quinta-feira, 23 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4237: Estórias do Jorge Fontinha (6): O 4.º GCOMB / CCAÇ 2791, destacado no CAOP 1 - Teixeira Pinto

1. Mensagem de Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 20 de Abril de 2009:

Carlos Vinhal.
Com um abraço de estima para ti e toda a Tabanca, junto em anexo, mais uma Estória.
Jorge Fontinha


O 4.º Grupo de Combate, destacado no CAOP 1
Teixeira Pinto


Entre 4 de Janeiro e 25 de Maio de 1971, o 4.º Grupo de Combate da CCAÇ 2791, ficou às ordens do Comando do CAOP 1, de Teixeira Pinto, tendo a restante Companhia ficado em Bula.

A nossa acção, desdobra-se activamente em patrulhamentos, seguranças e emboscadas, no avanço e cadência de ritmo de trabalhos da estrada Teixeira Pinto-Cacheu, entretanto accionada pelo CAOP 1. A actividade era constante, nomeadamente, no apoio às tropas Especiais: Comandos, Pára-quedistas e Fuzileiros, servindo nós, sobretudo, nas acções de patrulhamento e segurança de Teixeira Pinto, Ponte Alferes Nunes e a todas as obras de Engenharia, a desenvolver-se, na construção da estrada, bem como na sua desmatação.

Jorge Fontinha, numa das suas folgas

Tínhamos, naturalmente, as nossas folgas. Nos momentos livres, aproveitávamos para confraternizar, com alguns amigos, que entretanto íamos angariando. A dada altura, frequentando determinado restaurante local, propriedade de uma família cabo-verdiana, travei conhecimento (vou propositadamente omitir nomes), amizade pessoal com uma das filhas do casal, funcionária, num organismo Público de Teixeira Pinto. Por seu intermédio, passei a relacionar-me, com um grupo de amigos, liderados por um Chefe de Posto da região, de nome Júlio e seu séquito de Professoras de Posto, todas elas também cabo-verdianas, com as quais passamos alguns bons momentos, nomeadamente, frequentando certas praias só por eles conhecidas e cujos fins-de-semana, ficaram famosos.

Praia próxima de Teixeira Pinto. Belo fim de semana…

Este período, começou a tornar-se arriscado, pondo em risco a minha integridade física. Nem sempre era fácil passar despercebido e fora de serviço, a inconsciência naquela idade, era o meu forte! Valeu-me os bons conselhos do mais prudente Antonino Chaves, meu camarada e furriel, que compartilhava comigo, a condução do Grupo de Combate. O bom Obelix, que não se metia em alhadas como eu. Bem, também tinha os meus guarda-costas!… O Cabo Tony, o Soldado Lobo e mais alguns!...

Teixeira Pinto, não era só, tropa e população local. Havia uma comunidade muito grande de cabo-verdianos que ocupavam os lugares de Administração Pública e, sobretudo de libaneses que dominavam o comércio local e alguns lugares de lazer e jogo. Perdia-se e ganhava-se alguns salários e algumas pequenas fortunas. Felizmente eu só lá ia beber um copo e ver as manobras de bastidores das belas libanesas e de algumas profissionais, vindas de Lisboa influenciando alguns incautos jogadores de Poker. Mas que elas tinham habilidade, isso tinham! Alguns oficiais e sargentos, saíram de lá depenados. Havia um célebre capitão cujo nome, naturalmente também vou omitir, que perdeu alguns cobres, mais ou menos substanciais e até, ao que se constava, ainda por lá deixou descendência. Julgo que eu não deixei! Quem ganhou, julgo que bastante, foi um Agrimensor Civil, que se encontrava em Teixeira Pinto, prestando Serviço Público, à construção da Estrada cuja protecção era por nós prestada. Este senhor fazia-se acompanhar duma certa senhora que o acompanhava na sala de jogo e que constantemente se sentava junto ao referido Capitão…

Depois de passar à disponibilidade, vi-a em Cascais e reconhecendo-me, despistou-me e nunca mais a vi.

Foi um bom tempo, que era constantemente interrompido pelo dever, e aí não podia e nunca fui imprudente e inconsciente. Pelo contrário e até o senhor Major de Operações do CAOP 1, aproveitava para me chamar a atenção, rindo-se dos meus períodos de lazer, a quando nos encontrávamos a sós, no seu gabinete, onde tinha que ir periodicamente, receber instruções. Operacionalmente, ele contava comigo. Para ele e para mim, era o que contava.

Jorge Fontinha e Antonino Chaves, furriéis do 4.º Grupo de Combate/CCAÇ 2791

Aquele grande abraço pr’aTabanca
Jorge Fontinha
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Nota de CV:

Vd. último poste de 18 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4048: Estórias do Jorge Fontinha (5): Lavadeiras de Bula

6 comentários:

Anónimo disse...

Que grande observador. Tem toda a razao. Canchungo
(Ex Teixeira Pinto) e Bula tinham as mais lindas mulatas/mesticas, de ascendencia caboverdiana, libanesa e siria, da Guine.

Nelson Herbert

Julio Vilar pereira Pinto disse...

Amigo Jorge Fontinha gostava de saber se o chefe de posto que menciona será Júlio Pinto da Silva, casado com uma Caboverdiana. Se for é o meu primo mais velho ainda vivo e a viver em Paço de Arcos.
Gostava que me confirmasse.
Um abraço.
O meu endereeço electrónico exite na Tabanca. Um abraço.

Júlio César Ferreira disse...

Essa Funcionára Pública, não trabalhava nos Correios? hum!

Pelo menos em 1970, trabalhava uma Libanesa que todos queriam!
Como se chamava!!!???

Anónimo disse...

O que vocês sabiam, Fontinha e Júlio … e não contaram nada p'rà gente !!??

Depois ainda há quem diga (A.G.Matos?!) que a Guiné era toda ela um bu…rako!!

É…pelos que leio tinha alguns, onde “algum pessoal” não se importava nada de descansar ou até,com mais ou menos "trabalho árduo" ,tapar ou tentar tapar !!

Um abraço
Luís Faria

Jorge Fontinha disse...

Ao Júlio Vilar Pereira Pinto, não posso confirmar o nome completo pois eu só o conhecia por Júlio mas certamante será.Provavelmente, não haveriam muitos Chefes de Posto, na região, que se chamassem Júlio.A confirmar-se, costaria de saber o contacto dele.
Ao Júlio César Ferreira, prefiro responder-lhe pessoalmente por Email, o que dentro de dois ou tres dias farei.
O Nelson,constactou, um facto indesmentível e também revela bom gosto.
Faria, só me resta dizer que ainda tenho na manga, muitas surpresas para ti!Será que é possível?
Um abraço e um grande obrigado por todos os comentários.
JORGE FONTINHA

Julio Vilar pereira Pinto disse...

Amigo Jorge Fontinha se era este Júlio de que eu falei, na altura que o amigo por lá passou ele já era casado com uma caboverdiana e seria pai de varios filhos, pois tem 7 filhos.
Hoje é homem para 83 anos está aposentado vive em Paço de Arcos e a esposa é a Maria Luisa. Se for ele o tef, é 21 442 30 58.
Se contactar com ele fale um bocado alto pois está um pouco surdo.
Agradecia que depois me confirmasse.
Meu E-mail pinto.jvp@gmail.com.
Um abraço.