sábado, 9 de maio de 2009

Guiné 63/74 – P4313: Tugas - Quem é quem (5): João Bacar Jaló (1929-1971) (Benito Neves, Mário Fitas e João Parreira)

Há histórias da guerra que travámos em África, que obviamente se perderam "ad eternum" com aqueles que já iniciaram a última "marcha".  

Com o "desaparecimento" dos seus protagonistas, essas histórias jamais se conhecerão. Podiam até nem ser histórias "importantes", mas perderam-se definitivamente.  

Mas ainda há milhares de intervenientes em factos históricos, que por diversos motivos não mostram qualquer intenção de algum dia abordarem esses acontecimentos. São diversas as explicações para este fenómeno. 

Alguns veteranos escusam-se,  dizendo não ter nascido para escrever e muito menos descrever, narrar, versejar... Se uns assim dizem a verdade, outros escondem-se por detrás de posições e justificações que, por vezes, reprimem  ainda velhas emoções e outros sentimentos que, como não podia deixar de ser, aceitamos e respeitamos.  

Algumas dessas atitudes são tão firmes e inabaláveis que nos dão a certeza da gravidade dos estados psíquicos, nomeadamente do terrível stress pós-traumático de guerra. 

Somos seres humanos, mais ou menos sensíveis, tendo enfrentado a ida para África com maior ou menor preocupação. Nesta minha divagação pessoal, não sendo médico, nem um perito nestes assuntos psicológicos, permito-me pensar que todos aqueles que foram mobilizados ficaram marcados para o resto das suas vidas. Depois aqueles que enfrentaram combates e situações de forte tensão e, ou, estiveram sob fogo inimigo, viram esse sintoma agravado e elevado a uma alta potência.  

São marcas de tal modo cicatrizadas e enraizadas, que nem o bisturi mais acutilante as sacaria fora. E se as mazelas físicas são visuais, marcantes e traumatizantes, as psíquicas não o são menos, por invisíveis na fisionomia corporal, mas quantas vezes espelhadas, quer no teor das palavras, nas atitudes do dia a dia e, ou, no comportamento pessoal. É notável que uns estão mais afectados que outros, pelo menos aparentemente, digo eu.  

Mas, com imensa alegria e felicidade, penso que, graças a Deus, ainda por cá andamos muitos, mantendo a memória bem viva do nosso passado recente em África. Assim, com a colaboração deste e daquele camarada, ajustando e corrigindo pormenores, ainda é possível reconstituir alguns puzzles incompletos, ajudando a deixar histórias mais completas e leais à verdade dos factos. 

Esta é uma delas, que pode ainda não estar concluída.

Por isso, deixo aqui um apelo a todos os restantes camaradas, para que, quem conheça mais algum pormenor deste herói, nos preste também a sua contribuição, por grande ou pequena que lhes pareça.  

Até ao momento já recebemos os seguintes complementos testemunhais do Benito Neves, do João Parreira e do Mário Fitas, que conheceram e conviveram com o João Bacar Jaló  (ou têm informações inéditas sobre a sua vida e morte):  

1 - O Benito Neves, enviou o seguinte e-mail em 4 de Maio de 2009

Meu caro Magalhães Ribeiro, o meu abraço. 

Vi hoje publicada no blogue a biografia do nosso João Bacar e as dúvidas sobre a sua morte. 

Sobre esta última já contactei um dos alferes da minha CCav 1484, que privou com o João Bacar e que, inclusivamente, o recebeu em sua casa todas as vezes que o João Bacar veio à Metrópole. 

Há dias estive com o referido alferes que me esteve a contar a versão que tem sobre a morte do João e que, ao que parece, não foi bem como foi publicado mas quase. Segundo ele, no cenário de guerra, o João Bacar teria na mão uma granada já sem cavilha, terá tropeçado e caído em cima da granada que explodiu, matando-o. As restantes granadas (e ele trazia sempre várias) terão explodido por simpatia.  

De qualquer forma eu já pedi a confirmação desta versão ao alferes Miguel da CCav 1484, que sei ter tido contactos com pessoas que estiveram próximas, na altura da morte do João.  

Em memória de João Bacar, relembro o HOMEM e o COMBATENTE. Quando esteve connosco ainda era alferes e foi, depois, promovido a tenente.  Participou em todas as operações que efectuámos no Sector de Catió. Quantas vidas nos poupou? Não sabemos, mas a nossa gratidão para com ele é do tamanho do Mundo. Aquando da sua morte as lágrimas rolaram livremente pelas minhas faces. Hoje continuo a inclinar-me perante a sua memória.  

Deixámos Catió em Julho de 1967 e os oficiais e sargentos da Companhia ofereceram ao João Bacar aquilo que soubemos que ele mais desejava: um relógio automático, à prova de água e com ponteiros luminosos. Por trás tinha gravado: "Recordação da CCav 1484". O João delirou!  

Pena que a biografia publicada no blogue não permita leitura. Se te fosse possível a digitalização e o envio por e-mail, ficava-te imensamente grato.  

Um abraço e o meu muito obrigado 

Benito Neves  

2 - O Mário Fitas, colocou o seguinte comentário ao post 4275

Caros amigos da Tabanca Grande.  

Conheci o João, era assim que tratávamos o Alferes de 2ª Linha João Bacar Jaló.  

A C Caç 763 entrou com ele e a sua Milícia nos Acampamentos [do PAIGC] de Cufar Nalu, Cabolol e Caboxanque. Assaltámos Cadique Ialá e Nalu. Já escrevi isso em "Putos Gandulos e Guerra" e "Pami na Dondo a Guerrilheira" sobre ele e a sua gente.  

Escreverei mais, porque só quem o acompanhou, poderá confirmar o seu valor. Hoje deixo aqui uns nomes que muitos conhecerão da gente do João: Carlos Queba, Gibi Baldé, Amadu Djaló, Alfa Nan, Cabo, Indrissa, Tui na Defa...  

Alguns morreram antes, do seu Capitão. Que terá acontecido aos outros? Ao Gibi Baldé sei que cortaram as mãos! E ao meu velho Alfa Nan - Cabo -, a quem devo a vida?  

Gostaria de saber, porque eles vivem na minha memória, como vivem os meus valentes soldados. Desculpem o desabafo! Foi assim! Assim o recordarei!  

Obrigado,  camarada Ranger, por trazeres aqui o Capitão (do Exército Português),  o Guineense João Bacar Jaló.  

O abraço de sempre do tamanho do Cumbijã,  

Mário Fitas  

3 - Em 5 de Maio de 2009, o João Parreira enviou também um e-mail

Sobre o nosso valoroso João Bacar Jaló... Falei esta tarde com um camarada comando africano - o Alferes Amadú Bailo Djaló -, que parte do meu Grupo "Fantasmas", e que o conhecia bem e me disse o seguinte:  

- O Bacar Jaló tinha saído de uma bolanha perto de Tite e, estando-se a aproximar de uma tabanca, sacou de uma granada de mão e despoletou-a. No entanto, o IN abriu fogo e uma roquetada acertou-lhe na anca,  arrancando-lhe completamente a perna. Ao cair, a granada que ele levava na mão descavilhou-se e acabou por explodir, junto ao seu corpo, causando-lhe a morte.  

