quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5759: Convívios (184): Operação Coruche no dia 30 de Janeiro de 2010 (José Manuel M. Dinis)

Relatório de uma Operação nas imediações de Coruche, enviado por José Manuel Matos Dinis, em mensagem datada de 30 de Janeiro de 2010. Da referida Operação, supomos não haver registo fotográfico, porque o mesmo não nos foi facultado.


OPERAÇÂO CORUCHE
Situação:
Apetite quanto baste
Missão: Golpe de mão nas imediações de Coruche
Objectivo: Território em poder de Jorge Rosales
Forças actuantes: Oficial: Jorge Rosales; Sargento: José Manuel M. Dinis
Meios: Abastecimento durante a deslocação
Planos estabelecidos para a acção: Deslocação em meios auto até ao objectivo e retorno no mesmo dia à base.
Data da acção: 30JAN2010

Meu Capitão,
Para reflexão analítica e eventual tomada de decisão, passo a descrever sob a forma de relatório, a acção hoje concretizada de uma espécie de golpe de mão.

O oficial Jorge Rosales, que é proprietário de um palacete na lezíria ribatejana, algures entre Coruche e a Casa do Carvalho, a gozar um período de grande prestígio por ter comandado a operação Magnífica, na Linha, depois de ter comandado Porto Gole, e já ter sido futebolista há muitos anos, contactou-me telefonicamente, com vista à exploração de uma agressiva campanha militar sobre um objectivo alimentício.

Ora, tendo eu nascido com costela combatente, não poderia regeitar o repto. O dito oficial ainda me alertou para a hora matinal a que se obrigava sair, mas lembrei-lhe que um operacional não tem horários, princípio confrangedor para muitos amanuenses da A.M.

Metidos ao caminho, sem escolta, nem espalhafato, atingimos o primeiro objectivo na praça de Coruche, onde, atónitos, a peixeira chamava o marido peixeiro, e, ambos muito cortezes e disponíveis, puseram-se incondicionalmente sob o comando do antes referido senhor oficial. De seguida, passámos à banca de frutas e legumes, onde, pode dizer-se ocorreu idêntica reacção dos locais.

Dada a facilidade com que ultrapassámos estes objectivos, ainda sobrou tempo para dois dedinhos de conversa com originários da terra, comer uma bifana (só o senhor oficial a comeu, já que eu tinha passado a véspera de caganeira (desculpe V.Exa. mas não conheço a expressão militar), vinho e cafés. Resolvido este problema, regressámos à viatura com os seguintes trofeus: 2 fataças escaladas; dois carapaus pujantes de frescura; um choco cujos olhos sorriam; um queijo de ovelha; dois pães caseiros; batatas; tomates; um pepino e um molho de agriões.

Chegados ao local, abertas as janelas do palácio e feito o reconhecimento do local, que inclui a piscina, duas casotas de apoio, uma adega e um barbecue, arredámos um jeep para aliviar a área de acção e, constatando bastante antecedência para o acto, dirigimo-nos em passeio descontraído de reconhecimento dos arredores, só nos detendo por momentos à porta de Joaquim Galvão, um exótico palrante de matérias políticas.

Regressados, distribuímos funções, que calharam quase todas a mim, em reconhecimento das minhas capacidades, e consistiram, no ajuntamento de artigos combustíveis para o necessário braseiro; o deslocamento de uma mesa e duas cadeiras; a preparação e confecção de uma excelente salada; e a colocação do peixe no devido lugar do barbecue. As restantes tarefas ficaram por conta do já identificado senhor oficial.

Manducámos com muito apetite, que a operação já exigia reforço estomacal, e bebemos da pinga do ainda agora referido senhor oficial, um produto que ele gaba ser exclusivamente suco de uvas. Poderá V.Exa. avaliar o perigo decorrente dessa beberagem, tendo em conta a delicadeza dos estômagos do pessoal, habituados à ingestão de produtos químicos delicados com a designação de vinhos, com dóques e tudo. Não fora a boa preparação dos intérpretes, e poderia ali ter acontecido alguma desgraça.

