terça-feira, 6 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5058: In Memoriam (33): Alferes Henrique Ferreira de Almeida, morto em combate em 14JUL68 em Cabedu (António J. Pereira da Costa)

1. Em mensagem de 4 de Outubro de 2009, o nosso camarada A.J. Pereira da Costa, Coronel, ex-comandante da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74, enviou-nos este texto com a notícia de uma homenagem prestada ao malogrado Alferes Henrique Ferreira de Almeida


Ontem fomos a Abrunhosa e ao cemitério de S. Miguel de Vila Boa, Concelho de Sátão

Fomos homenagear um camarada morto na noite de 13 para 14 de Julho de 1968 num ataque particularmente violento ao quartel e aldeia de Cabedu.
A homengem consistiu no descerramento de uma lápide evocativa na casa onde nasceu e viveu e na atribuição do seu nome a uma rua da Aldeia.

Fomos depois ao cemitério para uma pequena oração e colocação de uma coroa de flores. A sua acção foi reconhecida, naquela altura, com uma condecoração: a Cruz de Guerra de 2ª Classe.

No silêncio do seu processo individual, no Arquivo Histórico Militar, podemos ler a sua curta biografia. Os processos individuais dos heróis são sempre silenciosos, mas aqueles que os investigam sentem-nos a queimar nas mãos e, em cada linha, em cada indicação manuscrita, sabe-se lá por quem, um sentimento indescritível, misto de admiração e saudade.

E porque fomos ali: vizinhos ou amigos, mestres ou comandantes, camaradas, profissionais ou simples cidadãos fardados? Viemos dar um contributo para que a memória do Alferes de Artilharia Henrique Ferreira de Almeida possa manter-se por muito mais tempo, sustentada não apenas em silenciosos documentos, mas também na linguagem diária dos moradores deste lugar e até na actividade burocrática do dia-a-dia. Será essa a sua maneira de ser quase eterno.

Parece-me que seria boa ideia que conseguíssemos intensificar esta boa prática, pressionando as nossas autarquias a seguir o exemplo da de Sátão/S. Miguel de Vila Boa, tanto mais que alguns dos autarcas ainda serão ex-combatentes.

Em cada freguesia, recorrendo aos livros da CECA, é possível identificar os fregueses que foram ex-combatentes e morreram na guerra. Depois, com o recurso a relatos verbais e à documentação da Unidade, é possível pressionar os concelhos (responsáveis pela toponímida) e não as freguesias, a atribuirem nomes de ex-combatentes a ruas, de preferência em áreas novas da localidade (para evitar confrontos com designações tradicionais ou já implantadas e porque normalmente se inserem em áreas populadas de novo) de modo a que na vida diária dos cidadãos passe a figurar nome de um ex-combatente falecido na guerra.

Esteve presente uma grande parte da população, os autarcas locais e ex-combatentes, na maioria da CArt 1689 à qual o Ferreira de Almeida pertencia, quando morreu.

Um Ab.
António Costa


2. Discurso proferido por A.J. Pereira da Costa durante a cerimónia de homenagem

Que se poderá dizer de um jovem de 21 anos que morreu? É pouco provável que tenha deixado uma pegada na História do seu tempo que vá para além do desaparecimento dos seus familiares mais directos ou de um ou outro amigo. A memória de cada um de nós, sob a pressão do correr dos dias, não é tão grande que permita conservá-lo como uma lembrança indelével, para além de um período mais ou menos curto. Depois, recordamo-lo, de vez em quando, quando a saudade bate. Mas a memória colectiva faz pior: trucida rapidamente a sua recordação e, em pouco tempo, nada dela resta.

É uma lei. Vamos chamar-lhe natural por lhe não podermos fugir. Porém, absurda. Como seres inteligentes está na nossa mão tentar impedir, o mais possível, que ela se aplique na sua cegueira incontrolável, e fazer com que a memória, mesmo a dos jovens desaparecidos, perdure.

Traz-nos aqui a vontade de conservarmos a memória de um jovem que morreu com um sofrimento que nem a ciência consegue descrever. Os técnicos podem especular, mas não são capazes de nos dizer inequivocamente o que se sente naquelas alturas.

E se o jovem morreu na guerra, que diremos? E a se a guerra em que ele morreu foi desencadeada por questões de ordem sociológica, por ventura insolúveis, e teve causas políticas absurdas e incongruentes? Era um jovem, volto a lembrar. Teria hoje a nossa idade e, naquela altura, estaria cheio de certezas, como todos estávamos. É o amadurecimento que nos torna cépticos. As dúvidas chegavam depois, perante a realidade. Não era o medo que nos conduzia à dúvida. Era a inteligência e o questionar do que víamos e vivíamos. Em pouco mais de cinco meses, não sei se o Henrique terá tido tempo para se questionar. De qualquer modo, uma vez lá só havia um caminho a seguir e esse, ele identificou-o rapidamente. Perdi o contacto com ele à chegada a Bissau. Cada um foi para um destino que a sorte ditou e nem as contingências da acção nos voltaram a reunir. Sei que combateu em vários locais, um dos quais se chamava Gadembel e que era um quartel que o Exército abandonou ao fim de 8 meses, com uma média de ataques inimigos superior a um por dia e onde estar era já em si bastante para se ser considerado um homem com letras bem grandes.

