quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5110: Agenda Cultural (33): Doclisboa 2009: Hoje, 23h, Cinema Londres2: Dundo, memória colonial, de Diana Andringa

Primeira página do sítio oficial do doclisboa 2009, festival do cinema documental, a decorrer em Lisboa em várias salas de cinema (Culturgest, São Jorge e Londres) desde hoje, até 25 de Outubro de 2009.


Destaques de Luís Graça:

(i) Homenagem a Jonas Mekas, "uma lenda viva do cinema vanguardista norte-americano", e que será "o convidado de honra do doclisboa 2009". Segundo os organizadores do festival, "aos 86 anos, Jonas Mekas continua a produzir obras de referência em campos artísticos totalmente distintos".

(ii) Love stories:

"As grandes histórias de amor sempre marcaram a história do cinema. Mas sobretudo no domínio da ficção. Esta programação do doclisboa destina-se a revelar histórias de amor únicas, registadas especialmente no campo do documentário".

(iii) Balcãs em Foco, retrospectiva sobre o documentário da ex-Jugoslávia:

Winston Churchill (de cujas citações se usa e abusa...) "terá dito que os Balcãs produzem mais história do que aquela que têm capacidade para consumir. Cinismo à parte, talvez esta afirmação se aplique de uma forma consistente aos trágicos acontecimentos que tiveram lugar no território da ex-Jugoslávia, depois da sua desintegração em 1991" (...).

(...) "A zona do mundo em cuja cinematografia mergulhamos este ano é particularmente explosiva. A Jugoslávia, que até 1992 era um único país, está hoje dividida em 7 estados independentes: Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, Eslovénia, Montenegro, Kosovo e Macedónia.

"A mostra Balcãs em Foco pretende simultaneamente dar a conhecer a extraordinária cinematografia dessa região (onde as escolas e a tradição de documentário foram excepcionais ao longo do século XX) e permitir-nos compreender melhor o que se passou e o que se passa naquele território, habitado por povos e religiões em conflito, mas com tanto em comum. Como são vistas as guerras fratricidas pelos vários participantes? O que é que sobrevive e passa ao lado das guerras? Como é a vida do dia-a-dia?"



Título: MGM Sarajevo: Man, God, Monster
Realização: Colectivo SAGA (Ismet Arnautalic, Mirsad Idrizovic, Ademir Kenovic, Pjer Žalica)
Produção: Bósnia-Herzegovina, 1994
Duracção: 45’

Realizado pelo Grupo SAGA, colectivo de autores criado durante o cerco de Sarajevo, este documentário capta extraordinários relatos de guerra ocorridos durante o conflito. Cruzam-se elementos díspares como o testemunho perturbador de um jovem degolador, condenado à morte, com a visita da escritora Susan Sontag ao palco da peça 'À Espera de Godot'.

(iv) Investigações:

A secção competitiva que "reúne filmes que procuram dar a conhecer situações críticas do presente e do passado. Por revelarem algo de novo, por se posicionarem perante a realidade, estes filmes podem interferir sobre a própria realidade ou enriquecer a nossa visão da história"


Título: Indochine
Realizadores: Stewart Binns, Adrian Wood
Produção: Reino Unido, 2009
Duração: 91’

Construído a partir de fabulosas imagens de arquivo a cores, Indochine conta a história trágica e corajosa dos povos da Indochina (Vietname, Laos, Camboja), que viveram uma sucessão de guerras ao longo de quatro décadas. A história do colonialismo francês e da opressão, da brava resistência travada contra o Japão, da sangrenta intervenção Norte-Americana em plena Guerra Fria e das sucessivas guerras.

(v) Filmes de realização e/ou produção portuguesa (ou em língua portuguesa)

Sou fã do Doclisboa, já hoje considerado um dos melhores do mundo, no âmbito do cinema documental. A minha primeira selecção, au vol d'oiseau (dos mais de 180 filmes em exibição, legendados em português), vai para alguns portugueses (ou em língua portuguesa), de temática africana, colonial e pós-colonial, com referência especial às nossas antigas colónias de África... (Infelizmente não encontrei nada sobre a nossa querida Guiné-Bissau).

