quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7524: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (26): Ano Velho, Ano Novo (Joaquim Mexia Alves)


1. O nosso camarigo Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, enviou em 22 de Dezembro de 2010 a seguinte mensagem de Ano Novo:

ANO VELHO, ANO NOVO

Meus camarigos

É fim de ano e começo de um Novo Ano, logicamente.

Olho para a nossa Tabanca Grande, leio-a, e… já não sei o que dizer!

Este fim de ano foi um “não acabar” de respostas e contra respostas, de polémicas e quezílias, a maior parte, (que me desculpem os intervenientes), sem grande sentido.

Multiplicam-se as “picardias”, os ditos “encapotados”, os “desditos” disfarçados, que acabam num ambiente de cortar à faca.

Claro que eu, (e quem sou eu para querer alguma coisa), não queria uma Tabanca, onde todos sentados à volta do poilão, fossem acenando afirmativamente com a cabeça, quando alguém diz alguma coisa de sua justiça.

Mas queria que, sentados na mesma Tabanca à volta do tal poilão, fossemos capazes de acordar, quando é caso de acordar e de discordar, quando é caso de discordar, mas tudo com principio, meio e fim, e sobretudo, que este fim fosse sempre o de melhorar, construir, unir, em vez de piorar, demolir e dividir, pois para isso chegam bem alguns “out siders” que por aqui passam de quando em vez, tentado lançar a cizânia.

Posto isto, começo logo por humildemente pedir desculpa por todas as vezes que me deixei levar pela irritação em vez do bom senso e respondi a alguém com mais pedras na mão, do que com a colher de pedreiro, para assim construir alguma coisa de útil e bom para todos nós.

É que, meus camarigos, volto a repetir, a nossa desunião é a fraqueza das nossas exigências à Nação, sobretudo para aqueles de entre nós que ainda hoje sofrem diariamente na pele, e na bolsa, os tempos passados na Guiné.

E existem verdadeiramente razões para estas picardias que muitas vezes roçam o insulto fácil?

Não, eu acho que não!

Há razões para discordarmos em certos assuntos, sem dúvida!

Mas muito mais do que aquilo que nos divide, é aquilo que nos une.

A verdade é que a união acontece muito mais na adversidade, do que na facilidade, e de adversidade nós somos peritos.

Eu sou da direita e tu és da esquerda, (o que quer que isso seja), com certeza, mas na Guiné defendemo-nos uns aos outros sem cuidarmos de saber o que éramos ou não, politicamente.

Muitas vezes, meus camarigos, interpretamos as palavras escritas pelos outros à nossa maneira, sem fazermos um esforço para percebermos se é isso mesmo que o outro quer dizer, apenas para termos argumentos para contestarmos e abrirmos polémica, onde ela provavelmente não existia.

E volta e meia, meus camarigos, há comentários e textos de uma tal densidade de conceitos e trocadilhos, que só com um dicionário ao lado é possível entender e mesmo assim, corremos o risco de não alcançarmos o que nos queriam dizer.

Somos nós “obrigados” a gostarmos todos uns dos outros por igual?
Guiné 63/74 - P7521: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (25): a nossa Sra. Dra. Cátia Félix

Claro que não, pois cada um tem o seu feitio, as suas ideias, que são sempre melhor recebidas por aqueles que têm o mesmo feitio e as ideias semelhantes.

Agora o que temos é de nos respeitarmos uns aos outros exactamente como gostamos de ser respeitados, e por isso mesmo devemos medir as palavras que escrevemos, que, se para alguns não constituem qualquer problema, para outros podem ser consideradas insultuosas.

Sobretudo quando “fulanizamos”, “pessoalizamos”, os nossos comentários críticos e utilizamos expressões que sabemos bem no nosso íntimo, vão magoar o outro, porque nos aproveitamos de algumas das suas “particularidades”.

E depois… depois apresentamos uma “carinha laroca”, inocentinha, como a dizer:
Quem, eu? Caramba eu não disse nada de mais, nem de ofensivo!

Com isto que aqui escrevo, volto a repetir, que não quero uma Tabanca unânime no pensamento e na prática, mas gostaria de estar numa Tabanca unida na diversidade e construtora de algo bom para nós, (sobretudo aqueles que ainda sofrem), e também que pudesse mostrar aos historiadores, (alguns deles entre aspas), que a história da guerra não é aquela que eles querem ou idealizam, mas aquela que nós fizemos.

Não quero uma “paz podre”, mas sim uma paz activa que se vá fazendo todos os dias nas diferenças e nas parecenças, e sobretudo na camarigagem que nos une por tudo o que passámos e ainda vemos alguns de nós passarem.

Para isto, contem comigo!

Aproveito para lembrar neste momento todos aqueles camarigos que durante este ano partiram desta vida.
Que Deus os receba no seu eterno descanso.