O Amadú, que era da mesma Companhia do João Bacar, não foi nessa operação por estar no Hospital.  

É, assim, mais uma triste história que podia ter acontecido a qualquer um de nós e que esta gente em Portugal desconhece, e mesmo que conhecesse não dava qualquer valor.  

Abraço,  

João Parreira  

4 - O Benito Neves, em 5 de Maio de 2009, enviou outro e-mail

Caro Amigo, esta versão eu não conhecia e, na verdade, só quem estava com ele, e perto dele, poderá testemunhar com rigor como a coisa aconteceu.  

No fundo acabamos por, desta forma, estarmos a prestar uma homenagem a um HOMEM simples, com o coração do tamanho do mundo, que nos guiou, comandou e nos salvou. E sei do que falo porque muitas vezes era o João Bacar que, antes e até durante as operações, alterava os percursos de forma a minimizar os riscos que as envolviam.  

Relembro que, naqueles anos de 1966/67, as ordens de operações chegavam ao Batalhão delineadas não sei se pelo comando de Agrupamento (Bolama), se por Bissau.  

O Comandante do Batalhão reunia, um ou dois dias depois (dependia dos transportes), com os Comandante das Companhias que iam intervir, normalmente de Cufar, Bedanda, Comandante da Companhia de Intervenção de Catió (que era a minha) e com o Comandante da Companhia de Milícias 13.  

Havia na parede do gabinete um mapa da zona onde era exemplificada a operação que iria ser feita (por onde iriam avançar as Companhias que iriam montar segurança, por onde iriam progredir a Companhia de Milícias 13 e a de intervenção, etc., etc.). Depois de explanada toda a operação, era perguntado aos Srs. Cmdts das Companhias se haviam dúvidas, que eram (ou não) esclarecidas. Quando chegava a vez do João Bacar falar (e quantas vezes aconteceu...) o mesmo dizia simplesmente:  

- Isso está tudo mal e se for assim eu não vou.  

Pasmava-se...  

- Mas está tudo mal o quê? 

- Tudo - respondia o João - Esta e aquela Companhia que vão montar segurança, neste e naquele ponto, não podem avançar porque o rio está a encher, é fundo e tem muita corrente. Portanto, quando àquela hora for necessário a montar segurança, não estão lá. A Companhia de Milícias e a CCav não podem avançar por aqui porque a mata é muito fechada, dificulta a progressão e, portanto, quando se faz dia ainda estamos longe. 

 Além há postos de sentinela avançada que detectam a nossa progressão e quebra-se o sigilo da operação. 

Ficava tudo mudo.

- Mas, João, isto tem que ser feito! - dizia o Comandante do Batalhão.  

E o João, logo ali, alterava horas e percursos,  como ele sabia. 

Posso dizer que em toda e qualquer operação delineada (ou alterada) pelo João Bacar, nunca as NT tiveram qualquer problema e as coisas correram muito bem. No entanto, outras houveram em que não foi tanto assim. 

O João foi, para nós, uma fonte inspiradora de confiança e até de alguma tranquilidade. Admirado por todos que lhe ficámos a dever imenso e cada um nem sabe quanto. Ainda hoje, repare-se, o João Bacar é uma fonte inesgotável de boas recordações, de respeito, grande admiração e enorme gratidão.  

Foi para mim um privilégio tê-lo conhecido e convivido com ele durante 16 meses. 

Um abraço  

Benito Neves 

5. Comentário do MR:

Muito agradecido aos 3, com um abraço Amigo do MR. 

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Notas de MR:

Ver artigos de:

2 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 – P4275: Tugas - Quem é quem (4): João Bacar Djaló (1929/71) (Magalhães Ribeiro)

20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2569: Tugas - Quem é quem (3): João Bacar Djaló (1929/71) (Virgínio Briote)

10 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2340: Pami Na Dondo, a Guerrilheira, de Mário Vicente (5) - Parte IV: Pami e Malan são feitos prisioneiros (Mário Fitas)

4 de Novembro de 2007 >
 Guiné 63/74 - P2239: Tugas - Quem é quem (2): António de Spínola, Governador e Comandante-Chefe (1968/73)

23 de Outubro de 2007 >
 Guiné 63/74 - P2207: Tugas - Quem é quem (1): Vasco Lourenço, comandante da CCAÇ 2549 (1969/71) e capitão de Abril

Ver também:

20 de Maio de 2007 >
 Guiné 63/74 - P1769: Estórias do Gabu (4): O Capitão Comando João Bacar Jaló pondo em sentido um major de operações (Tino Neves)

8 de Fevereiro de 2007 >
 Guiné 63/74 - P1502: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (8): Com Bacar Jaló, no Cantanhez, a apanhar com o fogo da Marinha

30 de Maio de 2006 >
 Guiné 63/74 - DCCCXIX: Do Porto a Bissau (23): Os restos mais dolorosos do resto do Império (A. Marques Lopes) 

31 de Maio de 2006 >
 Guiné 63/74 - DCCCXXVII: A 'legenda' do capitão comando Bacar Jaló (João Tunes) 

11 de Junho de 2005 >
 Guiné 69/71 - CIII: Comandos africanos: do Pilão a Conacri (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4312: Antropologia (14): Dança dos bijagós, uma redacção escolar, de 1958, do menino Abreu (António Graça de Abreu)

1. Mensagem de António Graça de Abreu (*), ex-Alf Mil do CAOP 1, Teixeira Pinto ou Canchungo, Mansoa e Cufar, com data de 27 de Abril de 2009:

Com os Bijagós na ilha Roxa, Fevereiro de 1974

António Graça de Abreu


Pouco ou nada se tem falado sobre os bijagós no nosso blogue. O povo desta etnia da Guiné teve mais sorte que os balantas, fulas, mandingas, etc., teve a felicidade de habitar em ilhas separadas do território onde se desenrolava a guerra. Além de Bolama, quase nenhum de nós conheceu as ilhas dos Bijagós.

Numa das minhas idas de Cufar para Bissau, naveguei na LDG Alfange (foram vinte e sete horas!) e como era preciso aguardar pela maré-cheia para concluir a viagem, a lancha grande quase se encostou à ilha Roxa. De manhã, ficou tudo a torrar ao sol durante umas boas horas dentro da LDG, excepto o comandante e o imediato que lançaram um zebro à água e foram pescar, e ainda cinco fuzileiros do destacamento de Cafal que, noutro zebro, resolveram ir para a praia na ilha Roxa. Pedi-lhes boleia e como era alferes e um deles me conhecia do CAOP 1, de Cufar, embarquei com eles. Foi um deslumbramento a descoberta da ilha e o contacto com os bijagós. No meu Diário da Guiné, a 16 de Fevereiro de 1974, pags. 194 a 197, descrevi, ao pormenor, o que me sucedeu na ilha Roxa.

