sábado, 10 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6138: O Spínola que eu conheci (5): Os depoimentos de Joaquim Mexias Alves e José Manuel Matos Diniz




Vídeo: 6' 47'' Luís Graça (2010). Direitos reservados (Alojado em You Tube > Nhabijoes)

Apresentação do livro Spínola: Biografia, da autoria do historiador Luis Nuno Rodrigues (Lisboa, A Esfera dos Livros, 2010). Local: Lisboa, Fundação Mário Soares, 8 de Abril de 2010. Sessão presidida por Mário Soares.

Excerto da intervenção do Embaixador João Diogo Nunes Barata, antigo chefe de gabinete de Spínola na Guiné. Neste excerto, é feita uma apreciação global do autor, o historiador Luís Nuno Rodrigues (ISCTE e IPRI)  e da obra. Embora este vídeo tenha sido gravado em contexto público, pedi a devida autorização ao autor, Embaixador Nunes Barata, para reproduzir aqui a sua imagem e as suas palavras, pedido esse que foi gentilmente deferido.


Lisboa > Fundação Mário Soares > 8 de Abril de 2010 > Sessão de apresentação do livro Spinola: Biografia, de Luís Nuno Rodrigues (Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010). Da esquerda para a direita: o embaixador João Diogo Nunes Rodrigues, o presidente da Fundação, Mário Soares, o autor, Luís Nuno Rodrigues, e a representante da editora, Margarida Damião.

Foto: © Luís Graça  (2010). Direitos reservados.




... (
1. António Sebastião de Spínola (1910-1986) faria 100 anos no próximo dia 11 de Abril, domingo, se fosse vivo. Morreu em 13 de Agosto de 1966, aos 86 anos. "Vítima de embolia pulmonar, no Serviço de Doenças Infecto-Contagiosas do Hospital Militar, na Ajuda, em Lisboa" (Manuel Catarino e Miriam Assor - Spínola: Senhor da Guerra. S/l: Presselivre, Imprensa Livre SA, 2010, p. 235). O centenário do seu nascimento será necessariamente objecto de diversas celebrações e eventos, algumas já anunciadas (*).

"Quem era, quem foi - o que não é exactamente o mesmo - António de Spínola ?", pergunta Carlos Matos Gomes, no prefácio ao supracitado livro... Acaba de sair, na editora A Esfera dos Livros, aquela que já é considerada a sua primeira grande biografia (pela quantidade e qualidade da informação, pelo rigor metodológico do autor, um conceituado académico): Spínola: Biografia, do historiador Luis Nuno Rodrigues (748 pp.).

Para já, queremos continuar a publicar os testemunhos e depoimentos dos nossos camaradas que serviram sob as ordens de (e conheceram, mesmo que supercialmente) o brigadeiro e depois general António Spínola, (ou simplesmente Spínola) como Governador Geral e Comandante Chefe no TO da Guiné (1968-1973) (**). Para já dois comentários, de Joaquim Mexia Alves e José Manuel Dinis (*).  Outros comentários, ou mesmo texto mais elaborados, serão bem vindos.

Como escrevi há dias, aquele que foi, para muitos de nós, o Velho, o Caco, o  Caco Baldé, o Homem Grande, o Bispo, algumas  das alcunhas por que era conhecido entre a tropa,  o Com-Chefe  e Governador-Geral António Spínola,  não o conhecemos assim tão bem quanto o julgamos... Temos a tendência, bem portuguesa, por ficarmos pela rama, pelo anedótico, pela pequena história, pelo boato, pelo preconceito, pelo  fait-divers...

É a altura de confrontarmos as nossas recordações de Spínola com a biografia do homem, do português, do militar e do político que passou à História (ou que, pelo menos, é já hoje objecto da investigação historiográfica).

É altura de olharmos, critica mas desapaixonadamente, para aquele que foi um dos mais importantes actores da cena político-militar do nosso tempo de jovens, combatentes e cidadãos ... Venham daí mais testemunhos a acrescentar aos dos nossos camaradas Vasco da Gama, Jorge Félix, Jorge Picado, Joaquim Mexias Alves e José Manuel Dinis.


(i) Joaquim Mexia Alves:

O General Spínola foi, independentemente do ódio de alguns, um digníssimo oficial superior das Forças Armadas Portuguesas, que muito as prestigiou.

Foi sem dúvida um comandante de homens que nunca voltou a cara ao perigo, arriscando às vezes até mais do que seria desejável na sua posição de Comandante Chefe.