Hoje, na sessão das 23h, no Cinema Londres-2, a nossa amiga Diana Andringa, nascida em Angola, em 1947, no Lundo (o menos é dizer, a província onde operava a toda poderosa Diamang), co-autora, com o guineense Flora Gomes, As duas Faces da Guerra, 2007, e membro do nosso blogue) aprensenta o seu filme de 60 minutos Dundo, memória colonial. Já comprei bilhete (3 euros e meio) (Pode-se também comprar um voucher, com 10 bilhetes, por 25 euros).



Titulo: Dundo, Memória ColonialRealizadora: Diana Andringa
Pordução: Portugal, 2009
Duração: 60’

A realizadora Diana Andringa nasceu em 1947 no Dundo, centro de uma das mais importantes companhias coloniais de Angola, a Diamang. Ali foi feliz. Ali aprendeu o racismo e o colonialismo. Agora volta, porque o Dundo é a sua única pátria, a mais antiga das suas memórias.



Título: Com Que VozRealizador: Nicholas Oulman
Produção: Portugal, 2009
Duração: 108’

Alain Oulman nasceu em Lisboa, no seio de uma família conservadora. Era um homem apaixonado por livros, por música e por Amália, com quem colaborou de forma muito próxima. Perseguido pelo regime de Salazar e mais tarde exilado em França, Alain Oulman parece ter vivido várias existências – todas elas brilhantes– que este filme nos permite finalmente conhecer.



Título: Luanda, Fábrica da Música
Realizadores: Inês Gonçalves, Kiluanje Liberdade.
Produção: Portugal, 2009
Duração: 56’

Num musseque de Luanda vivem os miúdos poetas. Todos querem gravar na máquina de sons de DJ Buda, que dá vida a ritmos electrizantes – essencialmente kuduro. Todos gritam poemas para o velho microfone. Algo nunca ouvido. Luanda, Fábrica da Música é um hino à criatividade dos angolanos.



Título: Escrever, Escrever, Viver
Realizadora: Solveig Nordlund
Produção: Portugal, 2009
Duração: 53’

António Lobo Antunes, no auge da sua carreira, recebe o grande prémio de literatura da Feira Internacional do Livro em Guadalajara, México. A entrega do prémio é o ponto de partida para uma passagem em revista da sua vida e obra. A infância, a psiquiatria, a guerra colonial, o 25 de Abril, os livros, o cancro que em 2006 lhe foi diagnosticado e as marcas que deixou.



Título: Mãe Fátima
Realizadora: Christine Reeh
Produção: Portugal, 2009
Duração: 80’

Fátima, uma enfermeira angolana de 70 anos, decidiu, após décadas de trabalho em Portugal, regressar ao seu país de origem e dar início a uma missão de saúde humanitária, numa das regiões mais afectadas pela guerra civil. Em Menongue,é necessário recuperar o hospital local, sem água corrente nem oxigénio. O cheiro a lixo e a morte infiltra-se na alma e na pele das pessoas. É preciso acreditar em algo para enfrentar o dia seguinte.



Título: Acácio
Realizadora: Marília Rocha
Produção: Brasil, 2009
Duração: 88’

Acácio e a mulher são um invulgar casal de transmontanos. Dentro do total anonimato, representam uma certa história portuguesa. As memórias pessoais e os magníficos arquivos de imagem de Acácio permitem-nos reviver uma vida entre o Portugal rural dos anos 50, a miragem do sonho colonial em Angola (nas minas do Dundo, onde Acácio era fotógrafo), o traumático regresso a Portugal, onde não se adapta, e um novo refazer de vida em Minas Gerais (Brasil).


Fonte: Imagens e legendas: doclisboa 2009 > Filmes de A-Z.

4 comentários:

Anónimo disse...

Este sitio é de militares e de coisas da Guine ou é para fazer publicidade de coisas que não teem a ver com a Guine? É que na apresentação é dito (sic)"com referência especial às nossas antigas colónias de África... (Infelizmente não encontrei nada sobre a nossa querida Guiné-Bissau)."
Sendo assim porque falar disto?
Está tudo desvirtuado tão só com os amigos.
AB
Guine68

António Matos disse...