Seguidamente, fomos orientados por uma pista olfativa de café e bagaço. No local, encontrámos um nativo de faladura entremelada que se propunha pagar a despesa por ser aniversariante. Esta declaração causou grande impacto junto das NT, pelo que foi decidido sermos nós a oferecer ao festejante, mesmo correndo o risco de cair em cilada oportunista. No entanto, esta acção não deixou de impressionar um grupo de senhoras da sociedade local, bem como a dona do estabelecimento, que se mostrou muito agradada com a nossa presença.

Consumada a vitória, e de regresso ao palácio, o senhor oficial proprietário do imóvel, bastas vezes referido, deu-me a subida honra de lavar a loiça, tarefa de que me incumbi com entusiasmo e a merecer a aprovação geral, quer do senhor oficial, quer dos espíritos basbaques que assistiram a tudo.

A operação epílogava-se com tremendo êxito, e não havendo outros objectivos identificados, nem manifestações provocatórias a carecerem de amansamento, decidimo-nos pelo regresso à base, depois de tomadas as medidas adequadas de fechar janelas e portas, viagem que decorreu com normalidade, e uma paragem na tasca da rabo-de-cavalo, uma mulherona com que nos regalaríamos em treinos, não fora ela casada e boa dona da casa de pasto.

Pelo caminho, o senhor oficial ainda fez referências a concentrações do grupo do Cadaval, ou da Tabanca Magnífica, pelo que se aguarda o competente despacho de V.Exa.

JMMD
30JAN2010
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5750: Convívios (179): 1º Encontro/Convívio do BCAÇ 4513 (Fernando Costa)

6 comentários:

António Graça de Abreu disse...

Então e não me convidaram, carago?!...
Só para pousar os olhos - não se pode pousar mais nada?- na mulherona da tasca-do-rabo-de-cavalo, este António,CAOP 1,Guiné, 1972~74, D. Quixote de Dulcineias já requentadas, a coxear de um ouvido, a manquejar de um olho, ainda é capaz de dar a volta a Portugal.
Desculpem esta de machismo semi-primário.
Importante é estarmos uns com os outros.
Um abraço,
António Graça de Abreu

Joaquim Mexia Alves disse...

Pois muito bem, mais uma operação bem sucedida!

Mas que raio de coisa é um barbecue???

então o peixinho era grelhado ou "barbecuado"!!!

Não liguem, é inveja de não ter participado na operação!!!

Abraço camarigo para todos.

Anónimo disse...

E os de Peniche é que têm a fama de ...
Sacanas. elitistas.
Já fiz a participação para as Finanças (moram aqui na minha rua...).
E um operação dessa envergadura com tão poucos operacionais. E um Sargento com caganeira...Não devia ter ido...(O S.Saúde já não é o que era...).
E o Rosales que me acusa de não ir ter com ele quando vou a Oeiras...
Está tudo registado.
Não esqueço.
Sacanas.Amigos de Peniche.
JERO
PS- Quando é que é a próxima operação? Por acaso tenho agora uns dias disponíveis...E daqui a Coruche é um tiro...

Anónimo disse...

Esse sr. oficial já hoje me ligou e a resposta ao sargento de "caganeira" seguirá ainda esta semana por mail particular, da mesma forma que o dito me contactou.
Estou solidário com o China,o Lapão Grande e o Jero nos reparos que te fazem.
Um anónimo muito descontente com uma operação não autorizada......
O Anónimo
Vasco Augusto Rodrigues da Gama

Anónimo disse...

Caros "tabanqueiros"
Depois do relato, preciso,minucioso e bem escrito, pelo Dinis, vou começar a pensar no "nosso" futuro convivio na simpática Zona do Sorraia...
A Primavera está a chegar, e o grupo do Cadaval e afins podem começar a pensar no evento.
Para que não haja surprezas, e como o Dinis já avisou, é preciso bulir, mesmo oprincipe de Buarcos...
Abraços, do

Jorge Rosales (farda amarela...)

Anónimo disse...

Fiz o reparo directamente, não admito a existência de caldeiradas sem Sardinha.

Recebi uma resposta mandando-me trabalhar e dizendo que tinha que inscrever-me, só que não recebi até hoje a ficha de inscrição.

Fico mais satisfeito com a decisão do Rosales, o da farda amarela, coloca preto no branco como é. Estou em crer que o escriturário de serviço fez o relatório, à revelia do oficial de dia, só para ficar bem visto aos olhos do capitão.

Um abraço,
BSardinha