domingo, 14 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5816: Memórias de outros tempos (4): As minhas passagens pelo Quartel General de Bissau (Jorge Teixeira/Portojo)

1. Em Mensagem do dia 8 de Fevereiro de 2010, o nosso camarada Jorge Teixeira (Portojo)* (ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70), enviou-nos esta sua Memória:


Memórias

Em tempos, o Branquinho escreveu sobre o acolhimento que era dado, na Messe de Oficiais do Q.G., aos Alferes do Mato que por qualquer motivo iam a Bissau, pelos Alferes que estavam de serviço ao ar condicionado. Na altura era para deixar um comentário, mas achei que dava para poste e por duas razões.

Se for o caso, aqui vai.

Por duas vezes, fui acolhido em estadia mais prolongada, no Q.G. Logicamente que a minha messe era a dos Sargentos. Sinceramente, não notei o mesmo tipo de acolhimento que aconteceu ao Branquinho lá na dos oficiais. Claro que havia piadas, mas mais do género de passar um tempo em conversa e nunca de exclusão ou superioridade. Conheci malta do ar condiccionado, entre eles rapazes do hóquei, por exemplo o Salema e o Ramalhete mais novo (o mais velho foi meu colega de curso em Vendas Novas) que me acompanharam muitas vezes por Bissau by night.

Consegui regressar à Metrópole com 3 (três) Guias de Marcha.

Fim do comissão, aguardava em Bissau o representante do pelotão que nos vinha render - diga-se de passagem, um óptimo rapaz, pois acreditou em tudo que lhe entreguei para assinar e de cruz o fez, e não o aldrabei - e também fazer aqueles espólios todos.

Estive adido para efeitos de apresentação e serviços (que nunca fiz nenhum) aos Adidos. Para efeitos de alimentação e dormida estive no Q.G. Pois bem, duas das Guias de Marcha foram-me conseguidas por furriéis milicianos, por rendição individual. Uma dos Adidos e a outra do Q.G. É certo que apresentei as folhinhas, num lado e noutro, com as 12 ou 14 assinaturas que eram precisas para nos libertar. Não me perguntem mais pormenores, porque não lembro. A terceira Guia de Marcha, foi-me conseguida pelo Alferes Luís Xarez, meu Comandante de pelotão, incluída na geral do pelotão.

Acrescento ainda que a do Q.G. foi-me entregue em mão na caserna, estava eu a vestir-me para jantar, poucas horas antes de entrar no Niassa, por um Furriel Mil.creio que era da 4ª REP, a do pessoal.

Em tempos escrevi que um dos temas para lembrarmos aqui, poderia ser a música ou as canções que nos marcaram durante a comissão.
Então, o meu aderir ao Fado começou verdadeiramente numas conversas e explicações com a viola de um Furriel na messe de Sargentos. Que estava em comissão no ar condicionado de Bissau. E quem me levou ao Barco foi um outro furriel, outro fadista, o Freire, que pediu um jipe emprestado para me carregar as malas.

Este escrito não é para comparar classes militares. E muito menos entre milicianos. Mas talvez a dos furriéis fossem mais terra a terra, mais unidos.

Um abraço para a Tabanca
__________

Nota de CV:

8 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5790: Memórias de outros tempos (3): Porque rapei o meu bigode (Jorge Teixeira/Portojo)

8 comentários:

Francisco disse...

É verdade sim senhor os furriéis sempre foram mais unidos e mais solidários, eu que fui furriel notei isso na tropa

Anónimo disse...

Caro Jorge Teixeira

Só por mera curiosidade, o Alferes comandante do teu pelotão chamar-se-ia: Luís do Carmo Pardal Xarez?
É que trabalhei alguns anos com um colega com este nome e, lembrei-me agora, que também esteve na Guiné.

Trabalhámos juntos, depois fomos para locais diferentes, embora dentro da mesma organização.

É possível que estejamos a falar da mesma pessoa.

Um abraço

José Vermelho
Ex-Fur Mil.º (1971/1974)
CCAÇ 3520- Cacine
CCAÇ 6 - Bedanda
CIM - Bolama

Hélder Valério disse...

Caro 'Portojo'

Congratulo-me por te considerares bem recebido na Messe de sargentos do QG.
Não que tivesse 'comissão' naquilo, até nem fui um grande comensal, mas divertía-me bastante com as fanfarronices do pessoal 'de passagem'. Eram normalmente bons 'digestivos' que acompanhavam o café e o wiskey.
Apenas uma vez, talvez por qualquer azedume do dia, tive que sacar duma bazuca e colocá-la a disparar em rajada, como aqui já contei.
Um abraço
Hélder S.

JD disse...

Meu Caro Jorge,
Eram precisas tantas guias de marcha para vir a Bissau?
Não me lembro de alguma vez ter sido portador de semelhante documento, mas, em boa verdade, nunca me instalei no "campus" militar. Sempre privilegiei a clandestinidade e os favores do Grande Hotel, caríssimo.
Lembro-me apenas de ter trazido "passaporte" para embarcar para a mtrópole em gozo de férias, e nem sei se os terei apresentado. Acho que eram documentos que apenas nos legitimavam a ausência da companhia.
Abraços
J.Dinis

Unknown disse...

Respostas ou informações:
Ao Zé Vermelho: É esse mesmo. Acabou de se reformar.
Ao Zé Dinis: Referi-me à(s) Guia(s) de Marcha de regresso à Metrópole.
Quanto às Guias de Marcha para movimento interno de pessoal, claro que existiam. Como te poderias apresentar numa unidade, fosse em comissão de serviço, fosse para internamento no HM ?
Mas claro para quem viveu em Bissau, ainda por cima em Hotel de Luxo, é capaz de não saber destas coisas. Não sabias mesmo ou a tua cabeça já não é o que era ? (como quási acontece a todos de nós, acho eu de que...)

Unknown disse...

Camarada Zé Dinis
Desculpa a troca de nome. A resposta era para o Zé Manel. Mas estava contigo na cabeça, talvez por ainda estar fresco o email que te enviei a desejar-te boa viagem.
Agora para o Zé Manel: O que escrevi para o "Zé Dinis" era para ti. Não sei se entendes, bla bla...
Eu nao disse que as cabeças andam maradas...

Unknown disse...

Mas esperem aí, afinal a coisa não está tão mal assim:
Na cabeça está José Manuel
Na cauda está assinado J.Dinis.
Agora alguem que resolva o problema pk eu já cá não estou.
Já agora para o Helder:
Não sei se no teu tempo era assim ou não. Mas digo-te que aquela messe era uma "rabaldaria". Se bem me lembro, no meu tempo, era mais(e só) uma messe (BAR) de Furrieis do que de Sargentos. "Tangas" deveria haver sim. Copos ? talvez. Mas devo-te dizer, que foi onde saboreei pela primeira vez uiski com soda. Coisa que nunca mais provei na vida.

Anónimo disse...

Caro Jorge Teixeira

Grato pela confirmação.

Mais uma vez fica provado que o Mundo é pequeno e... o BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ... é GRANDE.

Um abraço

José Vermelho