E com todo este paleio quero desejar a todos um Ano Novo cheio das maiores venturas para cada um e suas famílias, ou como dizíamos tantos de nós na Guiné nas mensagens de Natal, um Ano Novo cheio “das maiores propriedades”!

Um abraço forte, camarigo, para todos e para cada um individualmente, lembrando os nossos editores que aturaram durante este ano todas as nossas manias, irritações, tristezas e alegrias.

Monte Real, 29 de Dezembro de 2010
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
29 de dezembro de 2010 >

16 comentários:

José Marcelino Martins disse...

Tambem parati um forte abraço, assim comopara todos e cad um de nós.

Até porque, assim é o meu entendimento, o próximo ano vai ser "barra pesada" e nós poderemos ser o "elo mais fraco".

Anónimo disse...

Subscrevo em absoluto, as palavras sábias do Mexia Alves.

Um grande abraço e um bom 2011 para todos.

Carvalho de Mampatá

manuelmaia disse...

CAMARIGO MEXIA ALVES,


INDUBITAVELMENTE,É BEM MAIOR AQUILO QUE UNE OS ATABANCADOS DO QUE O QUE POSSA DIVIDI-LOS.
CERTAMENTE QUE TODOS,CREIO,TEMOS MOMENTOS DE "PERRICE",DE VITIMIZAÇÃO,DE PROCURA DE VALORIZAÇÃO,DE IMPORTÂNCIA,DE ESPERTEZA SALOIA ATÉ,MAS NÃO TENHO DÚVIDAS QUE LOGO SE SEGUIDA NOS ASSALTA A IDEIA DE QUE PADECEMOS DOS MESMOS MALES,UNS DOS OUTROS,E QUE POR ISSO MESMO TEMOS DE TER O SENTIMENTO DE HUMILDADE PARA RECONHECER OS "ARROUBOS" DE "VERY IMPORTANT PERSON" QUE SENTÍRAMOS E NOS LEVARA AO EXAGERO,AO ATAQUE GRATUITO,AO "TOMA LÁ QUE JÁ ALMOÇASTE" COM QUE BRINDÁRAMOS ALGUÉM...
UM GUINÉU,CARAGO,É FEITO COM A PELE DOS TOMATES,RIJO,HABITUADO A SOFRER,CAPAZ DE PERDOAR,HOMEM NA SUA PLENITUDE,EM SUMA.
ENTERREMOS POIS OS MACHADOS DE GUERRA QUE DE FORMA MAIS NOTADA OU SOFISTICADA ARREMESSÁRAMOS,BRANDÍRAMOS,ALGO IMPENSADAMENTE.
VOLTEMOS A SER TODOS CAMARIGOS,ESTA EXTRAORDINÁRIA EXPRESSÃO QUE EM BOA HORA TE LEMBRASTE DE CRIAR MERCÊ DA FUSÃO,DA OSMOSE, DE CAMARADAS E AMIGOS...
É TEMPO DE TODOS VOLTARMOS A DAR AS MÃOS,VEM AÍ UM ANO DO CARVALHO SEM V...
UM GRANDE ABRAÇO COM VOTOS DE BOA SAÚDE PARA TODOS OS QUE TEIMAM EM RESPIRAR,E O PEDIDO DE RECOLHIMENTO NUM SIMPLES MINUTO DE SILÊNCIO,ESTEJAMOS ONDE ESTIVERMOS,PELOS QUE JÁ PARTIRAM.

manuelmaia

Anónimo disse...

Caros "ermons" desta grande Tabanca.

Se tudo estiver normal, presumo ter sido o "pai" de pedir ao Luís para deixar sair as G3 de quando em vez.

Embora também comentando a quente, julgo que saíram armas mal cuidadas e não limpas.

Pela minha parte me penetêncio.

Mas venha a verdade dos factos e contemos a verdadeira história da Guerra na Guiné. É esse o fim principal deste Blogue.

Tenho esperança que 2011, vai ser mais concordato e verdadeiro.

Para toda a Tabanca do tamanho do Cumbijã, o velho abraço,

Mário Fitas

(Farda amarela e camuflado)

Hélder Valério disse...

Caro 'camarigo' Mexia Alves

Concordo!
É, também, em larga medida, o que por vezes venho clamando...
Assim já não me sinto a fazê-lo no deserto.

Abraços
Hélder S.

Anónimo disse...

Camarigão Mexia Alves
Como alguém já comentou "palavras sábias"...
«Também eu gostaria de estar numa Tabanca unida na diversidade e construtora de algo bom para nós, (sobretudo aqueles que ainda sofrem), e também que pudesse mostrar aos historiadores, (alguns deles entre aspas), que a história da guerra não é aquela que eles querem ou idealizam, mas aquela que nós fizemos.»
Quem fala assim não é gago e tem demonstrado à saciedade que é um dos melhores entre os melhores.
Digo eu...que não sou de intrigas e vivo intensamente a nossa Tabanca Grande.
Votos de final de ano alegre(com letra pequena...).
JERO

Anónimo disse...

