domingo, 1 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6814: Notas de leitura (140): As elites militares e as guerras de África (Manuel Rebocho)


1. O nosso Camarada Manuel Godinho Rebocho, ex-2º Sargento Pára-Quedista da CCP123/BCP12, Bissalanca, 1972/74, (hoje Sargento-Mor na reserva), cedeu ao nosso blogue a publicação do seu livro “AS ELITES MILITARES E AS GUERRAS D’ÁFRICA”, o que muito agradecemos em nome dos editores e demais camaradas.
A publicação iniciar-se-á, no presente poste, com o currículo pessoal, os agradecimentos, a constituição do livro, nota do autor e prefácio:

Currículo Pessoal
Manuel Godinho Rebocho nasceu a 4 de Dezembro de 1949, numa aldeia próxima de Évora. Ingressou como voluntário nas Tropas Pára-Quedistas aos 18 anos. Efectuou o antigo 5.º ano dos Liceus durante a sua comissão de serviço na Guiné, entre 1972 e 1974. Preparou-se para os exames do antigo 7.º ano dos Liceus durante a sua prisão, resultante dos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975, de cujos actos foi judicialmente ilibado.
Por ordem do então Chefe do Estado-Maior da Força Aérea permaneceu em residência fixa até 1982, o que o impediu de ingressar na Academia Militar, em 1976. Como alternativa à Academia, e com a devida autorização judicial, ingressou na Universidade de Évora, em 1976.
É Eng.º Agrónomo, Mestre em Economia Agrícola e Doutorado em Sociologia (ramo Sociologia da Paz e dos Conflitos). É Sargento-Mor Pára-Quedista, na reserva, à qual passou por limite de tempo no posto (oito anos).

AS ELITES MILITARES
E AS GUERRAS D’ÁFRICA
Aos que, na Guerra de África,
Deram parte de si à Pátria
E a Pátria nada lhe deu
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer particularmente à minha mulher, Maria Jacinta, e aos meus filhos Cláudia Leonor e Nuno Miguel, o apoio e incentivo que me expressaram.
À Professora Doutora Maria José Stock, agradeço todo o apoio que me concedeu na estruturação e leitura do texto. Creio mesmo que, sem o seu apoio, não teria alcançado o meu objectivo, nem a qualidade da obra atingiria o patamar que julgo ter conseguido.
À Instituição Militar, particularmente ao Exército, agradeço a permissão para consultar os múltiplos arquivos militares, onde obtive a informação que sustenta a obra; sem essa consulta seria absolutamente impossível efectuar a investigação com a objectividade conseguida.

O livro tem a seguinte estrutura e sequência de anexos:

Título
Dedicatória
Índice
Prefácio (páginas 1 a 6)
I Capítulo (páginas 7 a 82)
II Capítulo (páginas 83 a 240)
III Capítulo - desdobrado em 4 anexos - (páginas 241 a 428)
III I (páginas 241 a 341)
III II (páginas 342 a 369)
III III (páginas 370 a 400)
III IV (páginas 400 a 428)
IV Capítulo (páginas 429 a 506)
V Capítulo (páginas 507 a 532)
VI Posfácio (páginas 533 a 548)
VII Bibliografia (páginas 549 a 596)
Currículo Pessoal

