sábado, 30 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5728: Convívios (181): 1.º Encontro da Tertúlia do Centro, aconteceu no dia 27 de Janeiro de 2010 em Monte Real



1. Quarta-Feira, dia 27 de Janeiro com repetição, para já, uma vez por mês, inaugurou-se a Tertúlia do Centro, concretizando-se o programado previsto para o repasto, que foi servido na Pensão Montanha, em Monte Real, tendo a concentração das tropas iniciado por volta das 12h00.


Feita chamada dos convivas que haviam marcado presença, todos responderam afirmativamente, sendo o pelotão constituído pelos seguintes convivas:

Álvaro Basto
Ana Maria e António Pimentel
António Martins Matos
António Graça de Abreu
Agostinho Gaspar
Américo Pratas
Artur Soares
Antonieta e Belarmino Sardinha
Carlos Neves
Daniel Vieira
Dulce e Luís Rainha
Eduardo Campos
Eduardo Magalhães Ribeiro
Gina e Fernando Marques
Giselda e Miguel Pessoa
Gustavo Santos
Joaquim Mexia Alves
Jorge Canhão
José Eduardo Oliveira e Esposa
José Belo
José Brás
José Carvalho
José Diniz
José Moreira
José Teixeira
Juvenal Amado
Lobo
Manuel Reis
Mendonça
Teresa e Carlos Marques
Vasco da Gama
Vasco Ferreira
Victor Caseiro


É sempre um caso sério descrever, por simples palavras, a animação, a alegria e a camaradagem que estas confraternizações proporcionam aos seus intervenientes.

Melhor que as palavras, porque como bem sempre ouvi dizer que uma fotografia vale mais que mil palavras, juntam-se algumas dos nossos fotógrafos de serviço: Miguel Pessoa, José Eduardo Oliveira (Jero) e Jorge Canhão.
A seguir transcrevem-se 3 mensagens recebidas, entretanto, dos nossos Camaradas Joaquim Mexia Alves, José Eduardo Oliveira (Jero) e Jorge Canhão.

1 - Mensagem do Joaquim Mexia Alves:

1º ENCONTRO DA TABANCA DO CENTRO

RELATÓRIO DA OPERAÇÃO “COZIDO À PORTUGUESA”



Manhã cedo, aí pelo raiar das 11.15, aterrou em Monte Real a Força Aérea, acompanhada da Enfermagem Especializada em saltos de pára-quedas, prontos para as primeiras instruções sobre a Operação “Cozido à Portuguesa”.

À sua espera, a minha pessoa, “graduada” em Comandante Improvisado, aguardava-os no Palace Hotel Monte Real, onde pernoitaram para o dia seguinte, pois a Operação revelava-se cansativa.Acertados os primeiros pormenores, rumámos para o ponto de encontro, onde esperaríamos pelo resto das forças, para depois prosseguirmos para o teatro de operações.

Qual não é o nosso espanto quando verificámos que numa dedicação total à operação, já alguns camarigos se tinham adiantado, quais batedores/picadores, (até lá estava um das “especiais”), e desbravando terreno, nos receberam com alegria incontida.

Entretanto o resto das forças foram chegando, tais como reforço para a Força Aérea, (que a operação era de vulto), transmissões, enfermeiros, operacionais e outras coisas mais, um homem de Astrolábio e Sextante, e também calculem bem, um enviado julgamos que da Nato, vindo expressamente da Lapónia para ver as forças a actuarem e com elas participar nesta Operação de grande envergadura.

Ansioso por entrar em combate, o pessoal olhava e questionava o Comandante Improvisado, que assobiando para o lado tentava disfarçar, dizendo que o inimigo ainda não estava pronto, que a Operação devia iniciar-se à hora marcada, que ainda faltavam algumas forças importantes para a Operação, e todo o género de desculpas esfarrapadas, que não conseguiam demover as forças presentes de avançar para o objectivo.



Assim decidiu o Comandante Improvisado rumar ao teatro de operações e questionar da possibilidade de se avançar desde logo para o terreno e fazer alguns exercícios degustativos mesmo antes de o inimigo estar pronto para o combate.

Tendo obtido luz verde, correu, (devagarinho que a idade conta), a chamar os operacionais, que muito ordeiramente, ao magote, se dirigiram para o terreno de combate.