O que eu tinha completamente esquecido é que, com 11 (onze!) anos de idade, no antigo 2.º Ano do liceu, havia escrito um texto sobre os bijagós. Só a semana passada, ao arrumar e deitar fora muitos papéis velhos, descobri a singular prosa no meu caderno de redacções, no Liceu Alexandre Herculano, no meu Porto, cidade onde nasci e cresci.

Lembrei-me do blogue e deixo à consideração do Luís e do Vinhal a eventual publicação deste texto.

Aí vai, um menino do Porto a escrever sobre a Guiné, em 1958:

A Dança dos Bijagós

De um dos trechos existentes no meu livro de leitura, achei um, de certo modo curioso, sobre a dança dos Bijagós.

Esta dança é executada pelos nativos de uma raça da Guiné chamada Bijagós. Nesta interessante dança, os homens dão a ideia de serem animais ferozes pois eles modificam completamente o seu aspecto de seres humanos. Pintam o corpo com tinta vermelha, cobrem a cabeça com barro e enfeitam-na com penas ou peles. Alguns põem chifres na cabeça. De vez em quando, um dos dançarinos dá um grito rouco que ecoa pelos ares dando a impressão de ser um animal feroz. Esta dança é acompanhada pelo rufar dos tambores. As pessoas que a executam fazem diversas contorções com o corpo, o que muito agrada aos forasteiros que vão ver os nativos dançar.

FIM





Grupo de mulheres bijagós com os seus apetrechos e trajes de dança

Localização da Ilha Roxa no Arquipélago dos Bijagós e Sul da Guiné
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4100: Blogpoesia (34): Regressei um dia / lavando a alma na espuma das lágrimas... (António Graça de Abreu)

Guiné 63/74 - P4311: No 25 de Abril eu estava em... (10): Chugué, num buraco com um tecto de quatro toros (José Pedrosa)

1. Mensagem de José Pedrosa (*), ex-Alf Mil Inf/Minas e Armadilhas da CCAÇ 4747, Chugué/Bedanda, 1974, com data de 26 de Abril de 2009:

Caro Amigo,

Com um abraço a todos, remeto a postagem de hoje no meu Blogue.

http://cerrodocao.blogspot.com/2009/04/onde-e-que-estavas-em-26-de-abril.html

Cumprimentos,
Zé Pedrosa


2. Assim, com a devida vénia ao nosso camarada, reproduzimos o seu poste

Há 35 anos eu estava onde, precisamente, esta hora do dia se chamava "hora sexual". Durante duas horas tinha de estar pronto para a acção, pois, se elas viessem, não podia estar desprevenido: tinha de reagir imediatamente, caso contrário, era o fim ...


Estava em Chugué, na vala de acesso ao meu abrigo de guerra (um buraco no solo com um tecto de quatro toros de árvore pau sangue), aguardando vigilante que passassem as duas horas de prevenção total - cumprindo as regras militares e as do bom senso, face à permanente iminência de ataques e bombardeamentos das tropas do PAIGC na zona do Tombali - Guiné Bissau.

Posto o sol, a descompressão ia ganhando ânimo entre aquele monte de gente de morte encomendada. O meu hábito de tentar saber notícias pelas ondas curtas da rádio teve sorte. Numa emissora de lingua francesa consegui ouvir as notícias do meu país.

Assim que as percebi (sabedor que já era do Março em Caldas da Rainha) gritei para a minha gente: "pessoal, há reviravolta em Lisboa, parece ser coisa grande, se calhar, vamos saír daqui com vida..."

Depois, seguiram-se horas angustiantes tentando confirmações por todas as ondas da rádio, por tudo quanto eram comunicações militares. A cinco minutos da meia-noite, finalmente, o Menezes dos fuzileiros "abriu o livro" na primeira página: o 25 de Abril e o MFA foram sucintamente explicados e assim resumidos: "a guerra vai acabar, vamos pra casa !"

E, mesmo sem o cessar fogo ordenado, para todos nós, os de infantaria, de artilharia e fuzileiros que ali estávamos, a partir desse dia: "guérra cába pâ nôs".
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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

9 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3590: O Nosso Livro de Visitas (48): José Pedrosa, ex-Alf Mil da CCAÇ 4747 (Guiné, 1974)
e
17 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3639: Blogues da Nossa Blogosfera (11): Do Cerro do Cão, em Peniche, ao Apocalipse Now (José Pedrosa / Luís Graça)

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4280: No 25 de Abril eu estava em... (7): RI 15, Tomar, à espera de ir para a Guiné (Magalhães Ribeiro)

Guiné 63/74 - P4310: Tabanca de Matosinhos (11): As crianças da Guiné-Bissau precisam da nossa ajuda (Álvaro Basto)

1. Álvaro Basto, Tertuliano da nossa Tabanca Grande e da Tabanca de Matosinhos, enviou-nos no dia 22 de Abril de 2009 esta mensagem:

Caros editores e grandes amigos

Agradecia que dessem uma vista de olhos no poste 151 do Blogue da Tabanca de Matosinhos e o replicassem para a Tabanca Grande.

As áreas de Lisboa são igualmente importantes e afinal é uma contribuição importante que podemos dar sem grande dispêndio.

Tem mais a ver com disponibilidade de tempo e afinal muitos de nós estamos reformados e tempo é o que nos sobra mais.

Um abraço e um obrigado antecipado.
Álvaro Basto


2. Assim e por sugestão do Álvaro, aqui deixamos a transcrição do referido poste.

Na sequência da deslocação a Portugal de duas crianças da Guiné-Bissau para serem avaliadas e operadas ao coração, conforme notícia que se reproduz abaixo, com a devida vénia à SIC (*), esteve hoje a almoçar connosco o Dr. Augusto Bidonga, natural de Catió e Director Clínico da Clínica de Bor que se vocacionou para as doenças pediátricas.

Da conversa que fomos tendo ao longo do almoço ressaltou a incomensurável e já pródiga falta de meios com que se debate para fazer face a tantos casos desesperados de crianças que poderiam ser salvas de uma morte antecipada se tivessem ajuda externa.

Como gente habituada a arregaçar as mangas e a passar rapidamente à acção, logo ali se estabeleceu a criação de uma Bolsa de Famílias de Acolhimento para as crianças que tenham a sorte de vir a poder beneficiar do tratamento hospitalar que necessitam.
Trata-se de uma área onde nos afirmaram ser grande o défice, já que as mesmas não podem trazer acompanhantes familiares e na maior parte dos casos necessitam de cuidados ambulatórios do pós-operatório, não havendo nenhuma Instituição que a isso se dedique.

Afinal muitos de nós temos um quarto lá em casa disponível e tempo para levarmos as crianças às consultas durante o período que por cá tenham que permanecer.

A lista já começou a circular e todos serão bem-vindos nesta ajuda que pode traduzir-se na viabilização de uma intervenção cirúrgica destinada a dar vida a uma jovem vida.

