terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7703: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (4): "Eu servi a minha Pátria. É justo que a minha Pátria reconheça isso" (Cândido J. R. Pimenta)

O autor da petição, o nosso camarigo Inácio Silva (, foto à esquerda, ex-1.º Cabo da CART 2732, Mansabá, 1970/72)

1. Nós já subscrevemos a Petição Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios, para Assembleia da República e Governo. 2178 pessoas (ex-combatentes, seus familiares, seus amigos, seus concidadãos) já subscreveram.  Faltam mais de 1800 assinaturas. Aqui ficam alguns comentários (selecção dos editores)...


Nome
 Comentário

2162
Carlos de Jesus Gouveia Rodrigues
Estive na Guiné 69/70, não tenho Pensão,    mas estou convosco. 
2137
Vitor Hugo Rodrigues Figueiredo
Apoio 100%. Nação que não protege os seus veteranos, não merece qualquer sacrifício de parte os seus cidadãos.
2104
Ana Maria Delgado Martins
Sou filha de um ex-combatente na Guiné - Bissau,   Comp de Caçadores 1589, Fá  e Madina de Boé.
2117
Aurélio Neves de Sousa
A todos os camaradas que serviram a Pátria além fronteiras,  sou solidário no reconhecimento que o Estado Portugês deve aos ex-combatente uma vez que no cumprimento de suas missões revelaram um elevado sentido de Patriotismo e como tal deve ser reconhecido o seu mérito.
2090
Amaro de Oliveira Antonio
Comando de Agrupamento 1980 - Guine, Bafatá 67/68
2047
José Joaquim das Estevas
Combati na Guiné em nome de Portugal. Mereço respeito.

1864
Francisco Martins Moris
O dever de gratidão também deveria fazer parte do código de ética do Estado Português.
1821
Joao Luis dos Reis Moniz
Guiné, 1970-1971-1972...
1728
Candido José Rodrigues Pimenta
Eu servi a minha Pátria. É justo que a minha Pátria reconheça isso.
1686
Manuel gonçalves
Começo a entender que fomos os "mainatos" da pátria.
1638
Francisco Manuel Branco Frutuoso
Guiné.  Guidage, 1969 a 1971.
1611
Carlos Gil Correia Veloso da Veiga
Há sobretudo que dar uma atenção muito especial aos ex-combatentes naturais da ex-colónias e que por lá ficaram, perdendo a nacionalidade portuguesa.
1556
Jorge Morais de Araújo Ribeiro
Consultar legislação similar dos EUA sobre veteranos da Guerra do Vietname.
1509
António Manuel de Lemos Viana Boavida
Cmdte do Pelotão de Morteiros 4581/72 . Entrada em Mafra em 24 Abril de 1972. Guiné desde 1973 a 1974.
1480
Vítor Manuel Sampaio e Melo dos Santos
Sou ex-combatente miliciano e saliento que o País não trata devidamente os seus ex-combatentes como nos países desenvolvidos e até nos países mais pobres como os PALOP, em que existe um Ministério dos Ex-Combatentes.
1447
Pedro Gonçalo Coelho Nunes de Melo
Um povo que não honra quem o serviu, não merece esse nome.
1324
Renato Manuel Laia Epifânio
Presidente do MIL - Movimento Internacional Lusófono.
1320
Manuel Augusto Gordo Correia
"Honrai a Pátria que ela vos Comtempla" era o lema que nos massacrou durante todo o tempo de serviço. Nós honrámos a Pátria e ela não nos comtemplou. É mais que tempo para que se faça justiça. Tenho dito.
1240
António Monteiro Marques
Bendita Pátria que tais filhos tem.
1160
Honorata Jesus Soares Pequeno
Eu,  como mulher do ex-combatente,  é que sei o que as mulheres sofrem com o stress de guerra,  eu tenho um cá em casa.
1034
Filipe Vilhena Lemos Gonçalves
Lembrar ao Estado que os ex-combatentes não foram como voluntários para a guerra do ultramar.

