domingo, 1 de novembro de 2009

Guné 63/74 - P5188: Tabanca Grande (184): Belmiro Tavares, ex-Alf Mil, CCAÇ 675 (Binta, 1964/65)



Lisboa > Hotel Dom Carlos Park > 14 de Outubro de 2009 > Da direita para a esquerda, o dono da casa, Belmiro Tavares, o seu querido amigo e camarada JERO, e os editores do blogue Luís Graça e Virgíno Briote. A foto foi tirada, para mais tarde recordar, pelo sr. Pereira, recepcionista do hotel. A máquina é do JERO. (É assim que ele é conhecido por todo o lado, ainda ontem na Praia da Areia Branca encontrei um velho amigo do meu pai, das lides futebolísticas, e nosso antigo vizinho, na Lourinhã, Abílio Russo, que há mais de meio século foi para Alcobaça, onde casou... Vive hoje em Salir do Porto, concelho das Caldas da Rainha, mas quando lhe falei no JERO, disse-me logo quem era... É o homem mais conhecido do Oeste, infelizmente onde não consegui arranjar tempo para lhe dar um abraço, na feira de São Simão).

Foto: © José Eduardo Oliveira (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, com data de 21 de Outubro último, do Belmiro Tavares, ex-Alf Mil, CCAÇ 675, Binta, 1964/66, hoje empresário hoteleiro:

 O nosso amigo JERO convidou-me, da tua parte, a ser membro da Tabanca Grande. O convite por telefone chegou-me dia 16 ao fim da tarde, estava eu em viagem para o Norte. Dei logo o meu sim que por este meio confirmo com muito orgulho. Aquele abraço

Belmiro Tavares
DOM CARLOS HOTÉIS
Tel.: (+351) 213 512 597 Fax: (+351) 213 512 520 www.domcarloshoteis.com´



2. Apresentação do Belmiro Tavares pelo JERO (*)

DE FEITICEIRO,”OLHOS DE GATO” A GUARDIÃO DO TEMPO AFRICANO…

Um guineense de nome João Turé, que nos seus primeiros tempos de vida cruzou com militares que estiveram na região onde nasceu no norte da Guiné - em Binta, a 20 quilómetros da fronteira com o Senegal - reencontrou 45 anos depois os ex-militares da CCaç 675.

Escreveu, em jeito de memórias do período compreendido entre Junho de 1964 e Abril de 1966, quando então tinha 8 anos de idade, algumas estórias que guarda da infância. Como é natural, relembra boas e más recordações.

Desde o seu tio Malan Sissé, mais conhecido por Malan Griffon Sissé, por ter sido a primeira pessoa a ter uma bicicleta Griffon muitos quilómetros em redor da sua aldeia, até aos militares que nessa altura mais impressionaram os meninos da aldeia de Binta.

Também o Comandante da CCaç 675, o então Capitão Tomé Pinto, reparou no Alferes Miliciano Belmiro Tavares e propôs um louvor ao seu desempenho no Companhia.

Louvor esse que foi confirmado pelo COMANDANTE DO BATALHÃO DE CAVALARIA N.º 490 E PELO COMANDANTE DAS FORÇAS ARMADAS DA GUINÉ.

«Porque durante todo o tempo em que tem prestado serviço nesta Companhia se tem revelado um oficial distinto e valoroso, cuja acção como Comandante de pelotão muito tem contribuído para os bons êxitos da Companhia.

"Oficial aprumado, correcto, disciplinado e disciplinador, com grande espírito de lealdade e iniciativa é um óptimo colaborador do seu Comandante da Companhia merecendo ser apontado como um exemplo a seguir por todos os seus camaradas e sendo digno de consideração pelos seus superiores;

"Em todas as operações que tem tomado parte a sua calma, coragem, desembaraço, bom senso e sangue frio debaixo do fogo inimigo tem levado os soldados sob seu comando ao cumprimento da missão; o seu entusiasmo e vozes de incitamento leva-os a nunca se deterem perante o inimigo.

"Quer na região de Lenquetó, quer em Buborim, quer ainda em Sanjalo e Fodé Siraia as suas acções têm-no definido como um oficial distinto que muito me apraz distinguir com o presente louvor.»

(Art.º 1.º da O.S. N.º 3/65 de Agosto de 1965 do CCFA da GUINÉ):(O. S. N.º 39 de 14 de Maio de 1965 do C. T. I. G.);(O. S. N. 131 de 3 de Junho de 1965 do BB. Cav 490).


Mais tarde ainda foi distinguido com o Prémio Governador da Guiné e condecorado com a Cruz de Guerra de 3ª. Classe.

É caso para dizer que os meninos de Binta tiveram bem cedo olhos de gato para adivinhar como o Feiticeiro Belmiro Tavares ia chegar longe…

Depois regressou a Lisboa em Maio de 1966 e foi militar mais alguns anos no Colégio Militar. Acabou a vida militar como Tenente e regressou à vida civil onde passou a guardião do tempo africano da sua Companhia de Caçadores 675.