NOTA DO AUTOR
O trabalho de investigação que desenvolvi, ao longo de vários anos, cujo resultado final constitui a presente obra, teve como fontes de informação fundamentais a análise que efectuei sobre diversos documentos militares, a minha própria experiência e um vasto número de entrevistas a Oficiais do Quadro Permanente.
A investigação científica que realizei provou que, no decurso da Guerra de África, os Oficiais do Quadro Permanente foram-se progressivamente afastando do Comando Operacional, para se instalarem nas posições de gestão militar. Desta situação, inusitada, resultaria terem sido os Milicianos quem, de facto, comandou as Unidades de Combate, nos últimos e mais gravosos anos da Guerra.
Reconhecendo esta situação e dado não ter ouvido, na dimensão adequada, os graduados milicianos, nem lhes ter dado o destaque que justamente merecem, entendi, para corrigir este lapso, convidar um miliciano para prefaciar a presente obra, para além de ter igualmente convidado um miliciano de cada uma das suas classes: Capitães, Alferes e Furriéis, para escreverem livremente um depoimento sob a forma de posfácio, enfatizando particularmente a sua experiência enquanto combatentes. Presto, assim, o meu total reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelos Milicianos no seu todo, ao longo da Guerra de África.
PREFÁCIO
O dado fulcral, que faz da obra de Manuel Rebocho um caso singular, escorado basicamente em procedimentos metodológicos da “nova” sociologia, a observação-acção, ou melhor a observação empenhada, como dela disse Adriano Moreira durante a discussão académica, é o ponto de partida do investigador: foi a sua participação e envolvimento directo na guerra que, anos depois, viria a despoletar o seu interesse sociológico no tema, a ponto de a estudar e de apresentar a escrutínio doutoral os resultados a que chegou.
Não espanta, por isso, que, uma vez e muitas, se pressinta alguma dificuldade de “afastamento” e “isenção” do autor face ao real que analisa. Mas isso não menoriza ou empobrece a qualidade científica do trabalho, antes o valoriza: afinal foi feito por quem, com instrumentos da ciência social, se debruça sobre o que viveu e sofreu. Este trabalho, no essencial da obra, deve ser, por isso, entendido como portador de uma parcela autobiográfica, como uma “história de vida”, como sublinhou Maria José Stock, orientadora do novel Doutor.
Se é verdade que a Guerra Colonial demorou alguns anos a tornar-se tema ficcional, já hoje há obras bastantes, particularmente testemunhos pessoais mais ou menos ficcionados, que permitem uma visão global sobre a vida no teatro de operações. O mesmo não pode dizer-se quanto a estudos académicos sobre o interior da instituição que fez a guerra, as Forças Armadas. Este trabalho de Manuel Rebocho vem iluminar zonas das nossas últimas Campanhas em África que até agora se mantinham na sombra.
A radical mudança política operada em Portugal em 1974, protagonizada, aliás, pelas Forças Armadas que triunfando sobre a ditadura abriram, “ipso facto”, caminho à sua “derrota” na Guerra Colonial, não propiciou, por isso, condições facilitadoras do estudo do processo “Guerra Colonial”.
Ao rastrear os “curricula” e a formação dos oficiais, particularmente após 1959 – ano da criação da Academia Militar –, quando se tornara imparável e acelerado o movimento independentista dos territórios africanos administrados por potências coloniais e, face à intransigente política “ultramarina” de Salazar, a guerra era inevitável. Manuel Rebocho concluiu que a Academia Militar passou então a preparar a elite não para o comando operacional, mas sim para funções técnicas e administrativas.
Em vez de comandantes operacionais, os militares do quadro permanente, na sua esmagadora maioria e nos mais diversos escalões, tornaram-se, progressivamente, ao longo dos treze anos que a guerra durou, “administradores” da logística e gestores da estratégia dos três teatros de operações.
A guerra no terreno, na frente de combate, assente numa quadrícula à base da companhia e realizada quotidianamente a nível de meia companhia ou, mesmo, de pelotão, essa, passou a ser feita quase exclusivamente, por capitães e alferes milicianos que enquadravam furriéis milicianos e praças do serviço militar obrigatório – essa foi, de facto, a “guerra” em que eu combati, no norte de Moçambique, e foi a conclusão generalizada a que chegou Manuel Rebocho. Chamou-lhe, ele, a milicianização da guerra.
Sem a triagem quantitativa que este estudo nos aporta, já outros, antes, tinham chamado à atenção para este aspecto da gestão cirúrgica do pessoal; Diniz de Almeida refere que “acentuadas diferenças de colocação dos oficiais, quer do Q. P. (Quadro Permanente) quer do Q. C. (Quadro de Complemento), determinavam ainda a vida particular e profissional dos militares originando, assim, um novo quadro de injustiça a corrigir. Deste modo, em função das mais diversas motivações, eram normalmente colocados em funções burocráticas ou em quartéis de cidade, os oficiais afectos ao regime. Quanto aos restantes, menos identificados com o regime, aguardavam-nos, regra geral, os postos longínquos e incómodos do mato.”
Após dez anos de guerra, no dia-a-dia, os pouquíssimos militares profissionais (Quadro Permanente e Serviço Geral) que estavam na frente de combate “nunca” saíam para o mato, ficando no “arame farpado” em funções de comando, colheita e coordenação de informações, planeamento de operações e apoio logístico; na picada e no mato andavam os capitães, alferes e furriéis milicianos e os cabos e soldados do serviço militar obrigatório. A estes juntavam-se, no mato, mais ou menos regularmente segundo as dificuldades do teatro de operações, companhias de comandos, de fuzileiros e de pára-quedistas, nas quais, aí sim, os soldados eram enquadrados por sargentos e oficiais do quadro permanente.
Foi essa realidade vivida na “frente” que Manuel Rebocho veio, agora, com números “arrasadores”, constatar: no Leste de Angola, de 1971 a 1974, das 68 companhias só 3 tinham capitães oriundos da Academia Militar; em Moçambique, em 1973, das 101 companhias apenas 1 era comandada por um capitão do Quadro Especial de Oficiais, e esse estava lá “por castigo”!
Reflexos dessa forma de administrar sabiamente “os riscos”, colhem-se, ainda hoje, quando se analisam as listagens de sócios da Associação dos Deficientes das Forças Armadas: o padrão médio indica-nos que cerca de 92% eram militares do Serviço Militar Obrigatório.
A gestão do pessoal afecto à guerra, feita pelas chefias militares, em seu benefício e salvaguarda, foi possível, sem escrutínio do poder político, porque o regime não permitia que, sequer, se questionasse a sua existência, nem mesmo na campanha eleitoral da “primavera marcelista”. O Ministro do Ultramar, Silva Cunha, era muito claro quanto a isso, dizendo que “o Governo não ia dizer (...) às Forças Armadas como combater” porque “a questão militar estava à parte do Governo, e a responsabilidade cabia ao Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas”.
Ao considerar a “Guerra do Ultramar” como desígnio patriótico, inevitável e inegociável, porque culpa do “outro” e dos ventos da história, a ditadura remetia, implicitamente o seu êxito ou inêxito para a esfera militar, tanto mais que garantia na Metrópole, na retaguarda, as condições ideais para o êxito das nossas tropas, ao não permitir que a opinião pública a contestasse, a condenasse. Tal situação até dispensou, em última análise, o poder político de apetrechar as frentes com condições logísticas e de material de combate capazes de potenciar as hipóteses de êxito militar.
Até ao fim da Guerra, uma vara ou uma cana de bambu a que se atava uma ponteira de aço afiada, era o nosso detector de minas – o que explica o número “indecoroso” de amputados e de cegos que a guerra produziu.
Por isso, às vezes, ainda acordo a meio da noite, quando não devia, no estertor de um pesadelo.
Manuel Joaquim Calhau Branco
Licenciado e Mestre em História
Ex-Alferes Miliciano; deficiente das Forças Armadas.
Textos, fotos e legendas: © Manuel Rebocho (2010). Direitos reservados
(continua)