Tranquilamente e em silêncio quase absoluto, como é apanágio dos Portugueses, (não se ouvia uma mosca, tal era o barulho), ocuparam as suas posições e cada um deu início aos primeiros exercícios, utilizando para tal uma broa divinal, um pão a sério, azeitonas de rija têmpera e um tinto de se lhe tirar a barretina!

Convém informar que, apoiando-se nas medidas em boa hora tomadas em Portugal de aceitar nas Forças Armadas as Senhoras deste país, algumas delas, convocadas pelo dever pátrio e também para controlarem os copos dos maridos, responderam sim à chamada, abrilhantando assim com graciosidade esta Operação que se poderia revestir de graves riscos para as nossas forças, causados por alguns possíveis excessos.

Chegada a hora aprazada, deu-se a conhecer o inimigo, que se apresentou bem ataviado, nas couves com sabor a campo, na cozedura certa, as batatas sabendo a batata e não a terra, uns nabos bem melhores do que este nabo que escreve, uns enchidos que se percebia nunca terem conhecido plástico de embalagem no vácuo e umas carnes suculentas, recheadas dos seus líquidos próprios e que se desfaziam na boca.

Nesse momento houve algum descontrolo, (perfeitamente aceitável dada a ansiedade de entrar em combate), e mesmo sem esperarem a voz de ataque, todos se atiraram ao inimigo com notável empenho e valentia.

“Dos fracos não reza a história”e ninguém se negava, (com risco da própria barriga), a ir lutando denodadamente tentando esgotar o inimigo, o que se afigurava tarefa assaz difícil, visto que o mesmo ia sendo reforçado em permanência pela Senhora Dona Preciosa e seu apoio logístico, incansáveis nessa missão.

O representante da Nato, (acreditamos que o fosse), vindo da Suécia, ia conversando e tentando inteirar-se deste tipo de combate tão usual no nosso país, e integrando-se totalmente nas forças presentes lutava também ele incansavelmente para chegar á vitória final.

Há derrotas que são vitórias, e humildemente temos que, dizendo a verdade, dar a conhecer a nossa derrota, a nossa capitulação, perante a qualidade e quantidade do inimigo.

De tal forma a batalha foi, que houve alguns que ainda levaram inimigo para casa a fim de prosseguirem o combate, depois de um merecido interregno.Começou então o rescaldo da Operação à volta de uns quantos bafejados pela sorte que ainda tiveram direito a arroz doce, mas não ficando os outros atrás, perante uma mesa ataviada de doces e frutas em qualidade e quantidade.

Começou então também a perceber-se pelo meio das conversas, o nome de um tal Luís Graça, havendo unanimidade no reconhecimento que só era possível agora convocar estas forças para tais Operações devido à sua brilhante ideia de ter fundado e liderar a Tabanca Grande, que é afinal o Quartel-general onde acabam por reportar todas estas forças já disseminadas em boa hora, pelo nosso Portugal.

O tal representante da Nato, (seria ou não?), embalado nesta união de forças e depois de já ter recebido uns vinhos Portugueses para o aquecerem nas longas noites da Lapónia, decidiu brindar o Comandante Improvisado com um “capacete” típico das terras mais a Norte da Suécia, bem como, um artefacto que imitava a “voz” das renas daquelas paragens, que servirão ou não, para fazer o “Cozido à Laponesa”.

Coube então a vez ao Comandante Improvisado de usar da palavra para ler um relatório circunstanciado, em verso, sobre a Tabanca do Centro escrito e trazido por quem veio das planícies alentejanas.

Pediu então que cada um colaborasse nos custos da Operação que se revelaram assustadoramente elevados, 8,50 € por cada combatente, e a Preciosa, (tratemo-la assim carinhosamente), num rasgo de generosidade ainda colocou à disposição das forças, duas garrafas de um líquido amarelado, que segundo diziam teria vindo da Escócia.

Depois desse momento o Comandante Improvisado continuou a falar para acertar agulhas sobre o combate já em momentos finais, e alertar as forças para a necessidade de se traçarem novas Operações, e sobretudo como aproveitar as sinergias, (estava a ver que não utilizava esta palavra!), geradas neste grupo, passando depois a palavra ao homem da água que se queixou amargamente que a picada para a fonte tinha muito mau piso e que precisava de materiais para arranjar a dita cuja.


Como “quem não chora não mama”, logo ali se lhe arranjaram creio que 155,00 €, o que não dando para alcatroar a picada, já dá para a desmatação.Aproveitando a deixa, outro homem da logística veio alertar as forças para a necessidade de ajudar de várias formas o povo irmão da Guiné, pelo que pedia a compreensão das forças presentes.

