sexta-feira, 16 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6164: O Spínola que eu conheci (13): Os ananases que não chegaram à mesa do Palácio do Governador-Geral (Jorge Félix)


Guiné > Algures > O Alf Mil Pil Heli Al III (BA 12, Bissalanca, 1968/70) e o Spínola (Com-Chefe e Governador Geral, CTIG, 1968/73)
Foto: © Jorge Félix (2010). Direitos reservados

1. Mensagem do Jorge Félix, com data de hoje

Assunto: Aniversário meu e do Spinola

Caro Luís Graça,

Não sei como te agradecer os momentos que vivi com as mensagens que recebi nos dia dos meus anos, algumas de "gente" que eu nem conheço.

Como sabes, era nesse dia 11 de Abril que também comemorava o Gen António  de Spinola [n. em Estremoz, em 1910, de pais madeirenses, e do lado do pai,  aspirante de finanças, de ascendência italiana].

Tem aparecido histórias e saíram vários livros a recordá-lo (*). A minha especialidade não é a escrita, ou não ando com paciência para grandes relatos, mas não podia passar este momento sem homenagear o homem que tanto admirei.

Junto uma foto do Caco, com a minha pessoa nos comandos do Heli Al III, podendo ver-se no banco  uma arca que variadas vezes o Cap Almeida Bruno [, o ajudante de campo,]  transportava, e que continha alimentação para o nosso Chefe.

Segue uma mensagem que recebi, [em 14 do corrente, no Facebook,] do José Ramos, piloto que já foi falado no nosso Blog e que julgo também devem conhecer:
Está bonito o filme, parabéns. Sempre que me lembro de ti, não posso esquecer um bombardeamento de ananases em Galomaro que ficaram a faltar na mesa do Spinola.
Um abração

O Ramos recorda-me que um dia, no regresso a Bissau levando uns ananases que deveriam chegar à mesa do Spínola, eu resolvi, numa passagem por Galomaro, "oferecê-los" à D. Maria, esposa do comerciante Regala, num estacionário "perfeito", dando liberdade ao mecânico para atirar um a um os "ananases".

Mais tarde informaram-me que a loja esteve uma semana semi-fechada para limpar o pó que o heli levantou e foi parar dentro da casa. Dos ananases nada se aproveitou, nem a D Maria os saboreou, nem o Gen Spinola os recebeu algum dia.

Foi o Ramos que ma recordou, se achares que vale a pena contar, "posta-a".
Abraço
Jorge Félix


2. Comentário de L.G.:

Jorge, ainda não te agradeci, pessoalmente o magnífico vídeo (mais um!) com que brindaste a comemoração do nosso blogue, que também vai fazer aninhos (seis!) no dia 23 de Abril próximo. O teu trabalho, que me sensibilizou, já teve perto de 800 visualizações no You Tube.

O Carlos Vinhal já  fez os devidos agradecimentos. Mas também me fica bem reforçar aquilo que tenho escrito sobre ti e os trabalhos audiovisuais... Tu és o nosso mago,  dás o tal  toque de magia às imagens que publicamos no nosso blogue (e às outras, do teu arquivo). Uma imagem pode valer mais do que mil palavras, mas tu ascrescenta-lhes  vida, ritmo, emoção, poesia...
 
Obrigado também, meu glorioso maluco das máquinas voadoras,  pela tua deliciosa história dos ananases (ou não seriam abacaxis, variedade guineense do ananás ?) que não chegaram à mesa do Bispo (alcunha por que era também conhecido o Spínola, em linguagem cifrada)...  As deliciosas maluqueiras que um homem (não) faz aos vinte anos para chamar a atenção de uma mulher... E, a propósito,  o Regala não te apresentou a conta dos estragos no estaminé ?  LG

______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 15 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6160: O Spínola que eu conheci (12): Missirá, Dezembro de 1970, vésperas de Natal: Quando Sexa, o Caco, ia perdendo o dito... (Jorge Cabral)

2 comentários:

António Tavares disse...

Caro Jorge Félix,

Bonita história a dos ananases!

Francisco Augusto Regalla era casado com Maria Assana Said Regalla.
Conheci-os,em Galomaro,em 1970-72.
Vieram de Campeane - Tombali.

Recordo um verso do Vasco Joaquim:

Perto da nossa unidade
O "Regala" bem instalado
Pois não tem piedade
De tão caro vender ao soldado

É fácil adivinhar as consequências dos ananases nos negócios do senhor Francisco Regalla!

Um abraço
António Tavares

Luís Graça disse...

Temos que falar da saga dos comerciantes libaneses na Guiné... Quem sabe da sua história, como e quando vieram lá parar ? Muitos de nós conheceram alguns, em Bissau, em Bafatá, no Xitole, em Glomaro... O que é feito dessa gente, das suas famílias ? Terão alguns ficado na nova república ? Fixaram-se em Portugal ? Regressaram ao Líbano ?