2. Nota de Luís Graça, editor principal do blogue:

De férias, esperando um Agosto calmo como as águas da enseada da minha Praia do Paimogo ou suave como a brisa que sopra no planalto das Cesaredas, nos pedrogosos caminhos calcorreados por Pedro e Inês entre Moledo e Serra d'El-Rei, protagonistas da mais trágica paixão de amor da nossa história,  sou surprendido com o início de uma mais uma polémica bloguística, em que dois antigos camaradas da Guiné (o Manuel Rebocho e o Morais da Silva) já estão a ser utilizados, de novo,  como armas de arremesso em guerras que não são as do nosso blogue e para eventuais ajustes de contas que não são da nossa conta.

Comecemos por esclarecer a decisão do editor de serviço, Eduardo Magalhães Ribeiro (EMR), ao publicar este poste. Diz ele que que o nosso camarada Manuel Rebocho, membro de longa data da nossa Tabanca Grande, "cedeu ao nosso blogue a publicação do seu livro 'Elites Militares e a Guerra de África', o que muito agradecemnos em nome dos editores e demais camaradas"... E logo a seguir escreve: "A publicação iniciar-se-á, no presente poste, com o currículo pessoal, os agradecimentos, a constituição do livro, nota do autor e prefácio" (...).

Acontece que eu não tenho conhecimento da mensagem do Manuel Rebocho (que pode ter sido enviada por mail apenas para a caixa do correio do EMR) e, portanto, não posso avaliar os termos e as comdições em que ele autoriza a (re)publicação do seu livro... Como eu sou, legalmente, o responsável do blogue, e esta alegada cedência de direitos de autor tem implicações legais, tenho que esclarecer algumas questões prévias: a) o detentor dos direitos de publicação não é (ou não é apenas) o Manuel Godinho Rebocho: b) o livro foi publicado pela Editora Roma, que tem direitos legais sobre a obra; c) sem uma autorização expressa, por escrito, da Editora Roma, não podemos reproduzir, no nosso blogue, a obra que, de resto,  tem mais de 500 páginas (com anexos).

Por outro lado, por muita estima que eu tenha pelo camarada Manuel Rebocho (e meu confrade da academia) (como tenho por todos os membros deste blogue, meus camaradas da Guiné), não posso compromerter-me a publicar a obra na "íntegra"... Não faz sentido, por várias razões: a) o nosso blogue publica, de preferência, inéditos (o que não é o caso); b) o livro é um trabalho académico, resulta de uma tese de doutoramento em sociologia, a parte teórico-metodológica (Cap I, pp. 45-85) só pode interessar uma público mais restrito; c) Apenas o Cap III (A guerra de África e o desempenho das elites militares, pp. 220-375) tem mais directamente a ver com o 'core business' do nosso blogue; d) Tal não quer dizer que o Cap II (A formação base das elites militares, pp. 87-213) não seja importante para o debate oficiais QP/Milicianos; e) Quanto ao Cap IV (As elites militares no pós-marcelismo, pp. 375-440), é matéria que extravasa, em muito, o âmbito do nosso blogue; f) Por fim, e não menos, importante a publicação integral do livro "Elites Militares e a Guerra de África"  teria um efeito de "Caixa de Pandora": de futuro, ficaríamos comprometidos a reproduzir, no blogue, todos os livros de todos os nossos camaradas, escritores, o que não me parece razoável e, sobretudo, significaria a morte (já tantas vezes anunciada...) do nosso blogue que deve ser de todos e para todos...

O livro do nosso camarada Manuel Rebocho pode e deve merecer um lugar de destaque na literatura da guerra colonial, no domínio das obras de ensaio, de investigação académica ou outra.  Como aliás, já teve, na devida altura, na sessão de lançamento do livro. Eu próprio me comprometi a fazer uma recensão crítica do livro, prometida para as leituras de férias... Terei então a oportunidade, agora em Agosto,.  de usar excertos, mais extensos, da obra, em nosso poder, em suporte digital... A publicação, não das 500 páginas, mas de algumas das partes mais significativas da obra, terá que ser negociada e acordada  por mim, com o autor (e com o EDITOR!!!, uma vez que não se trata de uma edição de autor).

Falei com o EMR, também a caminho de férias, na Nazaré ("onde vai pôr ao sol o bacalhau"), procurando esclarecer alguns destes pontos... Ele próprio já me tinha tentado contactar, em vão, para me dar conta desta oferta, generosa, do nosso camarada,  e da sua iniciativa (dele, EMR), algo prematura, de "iniciar a publicação de uma obra", correndo (sem se dar conta) do risco de clara violação da lei sobre proprieddae intelectual. Fê-lo, como sempre, com a melhor das intenções de assegurar o pluralismo do blogue e de colmatar alguma falta de materiais nesta altura do ano...

Com votos de boa continuação de férias para os nossos leitores, colaboradores e editores. Cuidado com o stresse térmico! Luís Graça (Lourinhã, 1 de Agosto de 2010, 16h30).