O ex-Alferes Belmiro da Guiné (ex-Tenente Tavares, do Colégio Militar) conseguiu uma autêntica base de dados sobre todos os elementos da 675.

Ele conta com foi:

«Inicialmente as moradas disponíveis eram poucas e era difícil conseguir mais. Incumbimos o ex-soldado condutor Padre Eterno de pedir no RI 16 (Évora) uma cópia da Ordem de Serviço do dia em que passámos à disponibilidade. Ali encontrámos as moradas iniciais de cada um dos combatentes. E depois foi só pôr mãos à obra.

"Com o apoio assinalável de juntas de freguesias, párocos, conservatórias, farmácias, mercearias, etc., conseguimos num curto espaço de tempo praticamente todas as moradas... E conseguiu-se a 'base de dados' da 675".

Sabe tudo sobre a história da Companhia... Quando é preciso alguma coisa ele dá andamento ao assunto. Uma consulta, um contacto para um emprego, uma informação útil... ele trata.

Mais uma achega do Belmiro Tavares:

«O primeiro grande acto cívico da 675 aconteceu ainda na Guiné. Custeámos as transladações (urnas próprias) dos nossos 3 mortos em combate para que os corpos fossem entregues às famílias que tiveram assim a oportunidade de fazer funerais condignos».

Mais tarde acrescentou às suas obrigações tratar das lápides para as sepulturas dos companheiros que, pela ordem natural da vida, foram desaparecendo do número dos vivos.

Mas suas iniciativas não se ficaram por aqui:

«Pouco antes de partirmos da Guiné tentamos conseguir autorização para trazer connosco o guia Malan. Passaria 6 meses na Metrópole a expensas nossas mas não foi possível. Nos anos sessenta (ou setenta) o Malan foi galardoado com o Prémio Governador da Guiné (um mês em Portugal com viagem e estadia pagas pelo Governo).

"E quando ele chegou a Lisboa... 'Raptámos' o Malan do Depósito Geral de Adidos (Calçada da Ajuda) e só o 'libertámos' para regressar a Guiné.

"Depois da 'Revolução de Abril' e da Independência da Guiné, Malan Sissé , também conhecido em Binta por Malan Griffon Sissé, foi morto em circunstâncias trágicas, resultantes dos tempos agitados que então se viveram.

"Mais recentemente tem participado das nossas reuniões João Turé um dos sobrinho do malogrado Malan, o nosso grande e saudoso guia, que a CCaç 675 guarda na memória como um dos nossos mortos em combate.»


E ao longo dos anos Belmiro Tavares foi tratando de toda a logística necessária à organização dos convívios. Que aconteceram em Lisboa, em Évora, no Porto Alto, em Pombal, em Alcobaça, em Almeirim, etc., etc..

Guarda correspondência, convocatórias, ementas, recortes de jornais e ... muitas, muitas fotografias. A fotografia [à direirta] que reproduzimos – o Belmiro Tavares e a Maria Luísa, mulher do ex-Furriel Caires Figueiredo em serviço de cobrança num dos almoços de convívio – é uma imagem da marca das comemorações da 675.

Convívios – Uma vez por ano «675-Sempre».

Se não é caso único... deve andar por lá perto! E tudo – ou quase tudo – deste enorme património de afectos se deve a uma única pessoa: Belmiro Tavares.

Belmiro Tavares carrega com ele o legítimo orgulho da Companhia do Capitão de Binta que reúne, anualmente, desde Maio de 1967 porque o ex-Alferes do 3º. Pelotão não mais despiu a pele de Oficial da gloriosa CCaç 675.

Indefectível da 675 até ao último suspiro. O Nunca Cederá do emblema da Companhia vive com ele e morrerá com ele. «675-Sempre».

De feiticeiro, olhos de gato, a guardião do tempo africano…

JERO


3. Comentário de L.G.:

Caríssimo Belmiro: Tu entraste, com todo o direito e toda a naturalidade pela nossa Tabanca Grande adentro, sem teres precisado de pedir licença ninguém... Desde 1967 (!) tu fazes, abnegada, persistente, generosa, anualmente, essa tremenda tarefa de congregar a rapaziada da Guiné, da tua querida CCAÇ 675. 

O teu exemplo merece ser dado a conhecer. Mas ninguém melhor que o nosso já muito querido JERO para falar sobre ti, com aquele jeito doce, quase conventual, com aquele brilhozinho nos olhos, que ele põe quando fala dos amigos do peito. 

Da nossa parte, da minha parte, do Virgínio, do Carlos e do Eduardo, vai aquele abraço de boas vindas. Senta-te, a Tabanca é tua. Ficas a saber que a tua presença muito nos honra. Em Dia de Todos os Santos, és o São Belmiro (Tavares, porque há outro, o Vaqueiro), és o nº 380, e estás apresentado à Cristandade. LG
__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes recentes de:



1 comentário:

MANUEL MAIA disse...

CARO BELMIRO TAVARES,

UM ABRAÇO DE BOAS VINDAS.

CÁ FICAREMOS À ESPERA DE ESCRITOS TEUS.
MANUEL MAIA