Lembro-me de que embarcou, a 10 de Janeiro de 1968, como se fosse para uma festa. Iremos vê-lo, daqui a pouco, no uniforme n.º 1 que usou no momento do embarque. Tenho a certeza de que, durante os 13 anos de guerra, foi o único militar que assim embarcou e recorro ao testemunho dos presentes – alguns que embarcaram mais de uma vez – para saber se outro militar foi para a guerra assim uniformizado. Colhi informações junto dos que com ele serviram e todos me falam de grande empenho no cumprimento de algo que podemos identificar com uma missão. Todos me dizem que transmitia ânimo aos que serviam sob as suas ordens e que se expunha, se o momento era para tal. Hoje, sinceramente não sei se o seu esforço e a sua dedicação tinham justificação, para além do sentimento próprio e sempre gratificante dos homens de boa vontade: a consciência do dever cumprido.

O Henrique faleceu nos primeiros minutos do dia 14 de Julho de 1968, numa noite de Lua Nova. O inimigo atacou o quartel de Cabedú, a curta distância e com um invulgar volume de fogo. Foram localizados, na altura, três canhões. Em África, naquelas noites, os halos da luz dos aquartelamentos viam-se de longe. O terreno é plano e, mesmo a mais de 10 quilómetros, nas margens do rio Cacine, eu podia ver as luzes da pequena localidade. Naquela noite, ouvi também as explosões. Foram, certamente, quinze minutos longos e avassaladores, com as munições inimigas a rebentar dentro do aquartelamento. Depois, foi o silêncio. Pesado e doloroso. E, no final, aquele que tantas vezes se expusera, por ironia do destino, tinha sido atingido dentro de um abrigo enterrado, donde não era possível combater. Era o centro de comunicações da unidade, onde se acoitara, durante alguns minutos, depois de ter ido “debaixo de fogo a todos os locais mais ameaçados, incitando e orientando o seu pessoal”. Sabemos hoje que a “sua vontade férrea de pôr termo ao ataque fez com que o fogo inimigo diminuísse francamente de intensidade”. As seteiras do abrigo, vedadas com rede mosquiteira para proteger os operadores de rádio, não permitiam fogo para o exterior, mas não foram suficientes para travar a entrada dos estilhaços assassinos.

A sua acção foi reconhecida com uma condecoração: a Cruz de Guerra de 2ª Classe. No silêncio do seu processo individual, no Arquivo Histórico Militar, podemos ler a sua curta biografia. Os processos individuais dos heróis são sempre silenciosos, mas aqueles que os investigam sentem-nos a queimar nas mãos e, em cada linha, em cada indicação manuscrita, sabe-se lá por quem, uma sentimento indescritível, misto de admiração e saudade.

E porque estamos aqui hoje: vizinhos ou amigos, mestres ou comandantes, camaradas, profissionais ou simples cidadãos fardados? Viemos dar um contributo para que a memória do Alferes de Artilharia Henrique Ferreira de Almeida possa manter-se por muito mais tempo, sustentada não apenas em silenciosos documentos, mas também na linguagem diária dos moradores deste lugar e até na actividade burocrática do dia-a-dia. Será essa a sua maneira de ser quase eterno.

Homenageamos também o miúdo esperto, sisudo e de poucas falas e, muito para alem disso, o jovem que gostava de dar de beber às plantas…

Homenageemos o Henrique agora com um minuto de silêncio e depois, cada um segundo o seu credo e as suas convicções, com uns instantes de recolhimento junto dos seus restos mortais.

Bem hajam pela vossa presença.


3. RESUMO DA ACTUAÇÃO MILITAR DO ALFERES HENRIQUE FERREIRA DE ALMEIDA

Apresentou-se na Companhia de Artilharia n.º 1689 (CArt 1689/BArt 1913), em 26 de Janeiro de 1968, iniciando a comissão na Guiné, como adjunto de Comandante de Companhia. Na altura, a referida Companhia era uma subunidade de “intervenção”, portanto sem responsabilidades territoriais, mas podendo actuar em qualquer local do Teatro de Operações.

Durante a operação “Bola de Fogo”, iniciada a 8 de Abril de 1968, a unidade apoiou a construção do aquartelamento Gandembel. Durante a operação, o Alferes Ferreira de Almeida passou a comandar a Companhia, a partir de 17 de Abril de 1968, quando o respectivo comandante (Cap. Manuel de Azevedo Moreira Maia) foi ferido.

Terminada a missão em Gadembel, a CArt 1689 deslocou-se para outro sector, ficando aquartelada em Cabedú. O Alferes Ferreira de Almeida passou, então, a comandar a Companhia a partir de 12 de Julho de 1968, dia em que o Cap. Moreira Maia saiu para frequentar o curso do Estado-maior.