Adenda (2 de Agosto de 2010, 17h):

O EMR acabou de telefonar da Nazaré (onde fazer 15 dias de férias) a explicar as circunstâncias em que se encontrou, em Évora, almoçou com ele e ele teve a gentileza de lhe oferecer um CD com o conteúdo do livro... Não terá posto quaisquer exigências ou pedido contrapartidas (, publicitárias ou outras): "Aqui tens o livro em suporte digital, utiliza-o como quiseres, no blogue"... O EMR agiu, de motu proprio, com a melhor das intenções, mas esquecendo que um livro  é um "produto comercial" e que o autor, quando edita um livro através de uma editora comercial (ou pulica um simples artigo numa publicação periódica, jornal ou revista) , "vende ou cede os seus direitos de autor"...

___________

Notas de M.R.:
Vd. postes relacionados desta série em:

A investigação desenvolvida e necessária para redigir a presente obra nunca seria possível sem que um elevado número de pessoas e instituições me tivessem concedido o seu apoio. Os dados estão dispersos, uns disponíveis em suporte de papel, outros constando apenas da memória de quem os viveu, deles ainda se recorda e se disponibilizou para os relatar. A todas estas pessoas e instituições, sem qualquer excepção, expresso o meu mais profundo agradecimento.

15 comentários:

antonio graça de abreu disse...

O blogue vai publicar o livro todo do Manuel Rebocho? São 600 páginas, é obra!
E o livro é polémico, com teses que já foram desmontadas e devidamente
explicitadas, por exemplo pelo cor. Morais e Silva, aqui mesmo no blogue.
Leio, na apresentação do livro:

"Em vez de comandantes operacionais, os militares do quadro permanente, na sua esmagadora maioria e nos mais diversos escalões, tornaram-se, progressivamente, ao longo dos treze anos que a guerra durou, “administradores” da logística e gestores da estratégia dos três teatros de operações."

Recordo apenas que há pouco mais de um mês foram apresentados aqui no blogue os números dos capitães do Quadro Permanente e dos capitães Milicianos mortos na Guiné. Quase 20 do QP, creio que 5 ou 6 milicianos.
E se explicou a diminuição enorme de oficiais saídos da Academia militar nos últimos anos de guerra.
E não será compreensível que oficiais do QP, já com duas ou três comissões no pelo,algumas delas duríssimas, com famílias e filhos pequenos, procurassem numa terceira ou quarta comissão um lugar mais sossegado na rectaguarda da guerra? Isto é humano.
O Manuel Rebocho está muito marcado pela politização radical e os movimentos a que aderiu pós 25 de Abril, que desembocaram no 25 de Novembro, quando foi preso.
Alguém já disse que o seu livro - como testemunho e opinião pessoal naturalmente válido, digo eu -, fruto de uma tese de doutoramento que apresentou na Universidade de Évora, "não honrou a universidade portuguesa."

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Porque é que um livro há-de ser relativizado ou desvalorizado só por ser polémico?

Estranha posição esta, ainda para mais vinda do António Graça de Abreu, que até é um homem com livros editados.

A análise do conteúdo não depende sempre dos olhos de quem o lê?
E a conclusão não é a soma de muitos factores objectivos e subjectivos de cada leitor?

Será que todas as teses foram desmontadas e devidamente explicitadas?

Longe de mim querer tirar mérito aos oficiais do QP, especialmente àqueles que estiveram no mato. Alguns deles até já foram bastante louvados aqui no blogue pelos homens que comandaram.

Mas a maioria de nós, lá no terreno, não ficou com a mesma sensação daquilo que o Manuel Rebocho defende?

Por exemplo, na minha Companhia inicial, houve 1 Capitão QP, 2 Cap. Milicianos e 1 Alferes graduado em Capitão Milº.
Na Compª Africana, houve 2 Cap. QP.
No CIM - Bolama, havia alguns Tenentes e Capitães QP nos Serviços.

Mas parece-me haver um dado importante na tese do Manuel Rebocho que, de modo geral, é esquecido nos comentários mais críticos.
Diz ele: "Desta situação, inusitada, resultaria terem sido os Milicianos quem, de facto, comandou as Unidades de Combate nos "ÚLTIMOS" e mais gravosos "ANOS" da Guerra".

ÚLTIMOS ANOS da Guerra (não desde o início nem no meio, nos ÚLTIMOS). Aqui está.
E, neste caso, e na minha modesta opinião,não me parece que o Estudo apresentado pelo Cor. Morais e Silva desminta ou desmonte a tese do Manuel Rebocho.

Um abraço para todos

José Vermelho

CCAÇ 3520 - Cacine
CCAÇ 6 - Bedanda
CIM - Bolama

mario gualter rodrigues pinto disse...

caros camaradas

Finalmente houve a coragem de publicar o livro da tese do camarada Rebocho.

Em nome da imparcialidade era necessário fazê-lo, pois a publicação do estudo do Sr. Coronel Morais da Silva em constetação à tese do camarada Rebocho, não era a meu ver por si, só explicito em prol de ambas as partes.

É necessário ler o seu livro, para compreender o que levou o Sr. Coronel Morais da Silva a fazer o seu estudo.

Não posso concordar com o camarada António Graça de Abreu, pois que será deste nosso País se deixar-mos de confiar nas nossas Universidades.

Será que um parecer pessoal têm mais valor que um Júri Catedrático de uma Universidade Portuguesa.

Para terminar quero só lembrar que a tese do camarada Rebocho, defendida na Universidade de Évora foi aprovada com destinção


Um abraço

Mário pinto

antonio graça de abreu disse...