Que me desculpem todos aqueles que vêem a este site com assiduidade e todos os outros que por artes de berliques e berloques conseguem fazer intervenções no mínimo imperceptíveis nos seus objectivos.
É claro, claríssimo que eu sou um indefectível apoiante de tudo quanto cheire a cultura, apreenda-a eu ou não, estejamos a falar de livros, arquitectura, medicina, futebol, filmes, guerra, novas tecnologias, seja lá do que fôr.
Também é claro que neste mundo da internet, paradigma da nova revolução da humanidade, existem carradas de informação sobre absolutamente tudo e até está organizada de modo a que não fiquemos com dúvidas sobre o que quer que seja, assim procuremos as respostas às nossas inquietações.
Aí levanta-se o problema da gestão da informação - como seleccionar a que nos interessa! Apenas !
Depois existem os repositórios de informação classificada e se investirmos qualquer meia hora neste vasculhar informático, verificamos a perfeita actualidade do conceito da globalização, certo ?
Pois bem, para não me alongar em razões, ainda hoje tenho para mim que quando leio um compêndio de matemática, não tenciono encontrar nas suas páginas referências a corridas de karts ; se, por outro lado me embrenhar na leitura de obras de guerra, não é suposto haver qualquer introdução à temática das energias renovadoras ; e assim sucessivamente.
Perante isto, desculpem a ignorância do macaco mas a que propósito vem agora a publicidade ao doclisboa ?
Para isso existem publicações especiais e os roteiros culturais da CML, do CCB e outros !
Para quando as verdadeiras histórias de quem passou pela Guiné no conturbado período da chamada guerra colonial ?
Ou terão já sido todas contadas e estamos sem assunto ?
Já estamos quase formados em partido político e disso fazemos propaganda quando os credos do blog enjeitam essa atitude.
Pois bem camaradas, com o total respeito pelos critérios editoriais, por um lado, mas com a preocupação de que não nos desviemos da linha traçada pela administração do blog, aqui fica mais uma boa polémica para nos entretermos enquanto não aparecem mais depoimentos representativos daquilo que foi o leit motive desta tabanca.
Abraços,
António Matos

Luís Graça disse...

Ninguém está acima da crítica, muito menos os editores, e muito menos ainda o fundador do blogue... Obrigado. Luís Graça

PS - Nem todos os camaradas são amigos e nem todos os amigos são camaradas...

Luís Graça disse...

Ontem, com as pressas, não pude explicitar melhor o meu pensamento sobre este assunto...

Já agradeci os dois comentários aqui feitos, mas queria acrescentar uma nota: quando escrevo "amigos", refiro-me aos "amigos da Guiné", que não são necessariamente "camaradas" (os que dormem "na mesma cama", etimologicamente falando, enquanto os "companheiros" são os que comem à mesma mesa o mesmo pão...).

Temos, por razões do percurso histórico do nosso blogue, algumas pessoas que estão directa ou indirectamente ligadas à Guiné e à guerra colonial, como é o caso da Diana Andringa, cineasta, jornalista, cineasta, nascida em Angola... Ou o António Rosinha, que foi combatente em Angola, e que depois trabalhou na Guiné-Bissau, já depois da independência, na nossa conhecida Tecnil... Ele entrou para o nosso blogue, depois de muita insistência minha e do Vitor Junqueira... Tem um conhecimento do a Guiné e do PAIGC que tem partilhado connosco...

Quanto à Diana, um grupo de nós participou na apresentação do seu filme "As Duas Faces da Guerra" (co-ralizador: Flora Gomes), no Doclisboa 2007...

Independentemente das críticas, favoráveis e desfavoráveis, ao seu filme, a Diana aceitou o meu convite, na altura para ingressar, no blogue... Como estão outras pessoas, como o Pepito, guineense, ou o Patrício Ribeiro, tuga de Angola, ambos vivendo hoje na Guiné e trabalhando pelo desenvolvimento da nossa querida Guiné...

Como estão também guineenses que não foram combatentes como o o Leopoldo Amado (historiador) ou o Mussá Biai (engenheiro agrónomo) ou o Cherno Baldé (gestor)... Cito de cor...

Mas também temos, entre nós, familiares e amigos de camaradas nossos que já morreram, lá ou cá... (jovens como a Cátia Félix ou o Nelson Domingues, por exemplo, que nos permite fazar a ligação à geração dos nossos filhos).

A única coisa em que parece estarmos de acordo é que não há, na nossa Tabanca Grande, "membros de honra", membros "honoris causa"... É preciso "prestar provas" para entrar...

Concordo, de futuro, temos que rever esta figura do "amigo da Guiné"...