sexta-feira, 16 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6746: Tabanca Grande (230): Felismina Costa, madrinha de guerra de Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64

1. Mensagem da nossa tertuliana Felismina Costa com data de 15 de Julho de 2010:

Amigo Carlos Vinhal, muito boa-noite.
Eu sei que a regra é enviar foto para identificação no blogue, mas o motivo porque não o fiz até hoje, prende-se unicamente, com o não dominar totalmente a tecnologia: São os filhos que me ajudam nos pormenores, mas raramente se encontram quando escrevo e o tempo vai passando. Contudo, hoje, consegui passar para o Word a minha foto do tempo da guerra, (que também por lá andou na companhia dum afilhado e grande amigo de infância, que prestou serviço militar em Angola entre 1966/1968), e de quem não tinha notícias desde o seu regresso, até ao passado mês de Junho.

Depois de 46 anos de desencontros, encontramo-nos finalmente, e temos uma história linda para vos contar. Os meus filhos querem que escrevamos um livro, porque a história tem requintes, de quanto vale a amizade.

Estamos a viver a euforia do reencontro na maior das alegrias, e a conhecer a família que cada um de nós formou.

Porque a amizade tem para mim um valor insubstituível, eu aprecio e sinto a alegria que sentem, quando vós, camaradas e amigos se reúnem.

Obrigada pela vossa amizade também.
Eu que entrei no blogue, procurando um afilhado, que ainda hoje não conheço*, fui surpreendida, pela persistência e determinação do meu amigo Joaquim.

As surpresas da vida!
Ainda não acredito.

Um abraço da amiga
Felismina Costa


2. Comentário de CV:

Amiga Felismina
Não lhe dou as boas-vindas, porque há já algum tempo se instalou na nossa caserna virtual, onde é notório, se sente bem.

A sua colaboração tem sido excelente, a ponto de ter um poema seu na nossa página, dedicado por si ao nosso Blogue, a propósito do 6.º aniversário, e que me permito reproduzir aqui:

Parabéns, Srs Editores!
Parabéns a todos os participantes,
A todos os denunciantes
Do medo, do horror, do degredo...
Em terra linda, que vos encantou.


Parabéns, porque sois capazes de denunciar!
De gritar a vossa revolta.
A vossa digna revolta.


Parabéns, porque sois vós, a voz com razão
Que não teme a repressão,
Que não bajula, que não pactua,
Que não se acobarda.


Parabéns, porque... sobrevivesteis!
Porque fizesteis questão de contar, de relatar,
De registar os horrores, que presenciasteis,
quando ainda meninos, vos mandaram matar...


Terrível realidade, que em vossos peitos se instalou
e que, em muitos, deixou marcas físicas, psíquicas,
continuamente revividas...
Mas ditas!
Mas... que eles não apagam.


Haja ao menos o blogue, o vosso amado blogue,
onde despejam alegrias e tristezas.
Onde contam, como ninguém, as vossas certezas
e incertezas.


Comungo convosco desta festa, desta festa, onde celebram a vossa...
Sobrevivência!



Tem a porta aberta para continuar a intervir sempre que queira, porque a sua acção como madrinha de guerra de um camarada, ainda por cima ex-combatente da Guiné, lhe dá direito a ser um(a) de nós.

Muito obrigado por estar connosco.

Receba o habitual abraço colectivo da tertúlia, uma vez que esta é a sua apresentação formal.

Pelos editores
Carlos Vinhal
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5894: Em busca de... (119): Afilhado de guerra, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64 (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 11 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6714: Tabanca Grande (229): Artur José Miranda Ferreira (ex-1º Cabo Enfº da CCAÇ 6 – Bedanda -, 1968/70

7 comentários:

Juvenal Amado disse...

Cara Felismina

Seja bem vinda.
Foi para mim um prazer ler com o que nos brindou até agora.
Certo que muito terá para nos contar, vou esperar ansiosamente.

Aceite os meus respeitos

Juvenal Amado

Anónimo disse...

Amiga Felismina Costa


É com imenso prazer que constato que quer continuar a envolver-se na nossa salutar teia de comunicações, que é o nosso “Blogue”.
É honroso ter no nosso seio, seres humanos de coração nobre e generoso, como tem dado provas.

Seja bem-vinda, parabéns.

Um abraço

José Corceiro

Anónimo disse...

Amiga Felismina.

É com renovado gosto, que saúdo a entrada (efectiva) da amiga no blogue, seja muito bem- vinda.