Da História da CArt 1689, no referente ao dia 13 de Julho de 1968, em Cabedú, transcreve-se o seguinte:

Um grupo de combate inimigo instalou-se em Cabedú Nalu e Sosso.

Cerca das 24H00, o inimigo desencadeou um vigoroso ataque, com grande e preciso potencial fogo de canhão, morteiro, espingarda automática, metralhadora pesada e lança-granadas-foguete, sobre o aquartelamento, sendo estimado o seu efectivo em 30 a 50 elementos.

O inimigo estava instalado na direcção de Cabedú Nalu e Sosso, a cerca de 300 metros do arame farpado e foram localizados 3 canhões: um na estrada para Cabedú Nalu e Sosso e os outros dois de um lado e doutro, distanciados de 15 metros.

No espaço entre os canhões, havia indícios de terem estado instalados atiradores com armas ligeiras e, atrás deste dispositivo, referenciou-se uma posição de morteiro 82.

O ataque durou cerca de 15 minutos.

O inimigo, depois de ter aberto fogo de canhão, seguido de espingardas automáticas, desencadeou grande fogo de morteiro e canhão, cujas granadas caíram dentro do aquartelamento ou muito perto. Por ter sido atingido com estilhaços de morteiro, um dos quais lhe cortou uma carótida, foi ferido mortalmente o Alferes de Artilharia HENRIQUE FERREIRA DE ALMEIDA, que comandava a Companhia.

As Nossas Tropas procederam, logo que a visibilidade o permitiu, a uma batida à zona do ataque, tendo encontrado 2 granadas de canhão 82 (uma normal e outra de grande potência), 63 invólucros de granadas de canhão S/R 82 (28 normais e 35 de grande potência), 1 carregador curvo para espingarda automática com 35 munições e vários rastos de sangue.

O inimigo retirou em direcção à bolanha do Rio Soco.


Devido às especiais condições de visibilidade, há testemunhas de aquartelamentos próximos que referem a particular violência do ataque.

Pelo louvor que serviu de base à condecoração1 que veio a receber sabemos que:

No ataque ao aquartelamento de Cabedú, em que recebeu ferimentos que provocaram a morte, dirigiu-se debaixo de fogo a todos os locais mais ameaçados, incitando e orientando o seu pessoal e, com palavras esclarecedoras, conseguiu incutir em todos um espírito agressivo e uma vontade férrea de pôr termo ao ataque, acção esta que fez com que o fogo inimigo diminuísse francamente de intensidade.

Recorrendo ao depoimento de testemunhas, sabemos que casualmente, estava desarmado quando foi atingido, dentro do abrigo do posto de comunicações, que era enterrado. As seteiras desse abrigo destinavam-se somente a ventilação, porque estavam abertas para dentro do espaço do aquartelamento e colocadas quase ao nível do solo. Por uma dessas aberturas entraram os estilhaços da explosão que lhe causaram a morte aos primeiros minutos de 14 de Julho. O corpo ficou caído sobre as escadas do abrigo, pelo que estaria em pé e ia sair.

Pelo seu desempenho, em pouco mais de cinco meses de comissão, foi condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª Classe. Do louvor que serviu de base à condecoração2 destaca-se que:

(…) tomando parte em várias acções, em todas elas demonstrou possuir elevado espírito de missão, tenacidade, decisão, coragem, sangue-frio e serena energia debaixo de fogo (…). Oficial muito jovem, mas de marcada personalidade, pôs sempre (…) o melhor e mais generoso entusiasmo em bem servir e impôs-se pelo exemplo, (…) particularmente durante o desenrolar de uma das mais difíceis missões atribuídas à sua Unidade, durante a qual e por longo período, foi chamado a exercer o comando da Companhia, funções que desempenhou com notável acerto, espírito de sacrifício, lealdade e fé inquebrantável no cumprimento da missão.
Esta multiplicidade de predicados, a sua conduta leal e sólida formação moral, aliadas à coragem de que deu provas na sua infelizmente breve carreira, fizeram do Alferes Ferreira de Almeida, um oficial de quem muito havia a esperar e que pela sua acção muito prestigiou a sua Unidade e o Exército.


4. Comentário de CV

O camarada António José Pereira da Costa levanta um problema premente. Há autarquias e autarcas que mercê de algum pudor ou medo de conotação políca de direita, digo eu, mostram alguma resisitência em reconhecer o esforço de quase duas gerações que tiveram de fazer uma guerra, que se sendo considerada injusta para os povos das então Províncias Ultramarinas, foi trágica para os mancebos metropolitanos e até africanos, recrutados em massa para defenderem um ideal que então não era possível discutir.

Sei do que falo, porque, se no trato pessoal e directo somos acarinhados e reconhecidos, publicamente a coisa é mais complicada. Temos que reconhecer que somos um espólio incómodo na actualidade portuguesa. Estou convencido que daqui a 50 anos a Guerra Colonial será considerada um período que envergonha, a já tão mal estudada, História de Portugal, e tudo se fará para apagar o apagar das suas páginas douradas.