Creio que será a minha última referência ao livro e teses
do Manuel Rebocho.
Já disse tudo o que tinha a dizer no post 5275, que mereceu 21 eslarecedores comentários, a 14 e 15 de Novembro de 2009, inclusive um meu, que copio:

"Registo as palavras do José Eduardo Oliveira sobre os seus dois comandantes, oficiais do Quadro Permanente "dois grandes chefes sempre presentes quando era preciso junto dos seus homens".
Outras companhias e batalhões tiveram certamente oficiais do quadro permanente com outro comportamento.
Dos oficiais do QP que conheci na Guiné, com quem lidei no meu CAOP 1, o mesmo dos três majores barbaramente assassinados no mato, entre Pelundo e Jolmete, em 1970,desses oficiais, digo, em Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, posso assegurar que quase todos foram militares
que honraram a sua opção e escolha de vida. Eis alguns nomes:
Coronel pára-quedista Rafael Ferreira Durão, coronel pára-quedista João Curado Leitão, ten. cor, Herdade, majores Barroco, João Pimentel da Fonseca, Mário Malaquias , Nelson de Matos, capitão Borges. Todos do
quadro permanente. Não estavam no ar condicionado em Bissau, nem fujiam às suas responsabilidades.
Também trabalhei em Cufar com um ten.coronel que pertencia ao grupo, extremamente minoritário, creio, de que o nosso Manuel
Rebocho não gosta. É o ten.cor.B., no meu Diário da Guiné.
Não me interessam polémicas, mas temos de ser justos. Apenas isto.
Um abraço,
António Graça de Abreu


Aos camaradas Vermelho e Pinto

1-Claro que a análise do conteúdo de um livro depende dos olhos de quem o lê. O problema é o conteúdo.

2-Dei aulas em duas universidades portuguesas, Universidade Nova de Lisboa, no seu Instituto de Estudos Asiáticos e no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, no seu Centro de Estudos Chineses.
Será bom confiarmos nas nossas universidades. Também será bom desconfiarmos das nossas universidades. Nem tudo o que parece luzir é oiro, ainda por aí muito pechisbeque à solta, até universitário.

Abraço,

António Graça de Abreu

antonio graça de abreu disse...

Creio que será a minha última referência ao livro e teses
do Manuel Rebocho.
Já disse tudo o que tinha a dizer no post 5275, que mereceu 21 eslarecedores comentários, a 14 e 15 de Novembro de 2009, inclusive um meu, que copio:

"Registo as palavras do José Eduardo Oliveira sobre os seus dois comandantes, oficiais do Quadro Permanente "dois grandes chefes sempre presentes quando era preciso junto dos seus homens".
Outras companhias e batalhões tiveram certamente oficiais do quadro permanente com outro comportamento.
Dos oficiais do QP que conheci na Guiné, com quem lidei no meu CAOP 1, o mesmo dos três majores barbaramente assassinados no mato, entre Pelundo e Jolmete, em 1970,desses oficiais, digo, em Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, posso assegurar que quase todos foram militares
que honraram a sua opção e escolha de vida. Eis alguns nomes:
Coronel pára-quedista Rafael Ferreira Durão, coronel pára-quedista João Curado Leitão, ten. cor, Herdade, majores Barroco, João Pimentel da Fonseca, Mário Malaquias , Nelson de Matos, capitão Borges. Todos do
quadro permanente. Não estavam no ar condicionado em Bissau, nem fujiam às suas responsabilidades.
Também trabalhei em Cufar com um ten.coronel que pertencia ao grupo, extremamente minoritário, creio, de que o nosso Manuel
Rebocho não gosta. É o ten.cor.B., no meu Diário da Guiné.
Não me interessam polémicas, mas temos de ser justos. Apenas isto.
Um abraço,
António Graça de Abreu


Aos camaradas Vermelho e Pinto

1-Claro que a análise do conteúdo de um livro depende dos olhos de quem o lê. O problema é o conteúdo.

2-Dei aulas em duas universidades portuguesas, Universidade Nova de Lisboa, no seu Instituto de Estudos Asiáticos e no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, no seu Centro de Estudos Chineses.
Será bom confiarmos nas nossas universidades. Também será bom desconfiarmos das nossas universidades. Nem tudo o que parece luzir é oiro, ainda por aí muito pechisbeque à solta, até universitário.

Abraço,

António Graça de Abreu

Luís Graça disse...

Republicação, neste espaço de comentários, de Nota de Luís Graça, editor principal do blogue:


De férias, esperando um Agosto calmo como as águas da enseada da minha Praia do Paimogo ou suave como a brisa que sopra no planalto das Cesaredas, nos pedrogosos caminhos calcorreados por Pedro e Inês entre Moledo e Serra d'El-Rei, protagonistas da mais trágica paixão de amor da nossa história, sou surprendido com o início de uma mais uma polémica bloguística, em que dois antigos camaradas da Guiné (o Manuel Rebocho e o Morais da Silva) já estão a ser utilizados, de novo, como armas de arremesso em guerras que não são as do nosso blogue e para eventuais ajustes de contas que não são da nossa conta.


Comecemos por esclarecer a decisão do editor de serviço, Eduardo Magalhães Ribeiro (EMR), ao publicar este poste. Diz ele que que o nosso camarada Manuel Rebocho, membro de longa data da nossa Tabanca Grande, "cedeu ao nosso blogue a publicação do seu livro 'Elites Militares e a Guerra de África', o que muito agradecemnos em nome dos editores e demais camaradas"... E logo a seguir escreve: "A publicação iniciar-se-á, no presente poste, com o currículo pessoal, os agradecimentos, a constituição do livro, nota do autor e prefácio" (...).