Por isso, se quiserem e reunirem condições para dar este apoio, podem increver-se através do meu email (alvarobasto@gmail.com) indicando um nº de telefone de contacto.


3. Comentário de CV:

Para quem pensa que a actividade da Tabanca de Matosinhos se limita só aos almoços das quartas-feiras, têm aqui mais uma das muitas iniciativas daquela Tertúlia.

Alargamos o apelo do nosso camarada Álvaro Basto à tertúlia da nossa Tabanca e aos nossos leitores, de uma maneira geral, para se puderem e tiverem disponibilidade, aderirem a esta iniciativa. As pobres crianças guineenses não têm culpa de o seu país não ter um mínimo de condições que lhes permita salvar as suas frágeis vidas.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste 151 da Tabanca de Matosinhos de > 22 de Abril de 2009 > P151-Crianças da Guiné e a Tabanca de Matosinhos

Vd. último poste da série de 4 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4281: Tabanca de Matosinhos (10): O nosso camarada Almeida de Gandembel precisa de ajuda (José Teixeira)

Guiné 63/74 - P4309: (Ex)citações (27): Manuel Moreira Barbosa, um Comando da 38.ª (Magalhães Ribeiro)

1. No dia 22 de Abril de 2009, Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, da CCS/BCAÇ 4612/74, Cumeré, Mansoa e Brá (1974), deixou este comentário no poste "Guiné 63/74 - P4233: Bandos... A frase, no mínimo ...": (*)

Queria aqui aproveitar a oportunidade para mandar um ABRAÇO AMIGO a todos os "MAMA SUME" da 38.ª, e homenagear a memória daquele que me tratava como um irmão e que infelizmente já partiu do nosso meio.

O seu nome Manuel Moreira Barbosa, era 1.º Cabo desta famosa e sacrificada Companhia e um belo dia dediquei-lhe o seguinte poema:

Um “COMANDO” da 38.ª

Era a minha “sombra” nas deslocações a Bissau
O meu “guarda costas” preferido!... O número um!
Eu conhecia-o bem e sabia!... Que se necessário!...
Dava a vida pelo amigo!... Como mais nenhum!

Na longínqua e bela Guiné
Mais do qu’em qualquer outro lugar
Encontrar um conterrâneo
Era o rei dos motivos p’ra festejar

Para nós... do Porto e Lisboa
Como éramos a maioria
Amíude os encontros se davam
Sempre com renovada alegria

Quando chegamos a Mansoa
Na recepção a nós os «periquitos»
Alguns “velhinhos” perguntavam
No meio daqueles “pios” esquisitos

- Quais são os “periquitos” do Porto?…
Duas coisas tendes que fazer…
Pagar uma bebedeira mestra...
E contar as novidades... que houver!

Fomos então p’rá cantina beber
E, conversar entusiasmados
Nós, do Porto... do presente... de Abril
Eles... dos “momentos” ali passados

Dias depois estes partiram
O seu tempo de guerra... findara
Foram estes os primeiros amigos
Com que a Guiné me brindara

Um dia o Comandante disse-me:
- O vagomestre está muito doente...
Você vai substituí-lo como souber...
Vai alimentar toda esta gente…

Se mais proveito não lhe fizer…
Vai muitas vezes a Bissau… passear…
É um privilégio raríssimo…
Espero que não vá regatear!

Eu... um Operações Especiais?
Ouço, obedeço e não discuto!
Serei o Rei do desenrascanço?
Se calhar!... avancei pois resoluto!

No dia seguinte... surgiram-me ali
Num jipe... três “Comandos” sedentos
Da 38.ª Companhia

Eram do Regimento de Comandos
Sito na estrada p’ra Bissau, em Brá
A cerca de quarenta quilómetros
Que me convidaram a visitá-los… lá

Mas entre eles estava um Cabo
De seu nome Moreira Barbosa
Que ao saber qu’éramos patrícios
Exigiu comemoração honrosa

Bebemos então e conversamos
Ali cimentamos forte amizade
Daquele tipo hoje muito raro
Com raízes par’à eternidade

Ora... sempre qu’eu tinha d’ir à capital
Entrava nos “Comandos” a correr
- Ó Barbosa queres vir comigo?...
“Perguntai ao cego s’ele quer ver “

Provocavam enorme alarido
As viagens e as petiscadas
No “Portugal”, no “Ronda”, etc.
Estórias, anedotas... gargalhadas

Ele conhecia metade do pessoal
Apresentava-me toda a gente
A nossa mesa depressa s’enchia
De malta faladora e contente

Barbosa perto... tristeza longe
O seu feitio guerreiro... destemido
Completavam a sua forte “alma”
E contagiava o mais encolhido

Como é lógico... muitas conversas
Versavam o tema da guerra
As grandes operações e combates
O sangue derramado na terra

Os golpes de mão e emboscadas
Os acidentes graves conhecidos
O “25 de Abril”...
Enfim... os mortos e os feridos

“- Manga de ronco!... Compr’uma coisa?”
Era o pregão local dos artesãos
Pululantes... insistentes... chatos!
Até qu’o Barbosa fechava as mãos

Quis Deus que “partisses” mais cedo, amigo... irmão
Quantas saudades deixaste dessa tua energia
Da tua dinâmica... do teu empolgar pela acção
Do teu espírito de aventura... do teu riso... da tua alegria...


Era assim o Barbosa... que saudade!

Um abraço Amigo para todos vós, e um abração em especial para o Amílcar Mendes, do Periquito de Mansoa
Magalhães Ribeiro
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4233: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (16): Direito à indignação (Amílcar Mendes)

Vd. último poste da série de > 7 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4297: Comentários que merecem ser postes (5): Falando da condição feminina e das enfermeiras pára-quedistas (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4308: Tabanca Grande (137): Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74

1. Mensagem de Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74, com data de 26 de Abril de 2009:

PERFIL

Amilcar José das Neves Ventura, tenho 57 anos, nasci a 9 de Dezembro de 1951, em Silves, onde resido.
Tenho o 9.º ano de escolaridade (Curso de Formação de Serralheiro).
Entre Novembro de 1974 a Dezembro de 1984, fui chefe de armazém da Cooperativa de Retalhistas de Mercearias “Alicoop”, em Silves, e depois fui fotógrafo profissional por conta própria, durante 24 anos. Neste período, trabalhei para vários jornais, entre os quais o Record, o Correio da Manhã e alguns regionais do Algarve.
Tenho dois filhos, de 34 e 30 anos.
Gosto de caçar e pescar e sou coleccionador de tudo o que tenha o emblema do Sporting. Tenho perto de 800 objectos com o símbolo dos leões. Hoje sou fiel de armazém na Câmara de Silves.