A ver vamos
__________

Notas de CV:

Negritos e itálicos da responsabilidade do editor

(*) Vd. poste de 18 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4831: (Ex)citações (40): Resposta a um comentário de Mário Fitas (A.J. Pereira da Costa)

Vd. último poste da série de 17 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4968: In Memoriam (32): Cap Mil Art Fausto Manteigas da Fonseca Ferraz, CART 1613, morto pelo Sold Cavaco, na véspera do Natal de 1966

24 comentários:

Anónimo disse...

J.A. Pereira da Costa e Carlos Vinhal,

daqui a menos de 50 anos será uma vergonha "a nossa guerra", se aparecerem muitos batalhões como o de LOBO ANTUNES, que tinha uma conduta para mim muito estranha:

pag. 391 "UMA LONGA VIAGEM COM ANTONIO LOBO ANTUNES" em qualquer hipermercado.

Se ninguem trascrever, posso faze-lo eu próprio mais tarde.

Antº Rosinha

mario gualter rodrigues pinto disse...

Camaradas J.A. Pereira da Costa
e Carlos Vidal

Neste Pais de políticos sem VERGONHA, quem se lembra dos ex-combatentes, aqueles que seguiram a via política ainda são lembrados para dividendos eleitorais,fora isso não contamos para nada é uma VERGONHA.


Um abraço


Mário Pinto

José Marcelino Martins disse...

Caro António Costa

Estou contigo não a 100 mas 200%.

Temos que lembrar os mortos, que levaram até ao extremo o seu sacrifício!

Mas pensemos também nos vivos, que ainda sofrem.

A carta aberta enviada à Câmara de Odivelas e a alguns candidatos, post 4992, não teve eco, apesar de nas listas de candidatos a lugares políticos estarem, pela idade, não só combatentes mas tambem quem tenha tido os pais a combater em África.

Será a nossa (deles)memória tão curta?

Cada um, dentro do seu circulo restrito, tem que iniciar o "COMBATE".

Sugiro que domingo, quando for-mos depositar o nosso voto, por muito pouco que ele valha, levemos ao peito algo que nos referencia como combatentes: A FITA DA MEDALHA DAS CAMPANHAS, O EMBLEMA DA LIGA DOS COMBATENTES, O CRACHÁ OU EMBLEMA DA NOSSA UNIDADE EM AFRICA, etc.

E mais: Se notarmos que há camaradas que se identifiquem com estes símbolos, devemos aproximarmo-mos deles e tratar que os trazer para a causa comum: ELEVAR OS COMBATENTES À DIGNIDADE QUE MERECEM E LHES TEM SIDO COARTADA.

José Martins

José Marcelino Martins disse...

Novos dados sobre:
Livro: UMA LONGA VIAGEM COM ANTONIO LOBO ANTUNES
Autor: João Céu e Silva
Edição: Porto Editora
Preço: 19.01

José Martins

Anónimo disse...

João Marcelino Martins,

Por apenas um assunto de meia dúzia de linhas, valerá a pena ler e pagar algumas 400 páginas de propaganda barata de uma editora e de um escritor seu, quando se pode ler na mercearia abrindo na página 391?

Antonio Rosinha

Anónimo disse...

Carlo Vinhal
É só uma pequena correcção ao texto introdutório ao POST: o Ferreira de Almeida era oficial do QP e estava na minha CART 1689 a fazer um tirocínio de 6/8 meses. No momento da morte comandava a Companhia, na ausência do Capitão Moreira Maia, hoje Ten.General.
Alberto Branquinho

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Jose Marcelino Martins disse...

Amanhã vou transcrever o texto da página 391.
Qual o número deste célebre batalhão?

José Marcelino Martins disse...

Transcrição da célebre página 391...

... António Lobo Antunes fez uma declaração inédita, que poderá ser parte da solução do mistério sobre um certo episódio em África que se recusou a revelar-me: «Eu tinha talento para matar e para morrer. No meu batalhão éramos seiscentos militares e tivemos cento e cinquenta baixas. Era uma violência indescritível para meninos de vinte e um, vinte e dois e vinte e três anos, que matavam e depois choravam pela gente que morrera. Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para poder mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia uns pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava e como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros.»

{sem comentários, por agora]

Carlos Vinhal disse...

Comentário de A.J. Pereira da Costa

Camarada Vinhal
Creio que tens razão.
Efectivamente, conotou-se muitas vezes a Guerra Colonial com a direita, o que é profundamente injusto e, o que é mais desesperante, revela curteza de vistas dos políticos "cá do bairro". Parece-me que há que homenagear a heroicidade, em valor absoluto, e os sacrifícios físico e psicológico que atingiram os nossos concidadãos.
Tal como na I Guerra, temos de homenagear o sacrifício de outros portugueses feito em nome de qualquer coisa chame-se Pátria, País, Patriotismo ou outra qualquer coisa que nem sabemos bem o quê...
Desistir é que nunca. É uma imposição de camaradagem. É a última coisa que podemos fazer por eles, mesmo que "os outros" não queiram e o tentem impedir.
Pereira da Costa

António Matos disse...

