domingo, 6 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5414: Os nossos camaradas guineenses (19): Camaradas do Pelundo lêem o Diário da Guiné de Graça de Abreu (António Alberto Alves)

1. Em 13 de Setembro de 2008 recebemos uma mensagem de António Alberto Alves, Sociólogo, a trabalhar numa ONG na Região de Canchungo, Guiné-Bissau.

Na altura demos-lhe a devida resposta através da publicação do Poste 2451*. O que não fizemos foi publicar umas quantas fotografias que nos enviava, de ex-combatentes guineenses, nossos camaradas da zona do Pelundo, a propósito de um encontro que ele próprio promoveu para apresentar o livro do nosso camarada António Graça de Abreu, "Diário da Guiné, Lama, Sangue e Água Pura".

Assumo pessoal e inteiramente a falta que hoje me proponho remediar, isto porque este ano fomos de novo contactados pelo Dr. Alberto Alves, a quem peço desculpa pela aparente desconsideração.

Como infelizmente, nestes dias só se tem falado de camaradas fuzilados (assassinados), cabe-me o prazer de trazer ao vosso conhecimento fotografias de camaradas bem vivos (pelo menos em 2008) que aqui ficam para ver se são reconhecidos por algum tertuliano como companheiros de luta.

Fica também o convite do Dr. Alberto Alves para falarem destes camaradas caso se lembrem deles. Será possível, julgo, contacto através dele com qualquer destes nossos amigos.

CV


2. Mensagem de António Alberto Alves, dirigida ao nosso Blogue em Setembro de 2008:

Caros camaradas da Guiné

O meu nome é António Alberto Alves, sociólogo, e resido em Canchungo, no nordeste da Guiné-Bissau desde Setembro de 2006.
Trabalho para uma ONG portuguesa no âmbito da Cooperação, com o apoio do IPAD Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, tendo como público-alvo Escolas do Ensino Básico Unificado (da 1.ª à 6.ª classe). O projecto tem como ponto forte a formação e capacitação de directores e subdirectores de Escola, e numa segunda fase pela formação de professores e formalização das funções de bibliotecário. Em complemento, passa pela montagem de Centros de Desenvolvimento Educativo, que em lugares de média dimensão se concretizam em pequenos centros de recursos educativos e bibliotecas abertos à comunidade, e nas pequenas escolas pela colocação de Baús Pedagógicos, contendo um conjunto de material básico, de dicionários gramáticas prontuários de Língua Portuguesa a manuais e materiais didácticos.

O ano passado, numa estadia em Portugal, contactei o vosso blogue, que conheci antes de partir para a Guiné-Bissau. Em Agosto deste ano consegui reunir alguns ex-combatentes guineenses manjacos de Pelundo, para lhes apresentar a obra Diário da Guiné Lama, Sangue e Água Pura de António Graça de Abreu:

Demba Injai da Unidade Batalhão Caçadores 2884, foi Comandante de Pelotão de Milícia, de 1964 e 1974, entre Pelundo e Jolmete

Ioró Jaló n.º 11/64, Unidade 9.ª Companhia de Milícias, 764/64, CCS, Batalhão de Artilharia n.º 6521/72 Pel Mil 225;

Serifo Injai 17/58, 1958-1960, 1964-1974, Comandante de Companhia: Capitão Garciano

Bondon Monteiro soldado n.º 820520/69, Companhia de Caçadores 16 Manjacos, Comandante de Companhia: Capitão Guimarães

Joaquim Gomes Sold Milícia n.º 533/69, B. Artilharia n.º 6521/72, Pelotão de Milícia n.º 225, passou à disponibilidade desde 1 de Janeiro de 1975, Comandante de Companhia: Tenente Baltazar da Costa, Comandante do Batalhão 6521: Campos Ferreira

José Ussumane Injai 1964-1968, Peludo-Jolmete, comandante Pedro André

Mama Samba milícia n.º 011172, 1971-1974; furriel Jarra, alferes Santiago

O filho de Malamine Gomes que foi condutor de Major Fabião

Nesta foto estão os camaradas: Mama Samba, José Ussumane Injai, Demba Injai, Joaquim Gomes e Bondon Monteiro

Guiné-Bissau > Pelundo > Agosto de 2008

Tirei algumas fotografias, que vos envio, e solicito que escrevam, recordem, testemunhem sobre estes homens, no vosso blogue ou através de qualquer outro meio. Estarei em Portugal até final de Setembro e a partir de Outubro novamente em Canchungo, contactável pelo 00 245 6726963. Se quiserem ajudar estes homens, que vivem em condições de dura indigência, poderei servir localmente de apoio.

Agradecendo desde já a vossa atenção, apresento os meus (nossos) melhores cumprimentos
António Alberto Alves
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 18 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2451: O Nosso Livro de Visitas (4): António Alberto Alves, sociólogo, cooperante na região de Canchungo, Caió e Calquisse

Vd. último poste da série de 6 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5413: Os nossos camaradas guineenses (18): A morte do Aliu Sanda Candé (Armandino Alves)

2 comentários:

Anónimo disse...

Sou o Ex-Furriel Parreira, que pertenceu à C.Caç 16, no Bachile, entre 1972/73, fazendo parte do meu Pelotão o camarada Vitor Injai, filho do Régulo do Pelundo.
Além de camaradas de armas eramos grandes amigos e nunca mais soube noticias suas. Desejo que esteja bem. Aproveito esta oportunidade para tentar obter algumas notícias.
Um abraço a todos os ex-camaradas, extensivo aos autores e administradores do blogue, que nos dão a possibilidade de receber informações que jamais pensavamos vir a obter.
Bem Hajam!

Ex-Furriel B. Parreira - Faro

paulo santiago disse...

Este post do Dr.António Alves inquietou-me, aquela foto de Mamba
Samba, milícia nº011172,1971-1974,
desassossegou-me.Serei eu o Alferes
Santiago de quem o Mamba Samba se
lembra ? Já olhei"ene" vezes para
aquela cara, e não consigo ver nada,será que é outro Alferes Santiago? Seria demasiada coincidência...
Em Bambadinca fui comandante de
instrução de duas companhias de
milícias, uma de Out/71 a Dez/71,
constituída por três pelotões de
Fulas,a segunda,Jan/72 a Mar/72,dois pelotões Fulas e um de Balantas. O nome Mamba Samba,soa-me
a balanta,será?e o nº011172 indica
um milícia que fez a instrução no
ano de 1972,terá sido em Bambadinca
de Janeiro a Março?Como lamento não
ter ficado com uma listagem dos quase duzentos e cinquenta milícias
que formei naqueles seis meses,hoje
não estaria com a cabeça cheia de
dúvidas,ligeiramente angustiantes.
Os Milícias que formei,com quem
convivi tão pouco tempo,não foram
como os meus Soldados do 53 com convivi durante longos meses 24 sobre 24 horas, conseguem surpreender-me e emocionar-me.Estou
a lembrar-me,em 2005,em Cansamange,
quando lá do meio duma lavra,gritam
o meu nome,três ex-milícias formados em Bambadinca,suportando uma instrução muito dura,diziam,mas
ali estavam,passados 33 anos a
agradecer-me essa dureza,e a oferecer-me duas galinhas e três ovos que tanta falta lhes fariam.
Não se consegue,nestes casos,reter
a emoção e as lágrimas.
E agora aparece o Mamba Samba...
Espero que o Dr.António Alves lei-a
este comentário e me esclareça se
aquele homem esteve em Bambadinca

Santiago
PELCAÇNAT 53