Acontece que eu não tenho conhecimento da mensagem do Manuel Rebocho (que pode ter sido enviada por mail apenas para a caixa do correio do EMR) e, portanto, não posso avaliar os termos e as comdições em que ele autoriza a (re)publicação do seu livro... Como eu sou, legalmente, o responsável do blogue, e esta alegada cedência de direitos de autor tem implicações legais, tenho que esclarecer algumas questões prévias: a) o detentor dos direitos de publicação não é (ou não é apenas) o Manuel Godinho Rebocho: b) o livro foi publicado pela Editora Roma, que tem direitos legais sobre a obra; c) sem uma autorização expressa, por escrito, da Editora Roma, não podemos reproduzir, no nosso blogue, a obra que, de resto, tem mais de 500 páginas (com anexos).

(Continua)

Luís Graça disse...

(Continuação)

Por outro lado, por muita estima que eu tenha pelo camarada Manuel Rebocho (e meu confrade da academia) (como tenho por todos os membros deste blogue, meus camaradas da Guiné), não posso compromerter-me a publicar a obra na "íntegra"... Não faz sentido, por várias razões: a) o nosso blogue publica, de preferência, inéditos (o que não é o caso); b) o livro é um trabalho académico, resulta de uma tese de doutoramento em sociologia, a parte teórico-metodológica (Cap I, pp. 45-85) só pode interessar uma público mais restrito; c) Apenas o Cap III (A guerra de África e o desempenho das elites militares, pp. 220-375) tem mais directamente a ver com o 'core business' do nosso blogue; d) Tal não quer dizer que o Cap II (A formação base das elites militares, pp. 87-213) não seja importante para o debate oficiais QP/Milicianos; e) Quanto ao Cap IV (As elites militares no pós-marcelismo, pp. 375-440), é matéria que extravasa, em muito, o âmbito do nosso blogue; f) Por fim, e não menos, importante a publicação integral do livro "Elites Militares e a Guerra de África" teria um efeito de "Caixa de Pandora": de futuro, ficaríamos comprometidos a reproduzir, no blogue, todos os livros de todos os nossos camaradas, escritores, o que não me parece razoável e, sobretudo, significaria a morte (já tantas vezes anunciada...) do nosso blogue que deve ser de todos e para todos...

O livro do nosso camarada Manuel Rebocho pode e deve merecer um lugar de destaque na literatura da guerra colonial, no domínio das obras de ensaio, de investigação académica ou outra. Como aliás, já teve, na devida altura, na sessão de lançamento do livro. Eu próprio me comprometi a fazer uma recensão crítica do livro, prometida para as leituras de férias... Terei então a oportunidade, agora em Agosto,. de usar excertos, mais extensos, da obra, em nosso poder, em suporte digital... A publicação, não das 500 páginas, mas de algumas das partes mais significativas da obra, terá que ser negociada e acordada por mim, com o autor (e com o EDITOR!!!, uma vez que não se trata de uma edição de autor).

Falei com o EMR, também a caminho de férias, na Nazaré ("onde vai pôr ao sol o bacalhau"), procurando esclarecer alguns destes pontos... Ele próprio já me tinha tentado contactar, em vão, para me dar conta desta oferta, generosa, do nosso camarada, e da sua iniciativa (dele, EMR), algo prematura, de "iniciar a publicação de uma obra", correndo (sem se dar conta) do risco de clara violação da lei sobre proprieddae intelectual. Fê-lo, como sempre, com a melhor das intenções de assegurar o pluralismo do blogue e de colmatar alguma falta de materiais nesta altura do ano...

Com votos de boa continuação de férias para os nossos leitores, colaboradores e editores. Cuidado com o stresse térmico! Luís Graça (Lourinhã, 1 de Agosto de 2010, 16h30).

Anónimo disse...

Mas o livro será mesmo publicado na íntegra aqui no blogue? Constituirá, por certo, a maior série do blogue, pois cada poste, para ser legível, provavelmente não ultrapassará as duas páginas do livro.
De qualquer modo, destaque-se a generosidade do autor e da editora.
Saltarei os postes, pois tenho o livro e li o que me interessava e algumas outras coisas.

Abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Desculpa, Luís, o comentário. Não tinha lido o que escreveste, pois o "contador de comentários" apresentava 5, ou seja,os existentes antes de colocares os teus. Ficam se efeito as minhas perplexidades.
Abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Caro Amigo e Camarada Graca de Abreu. Creio que...concordamos em discordar. Em comentário anterior,factos circunstanciais que nada terao a ver com o assunto apresentado no livro,sao usados como argumentos de análises subjectivas.E,subjectivismos sao sempre...subjectivismos. "...está muito marcado pela politizacao radical e os movientos a que aderiu no pós 25 de Abril,que desembocaram no 25 de Novembro...".Muitos outros dos Quadros Permanentes,Milicianos e Civis,neste mesmo período,aderiram a movimentos que se estendiam desde o ELP a outros agrupamentos que,também..."desembocaram no 25 de Novembro...".Estarao todos "desclassificados" de opinar em teses das mais dísparas? Por absurdo,será o que hoje escreve,ou diz,o Sr.Dr.Durao Barroso,julgado à luz "da politizacao radical e dos movimentos a que aderiu em tao distantes tempos? Mas creio nao ser esta a problemática exposta no livro em debate. Um grande abraco.