Caro António Rosinha,
Vou começar por uma declaração de interesse.
Conheço pessoalmente o João Céu e Silva com quem, por vezes, me reúno por inerências familiares e acompanhei ( ainda que a léguas ) o seu projecto das entrevistas ao António Lobo Antunes na saga das "Longas Viagens com".
Não será, pois, de estranhar que tome o seu partido no particular deste seu livro.

Posto isto, permite que manifeste uma certa estupefacção com o teu comentário ao pores como pedra de toque do livro o texto que mencionas e contido na pág. 391.
Essa foi a interpretação que dei ao que escreveste quando a verdade é que o livro é uma tentativa de conhecermos o entrevistado que se predispôs a entrevistas ao longo de cerca de 3 anos.
Perdoar-me-às em não ver onde é feita propaganda barata a uma editora e ao Lobo Antunes sendo que estamos na presença de um dos mais honestos obreiros da palavra a quem o Nobel, infelizmente, lhe passou ao lado.
Um abraço,
António Matos

Anónimo disse...

Antonio Matos,

Na realidade João Céu e Silva nem devia ser para aqui chamado, pois ele limitou-se a fazer o seu trabalho e eu como vulgar leitor nem tinha nada que mencionar o nome dele.

Nem devo pronunciar o nome de qualquer editora.

Tens razão, eu sou um bronco.

Mas o que quero dizer é que Lobo Antunes, chamou criminozo de guerra, no mínimo a um ten.coronel ou major, comandante de batalhão, que promovia como prémio a mudança de militares para zonas mais calmas, incriminava alguns capitães desse mesmo batalhão, que logicamente seriam eles a fazer a proposta do "prémio", e sem falar nos alferes que assistiam.

Antonio Matos, quanto ao teu amigo João Ceu e Silva, precipitei-me, peço desculpa a ele, pois até pensava que a editora dele e de Lobo Antunes seria a mesma.

Eu é que estava a dar a passada maior que as pernas.

Cumprimentos

Antº Rosinha

JC Abreu dos Santos disse...

E agora, apresento brevíssima resenha da "folha de serviço" do citado ALA enquanto "militar": mobilizado pelo GACA2-Torres Novas para prestar serviço na RMA, integrado como alferes miliciano médico na CCS do BArt3835, em 06Jan71 embarcou no cais fluvial de Alcântara no NTT "Vera Cruz" e decorridos 9 dias desembarcou no porto de Luanda; com a sua unidade, foi transportado até à capital distrital do Moxico e dali para sul, aquartelando em Gago Coutinho no período 27Jan71
-12Jan72, seja, um ano no decurso do qual foi transferido para a CArt3313 – subunidade daquele batalhão e também ali mantida (juntamente com a CCS daquele) –, tendo permanecido uma temporada no destacamento de Ninda, subsector fronteiriço no sudeste angolano; em 12Jan72 viajou juntamente com o referido batalhão até Malanje, onde chegou em 15Jan72 e marchou com a citada CArt3313 para Marimba, tendo até final da comissão ali permanecido com esta subunidade, a qual em 24Mar73 foi aerotransportada da BA9-Luanda para o AB1-Figo Maduro.

Quanto ao vómito da tal "pág.391 da Longa Viagem com... ", poderá constituir ineditismo apenas para quem não tem tempo e/ou pachorra de ler/saber (mais) "coisas" do (ou relacionados com o) mencionado – ... enfim, aqui me abstenho de adjectivar –, e que umas quantas baratas tontas se não cansam de tentar projectar, imagine-se, pr'ó Nobel...
No intuito de ajudar a desmistificar o falso ineditismo daquelas efabulações (soft language) e d'outras antecedentes aleivosias e difamações geracionais, segue uma amostra (¹) – e alguns poucos subsequentes "comments" (²) que, creio, ainda podem ser acedidos online –, isto, se nos entretantos algo resta do que o censorship obliterou.

(¹) – «Tinha jeito para matar e não sente remorsos pelo que fez em Angola: é assim António Lobo Antunes, polémico na cidade mexicana de Guadalajara, onde se deslocou para receber o prémio da Feira Internacional do Livro de Línguas Românicas, e falou da sua experiência na Guerra Colonial.
"Eu tinha talento para matar e isso foi a coisa mais terrível que me aconteceu. Para morrer e para matar, eu era bom", disse o escritor ao diário ‘La Jornada’, descrevendo a luta em Angola como uma "guerra de crianças" (por causa da idade dos soldados) e falando do impulso para a vida que, durante um conflito, se sobrepõe a tudo. "Na guerra, não te questionas se aquilo que estás a fazer é justo ou injusto. A única coisa que importa é sair dali vivo", afirmou, confessando que, para ser transferido para uma zona mais calma, o seu batalhão matou indiscriminadamente. "Matava-se tudo, não se faziam prisioneiros e, do outro lado, era a mesma coisa. E o pior é que não sinto culpa", concluiu o escritor.»
(Ana Maria Ribeiro, in "Lobo Antunes fala da Guerra Colonial"; CM-online, literatura, às 01:06 de 08Dez2008)

