrever "histórias cabralianas"... Mas também sei que um dia hei-de apresentar o livro dele e começarei justamente com as seguintes palavras:
- Estas são estórias com história...

Quanto às histórias de Mansambo, meu caro Torcato, a culpa é tua e minha, por que fomso nós que as ba(p)tizámos:

"Início de mais uma série de estórias do Torcato Mendonça que foi Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69. Vamos chamar-lhe estórias de Mansambo, aquartelamento construído heroicamente, de raíz, pelo pessoal da CART 2339" (LG).

"Começo então pela… Dança dos Capitães. Uso as iniciais dos nomes. O nome completo será enviado ao Luís Graça, no fim de cada estória. Não é medo. Creio que muitos estão vivos e, devido a um texto recente, achei preferível fazer assim. Assunto a resolver quando do envio. Assumo tudo o que escrevo e, uma vez enviado, deixa de ser meu. Ou seja, o Luís Graça publica ou não da forma que entender" (TM)...
__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 6 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3417: Em bom português nos entendemos (4): Ele há histórias e estórias... (Norberto Gomes da Costa / Luís Graça)

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