Estas intervenções levaram o Comandante Improvisado a dizer que, não colocando de lado essas ajudas, este grupo de combatentes reunidos na Tabanca do Centro se deveria preocupar em ajudar os ex-combatentes que nada têm e vivem em dificuldades, o que foi de um modo geral bem aceite, ficando cada um de dar o seu contributo em ideias para melhor se colocar em prática tal acção.

Perante o dever cumprido, e bem cumprido, e dada a ordem de desmobilização, o pessoal começou a retirar em boa ordem, não deixando nunca de gabar a qualidade e quantidade do inimigo que se apresentou a combate.

Outras Operações irão ser agendadas e em tempo será dado conhecimento aos denodados combatentes.
Monte Real, 29 de Janeiro de 2010

O Comandante Improvisado,
Joaquim Mexia Alves



2. Mensagem do José Eduardo Oliveira (Jero):

Camaradas,

Gostei muito do convívio e de conhecer alguns camaradas.

Não deu para falar com todos mas sinto que estou mais dentro do blogue depois desta tarde de Monte Real.

Seguem algumas fotos.

Abração,
JERO


3. Mensagem do Jorge Canhão:

Camaradas,

O encontro foi muito bom, mas apesar do cozido estar excelente o melhor, para mim, foi o convívio e, especialmente, ter conhecimento directo do que antigos combatentes, numa terra então desconhecida, estão a fazer por amor a um povo que em tempos foi o "deles".

Parabéns para a Tabanca Mãe pelo que tem andado a fazer pelos ex-Combatentes da Guiné, e por ser mãe de várias “tabanquinhas”.Parabéns para a Tabanca de Matosinhos pelo trabalho excelente que tem andado a fazer (há quem faça blá... blá... ), vocês fazem na prática o que outros tinham obrigação de fazer.

Parabéns para a Tabanca da Lapónia.

Parabéns para a Tabanca dos Melros.

Parabéns para a bebé.

Tabanca do Centro.

Abraços a todos,
Jorge Canhão


Fotos e legendas: © Miguel Pessoa, José Eduardo Oliveira (Jero) e Jorge Canhão (2009). Direitos reservados.
____________
Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


4 comentários:

Anónimo disse...

Alto (1,90?) Comandante Intº. da Tabanca do Centro
Caro Joaquim Mexia Alves
Magnífico texto. Bem escrito, rigoroso, com alto sentido de humor.
Tão bom, tão bom que até a minha mulher gostou. E esta opinião da minha mulher é importante pois ela já nem pode ouvir falar de convívios de ex-militares depois dos 42 que a minha companhia (C.Caç. 675-regressada em Maio de 1966)já levou a efeito.
Tenho muitas coisas a dizer sobre o encontro da Tertúlia do Centro mas não sei que já temos Editor. Posso mandar para ti um texto ou nem por isso !?
Fico para já na expectativa desta informação e mais vez parabéns pela magnífica organização do "cozido de 27.01.10".
Um grande abraço.
JERO

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Questões profissionais impediram-me de estar presente em tão importante evento.
Lamento, porque isso me impediu de estar próximo de alguns amigos com quem ainda não privei, para além daqueles que já vamos conhecendo.
Fiquei descansado porque sei que tudo correu muito bem e que se puderam lançar idéias para mais e novas iniciativas.
Vamos ver se poderei aparecer alguma vez, mas isto não está fácil...
Hélder S.

Anónimo disse...

Através do blogue tive conhecimento antecipado do almoço realizado pela "Tabanca do Centro". Todavia, por motivos diversos, não me inscrevi. Como parece ter ficado decidido realizar encontros desta natureza mensalmente, gostaria de saber: quando re realiza o próximo almoço e o local.
amribeiro44@sapo.pt

Joaquim Mexia Alves disse...

Camarigo Jero

Obrigado pelas palavras e pela presença.
Podes mandar o que quiseres para tabanca.centro@gmail.com
Abraço

Camrigo Hélder

Vais conseguir e eu vou-te avisar do próximo.


Abraço

Camarigo anónimo/Ribeiro?

Avisar-te-ei sem dúvida, mas vai de quando em vez ao blogue http://tabancadocentro.blogspot.com
que lá apareceram as noticias.

Abraço