(²) » Comentários:
– «Também fiz essa guerra e não foi preciso matar ninguém, mas conheci alguns que tinham maus vícios.»
Verga, às 04:21 de 09Dez2008

– «Mas, afinal, que fez o alf. mil. médico António Lobo Antunes, para dizer do seu "jeito para matar" sem "remorsos"... ?!»
– «O António adquiriu, apenas, grande jeito para ganhar fama e dinheiro... »
– «... e continua a contar estórias que insultam milhares de veteranos!»
Naveg, às 11:20, 11:22 e 11:23 de 09Dez2008

– «Nada do que li até hoje, do ex-alf.médico Lobo Antunes, revela estas pulsões, que me soam muito especulativas.»
José Castilho, às 21:18 de 12Dez2008

– «O cmdt da CArt3314 era o capitão Melo Antunes (apenas enquanto no sudeste angolano). Terá ele também "matado" muito?
Abreu dos Santos (senior), às 00.46 de 15Dez2008 >>> [ "post" censurado... ! ]

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(continua)

JC Abreu dos Santos disse...

... ao António Rosinha: bala na câmara e mais um tiro na mouche; ou não?

Quanto ao supra transcrito da "Longa Viagem com...", agradeço ao veterano José Martins me haver proporcionado alfinetar, como segue:
Com que então, o BArt3835 tinha «seiscentos militares» e sofreu «cento e cinquenta baixas» entre «meninos de vinte e um, vinte e dois e vinte e três anos, que matavam e depois choravam pela gente que morrera», «e para poder mudar para uma região mais calma tinha de [...] matar crianças, mulheres, homens [...] e [...] não fazíamos prisioneiros.»??!!
Será que nos "almoços do batalhão", ainda ninguém se sentiu filho de boa gente, propondo que se lhe chegasse a roupa ao pêlo? Ó Tony das Gajas, acalma as nóias que o nariz-de-cera cresceu desmesuradamente! Entretém as tertúlias com estorietas neuro-não-sei-quê e deixa lá a "tropa" em sossego. Fica aqui um conselho, à borla: trata-te; ou então, arriscas uma camisa-de-forças, no mínimo... Ou então, faz uma longa viagem; e não voltes.

Adeus e até ao meu regresso.

Abreu dos Santos

Anónimo disse...

Esse Jovem Herói partiu no cumprimento do dever ao serviço da Nação!Infelizmente, como muitos outros aconteceu o mesmo.
É com um grande amargo e com uma lágrima marota que escrevo isto,tão Jovens meu Deus tudo deram a troco de nada!Por favor vamos tentar ser dignos desses nossos Camaradas de armas .Digam aos vossos Filhos e Netos que no raio dessa guerra não fomos assassinos, nem malfeitores .
Houve Jovens que foram Heróis,desses uns partiram !Outros ainda estão por cá.Com um abraço

Anónimo disse...

Acerca desta história produzida por A. Lobo Antunes, fui conduzido até aqui por um leitor deste e doutros blogues, entre eles o da minha companhia http://www.angola3441.blogspot.com/ .
Já por lá deixei umas linhas sobre esta matéria.
Deixava, contudo, um desafio.
Como sei que há ex-combatentes que estão bem documentados sobre a guerra e as suas vicissitudes, alguém poderá confirmar o número de 150 mortos mencionados no batalhão de A.L.A.?
Seria um primeiro teste à memória do escritor.

P. Cabrita

(Angola 70/74)

JC Abreu dos Santos disse...

... pingou na mailbox a replicação do comment aqui assinado por P.Cabrita, veterano da 3441, que quer saber: «alguém poderá confirmar o número de 150 mortos mencionados no batalhão de A.L.A.»
Duvido de alguém que possa confirmar.
Entretanto, aqui vai achega.
O escritor, entre dislates vários e ofensas inqualificáveis, fala em «150 baixas», provavelmente por "extrapolada" e abusiva extensão interpretativa, na qual - sua imaginação - se incluiriam baixas "mortais" (a quem interessar possa, pesquise no google pelo BArt supra referido), alguns (felizmente não muitos) feridos em combate e/ou motivos de serviço (estes mais que os outros), doentes evacuados para a enfermaria da ZML-Luso (incluindo doenças venéreas e outras de fôro psico, e, talvez, quem sabe, infectados pelas matacanhas, mordeduras de bichos-do-mato e sei lá que mais).
Mas, tudo por junto, nã m'acredito nos tais 150! Isso foi número que o homem se lembrou, ao momento, de dizer; como quem diz "coisas", que os media gostam de ouvir e reproduzir.
Enfim, gostos...

Pedro Cabrita disse...

Já agora, mera curiosidade e estatística.

Mortos em Angola

http://www.guerracolonial.org/specific/guerra_colonial/uploaded/graficos/estatiscas/mortos.swf

PC

Pedro Cabrita disse...

Ainda sobre as 150 baixas no batalhão de ALA.
Não encontrei nada relativo a este número, mas encontrei algo que poderá explicar este termo "baixas".