Se numa dessas temeridades acontecesse o pior, qual não seria a vitória para o PAIGC ?!

Numa operação com desembarque de LDG no Corubal, abaixo da Ponta do Inglês, estava à nossa espera no cimo do talude do rio, para nos incentivar. Não vi lá mais nenhum oficial superior, nem comandantes de Batalhão.

Como todas as pessoas também cometeu erros, mas no computo geral, julgo que foi um grande Português e um Grande e Competente Militar.

Já tardava esta homenagem.

Se puder lá estarei com orgulho de ter servido sob as suas ordens.

(ii) José Manuel Matos Dinis

O Gen Spínola não foi, seguramente, uma figura consensual. Na aplicação disciplinar, usou de vários critérios e incongruências; do ponto de vista estratégico, não se lhe conheceu um golpe de asa capaz de virar o rumo dos acontecimentos; enquanto Com-Chefe não foi capaz de montar uma máquina de auditoria e fiscalização, no sentido de moralizar e solidarizar os serviços de intendência e os comandos das diversas unidades; também as diversas Repartições, muitas vezes deram mostras de alheamento face às necessidades da guerra; enquanto político não manifestou um pensamento coerente, e só com o Portugal e o Futuro deu uma nota da sua visão, mas foi impotente para condicionar o Movimento dos Capitães a tomar a linha de rumo ali traçada, apesar de "envolvido" ab initio; com a lei que regulamentou a carreira dos oficiais, tanto alinhou com os milicianos, como com os do QP; enfim, vaidoso e ambicioso, desde cedo deu a ideia de querer vir a ser a 1ª figura da nação. Claro que também teve qualidades, mas acho relevantes as críticas anteriores.

Uma ocasião, enquanto estive hospitalizado, o meu pelotão foi colocado numa aldeia, em autogestão, até que um dia a abandonou face aos sucessivos atrasos na distribuição do almoço. Era um pelotão valente, esforçado, generoso e optimista, apesar das reiteradas manifestações de desprezo e castigo por parte do comando (capitão e sargentos).

Pois nesse período, o General Spínola deslocou-se a Tabassi onde teve um cordial encontro com a rapaziada, de tronco nú e barbas por cortar.

Foi o meu Comandante, estarei presente numa homenagem de veteranos, se assim for decidido, mas afastada pelo menos cem metros da oficial, pois não posso alinhar e dar um agreement aos hipócritas, incompetentes, e metidos em trapalhadas, que dominam este país. O General, pelo menos, não deu ideia de se ter servido da posição em proveito pessoal, e foi corajoso, talvez excessivamente.

Abraços fraternos.

J.Dinis

__________________

Notas de L.G.:

 (*) Vd. poste de 2 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 – P6097: Agenda Cultural (67): Homenagem da Câmara Municipal de Lisboa ao Marechal António Spínola (Mário G. R. Pinto)

(**) Vd. postes anteriores desta série:

17 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4041: O Spínola que eu conheci (4): Mansoa, 17 de Março de 1970, com o Ministro do Ultramar (Jorge Picado)

 1 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3953: O Spínola que eu conheci (3): Um homem de carácter (Jorge Félix)

24 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3935: O Spínola que eu conheci (2): O artigo da Visão e o meu direito à indignação (Vasco da Gama)

24 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3929: O Spínola que eu conheci (1): Antes que me chamem spinolista... (Vasco da Gama)




12 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Caros Editores
Há dois erros referentes á data da morte do Senhor Marechal António de Spínola.

Sobre ele já fiz breve comentário.
Merece a sua memória o meu profundo respeito.

Igualmente respeito a memória dee um Militar o Senhor Tenente Coronel Pimentel Bastos que, no dia que fez 51 anos acompanhou a 39 em operação ao Galoiel com contacto IN.

Eramos novos...e as memórias...

Podem apagar estas linhas.
Obrigado pela correcção.
Abraços do Torcato Mendonça ex militar do Exército Português

Antonio Graça de Abreu disse...

Em Teixeira Pinto, na manhã do dia de Natal de 1972, escrevi no meu Díário:

"Hoje veio cá o Spínola. Ele voa de helicóptero para todos os aquartelamentos e quartéis da Guiné, no dia de Natal deve ter visitado uns quinze ou vinte. Reconheço-lhe uma enorme coragem. Aparece de surpresa em todo o lado. A presença do general é sempre anunciada uns minutos antes numa comunicação secreta de precedência “relâmpago” destinada ao comandante do aquartelamento a visitar. Por brincadeira diz-se que o teor da mensagem costuma ser “Info V.Exa S.Exa segue na mexa.”
O general disse umas palavras simpáticas, desejou Bom Ano, falou na Pátria. No fim, com todos os oficiais perfilados, fiz-lhe continência e apertei-lhe a mão. Que honra!"