CAIXAS

Assentei praça no dia 18 de Julho de 1972, no Regimento de Infantaria 7, em Leiria. Duas semanas depois fui transferido para a Escola Prática de Cavalaria, em
Santarém, para tirar a recruta de Sargentos Milicianos. Foram três meses em que passámos, como costuma dizer-se as passas do Algarve. A seguir parti para Sacavém, para tirar a especialidade de mecânico auto, na Escola Prática de Serviço de Material. A especialidade e o estágio duraram seis meses. Nessa altura, saiu a minha mobilização para Moçambique, mas eu sabendo por diversas informações que era melhor cumprir a comissão na Guiné, consegui trocar de destino por intermédio de um amigo que estava no Ministério do Ultramar. Em Abril de 1973 fui para o Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz, para ajudar a formar o batalhão que iria para a Guiné: o Batalhão de Cavalaria 8323 (‘Os Cavaleiros de Gabú’). Gabú é o nome do sitio para onde fomos.

Sempre quis esquecer a guerra, mas vi na revista Domingo a história do meu amigo Ferreira, camarada da 3.ª Companhia, que me deu coragem para contar alguns episódios vividos na Guiné. Sempre quis esquecer o que passei, menos os meus camaradas.

No dia 22 de Setembro de 1973 embarquei no navio Niassa com destino a Bissau.
A viagem demorou seis dias: para nós, sargentos, foram umas férias, porque os nossos camarotes eram bons, mas os soldados iam no porão, pior instalados do que animais. Eram autêntica carne para canhão, como costumava dizer-se.
Quando chegámos, seguimos numas lanchas de transporte de gado com destino à ilha de Bolama, onde fizemos a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, que durou um mês. Voltámos a Bissau e no dia 31 de Outubro, subimos o rio Geba até Xime, seguindo depois em coluna por Bambadinca, Bafatá e Nova Lamego, até Pirada, no Leste da Guiné, na fronteira com o Senegal.
Aqui, rendemos um batalhão que já estava na Guiné há 28 meses.

As Companhias do meu batalhão foram distribuídas pelos aldeamentos em volta de Pirada e a minha, a primeira, foi para Bajocunda, a 11 km de Pirada.
No primeiro mês em que estivemos com a Companhia que íamos render não nos aconteceu nada de especial, mas o martírio de cinco meses estava para breve e começou no dia 13
de Dezembro, quando ficámos sem o nosso Sapador Fernando Almeida.

Passados cinco dias, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) atacou Amedalai, uma tabanca que ficava a cinco quilómetros de nós. Só lá estavam civis e, como também fomos atacados, não pudemos ir em seu socorro. Queimaram quase toda a tabanca, como represália por a população não lhes ter dito que nós lá tinhamos estado em patrulha. Foi aqui que vi que a guerra era muito a sério, pois os guerrilheiros do PAIGC até atacaram familiares.

No Dia de Natal 1973, o capitão Ângelo Cruz quis fazer uma patrulha. Eu, apesar de muito contrariado, arranjei-lhe as viaturas para ele poder sair. No dia 18 de Dezembro, quando os guerrilheiros atacaram Amedalai e Bajocunda, deixaram, durante a retirada, várias minas espalhadas pelo campo. Uma rebentou à passagem de um macaco, outra matou uma vaca. Quando a coluna ia a passar perto, o capitão quis ver o local, contrariando as regras de segurança. Infelizmente, teve azar e pisou uma mina. Ficou sem uma perna abaixo do joelho e com a outra muito maltratada. O guia e três soldados também ficaram feridos.

No dia 7 de Janeiro 1974, numa emboscada a uma coluna de viaturas, que ia levar comida a um pelotão da minha companhia, que estava em Copá, a 21 Km de Bajocunda, morreram o Sebastião Dias e o José Correia, e duas viaturas Berliet foram destruídas: uma rebentou uma mina e a outra ardeu. A partir daqui, seguiu-se uma série de ataques do PAIGC, com todo o tipo de armamento. O nosso maior receio eram os ataques com os morteiros de 120 mm, com granadas perfurantes, que depois de embaterem no solo explodiam a dois três metros de profundidade.

Em Março entrou em acção a aviação. Copá estava há vários dias debaixo do fogo e os nossos militares quase não dormiam. Pedimos apoio aéreo, mas o avião Fiat que veio em nosso auxílio foi abatido com um míssil terra-ar. Os militares já estavam a ficar malucos e as chefias ordenaram-nos que abandonássemos Copá. Tivemos de fazer uma operação de resgate de grande envergadura, com mais de 300 soldados, porque senão as tropas do PAIGC matavam-nos a todos. Nessa operação, mais a Norte, limpando a zona de guerrilheiros, seguia o célebre grupo do alferes Marcelino da Mata, comandado pelo capitão pára-quedista ‘Astérix’. Numa emboscada ao PAIGC, conseguiram apanhar aos guerrilheiros uma ambulância russa, utilizava no transporte de feridos.

Eu fui contactado pelo meu comandante, o coronel Jorge Mathias, para ir buscar a viatura, pois o grupo do Marcelino não a conseguia pôr a trabalhar.
Disse-me que a ambulância estava na coluna que ia para Copá, só que quando me dirigi, com o soldado mecânico Grou para o helicóptero, o piloto, meu conhecido, disse-se que a viatura estava no Senegal. E era preciso trazê-la a todo o custo, mesmo com perda de vidas humanas, pois seria a primeira apanhada em todo o Ultramar.

Com a ajuda de um héli-canhão conseguimos trazer a ambulância até a coluna, mas sempre em alerta máximo, pois sabíamos que as tropas do PAIGC nos seguiam com a intenção de resgatar a viatura. Tivemos de passar uma noite no mato, junto da coluna. De manhã, partimos em direcção a Bajocunda, com o grupo do Marcelino a fazer protecção à viatura. Ele avisou-me de que íamos ter uma emboscada, o que viria a acontecer. Não se registou qualquer baixa e, com esta operação, conseguiu-se resgatar o pelotão que estava em Copá, sem registo de mortos ou feridos.

Entretanto, veio o 25 de Abril de 1974 e a partir daí foi tudo um mar de rosas.

Tivemos o primeiro encontro com as tropas do PAIGC da zona dois dias depois. Sinto um grande orgulho por ter liderado esse encontro, onde os guerrilheiros nos contaram com faziam os ataques e as emboscadas. Hoje ainda guardo um gorro que troquei por uma lente com o comandante do PAIGC da nossa zona, que já conhecia há muito tempo.

No dia 22 Agosto 1974 entregamos Bajocunda ao PAIGC. Foi dos dias mais alegres de todos os que estive na Guiné, ver finalmente aquele país libertado. Depois seguimos para Bissau e no dia 9 Setembro regressei à minha Pátria.

2. Comentário de CV:

Caro Amílcar Ventura, bem-vindo à Tabanca Grande.
És de há bastante tempo um elemento activo no nosso Blogue.
Temos cá muito material teu, incluindo fotografias. Tudo isto tem que ser tratado para ser publicado por ordem cronológica de chegada. Vamos pedir ajuda ao nosso novel editor Magalhães Ribeiro, para no mais breve espaço de tempo possível começarmos a publicar as tuas coisas.

Embora precises de ser apresentado à tertúlia, conheces já os cantos da casa e as nossas dificuldades em atempadamente dar saída aos picos de trabalho. Com a tua, e a de todos, compreensão havemos de levar a carta a Garcia.