A sua sensibilidade nos escritos só honram os combatentes, especialmente esse que escreveu para o aniversário do blogue, e do qual eu gosto muito em particular.

Cumprimentos

Manuel Marinho

José Marcelino Martins disse...

Querida Felismina

É com grande prazer que a encontro e conheço, mesmo virtualmente, pelas fotos que enviou.

A Tabanca Grande só tem a ganhar com a chegada de "Novos e Grandes Amigos", apesar da Felismina já fazer parte da "familia" há já algum tempo.

"As Felisminas" do nosso tempo de rapazes, "As nossas madrinhas" tiveram um grande papel, diria mesmo, papel primordial na guerra que travamos.

Folgo imenso por ver que, neste envolvimento com "a guerra" tem o estimulo e incentivo dos seus filhos.

Assim o esforço colectivo português, daquela época, não terá sido em vão, e não irá ser esquecido, proposito cada vez mais corrente neste país de memória curta.

Saudo-a fraternalmente

José Martins

Hélder Valério disse...

Caríssima Felismina

Naturalmente que a sua 'visão' do tempo que é contemporâneo aos relatos que por aqui vão passando é muito interessante, até para completar os estudos que alguém não deixará de fazer quando se tratar de relembrar essa época com a distância prudente que a História aconselha.

Há algum tempo atrás ouvi a mulher dum camarada nosso explicar porque é que lhe custava tanto compreender esta nossa ânsia, bastante comum, de querermos voltar, 'um dia', à Guiné.
Para nós pode ser uma busca da juventude perdida, um ajustar de contas com o passado, a procura de nos reencontrarmos, sabe-se lá, até, segundo ela, podia ser a reedição da libertinagem, da licenciosidade, da vida dissoluta que se levava (estes pontos de vista não tinha idéia que existissem, mas é bem possível que tenha corrido aqui e ali..).
Mas, o que mais a angustiava, era não compreender essa vontade para ir ao encontro daquilo que, afinal, fora a causa, o motivo, do afastamento da presença física, vivida cá com tanto sofrimento, tanta ansiedade, tanto desconhecimento, sempre à espera da má notícia.
Acabaram por considerar que tudo aquilo tinha sido mau, e era assim até porque nem se falava disso e, afinal, queria-se voltar lá...
Não dá para entender bem...

No entanto, Felismina, creio que a sua postura, o seu empenhamento, deve dar para ter outro entendimento destes (mais ou menos) secretos desejos de fazer essa tal 'revisitação' antes da viagem final...

Continue a colaborar até porque, como pode constactar, é muito acarinhada.

Saudações
Hélder S.

MANUELMAIA disse...

CARA FELISMINA,


SEJA BEM VINDA.

CÁ FICAREI À ESPERA DOS SEUS ESCRITOS.

MANUEL MAIA

Armando Ramos & Filha Mafalda disse...

Sra. Felismina,
Gostei muito de ler as suas palavras e de conhecer um pouco sobre a historia das Madrinhas de Guerra, para mim desconhecida.
Uma madrinha de guerra, e da Guiné...como a minha mãe o foi para o meu pai.Já se conheciam antes como amigos e vieram a casar e fizeram cinco filhos; eu, a do meio. (36 anos) Ajudei a minha mãe, bem, tentei ajudar a entender a doença do pai (Stress pos traumático), comum à grande maioria, uma doença vista como "preguiça" e incompreendida pela sociedade. Estes heróis foram para uma guerra sem razão, sem preparação, voltaram e a sociedade não os acolheu com a dignidade que mereciam e merecem! Hoje e passados 7 anos de luta burocratica é considerado Deficiente das forças Armadas. Pergunto: Se não fosse considerado deficiente das forças armadas, socialmente aceite, como seria o meu pai tratado ainda hoje? Cabe ao Estado e a Todos reconhecer estes heróis e apoiá-los. Mas sei o quanto é difícil e muitas mulheres desistem por cansado, incompreensão, não querer ver as feridas, não estar preparada para...seja como for, uma madrinha de guerra que vem a casar com um ex-combatente, que cria uma família quase sozinha só pode ser UMA GRANDE MULHER! Obrigada e um beijinho a todas as madrinhas de guerra do meu país! Fomos à guerra sem termos ido e estamos todos juntos nisto, pais combatentes, esposas e filhos... Mafalda Ramos (filha 1ºcabo transmissões Batalhão de Caçadores 1911 -1967-1969 - Armando Ramos - Deficiente das Forças Armadas, Stress-Pós Traumático)