Durante a guerra, ALA enviou várias cartas à sua namorada (aerogramas).
Anos depois da guerra, os filhos resolveram publica-las.
Numa delas regista-se a seguinte frase:

.../... " Isto é o fim do mundo: pântanos e areia. A pior zona de guerra de Angola: 126 baixas no batalhão que rendemos, EMBORA APENAS COM DOIS MORTOS, mas com amputações várias. Minas por todo o lado.".../...

Portanto ficamos com uma ideia mais precisa do que quer dizer com o termo "baixas", que não propriamente mortos.

Ou um hermetismo da escrita do autor, ou a pretensão de compor um ramalhete.

PC

Luís Graça disse...

Baixas... em linguagem militar são homens que ficam, definitiva ou temporariamente sem capacidade funcional ou operacional, por motivo de morte ou ferimento...

No TO da Guiné, os feridos podiam ser graves ou menos graves: em geral, os graves deviam seguir de imediato - evacuação Ypsilon - para o Hospital Militar de Bissau (HM241) e nalguns casos evacuados no primeiro avião para a Metrópole, para Lisboa, para o Hospital Militar Principal...

Temos, no nosso blogue, casos como o do António Marques Lopes que, depois de tratados e reabilitados ao fim de longos meses no HMP (Estrela), voltaram para o TO da Guiné, para completar a sua comissão... (noutra unidade ou subunidade, em geral).

Os feridos menos graves (às vezes, considerados como ligeiros) podiam ser tratados, logo no local, no matom
e depois encaminhados para o posto médico mais próximo (em geral, na sede dos batalhões).

Na Guiné, em geral, os médicos não eram integrados nas operações a nível de companhia, muito raramenrte a nível de batalhão ou até de agrupamento.

Um ferido ligeiro poderia ser considerado um baixa, desde que ficasse um ou mais dias sem capacaidade de resposta funcional ou operacional... Se contabilizarmos os mortos e os feridos, graves e menos graves, com ou evacuação, é bem possível que um em cada três combatentes e pessoal de apoio, no TO da Guiné, possa ter sido considerado uma baixa(por acidente, doença, ferimento em combate)...

Estou-me a colocar do ponto de vista médico-legal... Todos nós tivemos episódios de doença, sofremos acidentes, lesões, picadas, insolações, desidratções, etc., que nos impossibilitaram, durante u ou mais dias, de desempenhar a nossa actividade (operacional)

O critério é sempre o da "incapacidade funcional" (para o trabalho, para o combate...). Nas empresas, um acidente que não produza pelo menos um dia de baixa, não é contabilizado como baixa... No balanço social, faz-se a distinção entre Acidentes COM Baixa, e Acidentes SEM Baixa... (São os chamados Incidentes, ou Quase Acidentes, que devem ter contabilizados e analisados numa perspectiva de prevenção integrada....).

Um abraço. Luís

Anónimo disse...

Meu Caro Luís Graça, que não tenho o prazer de conhecer.

É completa e exaustiva a sua definição de "baixa" na nomenclatura militar.
Feliz ou infelizmente, os meus 1400 dias de tropa e 930 de guerra foram suficientes para apreender o conceito.
Para nós, os que por lá andaram, o termo é claro e sabemos o que significa na concepção militar.

Contudo, no contexto em que ALA o refere, e tendo em conta que fala para leitores indiscriminados, a referência a 150 baixas num ambiente pesado de guerra e sofrimento induz (intencionalmente ou não) os leitores a admitirem que as 150 baixas são 150 mortos.

Esta minha intervenção, que dou já por terminada, apenas pretendia que fossem esclarecidos aqueles números, cuja menção por parte de ALA não é ingénua, no contexto em que foi proferida.

Falando das atrocidades e sofrimento da guerra e atirando um número de 150 baixas (no batalhão anterior 126 baixas... dois mortos)
há, no mínimo um dever, ou obrigação, de ser mais concreto quanto ao tipo de baixas. Pareceu-me pouco curial compor um determinado ramalhete de caos atirando ao ar 150 "baixas". Militarmente falando, entender-se ia. Para o vulgar cidadão o conceito que fica é, naturalmente, 150 mortos.

Com cordialidade.

P. Cabrita

JC Abreu dos Santos disse...

1. A "estatística" apresentada pela A25A no respectivo portal – vd ficheiro *.swf supra mencionado pelo ex-cap mil cmdt da CCac3441 –, baseia-se em estudos da CECA/EME, publicados em 1989 mas (ainda!) não actualizados: em resumo, o total de baixas mortais nos 3 TO's, não foi de 8239; foi superior, aliás, ao total de inscritos no Lapidário Nominal descerrado em 05Fev200 no Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar, sito no Forte do Bom Sucesso (Santa Maria de Belém, Lisboa); ultrapassa os 10 mil (a quem interessar, consulte o portal UTW).