Posto isto, resta-me deixar-te um abraço de boas-vindas em nome da Tertúlia e desejar-te a melhor saúde, aí pela antiquíssima cidade de Silves, uma das mais bonitas cidades portuguesas que conheço.

Vista aérea de Bajocunda

Viatura Berliet danificada por uma mina, durante a emboscada de 7 de Janeiro de 1974

Evacuação do Capitão Ângelo Cruz

Fur Mil Ventura na ambulância capturada ao PAIGC

Restos de um foguetão do PAIGC

Poço onde se ia buscar água para beber e cozinhar

Amílcar Ventura e alguns dos seus condutores

Amícar Ventura na actualidade

Fotos: © Amílcar Vantura (2009). Direitos reservados

__________

Vd. último poste da série de 6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4294: Tabanca Grande (136): Juvenal Candeias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3520, Cameconde (1972/74)

Guiné 63/74 - P4307: Humor de caserna (11): Amizades muito especiais (António M. Conceição Santos / Magalhães Ribeiro)


Amigos, tenho andado aqui atrapalhado a arranjar uns minutos, para escrever estas palavras que se seguem.  
São palavras que demoram sempre muito tempo a delinear no pensamento e depois, outro tanto ou mais, a teclar no PC.  
Os meus professores - Luís e Vinhal -, lá me vão explicando como se trabalha com o blogue, que tipos de letra se devem usar, os tamanhos ideais e correctos para as fotos, etc.  
Podem crer que não tem sido nada fácil. Escrevo, apago, volto a escrever e volto a apagar.  
Depois é a colocação do material no blogue... XIÇA!  
É a foto que se introduz mal e, ou, não está formatada e, ou desapareceu! É o texto que se encavalita nas fotos, ou as fotos que se desenquadram... APRE!  
Só vos digo que isto, de "trabalhar" no blogue apostando-se na qualidade da disposição e apresentação de cada um dos "posts" custa... MUITO TEMPO.  
Bom, desde que comecei a dar uma mãozinha no blogue, quase ainda nem tive tempo para ver sequer os meus e-mails "culturais", que se vão acumulando nas "caixas".  
Mas agora que consegui uns minutos vou-vos contar que, para se apresentar aquilo que vos é dado ver no blogue, tem que haver outro tanto "trabalho" nos "bastidores", coisa que, como facilmente se pode deduzir, é indispensável à equipa Luís Graça, Virgínio Briote e Carlos Vinhal, agora com a minha ainda muito recente colaboração.  
Sosseguem não vos vou martirizar com a descrição dos tais "trabalhos" mas, tão simplesmente, contar-vos uma das diversas trocas de e-mails, que se tornou hilariante entre os envolvidos no passado dia 27 de Abril.  
A ver:  
1- Recebi um e-mail do António Manuel da Conceição Santos, de Faro  
Dizia assim:  
"Parabéns, já te vi no blogue de Luís Graça & Camaradas da Guiné. Agora é só ocupares o teu tempo, pois segundo penso, estás disponível para estas coisas. Dou-te a maior força deste mundo.  
Um abração para ti e para todos os membros do respectivo Blogue.  
Louvo-vos e ergo a minha voz aos céus com um só pensamento comum: 

  • Ao Luís Graça, com toda a justiça te digo, parabéns por continuares com esta tarefa inacabada;
  • Ao Carlos Vinhal, com toda a justiça te digo, parabéns por continuares com esta tarefa inabalável;
  • Ao Virgílio Briote, com toda a justiça te digo, parabéns por continuares com esta tarefa sem fim;
  • Ao Humberto Reis, com toda a justiça te digo, parabéns por continuares com esta tarefa indestrutível;
  • Ao Magalhães Ribeiro, com toda a justiça te digo, parabéns por continuares com esta tarefa imperdível.  
É que, este trabalho só terá fim, quando todos os camaradas que passaram pela Guiné entre 1963 e 1974, tenham contado as suas histórias. Muitos, mas muitos já contaram as suas, mas ainda faltam muitos, mais que ainda não as contaram.  
Histórias de recordações, boas ou más. Histórias de angústia. Histórias de dor, de amor e de saudades.  
São as nossas histórias, memórias do passado, que neste singelo blogue nos é permitido escrever.  
Um grande alfa-bravo para a equipa.  
De um leitor que faz parte da lista do vosso/nosso blogue.  
António Manuel da Conceição Santos - Faro 
Ex-Furriel de Operações Especiais - Ranger 
Guiné (Cadique) 1972 a 1974 - CCAÇ 4540  
2- Logo de seguida reenviei-o para o L. Graça, C. Vinhal e B. Vriote 
Amigos Luís, Vinhal e Briote,
Reenvio-vos o e-mail abaixo, que me foi enviado, para vosso conhecimento. 
Já estou a receber parabéns e ainda não fiz nada... eheheheheheheh... 
Estas palavras são 100% para vós! Merecidas sem qualquer dúvida.  
Um abraço para todos vós do MR  
3- Respondi então ao Santos
Boa noite Amigo Santos,
Vamos a ver se eu consigo dar conta do recado. 
Eu, na EDP, estou só c/ mais 4 engenheiros mecânicos para a manutenção de cerca de 30 grandes barragens e quase 50 mini-hídricas.  
Além de ter que "alimentar" o meu blogue... eheheheheheh... ainda dou algum contributo, para 4 Associações, pois neste momento, sou Vice-Presidente da Delegação do Porto, da A.P.V.G. (Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra), Membro da Assembleia Geral da A.O.E. (Associação de Operações Especiais), Membro da Assembleia Geral da L.A.M.M.P. (Liga dos Amigos de Museu Militar do Porto) e Membro da Assembleia Geral da Beneficiência do Porto. 
Tenho a meu favor o método e a organização, senão estava lixado.  
Tempo precisava 27 ou 28 horas por dia... eheheheheheheh... 
São assim os RANGERS.  
Grande abraço para ti e até 10 de Junho se Deus quiser. 
MR  
4- Passados uns minutos recebi do Santos
Desculpa a minha intromissão: "como é que tens tempo para trik e trik?" heheheheheheh.   
5- A minha resposta 
Ó pá a mulher ainda não se queixou... palavra de honra!
Quando saio para as barragens, por muitos dias e durmo fora, ela vai comigo... eheheheheheheheh...  
Abraço Amigo do MR 


A Barragem de Belver situada no Rio Tejo, a cerca de 7 kms a montante da cidade Abrantes, está equipada com 6 grupos geradores
_________
Nota de MR:
Vd. último poste da série de:


Guiné 63/74 - P4306: Blogpoesia (46): O sexo em tempo de guerra (Luís Graça)

Bajuda no Cais de Bambadinca. Quadro a óleo pintado, em 2007, por Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70, e membro da nossa Tabanca Grande (*). Edição e reprodução, com a devida vénia.

Foto: © Jaime Machado (2008). Direitos reservados.