Em Abril de 1995, tive a sorte de fazer parte da extensa comitiva presidencial na visita de Estado do então presidente da República Mário Soares à República Popular da China. Foram dez dias de excelentes mordomias e boa vida.
O que me fez espécie foi, no aeroporto da Portela, na despedida e no regresso do brilhante grupo de privilegiados a viajar como príncipes, a presença do Marechal António de Spínola na sala dos VIPS, velhinho, alquebrado, então com 85 anos, a abraçar Mário Soares, como se de um amigo de peito se tratasse.
A que propósito, porquê António de Spínola, a despedir-se e a acolher Mário Soares que partia e chegava da China?
Ora o velho marechal Spínola era então o presidente da Liga da Secular Amizade Portugal-China, recentemente criada e que agrupava uns tantos militares e algumas personalidades que haviam passado por Macau e estavam ligadas à China, via Macau.
Não sei se isto é referido na sua recente biografia, mas que é um dado curioso, é.
Abraço,
António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Há alguns "mistérios" à volta do General Spínola político,principalmente nos tempos imediatos ao 25 de Abril,que me trazem à memória algumas incongruências sucedidas,tanto à sua volta,como muitas delas permitidas por quem o deveria melhor aconselhar.Como foi possível que um político(e continuo a referir-me unicamente a Spínola-político) que na Guiné ao assumir o cargo de Governador Geral de imediato se fez rodear de um grupo de civis e militares,que para nao lhes chamar de "brilhante",pelo menos chamaria de eficiente,dentro dos parâmetros a que o Estado Novo nos habituara.Um moderna máquina de propaganda voltada aos Guinéus,ao inimigo,E NAO MENOS,voltada à Metrópole preparando,e abrindo,possibilidades de grandes saltos políticos...futuros. O que terá falhado?Quem terá falhado? Porquê os incríveis erros de tal equipe no spinolismo Presidencial?.........Mas,o comentário tornava-se longo e enviei antes um poste para os Editores do blogue com algumas das minhas ,ainda hoje,tao "misteriosas " perguntas. Um abraco .

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caros camaradas

Do Marchal Spínola tenho a melhor imagem e recordações de um Com-Chefe, que nunca esqueceu os seus homens nos piores momentos do Vietname.

Enquanto alguns alegando afazeres em Bissau, fugiam dos locais de contenda por cheirar a esturro,o Spínola fazia o percurso inverso, saindo de Bissau visitando os locais de maior contenda.

Era frequente o Com-Chefe assistir no terreno ás operações desencadeadas nos piores locais, moralizando os militares no terreno.

Nunca mais me posso esquecer que em 23/12/69, quando fui ferido com mais 6 camaradas e evacuado para o H.Bissau o General estar á nossa espera no Hospital para se inteirar da nossa situação,e as palavras de conforto e estimulo que nos deixou.

Não me esqueço das deligencias que encetou para por fim ao conflito, só não o conseguiu pela atitude retrógada dos políticos da época.

Foi a meu ver o maior cabo de guerra que este País teve na guerra do Ultramar, ninguem ao seu nível tem um conjunto tão vasto de exitos.

Queiram ou não, foi a meu ver o maior impulsionador do 25 Abril, com o seu livro " Portugal e o Futuro " e a inspiração que deu aos seus Oficiais subalternos, de onde nasceu o Movimento dos Capitães.

Foi o nosso 1.º Presidente da Républica após a Revolução dos cravos, quando a Pátria precisou dele, esteve sempre presente, mesmo quando após o 25 Abril se exilou e lutou contra o PREC.

Por tudo isto, foi talvez o nosso Marchal Spínola, o militar superior mais controverso. Por uns idolatrado por outros odiado, mas no consenso geral, tenho a certeza que a maioria tem uma certa simpatia por ele.


Que descanse em paz eternamente


Mário Pinto

manuel amaro disse...

Caros Editores,

Eu não tenho ídolos. Portanto o Senhor Marechal António de Spínola não poderia ter sido meu ídolo.
Mas se eu tiver que referir cinco(uma mão cheia), de grandes chefes militares/políticos, ele estará nesse grupo.

