quarta-feira, 2 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7884: FAP (62): A morte do Furriel Mil Pil Frederico Vidal e a acção heróica do Alf Mil Pil (?) Pinto da Rocha, numa DO 27, sob os céus de Catió / Cufar, em 24/2/1964 (Virgínio Briote)

1. Mensagem do Virgínio Briote, com data de ontem:


Caro Luis Graça,

Porque foste tu o editor do poste do Frederico Vidal (*), anexo-te a informação que me foi enviada pelo  Gen Pilav [...]  (agradeço que mantenhas reserva da fonte) e que podes acrescentar ao  poste.


Um abraço do
v briote

PS - Anexo uma memória do Frederico escrita pelo Amigo de Família e Capelão FAP Pires de Campos.




Memória do Frederico escrita pelo Amigo de Família e Capelão da FAP Pires de Campos.

 
2.  Informação adicional sobre o Fur Mil Pil Frederico Vidal (1942-1964)

Assunto - A morte do Furriel Frederico Vidal


(...) Estava em execução uma missão de reconhecimento visual, na região de Catió/Cufar, feita em DO 27 sem duplo comando, pilotado pelo Frederico que levava como observador o Alferes Pinto da Rocha.

Em determinada altura o avião foi atingido por fogo de terra tendo atingido o Frederico na cabeça causando-lhe, ao que tudo indicava, morte imediata.



O Alferes, sem comandos do seu lado, e sem conseguir remover o cadáver do seu lugar, pilotou o avião até à Base e aterrou com segurança sem causar qualquer dano à aeronave.


Foi uma situação que demorou cerca de 1 hora de pilotagem, com a mão esquerda, e sem acesso aos travões. Este piloto também já não está entre nós, tendo falecido numa missão de combate a um fogo florestal no verão de 1999.

O Furriel Vidal era de Cascais e encontra-se sepultado, em jazigo da família, no Cemitério dos Prazeres.



Claro que o IN não deu por nada e é por isso que nunca explorou o sucesso e,  dentro das nossas forças, só o pessoal da Base teve conhecimento.

Também voei DO 27 e por isso considero a actuação do piloto observador (aquele que tinha por função orientar e registar os resultados do reconhecimento), como uma acção heróica e única. Todos nós passámos por muitas mas esta é realmente singular.

Malhas que o Império teceu e que felizmente nos Honram (...) (**)
_____________


Notas de L.G.:


(*) Vd. poste de  27 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7873: In Memoriam (71): Fur Mil Av Frederico Manuel Machado Vidal (1943-1964), morto em 24/2 /1964

(**) Último poste da série > 17 de Fevereiro de 2011 >Guiné 63/74 - P7808: FAP (61): Passageiro, de classe única, do Nordatlas, em viagem inolvidável de Bissau até Bafatá, via Nova Lamego, com lançamento de géneros por pára-quedas ao longo do percurso (Mário Miguéis)

21 comentários:

Anónimo disse...

Naquela época, em 64, havia ainda em Bissau poucos aviadores da Força Aérea, como então dizíamos. Muitos eram conhecidos. Este Furriel Vidal era um deles por ser jovem, simpático e deambular muitas vezes pela bandas do Bissau Velho, onde havia muitas moças e o Zé da Amura, O Pireza , para umas ostradas e bifanas e o Café Bento para conversas. Era olhado com admiração por ser aviador. Pouco mais velho do que muitos de nós. Na altura se disse que teria sido atingido por um único tiro de um "canhangulo" e da proeza do seu colega de voo em levar o avião até Bissalanca. Falava-se que era num Cabo Especialista e não um piloto como agora vi. Manuel Amante

Luis Faria disse...

Não percebo nada de pilotagem de avionetas mas,independentemente de o Pinto da Rocha ter conseguido levar a bom termo a viagem naquelas condições em ,que ficou com o azarado colega Frederico, morto ao seu lado,demonstrou um presença de espírito , serenidade e auto-dominio, meu ver de excepção.
Será que tambem foi distinguido?

Luis Faria

Anónimo disse...

De facto, há a informação, no excelente "ultramar.terraweb", do 2.º Sargento Alberto Pinto da Rocha, condecorado com a Cruz de Guerra (sem indicação de classe), em 1965. No site dos Especialistas da AB4 fala-se de um Sarg. Aj. Alberto Pinto da Rocha, que estaria, em 1970, em Negage. Informa-se também que morreu em 1992, num acidente no combate a um fogo. Deve, portanto, ser o mesmo deste feito heróico. Talvez o Senhor General se tenha enganado na indicação do posto.

Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Caros camarigos

Já tinha ficado impressionado com o post anterior com o relato/divulgação do sucedido.
Hoje, com estas informações complementares, não posso deixar de manifestar a minha admiração e respeito por estes nossos camaradas que em situações difíceis foram capazes de grandes feitos.