Guiné > Zona Leste > Bafatá > "O Bataclã, um dos pontos de lazer e divertimento da rapaziada" (Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47, Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640, Bafatá e Piche, 1969/71)...

"Quando se chegava a Bafatá, para retemperar forças lá vinha um fim-de-semana, uma folga, que era reconfortante, com uma ida ao cinema, ao café da D. Rosa, do Teófilo, da Trasmontana, ao Bataclã, à piscina da nossa bela Bafatá que, em 12 e 13 de Março de 1970, teve as cerimónias de elevação a cidade, onde esteve presente o Ministro do Ultramar" (**)...

Foto: © Manuel Mata (2006). Direitos reservados.


Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > Canjadude, a Ilha dos Amores. Ou: os tugas e a psico... E no meio, uma bajuda fula, linda de morrer, objecto de desejo... Sob o olhar vigilante da mamã, e rodeada dos manos mais pequenos... Repare-se como os tugas, passada a primeira surpresa da exposição ao nu étnico, se apoderaram rapidamente do termo psico e deram-lhe uma outra conotação... mais épica, mais erótica, mais camoniana... (Espero que o nosso Big Brother não caia na tentação de considerar este material como pornográfico e pedófilo...). (***)
Foto: © João Carvalho (2006). Direitos reservados


























Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (Junho 69 / Mar 71) > O Fur Mil At Armas Pesadas Henriques, com o Sold Apont Mort 60 Umaru Baldé, o puto (já falecido), e o 1º Cabo José Carlos Suleimane (que hoije vive em Amedalai), do 4º Gr Comb, em Finete, no Cuor (à esquerda); e no cais de Bambadinca (à direita), com os seus papéis debaixo do braço, e a pulseira de missangas vermelhas no pulso esquerdo...

Não tendo a especialidade de atirador de infantaria, o Henriques era o pião de Nicas do Capitão Inf QP Carlos Brito (hoje Cor Ref), tendo com isso percorrido todos os 4 Gr Comb da CCAÇ 12, e apanhado, no mato, a porrada suficiente para um dia poder contar aos netos, se os tiver, que a morte é certa mas que a vida é bela e vale a pena ser vivida...

Fotos: © Luís Graça (2005). Direitos reservados





Deixa soltar as tuas gargalhadas (****)...

Amorosa Helena,
pequena fula dengosa,
salva das garras do Islão
por zelosos missionários,
católicos,
apostólicos,
romanos,
mas não da faca da fanateca,
que te extirpou,
na festa do fanado,
o teu belo clitóris,
para te tornares o colchão de todas as camas,
a Vénus negra de batalhões inteiros,
a iniciadora sexual de tugas,
mancebos
que as sortes vieram arrancar às saias das mamãs,
a alegre,
a divertida,
a traquinas companheira de muitas farras de caserna,
correndo, nua e lasciva,
do regaço de tropas bêbedos que nem cachos,
para o abrigo mais próximo
quando às tantas da madrugada
soava o canhão sem recuo,
estoirava o morteiro 82,
disparavam os RPG
e silvavam as balas das Kalash!...

Bela Helena de Bafatá,
que sabias pôr na ordem
os arruaceiros paraquedistas de Galomaro
que te batiam à porta a pontapé,
quando eu estava contigo,
deitado na tua liteira,
e me dispensavas pequenas gentilezas
- um ronco de missangas, vermelhas,
uma noz de cola,
uma cantilena da tua infância,
um punhado de mancarra seca ao sol,
uma talhada de papaia que trazias do mercado -,
sempre que eu ia a Bafatá
e procurava a tua companhia,
na melhor das hipóteses,
uma vez por mês,
no dia de folga dos guerreiros de Bambadinca…
Tu e as tuas amigas de Bafatá,
do Bataclã,
que tanto trabalho deram
ao competentíssimo furriel enfermeiro Martins,
que nunca punha os pés fora da sua morança,
e que eu duvido que alguma vez tenha ido a Bafatá,
o nosso querido Pastilhas (*****),
que vivia 24 horas dentro do arame farpado,
no perímetro militar de Bambadinca,
trabalhando incansavelmente,
de bata branca,
em prol de uma Guiné Melhor,
que nos aturou mil e um travessuras,
bravatas,
praxes,
esperas,
serenatas,
tainadas,
emboscadas,
partidas de mau gosto,
brincadeiras estúpidas e perigosas,
bebedeiras de caixão à cova
e que sobretudo nos curou
de alguns valentes esquentamentos

Destes e doutros males de amores,
dos milhões de unidades de penicilina
com que tu subtilmente te vingaste dos machos,
estás perdoada, Helena,
abelha do mel e do ferrão.
Afinal, quem vai à guerra,
dá e leva…
Tu curavas-nos dos males da alma,
o Pastilhas das mazelas do corpo…
Entretanto, quando a guerra acabou,
para mim
e para os demais tugas da CCAÇ 12,
por volta do mês de Março de 1971,
não tive tempo de te devolver
a pulseira de missangas vermelhas,
nem sequer de te dizer uma palavra,
um Adeus, até sempre,
um adeus, triste,
com saudade,
essa coisa que os tugas nunca te souberam explicar,
mas sem regresso,
e sem lágrimas,
que Lisboa estava ali,
tão longe e tão perto...
Prometi guardar de ti
a doce lembrança,
das tuas estridentes e saudáveis gargalhadas,
da tua voz rouca e sensual,
da tua fala encantatória,
do cheiro exótico do teu corpo,
das tuas sagradas funções de sacerdotiza
do amor em tempo de guerra…

Imagino que a tua vida não tenha sido fácil
depois da independência,
se é que lá chegaste,
com vida e saúde…
Se sim, não sei como viveste esse dia,
24 de Setembro de 1974,
não sei te raparam o cabelo,
ou se te apedrejaram, amarrada a um poilão,
ou se te violaram
ou se te renegaram para sempre,
que a pior das mortes
é a morte social.
Nunca mais tive notícias tuas,
mas, dez anos,
revendo mentalmente
a minha primeira viagem,
por terra,
em pleno chão fula,
do Xime até Contuboel,
onde os esperavam os nossos queridos nharros,
ao longo do interminável dia 2 de Junho de 1969,
o teu nome,
o teu rosto,
a tua voz,
o teu odor,
o teu corpo,
a tua púbis,
e as tuas gargalhadas, quiçá magoadas,
vieram-me à lembrança…
E essa lembrança tocou-me.

Lembrei-te de ti,
da história que se contava sobre ti,
passada em Ponta Coli,
entre o Geba e o Udunduma,
frente à vasta bolanha de Samba Silate,
agora seara inútil de capim alto,
com o cadáver do furriel vagomestre do Xime nos braços.
Lembrei-te de ti
e das minhas escapadelas a Bafatá…
Ia-se a Bafatá,
a bonita e alegre Bafatá colonial,
para limpar a vista,
entrar no café da Dona Rosa,
ver as manas libanesas,
comprar umas bugigangas da civilização,
comer o bife com ovo a cavalo na Trasmontana,
dar um salto ao Bataclã
e passar pelo Teófilo,
para o copo de despedida,
antes de apanhar o último Unimog,
de regresso a Bambadinca...