Anónimo disse...

Meu Amigo António Graça de Abreu,
Como diz o Zé Belo, é o destino, normalmente desacordamos. Mas não vem mal ao mundo.
No entanto, deixa-me referir, assim, a talhe de foice:
O teu comentário a propósito da eventual publicação da tese do Manuel Rebocho, que a desvaloriza e deprecia, parece denunciar que não leste a obra. Para esta desconfiança estribo-me nas seguintes questões:
1 - Dizes: ..."o livro é polémico, com teses que já foram desmontadas e devidamente explicitadas, por exemplo pelo cor. Morais da Silva"... Na verdade, é a tua opinião contra a minha. O "estudo" do Senhor Coronel pode fornecer elementos para estudos diversos que respeitem à utilização de capitães comandantes de companhias de combate, e à correlação entre oriundos do QP e Milicianos.
Da maneira como foi apresentado, apenas corrobora a parte da tese que se dedica àquele cotejo, porque eu não devo ler uma coisa, e "interpretar" o seu contrário. E acho que só tendencialmente (ou por teimosia) se faz. Além de que a tese apresenta, para esse cotejo, muitos outros recursos;
2 - Quanto ao nº. de capitães mortos na Guiné, acho que este argumento é um equívoco para a matéria em apreço. Então, e a percentagem comparada de mortos em combate, entre capitães, sargentos e praças? Existe? Que conclusões se podem tirar?Vamos distinguir entre os mortos em combate, os que foram vítimas de engenhos, flagelações, progressões e emboscadas, ou essa preocupação será desnecessária?
Acho que esta alusão não pode provar nada, e até permitiria extrapolar-se, que os milicianos estariam melhor preparados, ou arriscariam menos, e outras coisas tontas;
3 - O argumento de que os oficiais do QP ao fim de duas comissões procurassem lugares mais sossegados na rectaguarda, não colhe, porque a tua referência, parece, é o número de capitães comandantes de companhias dee combate, e, nesse âmbito, o desequilibrio entre os do QP e os Milicianos acentuou-se, sem que o Senhor Coronel Morais da Silva tenha conhecimento cabal da origem do desequilibrio (morreram, foram promovidos, estariam de baixa, etc.);
4 - A consideração que fazes do M.Rebocho, como marcado pela politização radical, é apenas deselegante, pois em lado algum ele ele confessa preferência política (pelo menos, da leitura não me ocorre), o que não seria grave nem redundante, pois são vários os casos de extremistas daquele tempo, que hoje se distinguem nos centros da política, ou na investigação da cultura sinóloga;
5 - "Alguém já disse que o seu livro... não honrou a universidade portuguesa". Quem foi que disse? Tiveste o cuidado de averiguar as circunstâncias em que a frase foi proferida e divulgada? É que, se ali encontras fundamento para a opinião que denigre, parece que revelas preconceito.
Já agora, adianto que o ex-comandante do COP-1, Rafael Durão, por quem o M.Rebocho denota reconhecimento de qualidades militares, presta um testemunho importante para a compreensão do resultado da tese.
Um grande abraço
JD

Anónimo disse...

Meu Amigo António Graça de Abreu,
Como diz o Zé Belo, é o destino, normalmente desacordamos. Mas não vem mal ao mundo.
No entanto, deixa-me referir, assim, a talhe de foice:
O teu comentário a propósito da eventual publicação da tese do Manuel Rebocho, que a desvaloriza e deprecia, parece denunciar que não leste a obra. Para esta desconfiança estribo-me nas seguintes questões:
1 - Dizes: ..."o livro é polémico, com teses que já foram desmontadas e devidamente explicitadas, por exemplo pelo cor. Morais da Silva"... Na verdade, é a tua opinião contra a minha. O "estudo" do Senhor Coronel pode fornecer elementos para estudos diversos que respeitem à utilização de capitães comandantes de companhias de combate, e à correlação entre oriundos do QP e Milicianos.
Da maneira como foi apresentado, apenas corrobora a parte da tese que se dedica àquele cotejo, porque eu não devo ler uma coisa, e "interpretar" o seu contrário. E acho que só tendencialmente (ou por teimosia) se faz. Além de que a tese apresenta, para esse cotejo, muitos outros recursos;
2 - Quanto ao nº. de capitães mortos na Guiné, acho que este argumento é um equívoco para a matéria em apreço. Então, e a percentagem comparada de mortos em combate, entre capitães, sargentos e praças? Existe? Que conclusões se podem tirar?Vamos distinguir entre os mortos em combate, os que foram vítimas de engenhos, flagelações, progressões e emboscadas, ou essa preocupação será desnecessária?
Acho que esta alusão não pode provar nada, e até permitiria extrapolar-se, que os milicianos estariam melhor preparados, ou arriscariam menos, e outras coisas tontas;
3 - O argumento de que os oficiais do QP ao fim de duas comissões procurassem lugares mais sossegados na rectaguarda, não colhe, porque a tua referência, parece, é o número de capitães comandantes de companhias dee combate, e, nesse âmbito, o desequilibrio entre os do QP e os Milicianos acentuou-se, sem que o Senhor Coronel Morais da Silva tenha conhecimento cabal da origem do desequilibrio (morreram, foram promovidos, estariam de baixa, etc.);
4 - A consideração que fazes do M.Rebocho, como marcado pela politização radical, é apenas deselegante, pois em lado algum ele ele confessa preferência política (pelo menos, da leitura não me ocorre), o que não seria grave nem redundante, pois são vários os casos de extremistas daquele tempo, que hoje se distinguem nos centros da política, ou na investigação da cultura sinóloga;
5 - "Alguém já disse que o seu livro... não honrou a universidade portuguesa". Quem foi que disse? Tiveste o cuidado de averiguar as circunstâncias em que a frase foi proferida e divulgada? É que, se ali encontras fundamento para a opinião que denigre, parece que revelas preconceito.
Já agora, adianto que o ex-comandante do COP-1, Rafael Durão, por quem o M.Rebocho denota reconhecimento de qualidades militares, presta um testemunho importante para a compreensão do resultado da tese.
Um grande abraço
JD

