segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3702: Memória dos lugares (15): Funchal, uma ponte entre Lisboa e Bissau (Luís Graça)

Região Autónoma da Madeira > Funchal > Rua do Bispo > 31 de Dezembro de 2008 > O ex-Fur Mil José Luís Sousa, da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), mais conhecido entre os seus camaradas da Guiné pelo petit nom de Zé da Ila, mediador de seguros com escritório na centralíssima Rua do Bispo... Tropecei literalmente com ele, nas minhas férias madeirenses de fim de ano...

Já agora ficam com o contacto da empresa: José Luís Sousa - Mediação de Seguros, Lda, R. Bispo 36, 1º - B, Funchal, Madeira 9000-073, Tel: 291200410... Ele mudou de mail, mas eu registei o endereço numa folha de jornal... que foi parar ao cesto dos papéis... O José Luís é um profissional competentíssimo na área dos seguros. Tive o prazer de conhecer o filho, com quem trabalha. É, além disso, um homem de muitas contactos: num ápice arranjou-me um transitário e um sucateiro de automóveis, dois contactos precisosos para o meu sobrinho, médico, que estava a mudar-se para o Porto, depois de um ano de trabalho no Serviço Regional de Saúde.

O Sousa foi meu duplo camarada, além de ter sido e continuar a ser um querido amigo: formámos companhia em Santa Margarida (CCAÇ 2590/CCAÇ 12), fizémos a guerra juntos, dormimos no mesmo quarto (eu, ele, o Tony Levezinho, o Humberto Reis, o Marques, o Joaquim Fernandes) em Bambadinca, de Julho de 1969 a Março de 1971...

Ele era o mais educado, o mais afável, o mais calmo, o mais polido, o mais correcto, de todos nós: um verdadeiro gentleman funchalense... possivelmente com costela britânica... A preocupação em afirmar-se como funchalense, levava-o a falar sem dizer os lhês... para evitar a armadilha do cerrado sotaque madeirense... Daí ter ficado conhecido como Zé da Ila... Era além disso um dos nossos tocadores de viola e baladeiros, ajudando a tornar menos penosas as nossas noites entre duas saídas para o mato (**).

Pertencia a uma numerosa e simpática família que morava na Rua do... Comboio. Uma família encantadora e prendada onde, rapazes e raparigas, tocavam e cantavam... É essa imagem que eu ainda guardo, da primeira vez que pisei a terra madeirense, no regresso da Guiné. O Uíge, em Março de 1971, parou umas horas no porto do Funchal, o que nos permitiu participar na festa de recepção que a família e os amigos do José Luís de Sousa lhe quiseram oferecer, a ele e aos demais camaradas metropolitanos da CCAÇ 12 que regressavam a casa, em rendição individual...
Nunca mais esqueci o insólito nome da rua... que me pareceu mais íngreme e mais estreita na altura do que agora... (e seguramente com menos casas). Do comboio já não havia vestígios... Tratava-se de um elevador que ligava a baixa do Funchal ao Monte, começando na Rua das Dificuldades e escalando a Rua do Comboio... A linha foi extinta em 1943, se não me engano.

Recordei esta história na visita ao valiosíssimo e belíssimo Photografia - Museu 'Vicentes', instalado no antigo estúdio fotográfico de Vicente Gomes da Silva (1827 – 1906)...


Região Autónoma da Madeira > Funchal > Praça do Município > 26 de Dezembro de 2008 > O belíssimo empedrado, de motivos geométricos, com dois tipos de pedra, branca (calcáreo) e preta (basalto). É esteticamente um dos sítios que eu mais aprecio na cidade. Nesta praça situam-se alguns dos edifícios mais emblemáticos da cidade: o museu de arte sacra, a Igreja de São João Evangelista do Colégio do Funchal (ou dos Jesuítas) (magnificamente reabilitado em 2001), o edifício setecentista da Câmara Municipal... Só é pena que não seja uma zona inteiramente pedonal...

Região Autónoma da Madeira > Funchal > Freguesia de Santa Luzia > 2 de Janeiro de 2009 > Um bando de pombos (incluindo muito possivelmente a... Pomba da Paz) sobrevoam a vivenda onde está localizada (no lado esquerdo) a residência privada da família de Alberto João Jardim, o presidente do Governo Regional da RAM...

Foto tirada, com zoom, do meu apartamento dce férias, sito numa transversal à Rua da Levada de Santa Luzia, com uma vista fabulosa sobre a cidade e a baía do Funchal... É uma imagem com grande simbolismo e nela deixo transparecer os meus melhores votos para os meus amigos madeirenses, para o povo madeirense e para os seus representantes...