Eram os únicos momentos do mês
em que eramos donos do nosso tempo,
em que a nossa liberdade não estava cercada
de arame farpado e minas,
nem pensávamos na emboscada de ontem
nem na operação de amanhã.
Também foste, à tua maneira,
uma heroína daquela guerra,
minha impossível amiga colorida,
separada pelos papéis
que nos obrigaram a representar
no teatro da tragicomédia daquela guerra…
Daí figurares,
contra toda a ortodoxia
(do teu povo, fula,
dos teus missionários, cristãos, que te queriam a alma,
dos tugas, putos de vinte anos,
que apenas te queriam o corpo,
dos revolucionários do PAIGC
que não te terão perdoado
o teu colaboracionismo com os tugas,
para mais sendo tu conterrânea do pai da Pátria,
o pobre do Amílcar Cabral
tantas vezes morto e remorto
ao longo destes anos todos),
daí figurares, dizia eu,
na minha galeria de heróis
e de heroínas…
Por direito próprio,
com todo o direito,
com o direito que ganharam as mulheres do teu país,
pobres,
as mais pobres dos mais pobres,
mas sempre dignas e corajosas,
apesar de ofendidas e humilhadas,
exploradas,
violentadas pelo sistema,
pela guerra,
pela dominância dos machos,
pelo imperativo da sobrevivência,
pela lotaria da geografia e da história…
Aceita esta pequena homenagem da minha parte.
Em contraparida,
dá-me o derradeiro prazer,
esse prazer tão terno,
de te ouvir soltar as tuas gargalhadas,
minha safada Helena de Bafatá,
onde quer que estejas,
...na terra,
no céu
ou no inferno!

Luís Graça (*******)
_____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 24 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3092: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (1): Pinturas, de Jaime Machado; As Capelas de Leça, de José Oliveira

(**) Vd. poste da I Série > 25 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (3)

(...) Café do Teófilo: À saída de Bafatá, na estrada para Bambadinca. Este homem era sobrevivente de um grupo desterrado para a Guiné nos anos 30. No período da guerra era apontado como sendo informador do IN. Foi pessoa com quem me dei particularmente bem, pois tinha pelos alentejanos (em especial de Portalegre) um carinho especial. Era sítio que eu visitava com alguma regularidade, tomava-se uma cerveja gelada, com alguma descrição, acompanhada de uma breve conversa. Era uma pessoa de parcas palavras. (...)

(***) Vd. poste da I Série > 17 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - DCXXXVII: Mais fotos de Canjadude (CCAÇ 5, 1973/74) (João Carvalho)

(****) Vd. poste de

12 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXLIV: A galeria dos meus heróis (3): A Helena de Bafatá (Luís Graça)

(*****) Vd. postes de:

13 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1366: A galeria dos meus heróis (6): Por este rio acima, com o Bolha d'Água, o Furriel Enfermeiro Martins (Luís Graça)

5 de Dezembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3567: Humor de caserna (7): O Pastilhas e a bajuda (Gabriel Gonçalves, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)

(******) Vd. restantes postes da série A galeria dos meus heróis:

1 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1014: A galeria dos meus heróis (5): Ó Pimbas, não tenhas medo! (Luís Graça)

1 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1011: A galeria dos meus heróis (4): o infortunado 'turra' Malan Mané (Luís Graça)

14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLII: A galeria dos meus heróis (2): Iero Jau (Luís Graça)

13 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CLXXXVIII: A galeria dos meus heróis (1): o Campanhã (Luís Graça)


(*******) Convenhamos que o tema (o sexo em tempo em tempo de guerra...), se não é tabu (porra, já somos crescidinhos!), também não se presta muito a inconfidências na praça pública (incluindo a blogosfera)... (Estou a repetir o que já disse, por outras palavras, noutra ocasião).

Por pudor (?), no bando dos machos que já foram dominantes, não se fala muito das velhas proezas amorosas ou simplesmente sexuais... Mesmo assim, o tema já inspirou alguns dos nossos melhores prosadores (e poetas)... E até temos um mão cheia de textos de antologia sobre as nossas bravatas sexuais e os nossos (des)amores. Não cito nomes, por que não quero correr o risco de ser injusto nem muito menos tirar o prazer da leitura e da descoberta, em primeira mão...

Falo aqui, não como editor, mas simples leitor do blogue (se me for permitido, de quando em quando, esse privilégio de poder mudar de papel como quem muda de camisa, violando a regra da isenção e da equidade)... Eis uma lista (incompleta, provisória, quiçá arbitrária) de postes sobre este tópico, que tem os seus defensores e os seus críticos:

21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4065: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-Quedistas (7): Os tomates do Capelão da BA 12, Bissalanca... e outras frutas (Miguel Pessoa)

5 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3025: Os nossos regressos (7): Perdido, com um sentimento de orfandade, pelos Ritz Club, Fontória, Maxime, Nina... (Jorge Cabral)

1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3546: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (14): Em Junho de 69 havia bajudas a alternar no Tosco, na Conde Redondo (Jorge Félix)

19 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2556: Estórias de Bissau (16) : O Furriel Pechincha: apanhado ma non troppo (Hélder Sousa)

21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2290: Estórias de Bissau (14) : O Pilão, a menina, o Jesus e os pesos que tinha esquecido (Virgínio Briote)

19 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2281: Estórias de Bissau (13) : O Pilão, a Nônô e o chulo da Nônô (Torcato Mendonça)

17 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2272: As nossas (in)confidências sobre o Cupelom, Cupilão ou Pilão (Helder Sousa / Luís Graça)

14 de Novembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2264: Blogue-fora-nada: O melhor de... (3): Carta de Bissau, longe do Vietname: talvez apanhe o barco da Gouveia amanhã (Luís Graça)

28 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1554: As mulheres que ficaram na rectaguarda (Luís Graça /Paulo Raposo / Paulo Salgado / Torcato Mendonça)

3 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1490: Favores sexuais furtivos em Mampatá (Paulo Santiago)

2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1484: Estórias de Bissau (10): do Pilão a Guidaje... ou as (des)venturas de um periquito (Albano Costa)

1 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1483: Blogoterapia (16): Males de amores ou... Tenho um lenço da minha lavadeira ali guardado na gaveta (David Guimarães et al)

31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1476: Blogoterapia (15) : Mulher tua (Torcato Mendonça)

31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação (Vitor Junqueira)

24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)

18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1290: Estórias de Bissau (7): Pilão, os dez quartos (Jorge Cabral)

18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1289: Estórias de Bissau (6): os prazeres... da memória (Torcato Mendonça)

11 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1267: Estórias de Bissau (2): A minha primeira máquina fotográfica (Humberto Reis); as minhas tainadas (A. Marques Lopes)

20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor

4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto

18 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLV: Teresa: amores e desamores (Virgínio Briote)

17 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 -DXLVI: Estórias cabralianas (5): o Amoroso Bando das Quatro em Missirá