Meu querido amigo,
Stº António quando falou aos peixes não disse melhor! Concordo contigo da primeira à última linha. Mais, diria que me “tiraste as palavras da boca”. Assim, com esta clareza e simplicidade prouvera eu saber exprimir-me. Mas pela tarimba que já temos destas coisas, receio que o discurso tenha caído em saco roto. Fica-nos a esperança.
Abraço e Feliz Ano Novo.
Vitor Junqueira

antonio graça de abreu disse...

Porque sou um dos responsáveis pelas ervas daninhas, prometo, a talhe de foice, guardar a minha G 3 de folheta no sótão, lá em cima.

Também porque, ao contrário do que mim diz o Zé Belo, não sou dono de nenhuma verdade absoluta. Ou melhor, a única verdade absoluta que tenho é a certeza de que não tenho nenhuma verdade absoluta.

Forte Abraço, Bom Ano 2011 para todos.

António Graça de Abreu

Manuel Reis disse...

Grande Camarigo Mexia Alves.

Apreciei imenso esta tua mensagem de Ano Novo.

Um bom Ano de 2011 para todos.

Um abraço.

Manuel Reis

Anónimo disse...

Caros Amigos

São de louvar as palavras sábias do nosso senador Mexia Alves, assim como o conjunto dos comentários expressos pelos nossos ilustres tabanqueiros, em resposta à apreensão do nosso estimado camarigo.

É lógico que há elementos no Blogue, que por diversas contingências, tem responsabilidades acrescidas, e como tal por vezes é-lhes exigido, devido á sua craveira, feriar um pouco a emotividade e a paixão com que legitimamente defendem os seus pontos de vista, mas deve haver elevação, sublevando um pouquinho o racional em detrimento do emocional. Todos merecemos respeito, tolerância e compreensão, nesta causa. Cada um de nós, na Guerra, sofreu temporalmente, no seu meio, segundo as suas convicções e razões para a luta, condicionado pelos reflexos da sua humanidade… Cada um viveu e perpetuou a sua experiência com peculiaridade, e é essa singularidade que cada um deve relatar.

Que o Novo Ano nos traga a animosidade da discussão com elevação, tolerância e respeito.

Um Bom Ano de 2011 para todos nós e nossas famílias.

Um abraço e muita saúde

José Corceiro

Anónimo disse...

Camarigo Mexia Alves,

A tua mensagem não vai recolher a unanimidade dos tabanqueiros, mas pelo menos vai proporcionar a um número considerável, onde de incluo, poder dizer, que é assim mesmo, assim é que está certo.

Só por isto já valeu a pena teres tomado a iniciativa.

Aguardemos que 2011, além de algumas coisas ruins, já anunciadas, nos traga também um pouco de paz.

Para isso já estamos a contribuir, com todos estes abraços.

Votos de Feliz Ano 2011.

Manuel Amaro

Anónimo disse...

Abraço!



Jorge Cabral

Anónimo disse...

Com votos que o nosso blog no próximo ano encontre "Praias maravilhosas e estrelas por ver ainda" envio um grande abraco ao meu Amigo Joaquim por ter escrito...verdades verdadeiras. E,sabendo-te Cristäo e Patriota,aqui te envio um resumo...bem resumido. "Assim os antigos marinheiros portugueses, Que temeram,seguindo contudo,o mar grande do Fim,viram afinal,näo monstros nem grandes abismos...Mas praias maravilhosas e estrelas por ver ainda. O que é que os taipais do mundo escondem nas montras de Deus?

Anónimo disse...

Camarigo Mexia Alves.
Faço votos para que TODOS os tabanqueiros guardem na memoria este texto que escreveste,e que nao se voltem a repetir os tristes
relatos que temos visto ultimamente
que me entristecem,pois precisamos
cada ves mais de estar unidos e nao divididos
Um forte abraço para todos os meus camaradas de armas e Feliz Ano Novo

Ze Manel Cancela

Anónimo disse...

Joaquim

Num abraço vai tudo!

Obrigado!

Mário Fitas

Joaquim Mexia Alves disse...

Meus queridos camarigos

Não é costume vir por aqui agradecer as palavras que me dirigem, ou nos dirigem, mas eu hoje sinto-me, felizmente, obrigado a fazê-lo, tal é a bondade e generosidade com que mimoseiam a minha escrita.

E faço-o, não pelas palavras que aqui escreveram, mas pela amizade que de vós senti e que, não tenahm dúvidas é verdadeiramente retribuida por mim.

Costumo dizer que o meu coração escreve mais depressa do que as minhas mãos, e assim que sinto a "coisa" trato logo de a passar ao papel.

Esta "coisa" foi escrita com o coração, acreditem!

Obrigado pela vossa amizade, pelo vosso ombro, pela vossa generosidade, que estendo a todos os camarigos com um grande, forte e camarigo abraço