Região Autónoma da Madeira > Funchal > Av Arriaga > 26 de Dezembro de 2008 > Animação de rua com um grupo etnográfico da RAM > Hoje a região é muito mais do que o estereotipado bailinho da Madeira... Os quase 35 anos de poder autonómico e democrático permitiram mudar a face sócio-económica da ilha...

No passado, e nomeadamente durante a guerra colonial, Lisboa usou e abusou da pobreza, da dependência, da insularidade, da estigmatização e da idiossincrasia do homem madeirense... Aqui se formaram muitas companhias madeirenses (sic), enquadradas por oficiais e furriéis milicianos do Continente, algumas das quais foram mobilizadas para o pior cenário da guerra do ultramar, a Guiné... Simples coincidência ?

Por outro lado, o porto do Funchal terá servido, tal como no passado da exploração marítima da costa ocidental africana, como um ponto intermédio, tanto na ida como na vinda, de apoio aos navios de transporte de tropas de e para a Guiné... O Funchal era quase de paragem obrigatória... Não sei se por razões técnicas, se por outras razões... Como se recordam, ensinavam-nos, na escola primária, que a Madeira (tal como os Açores) fazia parte das ilhas adjacentes (sic). Este conceitoi de adjacência (em relação ao território continental, mas distinto dos outros territórios ultramarinos, em África e na Ásia) re,omnta à Constituição de 1822 e esteve em vigor até 1975 (vd. artigo da Wikipédia sobre as Ilhas Adjacentes). 500 anos de dupla insularidade têm hoje, naturalmente, um preço político...

Região Autónoma da Madeira > Funchal > Porto do Funchal > 2 de Janeiro de 2009 > Uma pequena embarcação costeira passa, airosa e ligeira, junto a um dos gigantes navios de cruzeiro que demandam quase quotidianamente estas paragens (cerca de 3 centenas por ano)... No presente caso, o Costa Serena, um nome também com simbolismo nesta Ilha e neste início de ano de 2009... Foto tirada com zoom, do meu apartamento de férias, donde assisti ao feérico, estonteante, luxuosísismo e mundialmente famoso fogo de artifício de Fim de Ano (10 minutos, 1 milhão de euros). O 2008 foi também o 500º aniversário da cidade do Funchal.

Região Autónoma da Madeira > Funchal > 31 de Dezembro de 2008 > O mais tristemente famoso rottweiler da Madeira!... Encontrei-o e fotografei-o perto do novo Centro Comercial, o Dolce Vita, uma construção polémica, de grande volumetria, no centro da cidade, que chegou a estar embargada, mas que parece ter ganho os favores dos funchalenses, como local de compras, de convívio e... de parqueamento automóvel (Tem 3 pisos subterrâneos que estão sempre cheios).

Região Autónoma da Madeira > Funchal > Porto do Funchal > 2 de Janeiro de 2008 > A Rua das Dificuldades... O histórico comboio (a cremalheira), que ainda hoje faz parte do imaginário dos funchalenses, partia daqui , em direcção ao Monte e ao Terreiro da Luta (a estação terminal)... Tinha menos de 4 quilómetros de extensão. Esteve em actividade entre 1893 e 1943.

Região Autónoma da Madeira > Funchal > Porto do Funchal > 2 de Janeiro de 2008 > A Rua do Comboio (também conhecida por Caminho de Ferro: Vd. fotos antigas do Funchal)...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados.

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 30 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3545: Memória dos lugares (14): Bambadinca, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, 1969/71 (Gabriel Gonçalves)

(**) Refiro-o num dos meus poemas:

(...)

Mais prosaicamente,
na Guiné
o dia dos teus anos é
uma rodada
de uísque ou de cerveja
pr’os teus camaradas
no bar de sargentos.
No fundo,
o teu dia é um pretexto
para a autocomiseração,
para um voo até
às galáxias da metafísica,
que é sempre melhor, chiça!,
que ouvir
o silvo de uma granada,
em teu redor,
que é coisa bem mais real
e mortífera,
é a quilha
do barco da morte.
Com sorte,
talvez o amável Zé da Ila,
de nós todos o menos reguila,
pegue na viola
e te cante
a Pedra Filosofal

Talvez cantemos todos juntos,
às tantas da noite,
africana,
pestífera,
mortal,
e suficientemente alto,
com as nossas vozes guturais,
para que Eles, os gajos,
nos oiçam, mesmo ali ao lado,
no bar dos oficiais…

Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E sempre que um homem sonha,
A vida pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança…

Vd. poste de 5 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1047: Alá não passou por aqui (Luís Graça)

Vd também poste de 8 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P945: 'Gente feliz com lágrimas': o Zé da Ilha, o furriel Sousa, madeirense, da CCAÇ 12

(...) Recordo-me de, no regresso a casa, em Março de 1971, o Uíge ter parado no Funchal o tempo suficiente para nós irmos, em grupo (em bando!), cantar e dançar o bailinho da Madeira na famosa Rua do Comboio, em casa do Sousa, a mesa farta, e à volta uma alegre e numerosa família madeirense, jovial, simpatiquíssima, alegre, de que guardei para sempre a melhor memória...