Quando cheguei à Guiné já tinha a minha dose de teoria "spinolista".
Aquando da visita do Ministro Silva Cunha, à Guiné, eu desfilei perante o Ministro e o Cte Chefe, à frente do meu "pelotão escolar", o que mereceu uma continência, um afago e um elogio de Spínola.

Na noite do 25 de Abril, respirei de alívio quando soube que ele estava "ali".
Esse alívio sobreviveu uma semana.

Bem, depois do discurso de Évora, não tenho mais registos positivos de Spínola.

Eu não apago memórias, mas não consigo perceber as atitudes subservientes, quase patéticas, protagonizadas pelo "velho militar", que anos antes tinha sido o nosso Grande Comandante.

Concluindo: a sua vida e obra merecem ser lembradas e em certos casos, homenageadas. Sim, isso eu faço...

Manuel Amaro

Anónimo disse...

Durante vários anos da minha permanência na Guiné, pós independência, imenso número de guineenses ensinaram-me a olhar para a imagem de Spínola, com uma admiração que não teria, se não fossem esses guineenses a abrir-me os olhos.

Eles repetiam com frequência as frases que Spínola proferia na rádio e nos quarteis.

Claro que o povo, dava um valor especial às frases de Spínola quando já se apercebia do "precipício".

Se nutro respeito por qualquer soldado ou general da mesma maneira, por Spínola nutro uma admiração especial, porque devido ao seu protagonismo, os guineenses ficaram com a melhor imagem de todos os que por lá passaram.

Claro que retrato a voz do povo, não dos políticos.

Esses, sabemos o que o povo pensa deles, infelizmente.

Antº Rosinha

DFE 7 disse...

"Foi a meu ver o maior cabo de guerra que este País teve na guerra do Ultramar, ninguem ao seu nível tem um conjunto tão vasto de exitos."


Lamento, mas tal não é verdade. Basta comparar com Costa Gomes e a situação verificada em Angola no final do seu "consulado", que era de vitória portuguesa, estando os movimentos de libertação à beira do colapso, sobretudo o MPLA. Digo até mais: gente como Bettencourt Rodrigues deveria ter chegado à Guiné bem mais cedo, talvez muitos dos erros de planeamento, execução e ocupação do terreno de Spínola pudessem ter sido corrigidos a tempo.
Mais: como ComChefe, a arrogância com que tratou a Marinha e os Fuzileiros (Especiais e Navais) quando assumiu o comando é de uma espectacular incompetência militar; lá teve de dar o braço a torcer mais tarde, sob pena de se prejudicar ainda mais o esforço de guerra. A forma como tratou os camaradas do DFE 12 é de meter nojo a cães; um Destacamento com resultados operacionais distintos e que foi a Kumbamory DUAS vezes, anos antes de um imbecil e vaidoso membro da sua clique pessoal de meninos de Cavalaria e do Colégio Militar. É certo que a unidade teve alguns problemas disciplinares, mas nada de extraordinário comparado ao que passava nas restantes unidades do TO da Guiné.
Não peço desculpa aos camaradas desta "tabanca virtual" pelos meus modos, pois décadas a ouvir endeusamentos a quem não merece ser endeusado acabam por se reflectir na psique de uma pessoa.


(continua)

DFE 7 disse...

(continuação)

"...que nunca esqueceu os seus homens nos piores momentos do Vietname."

Esta é outra. Esta MENTIRA propalada por gente de ambos os lados ao longo dos anos é de bradar aos céus. É de uma falta de rigor que roça o grosseiro e o insultuoso para quem andou pelas bolanhas, rios e picadas da Guiné.
Em traços muito gerais e sucintos, permitam-se sugerir o contrário:

- Situação militar diferente: na fase francesa e norte-americana do Vietname, a guerra chegou a níveis de guerra convencional, sobretudo aquando da intervenção dos EUA;

- Na Guiné, enfrentava-se um partido político com ala militar. No Vietname, na fase dos EUA, estes enfrentavam um movimento guerrilheiro, a Frente de Libertação Nacional ou Vietcong e um exército regular, o Exército do Vietname do Norte, o tal que fez aquelas ofensivas no Tet em '68 e cercou os Marines em Khe Sahn com 15 (quinze) mil homens, mais do dobro do efectivo total estimado do PAIGC;

