domingo, 12 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8409: As mulheres que, afinal, foram à guerra (15): Filme do dia: Quem Vai à Guerra (Diana Andringa)

1. Mensagem da nossa tertuliana Diana Andringa, Jornalista e Cineasta, com data de 11 de Junho de 2011:

Filme do dia: «Quem Vai à Guerra»

O novo documentário de Marta Pessoa apresenta um olhar diferente sobre a Guerra Colonial, focando a atenção não nos soldados mas nas mulheres que por eles ficaram à espera.

 
Depois de mostrar a realidade dos idosos isolados nas casas antigas de Lisboa em «Lisboa Domiciliária», Marta Pessoa foca a atenção do seu novo documentário na Guerra Colonial. A realizadora apresenta assim o seu filme:



«Entre 1961 e 1974, milhares de homens foram mobilizados e enviados para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para combater numa longa e mal assumida guerra colonial. Passados 50 anos desde o seu início,  a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse.
No entanto, quando um país está em guerra, será que fica alguém de fora? «Quem vai à Guerra» é um filme de guerra de uma geração, contada por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra».

Já está online o trailer de «Quem Vai à Guerra», um documentário de Marta Pessoa que incide na Guerra Colonial portuguesa.

No ano em que se assinala o cinquentenário do início da Guerra Colonial (1961-1974) é ainda bastante evidente que a Guerra continua a afectar muito directamente os seus ex-combatentes.  O universo militar que sustenta uma guerra é tradicionalmente dominado por homens. O país que Portugal foi entre 1961 e 1974 era dominado politicamente por homens. Mas terão ficado as mulheres fora desta guerra colonial? Não estão também as mulheres em guerra, mesmo quando esperam?  

As mulheres dos soldados portugueses estiveram na guerra, viveram-na, em forma de receios e palavras escritas em aerogramas censurados, ou na descoberta de terras e modos de vida diferentes, com a urgência e o medo a marcar-lhes o quotidiano. 

Para o grupo de 46 enfermeiras pára-quedistas, únicas mulheres militares, a realidade era a da experiência directa da guerra, dos ataques, das evacuações, das mutilações e mortes dos soldados que ao longo desses 13 anos de guerra socorreram.

Há nestas mulheres uma história da guerra colonial portuguesa.

«Quem Vai à Guerra» recria em estúdio, a partir dos objectos, fotografias e ambientes mais marcantes destas memórias femininas, um espaço de apresentação de testemunhos, onde as mulheres partilham as suas histórias de guerra. 

[Artigo retirado do site www.c7nema.net]

____________

Notas de CV:

- Quem Vai à Guerra estreia nos cinemas no dia 16 de Junho,  nas cidades de:

Lisboa, Cinema Cirty Classic Alvalade
Porto, Zone Lusomundo Mar Shoping
Aveiro, Zon Lusomundo Fórum Aveiro


FICHA TÉCNICA

Realização > Marta Pessoa
Direcção de Fotografia > Inês Carvalho
Cenografia > Rui Francisco
Montagem > Rita Palma
Direcção de Som > Paulo Abelho, João Eleutério e Rodolfo Correia
Maquilhagem > Eva Silva Graça
Marketing e Comunicação > Fátima Santos Filipe
Direcção de Produção > Jacinta Barros
Produtor > Rui Simões
Produção > Real Ficção

- Vd. postes de:

9 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8249: Agenda cultural (122): Sexta feira, 13, estreia, em Lisboa, do documentário Quem vai à guerra, de Marta Pessoa: as histórias do heroísmo (invisível, no feminino) que ficaram por contar

28 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8340: As mulheres que, afinal, foram à guerra (14): Mais de um terço de uma amostra (de conveniência) dos nossos leitores tenciona ver o filme de Marta Pessoa, em breve no circuito comercial

2 comentários:

Anónimo disse...

O que me parece interessante é o facto de muitos dos actuais protagonistas de movimentos de solidariedade com os combatentes(coitadinhos!) e com a guerra 'como facto histórico e social', serem os mesmos que há poucos anos os abominavam.
Além de 'interessante' parece 'vivacidade de alpinista' uma vez que só agora, tarde, cada vez mais escribas e cineastas (com alargamento aos incontornáveis 'televisivos') muitos deles nem sabendo do que falam, embora abordando a questão de perto, se dedicam em reptidos 'encontros' de mundanice volúvel e a loas e panegíricos que nós, ex-combatentes das Forças Armadas Portuguesas, dispensariamos -muit'obrigado!- pois bem se vê que o intuito não é louvar nem promover mas sim louvar-se e promover-se, cada um, a si, fazendo pela vidinha curta e pequenina.

SNogueira

Anónimo disse...

Caro SNogueira,

Julgo compreender o seu sentir sobre esta matéria.

Na verdade os antigos combatentes foram esquecidos e muitas vezes ultrajados na sua honra pessoal e militar por dois pecados que, para alguns, talvez demasiados, cometeram na vida: amar e defender Portugal, independentemente do seu sentir sobre a guerra.

Pelos sacrifícios prestados enquanto pecadores os antigos combatentes apenas pediram e pedem o respeito da nação. É justo!

Hoje é melhor que alguns falem de nós, bem, mesmo que os seus sentimentos nem sempre sejam tão altruístas como gostaríamos que o fossem.

Um dia, tenho a certeza, esses nobres sentimentos humanos virão ao de cima em toda a sua plenitude.

Hoje são cada vez mais as flores depositadas nos monumentos aos combatentes do ultramar, que aos poucos se vão espalhando pelo país. Portugal está a mudar.

São visíveis bem visíveis alguns sinais da reconciliação. Deixemos a todos os portugueses esse dever.

Cumprimentos,
José Câmara