A família do Sousa, o nosso Zé da Ila - era assim que o tratavamos, afectuosamente - , os seus numerosos manos e manas, ainda hoje os associo, a todos, por um qualquer automatismo da memória, ao filme Música no Coração...

Foi um momento único e mágico na viagem do nosso regresso a Lisboa...Vocês, amigos e camaradas da Guiné, não imaginam a alegria que foi, naquela casa, o regresso do mano Sousa, vivinho da costa, devolvido aos pais e irmãos, rodeado por todos os cacimbados dos seus camaradas, os furriéis e alferes da CCAÇ 12...

Voltei a encontrar o Sousa em 1994, em Fão, Esposende, e logo a seguir na sua terra natal... Fui depois várias vezes ao Funchal, por motivos profissionais, e nomeadamente nos últimos meses, mas confesso que não tive o mínimo de tempo para o procurar... Até pela simples razão de ter perdido o seu contacto telefónico... Vejo que o Sousa continua a trabalhar nos seguros...

Mais assíduo e mais amigo tem sido o Humberto Reis que nunca deixa de procurar o Zé Luís quando vai à Madeira (...).

8 comentários:

Anónimo disse...

Leitor assíduo do blogue, embora ex-combatente em Angola, aproveito para uma pequema correção à fotografia do exemplar canino: trata-se de um rotweiler (é assim que se escreve ?) e não de um boxer.
Este cão é já uma figura emblemática do Funchal, onde se passeia disciplinada e mansamente "vestido" conforme as épocas (até no carnaval se mascara.
Pessoalmente não gosto e não concordo que se faça...mas o cão não é meu !
Saudações a todos e bom ano 2009
J.C.Branco

Anónimo disse...

Caro Luís
Parece que vieste revigorado com a viagem à Madeira, na próxima deves ir aos Açores...
A Madeira e mais ainda os Açores, embora se chamassem ilhas adjacentes, sempre foram tratados como colónias (e ainda hoje são) e tens toda a razão quando dizes que Lisboa “usou e abusou da pobreza, da dependência, da insularidade, da estigmatização e da idiossincrasia do homem madeirense...” eu acrescento também o açoriano. Penso, por isso mesmo, que não foi “simples coincidência?” mandá-los em força para a Guiné, para onde só dos Açores foram 25 companhias. Fossem estes ilhéus de raça negra, na voragem da revolução tinham-lhe impingido a independência como aconteceu com outros.
Grande abraço Henrique Matos

Luís Graça disse...

Caro leitor J. C. Branco:

Obrigado pelo reparo. Já emendei: é de facto, um 'rottweiler'... Acrescentei 'tristemente famoso'. por que também não aprovo esta e outras crueldades que fazemos aos animais... LG

Luís Graça disse...

Camarada Henrique Matos:

Os madeirenses e os açorianos têm o pleníssimo direito de exprimirem os seus sentimentos em relação à sua história e ao país (Portugal) que procedeu à colonização das 'ilhas adjacentes', recorrendo inclusive a escravos da costa ocidental africana...

Todos nós, portugueses, a começar pelos continentais, sabemos muito pouco sobre a história dessa colonização e das relações de poder entre o centro (o continente) e a periferia (as ilhas adjacentes)... Temos de assumir isso sem complexos.

Quanto à "madeirização" e à "acorianização" da guerra da Guiné... Tu próprio já tinhas em tempo levantado o problema. Temos falado da "africanização" da guerra da Guiné (militarização das tabancas, formação de milícias e de companhais de recrutamento local, tropas especiais de origem guineense, como os comandos e os fuzileiros)... Agora vens-me dizer que só dos Açores foram 25 companhias (c. 3750 homens)para a Guiné... Da Madeira se calhar foram outras tantas...

Em suma, temos que conhecer este "lado oculto" da guerra da Guiné... Obrigado pelo teu valioso comentário. Um bom ano, de mangas arregaçadas... LG

Anónimo disse...