- Geograficamente, o Vietname era muito mais populoso e homogéneo demograficamente, tendo uma história civilizacional antiquíssima, para além de ser maior em área. Geopoliticamente, encontrava-se dividido em dois, uma divisão produto da Guerra Fria. Tal não sucedia na Guiné, pequena e heterogénea;


- A base da intervenção portuguesa difere: esta era para defender território considerado nacional e inalienável. Os EUA para impedir um "efeito dominó" no SE asiático. O Vietname do Norte (comunista-nacionalista) pretendia tomar o sul e reunificar o país. O PAIGC pretendia libertar o território da Guiné e, por arrastamento, Cabo Verde;


- Anda-se há décadas a retratar o Vietname como uma grande derrota dos EUA, quando, na verdade, não foi bem assim: a maioria das batalhas de tipo convencional foram ganhas pelos EUA e aliados (Khe Sahn; Hué; Hamburger Hill; etc.), tendo o Vietname do Norte explorado antes o lado "relações públicas" do conflito, de forma a influenciar a opinião pública dos EUA. Por cá, a opinião pública estava amordaçada;


- Em suma, o conflito na Guiné foi de baixa intensidade durante cerca de 10 anos (63-73), tendo aumentado a intensidade a partir de 1973, mas por pouco tempo. Sabe-se hoje, pelas palavras de gente como Nino, que a própria guerrilha estava a lançar o "tudo ou nada".


Espero ter ajudado a desmistificar, nem que seja um pouco, a estúpida ideia de que a nossa guerra na Guiné tenha sido um "Vietname de Portugal"; tal é mentira e ponto final. Talvez para alguns tenha sido o seu "Vietname", mas isso são contas do rosário de cada um.


(continua)

DFE 7 disse...

(última parte)


Já na altura era da opinião de que a Guiné deveria ser independente. Não só era uma nulidade económica para Portugal, como era de interesse estratégico muito reduzido, não passou de "restos" que nos foram atirados pela régua colonial anglo-francesa; como é óbvio, há que respeitar o direito dos guineenses à sua auto-determinação. Contudo, não me peçam simpatia nem respeito pelo PAIGC e pelo que este se tornou: numa máquina de corrupção e presunção, sustentada por uma corja vil. E, como é óbvio, nunca poderia respeitar indivíduos que chacinaram cobardemente militares que serviram as nossas FA durante a guerra e ainda membros locais da administração colonial, tudo isto após a independência.
Todos estes factos só revelam o que a Guiné hoje é: um provável Estado falhado, a roçar o narco-Estado. Um país sem eira nem beira, que é constante fonte de preocupações em sede da CPLP, ONU, UA e restantes OI de que é membro.
Estas minhas últimas linhas levam-me a elogiar o projecto sustentável que Spínola tinha para a autonomia da Guiné, esse sim, digno de fortes aplausos. Não quis a História que assim fosse, infelizmente para todos.
Aquilo que se passou entre 1963 e 1974 não valeu uma gota de sangue e de suor português e ao ver o que por lá se passa hoje, só reforça o meu desprezo pelos do "Vietname de Portugal" (sem querer atingir o camarada cujas afirmações comentei, é mais de alcance geral) e por muitas figuras gradas oriundas do MFA, PAIGC e dos partidos que compõem este nosso regime.
Lamento, mas não compactuo com isto. Nem no plano militar e político, nem como cidadão e muito menos como ser humano, dotado de racionalidade.
E assim termino a minha primeira e última participação neste espaço.


Sem mais e com um bem haja a todos,

DFE 7

joaquim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joaquim Mexia Alves disse...

Aos camarigos editores

O comentário assindao DFE 7 ou é alguém do vosso conhecimento, ou é pura e simplesmente um comentário anónimo!

Com efeito DFE 7 quer dizer, salvo melhor opinião Destacamento de Fuzileiros Especiais 7 o que não identifica de modo nenhum o autor do comentário.

Portanto e por enquanto o comentário não merece qualquer resposta.

Abraço camarigo para todos

José Marcelino Martins disse...

Colocar DFE 7, Manuel das Iscas ou anónimo é, para os entendidos, a mesma coisa.

Quem não assina o que escreve, só o faz por dois motivos:
1 - Não está ciente do que escreve;
2 - Dá o "estalo" e esconde a mão.

Quem não assina o que escreve, só atinge um objectivo:
A incredibilidade!

O comentário, assinado, não se refere ao texto, que merece uma leitura mais calma e objectiva, mas tão só à assinatura.


José Martins