domingo, 21 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5853: FAP (47): O desastre de Cheche visto do ar (Vitor Oliveira, ex- 1º Cabo Melec, BA 12, 1967/69)

1. Mensagem do Vitor Oliveira, ex-1.º Cabo Melec, FAP, BA 12, Guiné, 1967/69 [, na foto, à direita]:

Amigos Luís e Victor.

Quero vos dizer que infelizmente assisti a este acidente no Cheche aquando da retirada de Madina do Boé. Foi o dia mais triste que passámos em Nova Lamego,não houve ninguém que não chorasse. Mas quero dizer que as versões que tenho lido, na sua maioria, não são verdadeiras.

1º - Não era uma lancha que fazia a travessia mas sim uma jangada feita em bidões de 200 litros.

2º - Não houve nenhum ataque do IN.

3º - A protecção era feita por dois T6G que estavam desde o amanhecer e não por um Helicanhão (na altura do acidente estava lá um Héli pilotado pelo 1.º Srgt Ribeiro).

4º - O acidente deu-se por excesso de peso e má distribuição da carga.

5º - A Força Aérea tinha em Nova Lamego uma DO 27 um Heli e seis T6G assim distribuídos: dois com duas bombas de 50 quilos e seis de 15 quilos, dois com Rockets e dois com metralhadoras e seis bombas de 15 quilos. Era a mesma frota que levávamos quando da protecção das colunas para Béli ou Madina.

6º - Passado cerca de duas ou três horas do acidente, apareceu o General Spínola e acompanhou a pé a coluna até ao quartel que havia entre o Cheche e Nova Lamego do qual não me recordo o nome (penso que era Canjadude).

7º - Passados uns dias com uma DO 27 o Tenente-Coronel Piloto Costa Gomes, um Tenente Piloto do qual não me recordo o nome (era o piloto mais magrinho que existia na base) e eu sobrevoámos o rio e vimos cenas horríveis, os corpos a boiar e os crocodilos à volta deles. O Tenente-Coronel Costa Gomes entrou em contacto com os Fuzileiros para recolher os corpos, creio que fizeram um pequeno cemitério próximo do Cheche onde colocaram os corpos.

Junto envio cópia da caderneta de voo onde tenho 3 horas e 10 minutos a sobrevoar a coluna nesse maldito dia 6 Fevereiro 1969.

Um abraço.
Vítor Oliveira
1.ª 66 Melec

6 comentários:

Unknown disse...

Caro Amigo Vitor Oliveira

1º Nunca leu em nenhum Poste sobre o desastre do Cheche que a travessia era feita numa lancha. Leu sim que a
Jangada era empurrada por um barco com motor fora de borda. Ver Poste 2984 do Falecido Coronel Hélio Felgas que Comandava a Operação

2º Ninguém disse que houve ataque do IN, mas sim que julgaram ter ouvido um disparo de canhão.

3ºNinguém disse que a protecção era feita pelo Héli-Canhão.Disse-se sim que o Héli-Canhão estava lá

4º Até aí já nós sabemos

5º O meu amigo é que estava lá e é que sabe

6º O General Spínola não caíu do Céu pois não. Qual foi o transporte dele desde Bissau ? Foi de Bicicleta ?

7º Se o que escreve é verdade porque não foi comunicado por exemplo ao quartel de Nova Lamego
esse achado, que era o aquartelamento mais próximo do local e com pista de aviação e os mortos eram do Exército e não da Marinha. E se de facto os corpos
encontrados foram enterrados próximo do Cheche isso parece não
aparecer escrito em lado nenhum.

E já agora, porquê tanto tempo para
nos elucidar sobre este caso.

Um abraço
Armandino Alves

Anónimo disse...

Caro, Victor Oliveira
O ponto nº 6, defendido na tua mensagem, não está de acordo, com o que me foi dito, passados 4 meses após a tragédia:
- O General Spínola, veio a Canjadude, juntamente com o ajudante de campo, Brigadeiro Almeida Bruno, na DO, para se inteirar “in loco”, como estavam a correr os preparativos para a recepção do pessoal da retirada de Medina de Boé, pois estava em curso, em Canjadude, um modesto banquete para a recepção.
- Neste intervalo de tempo, no posto de rádio de Canjadude, recebeu-se a informação do que estava a acontecer no Cheche. Deu-se, em Canjadude, conhecimento ao General Spínola, ele reagiu com muita amargura e incrédulo, terá dito: “ISTO NÃO PODE SER”…
Por ordem do General, pediu-se um “Heli” a Nova Lamego. O “Heli” veio, o General, com o ajudante, foram para o Cheche no “Heli”, a DO ficou em Canjadude.
Quando o General voltou do Cheche, no “Heli” para Canjadude, aterrou na pista, saiu do “Heli”, entrou na DO e descolou imediatamente.
Um abraço
José Corceiro

Anónimo disse...

Caro Corseiro
Desculpa contradizer-te,mas nessa altura o como o apelidava-mos era capitao.

um abraço.

cancela

Anónimo disse...

Caro amigo, Cancela.
Se dizes que era Capitão totalmente de acordo, porque eu nos meus registos tenho:
Ajudante de campo de Spínola.
Chefe SPÍNOLA. Aqui não liguei às Patentes Militares.
Um abraço.
José Corceiro

Anónimo disse...

Camarada Oliveira
Sobre o Cheche pouco sei. Sei só aquilo que contaram e o que tenho lido, mas venho apenas intervir para comunicar contigo dizendo-te quem sou: Fur.Mil Eng. Carvalho, este a substituir o Sá da Bandeira no GABÚ e em Lisboa encontramos no à saída da AEP-Cabo Ruivo. Contacta-me 91 987 61 80.
Quanto ao Almeida Bruno era Cap e foi substituido pelo Carvalho que vei a falecer mais tarde na queda do Heli junto com os selebres deputados.
UM grande Abraço.

José Marcelino Martins disse...

Sobre os corpos dos camaradas que ficaram no rio Corubal, e que estão OFICIALMEMTE dados como NÂO RECUPERADOS, foram objecto de uma cerimónia com a presença do Gen Spinola, onde uma equipa de fuzileiros enterrou os poucos corpos recuperados, mas sem possibilidade de transporte para a rectaguarda. Ouve inclusivé toque de ordenança, executados por um clarim, que acompanhou o ComChefe ao local.

Se existe um "cemitério ou vala comum" com os corpos, tanto quanto sei e agora divulgado com a missão de recuperação de corpos pela LC àquela zona (http://ultramar.terraweb.biz/Imagens/MilitaresdeVolta/Noticiario_Eventos/2010_02Fev_18Fev2010_1.pdf), terá sido obra do PAIGC, aliás divulgado num vídeo da SIC e distribuido pelo DNoticias, já referido nos postes e comentários sobre o assunto.

José Martins

Nota - A jangada do Che-che assentava sobre canoas talhadas em troncos de arvores, que foram colocadas no Che-che pela CCAÇ 5.
Suponho ter relatório dessa operação, em que foi recuperada uma FOX anteriormente acidentada.
JM