Camaradas,
Podem ter razão quando referem que, para a Guiné, forneceram mais companhias os Açores e a Madeira, que para outros destinos. Da incorporação do 3º. turno, no 19, formaram-se 4 compªs. Duas foram para a Guiné, 1 para Angola, e a outra para Timor.
Todavia, em 1970/71, a meu ver, o pior destino seria o norte de Moçambique, onde as operações podiam durar uma semana, por vezes, sem reabastecimento; o relevo era muito irregular e cansativo, ao contrário da planura guineense; plantavam-se minas com fartura, e também ocorriam emboscadas e flagelações. Não posso mensurar, só as estastísticas darão alguma consistência ao meu pressentimento.
Abraços.
José Dinis

Anónimo disse...

Este pequeno bate-papo sobre as ilhas, traz à memória tambem os milhares de caboverdianos que nos acompanharam lado a lado.

Antº Rosinha

joão coelho disse...

Peço desculpa pela intromissão. Os Açores a e Madeira não foram colonizados, mas sim povoados; quando lá chegàmos, no séc.15, não estava lá ninguém. O povoamento dos Açores fez-se com alentejanos e algarvios - maioritáriamente - e alguns flamengos, nunca com africanos, escravos ou não. De africanos conhece-se a história de Gungunhana que, depois de se revoltar em Moçambique, foi deportado com a familia, sob prisão, para a ilha Terceira, nos finais do séc.19; para S.Miguel, já com a guerra colonial em curso, foi deportado Simão Toco,também com a familia, fundador de um movimento religioso em Angola - o tocoísmo - que Salazar receou que se transformasse em movimento politico. Curiosamente, a seguir ao 25 de Abril, Spínola recuperou o homem, tentando torná-lo um interlocutor nas negociações sobre o futuro de Angola, e assim procurando esbater a hegemonia do MPLA, FNLA e Unita.
Os Açores eram tratados como colónias ? A resposta está no sistema que nos governou - o salazarismo - para não recuar até à monarquia; fomos explorados e maltratados como o foram os alentejanos, os transmontanos, etc. Com a colaboração das elites locais, que preenchiam os lugares de responsabilidade nos Governos Civis, Juntas Distritais, autarquias,nos portos, nas Comissões estatais disto e daquilo, and so on...
Depois da Revolução de Abril, veio a autonomia, e se ela não satisfaz há que reflectir sobre a qualidade dos politicos locais e sobre as velhissímas rivalidades dentro do arquipélago, que também não ajudam: os terceirenses criticam os micaelenses, os picoenses queixam-se dos faialenses, e até os corvinos se atiram aos das Flores. As ilhas unem-se ( as de "baixo" ), aí sim, para criticar S.Miguel, a hegemónica, o "continente" dos Açores. Aliás, se o Henrique é de S.Jorge, basta lembrar a ancestral rivalidade entre as Vilas das Velas e da Calheta, na sua ilha, situação que,como sabe, se repete no resto do arquipélago..

Um abraço

Bom 2009

J.Coelho

Anónimo disse...

Parece que por ter dito no meu comentário que os Açores sempre foram tratados como colónias e ainda hoje são, não agradou.
Que me desculpem os eventuais leitores que provavelmente se estão nas tintas para estas tricas de ilhéus, mas, como dizia o outro, vou tentar defender a minha dama.
Sendo certo que não falei em colonização, é interessante verificar que desde Gaspar Frutuoso se vê os historiadores chamar colonização ao povoamento das ilhas e ainda recentemente Luis Filipe de Lencastro, professor titular da Sorbonne, destacou a importância das ilhas atlânticas (onde inclui os Açores) como a primeira sociedade colonial ultramarina. Basta pesquisar na internet e ver as entradas que há sobre o assunto. É também certo que foram muitos os escravos que acompanharam os capitães donatários e não só.
Quando se fala de rivalidades é preciso não esquecer que fazem parte da natureza humana, e por isso não servem de desculpa ou explicação para o atraso das ilhas. Elas existem em todo o lado e até podem ser saudáveis desde que os intervenientes não queiram resolver os diferendos à paulada. Por aqui, onde decidi que seria a minha residência, também é histórica a rivalidade entre Faro e Olhão.
Quanto ao tratamento que é dado aos Açores presentemnete, basta só pegar no problema dos transportes. Ainda sou do tempo em que só se viajava para Lisboa nos velhos “Carvalho Araújo” e “Lima”, viagem que demorava quase uma semana e já se praticavam preços exorbitantes. Agora temos essa tarefa entregue ao monopólio TAP/SATA, que sem concorrência, praticam as tarifas que bem lhes apetece e que são escandalosamente altas. Já para não falar do transporte marítimo inter-ilhas que está sempre a mudar de empresa e de navios e não resolve o problema a contento.
Penso que ninguém põe em causa que a culpa é dos governantes. Devido aos governantes tivemos colónias, tivemos guerra e fomos bater com o costado na Guiné e é por isso que existe este Blog.
Grande abraço Henrique Matos