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Volto para dizer que me parece ser mais um Cabo Especialista que acompanhava o Aviador e que talvez não fosse uma Dornier 27 mas uma Auster. Foi um feito na altura porque se comentava que não era piloto. Mas muitos dos "aviadores" sempre permitiam aos Cabos Especialistas fazer uma mãozinha em voo...Caso fosse uma Dornier teria feito menos tempo de Cufar a Bissalanca. Manuel amante

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... ao veterano Manuel Amante.

O viseense Leonel Costa Barreiros cumpriu serviço na CPM590. Escreveu um diário, que em edição de autor publicou nos idos da década de 90; (ver índice bibliográfico do portal UTW).
Em determinado dia, anotou - no seu "Bissau, entre o amor e a guerra" -, o que no Forte da Amura constou, relativamente à morte de um pilav e ao modo como "um cabo" logrou trazer para Bissalanca o avião e o modo como aquele "aterrou".

Anónimo disse...

Caros amigos e camaradas,

Acho que seria conveniente ficar-se com a informação o mais correcta possível. A única solução será procurar-se nas Ordens da Força Aérea o louvor que deu lugar, no ano de 1965, à Cruz de Guerra atribuída ao (então) 2.º Sargento Alberto Pinto da Rocha.
De facto, as fontes do Ultramar.terraweb para a listagem das condecorações são, para o Exército, as Ordens do Exército e para a Marinha e Força Aérea, o Diário de Notícias, dos meses de Outubro e Novembro de 1997. Não há, para estes dois últimos ramos a indicação da fonte original.
Haverá algum camarada disponível para consultar as ordens da Força Aérea do ano de 1965?
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Convém não esquecer.Havia(há) ver_
sões DO-27,com comando duplo,sendo
o posto de pilotagem no lado bom_
bordo da cabine do aparelho.OS es_
timados Camaradas da FAP,poderão
tirar-nos as dúvidas?.Obrigado.
Alberto Guerreiro.

Anónimo disse...

– «os Dorniers usados no Ultramar não tinham comandos do lado direito [...] Teve de pilotar esticando-se para alcançar o "manche". A parte do contrôle direccional foi mais complicada porque teve de voar com o pé esquerdo no pedal de "rudder" direito. [...] depois de tocar na pista em Bissalanca, perdeu parcialmente o contrôle do avião e fez um chamado "cavalo de pau", felizmente sem consequências [...].
(info de Ronald Neves, ex-alferes 'pilav' no Ultramar)

António Martins Matos disse...

O comentário anterior não está correcto.
O DO-27 3499 tinha comandos de aileron e profundidade em ambos os lugares (o vulgar "manche").
Só tinha travões no lado esquerdo, mas os mesmos só eram necessários em aterragens em pistas curtas e para ... rolar.
Abraços
AMM

Miguel disse...

Recordo-me que os primeiros voos que fiz no DO, na Guiné, foram feitos no 3499, tendo como instrutor o TCor. Brito. Este avião foi uma boa ajuda para os "periquitos" pois, recorde-se, para os pilotos de Fiat este era o 1º contacto que tinham com o DO-27.
Miguel Pessoa

Anónimo disse...

A razão da minha pergunta e o pedi_
do de ajuda a quem sabe, reside no seguinte:Se se tratar do um Dornier
27A(dois "manches"não é verdade?mas
só pedais do lado esquerdo)Se eu
ficar sem acesso ao lugar de pilo_
tagem;se tiver conhecimentos muito
rudimentares do aparelho,não consi_
go fazer-me à pista em segurança?
Estes aparelhos, devido ás suas ca_
racteristicas,se lhes cortar-mos o
gaz,é verdade que podem planar até
aos 40km/h,sem se despenharem?.Sen_
do assim,posso ao fazer a aproxima_
ção à pista,desligar o motor(tocar
o solo é que pode ser o diabo)e o
aparelho parar por si e em poucos
metros,devido à baixa velocidade?
Obrigado.
Alberto Guerreiro.

Anónimo disse...

O DO27 com o nº de cauda 3499, era do modelo A1 ou A3 e foi fornecido pela RFA/Luftwaffe em Julho1964 (v/ 'Aeronaves Militares Portuguesas no Séc XX', de A. Cardoso)

SNogueira

Gil Moutinho disse...

Confirma-se que o DO tinha o nº 3499?
Este era totalmente com duplo comando
Uns tinham e outros não,e caso afirmativo tinham manche e pedais,travões já não me lembro mas subscrevo o que o Matos disse a respeito disso.
Mas parece que não,e aí o piloto observador,com muito sangue frio não tinha muita dificuldade de pilotar até a Base em linha de vôo só com o manche.Seria muito complicado tentar com a perna esquerda controlar o pedal direito do lado esquerdo do DO,pois só podia empurrar e nunca contrariar,ainda agravada mais a situação.Mesmo em condições de vento ideais(perfeitamente alinhado com a pista)era difícil não partir o "estojo" e a cabeça,sem poder usar os pedais,para manter a direção na desacelaração do avião.
A velocidade de aterragem era de cerca de 50 nós(~80 km/h)
Gil Moutinho

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... e que tem a ver o #3499, com o facto ocorrido em 24Fev64?