943
Verónica leal
O meu pai quase morreu em 1966 na Guiné, hoje com 66 anos tem muitas mazelas fisicas e psicológicas e nunca recebeu nem recebe nada nem um obrigado...
926
João Alves Gomes
A Pátria deve honrar os seus soldados, a quem lhes pediu todos os sacrifícios incluindo o da vida. Quando isso não acontce, essa Pátria está doente.
919
Carlos Alberto Candido Ferra
Só neste País é que não reconhecem os ex- combatentes. Nos Estados Unidos são tratados como heróis, e com assistência total e boas reformas.
723
Carlos Manuel Alves Coutinho
Peca pelo tardio.
586
Terry Chagas Lino
O meu pai sofreu, e ainda sofre,  por causa da guerra na qual participou.
388
José Alexandre da Silveira Câmara
Fur Mil,  CCaç 3327/BII17, Guiné
305
Manuel Fernando Dias Oliveira
O Carácter de Uma Nação Vê-se Pela Forma Como Trata os Seus Veteranos (Winston Churchill).
137
João Maria Pereira da Costa
Muitos há anos que já mereciam os seus problemas resolvidos. Não esqueço os africanos que tombaram e vivem em condições sub-humanas. No livro «A Última Missão» do ex- Major Pára Calheiros vem a vergonha que assinámos e nos comprometemos. Leiam.

 
Brazão da  madeirense CART 2732 (Mansabá, 1970/72), a que pertenceram, entre outros os nossos camarigos Inácio Silva, Carlos Vinhal e Jorge Picado


2. Texto da petição

Bellum dulce inexpertis
(Bem parece a guerra a quem não vai nela)

Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios.

1. Com a publicação da Lei 9/2002, de 11 de Fevereiro, foi regulado o regime jurídico dos períodos de prestação de serviço militar dos ex-combatentes, para efeitos de aposentação e reforma;

2. A regulamentação a que aquela Lei foi sujeita (Dec.-Lei nº 160/2004, de 2 de Julho), desvirtuou, em absoluto, os seus princípios, designadamente, a fórmula de cálculo do CEP (Complemento Especial de Pensão);

3. O Governo, perante inúmeras reclamações, submeteu à Assembleia da República, a Lei nº 3/2009, de 13 de Janeiro, que regula os benefícios previstos nas Leis n.os 9/2002, de 11 de Fevereiro, e 21/2004, de 5 de Junho e revogou o Dec.-Lei nº 160/2004, de 2 de Julho;

4. Porém, a injustiça manteve-se, não sendo acautelados, como deveriam ter sido, os interesses dos ex-combatentes.

Assim, propõem, à Assembleia da República e ao Governo, o seguinte:

a) Que os complementos especiais de pensão, agora convertidos no suplemento especial de pensão, sejam substituídos pela antecipação da idade da reforma, tendo em conta o tempo de serviço militar prestado em condições especiais de dificuldade ou perigo, até ao máximo de 5 anos;

b) Esta medida é extensiva a todos os ex-combatentes que efectuaram descontos para os subsistemas de Segurança Social, independetemente de estarem ou não reformados;

c) Aos ex-combatentes que recorreram à antecipação da sua reforma, deverá ser feito o recálculo da sua pensão, aplicando-se o regime previsto na alínea a), após a sua aprovação;

d) Aos ex-combatentes já reformados, tendo cumprido o período máximo de descontos para a Segurança Social, será atribuído um complemento adicional à sua pensão, correspondente ao tempo referido na alínea a);

e) Aos ex-combatentes que não se enquadram na al. b) mas que passaram a usufruir do “suplemento especial de pensão”, ser-lhes-á garantido o valor já atribuído;

f) Aos ex-combatentes que optaram por passar à disponibilidade numa das ex-províncias ultramarinas, considerar, para efeitos de reforma, o tempo de serviço aí prestado, ainda que o tenha sido numa empresa privada, a exemplo do que foi considerado para os bancários, advogados, solicitadores e Rádio Marconi.

Quae sunt Caesaris, Caesari
(A César o que é de César)

Os signatários


____________

Nota de L.G.:

7 comentários:

Anónimo disse...