Carlos Silva disse...

Sem comentários…
Pois já os fiz em devido tempo, sobre este tema e como tal não vou perder tempo a tecer novas opiniões sobre o mesmo.
Contudo, quero expressar o meu acordo em parte, com a opinião do nosso camarada Luís Graça, Editor do Blogue, com algumas questões e reservas que coloca quanto à publicação na integra do conteúdo do livro, designadamente relativas a matérias que nada têm a haver com o Blogue e outras que ele muito bem fundamentou para a sua não publicação, mas principalmente com uma que se refere aos direitos de autor e à autorização da editora, sendo portanto, da sua exclusiva responsabilidade a publicação caso não tenha autorização para tal, mas isso, será um problema do Luís.
No entanto, independentemente, de autorização ou não, na minha modéstia opinião, caso optem pela publicação do livro, o nosso camarada Luís está a discriminar os outros camaradas escritores sobre temas concretos relativos à guerra na Guiné, bem como a dar um demasiado protagonismo ao autor e ao livro em causa e caso seja autorizado pela editora a publicar e o venha a fazer, o Blogue passa a ter fins publicitários, permitindo assim dar uma preponderância excessiva a um livro que também tenho e autografado pelo autor no dia do seu lançamento e que tem o valor que tem, mas com tal postura com certeza que para além de dar maior protagonismo ao autor, com certeza o Blogue está a contribuir para os lucros da editora.
Enfim, haveria muitos mais fundamentos a invocar sobre esta situação, mas não vou alongar-me mais e quem quiser que tire as ilações necessárias.
Há, já agora, acresce lembrar, que em Maio, quando pedi para publicar a convocatória do almoço do meu Batalhão, a qual continha uma parte a pedir para a malta indicar os 0,5% do IRS a favor da nossa Associação Ajuda Amiga, sobejamente conhecida pela ajuda humanitária que presta e que não prossegue fins lucrativos, essa parte não foi publicada com o fundamento de que não cabia no âmbito do Blogue [dois pesos e duas medidas] e só posteriormente e devido a uma 2ª intervenção em que invoquei ser um acto discriminatório, porquanto, publicitam em permanência o caso de pedidos de apoio pelos nossos camaradas da Tabanca de Matosinhos, o que para mim é de louvar, na medida em que, não há concorrência e nem prosseguem fins lucrativos e fazemos parte do mesmo barco, só após consulta e autorização do nosso Camarada e Editor é que foi publicada essa 2ª parte.
Ora, em minha modéstia opinião, as nossas iniciativas e acções que levamos a cabo para ajudar o povo da Guiné, que aqui tanto se invoca, merecem muito mais protagonismo do que n …. Livros, que com todo o respeito, o nosso camarada Rebocho possa escrever e a sua editora publicar.
Agora tirem as ilações que bem entenderem.
Um abraço amigo
Carlos Silva
Ex-Fur Mil CCaç 2548/Bat Caç 2879

Anónimo disse...

Toca a ler o P5275 do António Graça Abreu para não andarmos aqui a dar tiros nos pés.
A tese citada diz, preto no branco: "Os Oficiais do QP fugiram da guerra". Os números desmentem-no!A universidade aceitou sem prova.
Que concluir?
Saudações
Barata

jpscandeias disse...

Em 72 e até 74 os oficiais do QP na sua grande maioria abdicaram da missão que lhes tinha sido confiada, estabilizaram-se financeiramente e queriam usufruir desse bem-estar e começaram a ficar incomodados pelo facto de o não poderem fazer. Já tinham o BMW 1602, o apartamento, estavam na casa dos quarenta e tal não viam fim à vista para o conflito. Em Cabuca o capitão era do QP e era o protótipo da realidade que referi, na 12, e aí piava mais fino, era miliciano, em Bolama de tudo, mas quase ali a guerra não contava. Havia alferes e sargentos, pouco operacionais, com as esposas e pessoal que tinha ando pela mata, era uma miscelânea, seria interessante saber como lá se chegava, qual o método, que exigência, prémio, castigo, acaso. Eu e mais alguns viemos das Companhias africanas, outros directamete do continente. Mas uma coisa recordo, capitão miliciano não havia por lá. Podemos, hoje, fazer muitos estudos mestrados, doutoramentos, dourar a pilula, reinventar a história, mas a verdade é que o jogo estava viciado à partida já se sabia o resultado a vitória política do PAIGC. Era apenas uma questão de tempo. Não era no teatro operacional que se iria decidir, por isso seria pouco significante se estivéssemos melhor treinados, melhores armados, mais motivados, com mais QP ou menos, nada disso iria alterar o que já estava decidido.