Era um Dornier "semelhante"? Era aquele mesmo 3499? Era o irmão gémeo?
Isso nada interessa para o apuramento das circunstâncias, em que o acompanhante do malogrado Vidal, logrou fazer regressar da região de Catió à pista de Bissalanca, o DO-27 em que ambos estavam em missão RVis sobre o sector Cufar>Catió... !

António Martins Matos disse...

Nesta história o DO-27 3499 apenas apareceu para exemplificar que, ao contrario do que tinha sido afirmado anteriormente, no Ultramar havia aeronaves com duplo comando.

Anónimo disse...

Segundo pessoa que abordei terá sido uma aeronave Auster. Fazia um voo a baixa altitude em zona in e o avião só teria sido atingido uma única vez. O Acompanhante era um Cabo Especialista que terá continuado na Força Aérea. Muito possivelmente o também malogrado Pinto da Rocha, várias vezes aqui referido. O meu baptismo de voo antes dessa fatídica data foi numa Auster da FA, com duplo comando, pilotado pelo Sarg. Godinho, de Tomar (?), num dia memorável com descolagens e aterragens entre Bubaque, Uno, Carache e sobrevoo de outras ilhas. Em 64 havia escassos DO,s na BA12. Manuel Amante

Anónimo disse...

Referente à missão em que morreu o Fur Pilav Vidal, segundo a declaração de testemunho presencial que obtive junto do Cor Pilav Luís Reis, "a aterragem do DO-27 em Bissau foi feita pelo 2º Sargento Piloto Rocha, (P-2/59) e o avião não tinha duplo comando."
SNogueira

Anónimo disse...

Já em tempos comentei, que o Vidal,
ía muitas vezes a Bedanda, e a meu pedido, sobrevoava, comigo ao lado, as matas e povoações do IN vizinhas, e muitas das vezes com a asa perto das copas das arvores, afim de que eu pudesse lançar granadas, o mais perto do chão possivel, quer em DO quer em Auster, e NUNCA VI NADA
DE COMANDOS DE AVIÃO ENTRE AS M/PERNAS (1964) !
Tantas palavras são gastas e tanto se diz O VIDAL MORREU!!! PAZ Á SUA ALMA !!!!
Rui G dos Santos

Rogerio Cardoso disse...

Quando em Março de 1964 embarquei com destino á Guiné, e por ser grande amigo do pai do malogrado Frederico Vidal, que por sinal tinha o mesmo nome, ouvi palavras de grande carinho e encorajamento, pois a morte do Frederico tinha sido uns dias antes.
Assim disse, sabes Rogério que vais para a guerra, faz o teu melhor, cumpre a tua missão, dignifica o nome de Portugal como fez o meu Frederiquinho, assim tratava o seu querido filho.
Grande PAI foi este senhor Vidal, assim como sua MÃE, o que sofreu também aquela senhora assim como todos os irmãos.
Mas Cascais esqueceu-se de mais um dos seus "filhos", ao contr
ário de Sintra que deu nome a uma artéria de Albarraque, local em que a familia era proprietária de uma quinta.
O municipio de Cascais, segundo eu li num periodico do concelho, punha a concurso o projecto de um monumento aos militares caídos ao serviço da Pátria, e indicava os respectivos nomes, mas mais uma vez se esqueçeram do Furriel P.Av. Frederico Vidal. Eu enviei uma carta a 16.02.2009 denunciando o "esquecimento" acho eu que talvez fosse por razões politicas, e não obtive resposta.
Rogerio Cardoso
Ex-Fu.Mil.Carta643-art645-Aguias Negras

Anónimo disse...

Boa noite,

Diz-me a minha mãe que estas informações estão correctas: "Anónimo disse...

Referente à missão em que morreu o Fur Pilav Vidal, segundo a declaração de testemunho presencial que obtive junto do Cor Pilav Luís Reis, "a aterragem do DO-27 em Bissau foi feita pelo 2º Sargento Piloto Rocha, (P-2/59) e o avião não tinha duplo comando."
SNogueira"

Assim como estas:
"De facto, há a informação, no excelente "ultramar.terraweb", do 2.º Sargento Alberto Pinto da Rocha, condecorado com a Cruz de Guerra (sem indicação de classe), em 1965. No site dos Especialistas da AB4 fala-se de um Sarg. Aj. Alberto Pinto da Rocha, que estaria, em 1970, em Negage. Informa-se também que morreu em 1992, num acidente no combate a um fogo. Deve, portanto, ser o mesmo deste feito heróico. Talvez o Senhor General se tenha enganado na indicação do posto.

Um abraço,
Carlos Cordeiro"

Obrigada pelos comentários
Anabela Rocha (filha do Pinto da Rocha)