quarta-feira, 10 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4500: Controvérsias (20): Deixem que sejam os ex-Combatentes a cantar o Hino Nacional (José Martins)

Comemorações do 10 de Junho de 2009 > Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > Deixem-nos cantar o hino nacional !!!... (Eu garanto-vos que o Mário Fitas cantou o hino, e cantou bem, de fio a pavio, com a sua voz poderosa de tenor e de alentejano das grandes planices... Não se deixou intimidar com a voz da senhora fadista Kátia Guerreiro)...
Mário: Cortei-te o pio, como forma de protesto pela heterodoxia da Comissão Organizadora, e como manifestação de solidariedade com a posição aqui assumida pelo José Martins, nosso dedicado colaborador, amigo e camarada da Guiné, e um dos mais velhos membros da nossa Tabanca Grande...
Mário, desculpa a eventual sacanice eu que te fiz, mas foi por uma boa causa, além de que um velho combatente da Pátria , como tu, já está calejado e imunizado contra todas as sacanices, e sobretudo as grandes sacanices que lhe têm feito... (LG)


1. Mensagem de José Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, com data de 10 de Junho de 2009: Assunto: XVI Encontro de Combatentes

Caros Camaradas:

Desde há dezasseis anos que neste dia honro a memória daqueles que, fiéis a um juramento à Bandeira Pátria, entregaram a vida em terras de África. Honro, também, aqueles que, por causa da guerra, por lá deixaram parte de si mesmos, carregando para o resto da vida a memória visível da sua vida por aquelas paragens.

Recordo, ainda, aquele 10 de Junho de 1970 quando, depois de ter cumprido o dever imposto, pisei terra metropolitana. Porém, e como já anteriormente havia escrito, há coisas que ainda não consigo entender:

1 - Há necessidade de ter um patrocinador nas comemorações, nomeadamente a Portugal Telecom que, invariavelmente, coloca uma coroa de flores no Monumento com publicidade? Não seria muito mais soft anunciar apenas o patrocínio, caso ele seja necessário?

2 - Por que é que, a partir de há alguns anos a esta parte, há um artista convidado para cantar, se não a solo, sobrepondo-se às vozes roucas e cansadas dos combatentes, debitando a sua voz através da instalação sonora? Nada tenho contra a D. Kátia Guerreiro, cuja carreira tenho seguido e admirado. Mas, francamente! O Hino de Portugal soou-me a fado.

Sei que era uma canção de protesto contra o Ultimato Inglês de 1890 e que, rapidamente se transformou num grito de revolta, mas hoje, hoje é o nosso Hino.

Por favor: deixem que, enquanto isso seja possivel, sejam os COMBATENTES a entoar o HINO NACIONAL, mesmo que a sua voz seja rouca, mesmo que a sua voz já custe a dominar, mesmo que a sua voz não tenha a pujança de outrora, é a voz daqueles que responderam SIM, quando a Pátria os chamou.

José Martins
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4422: Bibliografia de uma guerra (47): Coutinho e Lima fala do seu livro "A Retirada de Guileje" (José Martins)

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4452: Controvérsias (15): O 'massacre do Pidjiguiti', em 3 de Agosto de 1959: o testemunho de Mário Dias

3 comentários:

Anónimo disse...

Zé Martins
Mesmo que desafinado, o Hino nacional é para ser cantado pelo povo, quando sente orgulho na nacionalidade. É uma manifestação de solidariedade e determinismo. não precisa, e perde a acuidade, de ser rebocado por solistas com vozes amplificadas.
E, num acto desta natureza, a artista e a tecnologia, devem ser pagas pela publicidade, pelo que, em minha opinião, também esta é dispensável.
Abraços fraternos
José Dinis

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo com o José Martins, o hino canta-se sem a necessidade de artistas mais ou menos conhecidos, pagos ou não e até que a voz nos doa ou, mesmo que a voz nos doa.
BSardinha

Joaquim Mexia Alves disse...

Caros camarigos

Não vejo qualquer problema em o hino nacional ser cantado por uma cantora/cantor.

O problema está em nós portugueses que o deviamos cantar ao mesmo tempo que a cantora/cantor, ou alguém proibiu que se cantasse?

Nos EUA e de uma maneira geral colocam uma/um "artista" a cantar, mas o povo canta também.

Abraço camarigo