quarta-feira, 11 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4012: Efemérides (18): Faz hoje 37 anos que tivémos o primeiro contacto com o IN (Luís Dias, CCAÇ 3491, Dulombi, 1971/74)

Guiné > Zona Leste > Dulombi/Galomaro > CCAÇ 3491 (1971/74) > Crachá do 2º Gr Comb, do Alf Luís Dias Foto: luís Dias (2009). Direitos reservados

1. Mensagem de Luís Dias ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74 

  Caro Luís e restantes editores Faz hoje 37 anos que elementos da CCAÇ 3491, tiveram o primeiro contacto com os guerrilheiros do PAIGC. Se quiseres publicar esta pequena descrição do acontecido, faz obséquio. Desculpa os acentos, mas o meu portátil está com problemas nas teclas. Uma chatice. Em anexo segue o Crachá do 2º Gr Comb que foi um dos pelotões envolvidos naquele contacto Um abraço, Luís Dias. 2. Efemérides (18) > O primeiro contacto com o IN da CCAÇ 3491 Faz hoje, 11 de Março de 2009, 37 anos (tanto tempo decorrido), que elementos da CCAÇ 3491, pertencentes ao BCAÇ 3872, que tinham chegado à Guine em 24 de Dezembro de 1971 e ao Dulombi (Leste), em 24 de Janeiro de 1972, tiveram o seu primeiro contacto com os guerrilheiros do PAIGC. Os velhinhos saíram do Dulombi em 10 de Março e, no dia seguinte, 11 de Março, o 2º e 3º Grupos de Combate, comandados respectivamente pelo Alf Luís Dias e pelo Alf Farinha, reforçados por uma Sec do Pel Mil 288, iniciaram a Operação Alma Forte, com a duração de dois dias (Sábado e Domingo - fim de semana maravilhoso!), com a finalidade de reconhecer e armadilhar os pontos de passagem do IN no R Corubal. A primeira parte do percurso decorreu sem problemas, mas depois de invertermos a marcha e pelas 18H30, quando parámos para descansar junto ao Rio Lemenei/Paiai Lemenei (a cerca de 20 km do Dulombi), uma zona de mato denso e arborizado, tivemos o nosso primeiro contacto com o IN, estimado em 40/50 elementos. Nos primeiros momentos de troca de tiros houve alguma dificuldade na resposta ao fogo do adversário, que utilizava armas automáticas e roquetes/morteiros, em especial na utilização dos nossos morteiros e dos dilagramas, devido às condições adversas do local. Só quando conseguimos sair daquela mata e depois de lançarmos várias granadas de morteiro 60 mm, que terão atingido fortemente o adversário é que este iniciou a retirada, a coberto da noite que, entretanto, tinha caído. Devemos salientar nesta emboscada a actuação do Furriel do 2º Gr Comb, Espírito Santo, o Pira, que fixou com a sua Secção o fogo inimigo, permitindo a saída do restante pessoal da parte densa da mata e a actuação do Sold At Manga Camará (Guineense experiente), do 3º Gr Comb, que, tomando conta do morteirete de 60 mm, colocou-o à barriga (um feito difícil de acreditar para quem não viu) e disparou diversas granadas que mudaram o rumo dos acontecimentos (sentimos que o IN deixou de ripostar com a mesma intensidade). De salientar ainda a actuação do 1º Cabo, Amílcar Costa, também do 2ºGr Comb, que, alertado por um camarada (o Amarante que foi o primeiro a avistar um elemento do IN e deu o alarme), viu esse guerrilheiro IN e foi o primeiro atirador da nossa companhia a efectuar fogo sobre os elementos inimigos, com a sua Met Lig HK21, só parando quando a mesma se encravou por problemas na fita alimentadora. Do confronto resultou para o IN, pelos vastos vestígios de sangue encontrados, nomeadamente junto ao local onde fora avistado o guerrilheiro, pelo material diverso abandonado e pela rádio do PAIGC (que confirmou baixas, o que era raro, embora referindo que a nossa tropa tinha sofrido oito mortos), tiveram baixas não controladas e a apreensão de 11 granadas de RPG7 /RPG2, entre outro material e equipamento diverso. As nossas forças sofreram dois feridos ligeiros e a sorte de outros elementos terem recebido tiros que lhes atravessaram os cantis, os carregadores, as camisas ou dólmens....enfim uma grande sorte!!! O reconhecimento feito posteriormente levou-nos a concluir que o IN estaria naquele mesmo local a descansar, possivelmente a preparar-se para ir atacar o nosso aquartelamento, tendo sido surpreendidos pela nossa chegada. Colhemos diversos ensinamentos do acontecido, que nos serviriam para o futuro em outras acções. Esta acção mereceu das diversas cadeias de comando as seguintes referências elogiosas: -Do Cmdt BCAÇ 3872 msg nº70/03:"Felicito êxito obtido. Transmita pessoal dessa minha satisfação"; -Do Cmdt CAOP2 (Agrupamento de Batalhões daquela área) msg nº952/0: "Felicito tão auspicioso começo"; -Do Cmdt Chefe -REP OPER msg nº984/C: "Cmdt Chefe felicita essa reacção à emboscada do In durante OP "Alma Forte", reveladora de determinação". O 2º Gr Comb passou a utilizar como lema, posto no seu crachá, o nome da operação que provocou o primeiro contacto com o IN - Alma Forte. ____________ Nota de L.G.: 3 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3926: Efemérides (17): Piche, 22 de Fevereiro de 1971 ou... Carnaval, nunca mais! (Helder Sousa)

2 comentários:

Unknown disse...

Um abraço companheiro.
Tão simples e tão claro.
Carlos Filipe
Radiomontador - CCS/3872 Galomaro

Juvenal Amado disse...

Caro Luis
Não podia deixar de comentar esta tua «nossa» recordação.
Lembro-me bem de ter estado posteriormente com os camaradas, que parteciparam neste episódio, onde tiveram uma estrelinha por eles nesse dia.
Os casacos camuflados, cantis e até um quico perfurados atestavam a violência do combate.
Um abraço
Juvenal Amado