2. Logo após ser dada a público conhecimento a "correspondência africana" de ALA, tal "literatura" foi cotejada com outras fontes, entre elas os primeiros escritos do mesmo ALA e obras relacionadas com o respectivo TO, etc., etc: quanto às «várias cartas à sua namorada», a namorada era já sua mulher e futura mãe, quando ALA embarcou rumo a Luanda; quanto a terem sido «os filhos» que «resolveram publicá-las» (o casal não teve nenhum filho varão), foram as filhas (a primogénita e a que nasceu, se não erro, após a comissão angolana de ALA).

3. Quando às baixas mortais, ocorridas no BArt3835 (no qual ALA estava integrado) e respectivas subunidades (incluindo as de reforço - CCav2524, PelMort2248, GE322-Ninda, GE338-Sessa e GE343-Gago Coutinho - que não sofreram quaisquer baixas mortais), foram as seguintes 7 (sete):

– RUI JORGE CARDOSO DE FIGUEIREDO, Sld Art CCS, † 03Mai71 cbt Ninda>Gago Coutinho (embosc 1d ant MVL regr aqtl / var éfes)

– AFONSO MANUEL PAULO, 1Cb Inf CArt3312, † 19Jul71 cbt picada 6km aqtl Chiúme (fec-g mina a/p manhã 13Jul71) [nat Cassoneca, Angola]

– FERNANDO PIRES MARTINS, 1Cb AC CArt3313, † 27Jul71 cbt área de Gago Coutinho (sede do batalhão)

– ANTÓNIO JOSÉ DE AÇARIAS CACITO, Sld Art CArt3314, † 25Ago71 cbt Malundo>Ninda (op c/dstc pq junto fronteira)

– MANUEL AGOSTINHO, Sld Inf CArt3313, † 19Set72 acd Marimba [nat Malanje]

– JOAQUIM BRAÇAL DAS NEVES, Sld Art CArt3313, † 04Jan73 "acidente c/af camarata do destac.Mangando (tiro na cara)

– ANTÓNIO DAVID LOPES PEREIRA, 1Cb AC CArt3313, † 08Jan73 acv Sunginje>Belo Horizonte (Unimog virado)

Melhores cumprimentos,
Abreu dos Santos

Pedro Cabrita disse...

Obrigado Abreu dos Santos pela exactidão da informação que nos disponibiliza.

Quanto às minhas informações, nada que constitua trabalho meu. Limito-me a vasculhar a Net e referir o que lá encontro, como a publicação das cartas de ALA pelos filhos (encontrei isso algures) bem como o quadro de mortos nas três frentes, que, tanto quanto diz e confere, estão desactualizados.

Temos então que as tais 150 baixas incluem 7 mortos.

Eximo-me a mais comentários sobre este assunto.
Que cada um conclua o que achar mais adequado.

P Cabrita

Anónimo disse...

Sou eu que estou a ficar doido ou está tudo maluco?

Afinal o "homem" ALA(que se faz tarde) era médico ou não era médico?
Se era o médico do Batalhão já devia estar apanhado pelo clima, tal era a desgraça que por lá ia, senão atentem no que um médico diz: "EU TINHA TALENTO PARA MATAR E PARA MORRER, MATAVA-SE TUDO E O PIOR É QUE NÃO SINTO CULPA".
Prontos, tá-se mesmo a ver qué médico, sem ofensa p´rós ditos, (pelo menos os bons).

Mas não se fica por aqui, debaixo do colchão tinha sempre uma caderneta, daquelas que agora se chamam cromos, para colecionar. Naquela altura chamavam-se "victórias" (lembram-se?) pelo menos no Porto era assim, a fábrica era na rua da Victória. O carimbado (que era o mais difícil) era o bacalhau e quando se preenchia a dita caderneta trocava-se por uma bola e era uma festa.

Mas lá no Batalhão colecionavam pontos, que depois trocavam, não por baldes do TIDE, mas por férias em zonas mais sossegadas.
E como se conseguiam os pontos? Simples, matando criancinhas, entre outras banalidades.
Afinal não eram os comunas que as comiam, como se constava na altura?

Como dizia o outro que agora estou a ver na TV: VAI-TE LIXAR TÓNI, Ó TÓNI VAI-TE LIXAR.

É mais uma para colecionar nas
ESTÓRIAS MIRABOLANTES DA MINHA GUERRA.
-Um andou aos tiros ás árvores a deitar "turras" abaixo, aos magotes.
-Outro andava a entregar bidões de pitról ao IN porque os recebia em abundância e não sabia o que lhes fazer(pedia 5 entregavam-lhe 50)
-Outro andava a chupar o suor por uma palhinha para matar a sede.
-Agora outro diz que os "magalas" não faziam outra coisa senão fazerem cruzinhas nas balas da G3
para verem se o buraco que o vizinho fazia, não era maior que o meu.

TÁ TUDO DOIDO, OU QUÊ?!?!?!

Ainda se lembram que o Poste é ou era em homenagem ao Alferes Henrique Ferreira de Almeida?

Um abraço

cumprim/jteix

Ps: Ó José Martins, pelos vistos andei a pregar no deserto! Vidé P4417
jt