Pátria?qual delas?.A antes ou a de_
pois de Abril?.Se é a de antes,já
não está cá ninguém responsável,por
aquilo que aconteceu e nos aconte_
ceu.Se é a do pós Abril ninguém tem
nada a ver com o que se passou,não é da sua responsabilidade,dirão os
"responsáveis"de agora,até dirão
mais:"fomos"contra a guerra,ajuda_
mos a acabar com ela.Quem lá andou
que se lixe,além de irem contra os
principios das suas Idiologias.Tudo
isto reforçado por muitos de nós, que apesar de terem comido do pão que o diabo amassou, voltaram o"bico ao prego" e também dizem co_
bras e lagartos,para agradarem não
sei a quem?.Vão de romagem como se
de acto de contrição se tratasse,
até África para redimir os seus pe_
cados?.Como é que alguém nos dá
"Crédito"ou nos respeita e admira?
Um País com novecentos anos de
existência,tem vergonha de si e da
sua História,só o resto do mundo é
que é bom;justo e honesto.Cada vez
somos mais hipócritas e nos vedemos
fácilmente.
Anselmo Queiroz.

José Marcelino Martins disse...

Caro Anselmo Queiroz

Não sei quem é, mas não me escuso de lhe dizer:

PÁTRIA, PARA OS PORTUGUESES, SÓ HÁ UMA. ESSA DEFENDEMO-LA NÓS, DESDE OURIQUE ATÉ ÁFRICA.

Também há "vendilhões de muitas verdades". Esses, OU ERAM MUITO NOVOS PARA TEREM IDO A ÁFRICA, OU MUITO VELHOS, PARA QUE OS PAIS LÁ TIVESSEM IDO, ou então estavam a "estudar lá fora".

José Martins
Guiné 1968/1970

Anónimo disse...

Estimado Camarada José Martins,vou
explicar-me melhor.Durante o meu tempo de serviço em África,nas pa_
trulhas ou nas nomadizações,algumas
vezes passamos por cantinas ou en_
trepostos de tabaco.Nos curtos pe_
riodos de descanço naqueles locais,
naturalmente entabulàvamos conversa
com quem ali vivia.Falavasse da vi_
da e da guerra,claro.Mais que uma vez,ouvi esta frase,dita por portu_
gueses brancos.Vocês são os culpa_
dos desta situação,sois os fazedo_
res da guerra.No fim da Comissão,
durante o desfile de despedida, an_
tes do embarque na praça Mouzinho de Albuquerque,alguém gritava, "vão
para casa".Depois de Abril de 74,
quando eu trabalhava na LISNAVE,um
colega de secção,o sr.Oliveira
quando soube que eu era ex-comba_
tente,um dia disse-me:Ah!...você
também foi assassino a soldo?.O sr.
Oliveira nunca foi lá"fora".Algumas
vezes me haviam chamado de Mercená_
rio,mas de assassino a soldo?,doeu
muito,ainda hoje doí.Caro Amigo está a ver as duas Pátrias?qual de_
las tem (teve)mais respeito por si?
Anselmo Queiroz.
Moçambique:Abril 1968-Abril 1970.

José Marcelino Martins disse...

Caro Anselmo Queirós

Fiquei inteirado do contexto.
Na realidade, pelo descrito e por outros relatos que tenho ouvido, há efectivamente duas pátrias.
Infelizmente há muitos "Srs. Oliveiras", que não sabem ou não querem saber o que os soldados passaram em África, para onde foram destacados sem lhes perguntarem se queriam ir.

Temos que transmitir aos vindouros, filhos e netos, que só existe, neste cantinho à beira mar plantado, uma PÁTRIA senão, muito em breve, haverá tantas pátrias como partidos politicos ou, pior, como clubes de futebol.

Abraço fraterno

Anónimo disse...

Ou então fazerem de nós um qualquer
país Africano ou Latino-Americano,
onde haja todos os dias sangrentos
golpes de estado,para o enriqueci_
mento de uns e a satisfação do Ego
de outros.Retribuo o cumprimento.
Obrigado.
Anselmo Queiroz

Anónimo disse...

Só a partir da aprovação da Lei nº 3/2009, de 13 de Janeiro, é que os:
-Bancários (da banca privada)
-Advogados
-Solicitadores
-Radio Marconi

foram considerados ex-combatentes de pleno direito.

É que, até essa data, nem sequer constávamos da "lista".
Alguém se tinha esquecido de nós.

Um abraço para todos

José Vermelho

Anónimo disse...

klkk