quinta-feira, 16 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8430: As mulheres que, afinal, foram à guerra (17): Um filme dentro do filme, a aventura das primeiras mulheres de armas... as enfermeiras pára-quedistas


Maria Arminda Santos > s/l, s/d  


Rosa Serra  > s/l, s/d [Possivelmente, na Guiné, entre os balantas]



Maria Arminda Santos e Maria Ivone  Reis (do  lado direito) > "1ª Missão a Angola. Partida da Portela a 22/8/1961"... Ambas conheceram bem a Guiné... A Maria Arminda faz parte desta grande família virtual que se senta debaixo do poilão da Tabanca Grande... A Ivone Reis, infelizmente, está doente...



Cristina Silva > s/l, s/d [Moçambique, c. 1967]


Cristina Silva > s/l, s/d [Moçambique, c. 1967] [A única enfermeira pára-quedista que foi ferida em combate; ainda não integra a nossa Tabanca Grande, por falta de zelo apostólico e agressividade proselitista do nosso missionário... Miguel Pessoa]




Giselda Antunes (hoje, Pessoa, por casamento, em Outubro de 1974, com o Ten Pilav Miguel Pessoa) > s/l, s/d  [Esteve na Guiné, em 1972/74, e a sua história dava um romance... ou um filme]


Natércia Neves e Cristina Silva > s/l, s/d [ Possivelmente Moçambique, c. 1967]

Natércia Neves  > s/l, s/d


Júlia Lemos > s/l, s/d


Júlia Lemos > s/l, s/d

Rosa Serra  > s/l, s/d ]Esteve nos 3 teatros de operações em 
África; esteve no BCP 12, na Guin+e, em 1969]


Rosa Serra  > s/l, s/d [, Ela própria reconhece no filme quão importante era, ao fim da tarde, terminado o dia e o serviço, vestir-se à civil e assumir-se como uma rapariga do seu tempo]



Imagens de algumas nossas camaradas de armas, enfermeiras pára-quedistas em diferentes épocas e teatros de operações... Com excepão da Ivone Reis, integram o elenco do filme Cristina Silva, Giselda Pessoa, Maria Arminda Santos, Natércia Neves, Rosa Serra, Júlia Lemos, a Aura Teles e a Ercília Pedro... A Aura Rico Teles passou a integrar, muito recentemente, a nossa Tabanca Grande; esteve na Guiné por três vezes (1965, 1968, 1971, Se considerarmos as que estão vivas, e em boa forma, a Tabanca Grande alberga 10% do total... o que faz das enfermeiras pára-quedistas o corpo militar que está mais (e talvez melhor) representado...


Fotos: Marta Pessoa / Quem Vai à Guerra (Facebook) (2011) (Reproduzido com a devida vénia...)


____________

Nota do editor:

Último poste da série > 16 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8429: As mulheres que, afinal, foram à guerra (16): Em dia de estreia do filme Quem Vai à Guerra, em Lisboa, Porto e Aveiro: Pequenas histórias da História com H grande (Marta Pessoa / Clementina Rebanda / José Martins)

8 comentários:

Anónimo disse...

... que, há dez dias, completaram-se 50 anos sobre o início, em Tancos, do 1º Curso de Enfermerias Pára-quedistas.
As melhores felicitações às veteranas!

JCAS

Luís Graça disse...

Interessante a crítica a este filme, que vem na visão 'on line'
sob o título "Quem vai à guerra, de Marta Pessoa: Quem vai à guerra... e quem por cá fica"

Aqui se reproduz com a devida vénia ao artigo (não assinado):

___________

Dos mortos ninguém falava. Recentemente, cruzei-me com uma edição antiga da Paris Match, que a camarada de redação Maria João Martins me mostrou, que além de inúmeros pontos de interesses para a história dos costumes dos anos 60, tinha uma reportagem que valia a pena guardar. Falava dos funerais dos combatentes portugueses em África, momentos de grande sofrimento, que a imprensa portuguesa não cobria, porque a censura não deixava. Ali se viam as mães que choraram, os filhos que em vão rezaram, as noivas que ficaram por casar (para quê... não se percebe bem). Lágrimas e trajes negros, ssobretudo as mulheres. Aquelas que, por tradição ou menor aptidão física, não vão à guerra, mas nem por isso deixam de sofrer.
Marta Pessoa, a autora de Lisboa Domiciliária, faz agora um trabalho de fundo sobre o papel das mulheres durante a Guerra Colonial, que ironicamente se chama Quem vai à Guerra, como que deixando claro que ao lado da guerra que quem combate no campo, há uma outra tendencialmente silenciosas, mas também sofrida. Marta Pessoa dá voz a estas mulheres, edificando o seu papel sofrido e as mazelas sobretudo psicológicas. E faz isto cercando o tema, metodologicamente, como que dividindo os exemplos por grupos, socorrendo-se sobretudo de depoimentos, fotografias e das raras filmagens da época
Assim, o primeiro ponto são as mulheres que realmente ficaram na metrópole... As mães e as namoradas que viram os seus homens partir, numa despedida de lenços brancos que se acenava até ao fio do horizonte... a elas restava esperar, nada mais do que esperar, às vezes até nunca. Em paralelo, as mulheres que foram, que ficaram nos postos de retaguarda, nas cidades e vilas de África, para estarem mais próximas dos seus maridos. E que sofreram uma mudança radical de vida. Uma compara a experiência na Guiné com uma prisão, uma pena que se tem de cumprir com sacrifício. Depois há as madrinhas de guerra, aquelas que se correspondiam com soldados, para lhes dar ânimo, num esforço diário. E também as enfermeiras paraquedistas que, por si só, mereciam um documentário à parte, que arriscaram a vida em cenário de guerra, entre homens, no tempo de brandos e bons costumes, em que a sua missão nem sempre era moralmente bem vista.
Nada disto acabou com o 25 de Abril, nem o choro das viúvas, nem os traumas dos soldados,. Com a deposição das armas houve uma outra guerra que começou: a dos homens consigo próprios, a do stress pós-traumático, elevado por vezes ao limite da loucura, E, claro, porque é esse o ângulo do filme, as mulheres, que heroicamente resistiram e continuaram a lidar com estes homens radicalmente diferentes daqueles que partiram.
Apesar do uso de fotografias, Marta Pessoa afastou-se do 48, de Susana Dias, filme cuja genialidade assombra qualquer outro. Tentou de alguma forma combater a falta de dinamismo dos depoimentos envolvendo-os em cenários artificiais, ou seja, fabricados justamente para o propósito. Mas sobretudo esta perspetiva feminina da guerra colonial contribui para a ampliação de um dos mais marcantes temas da nossa história recente, como que alargando o seu âmbito a toda a sociedade, até hoje, muito para além do facto em si. Porque as balas perdias podem atingir qualquer um.
_______________

Fonte:

http://aeiou.visao.pt/quem-vai-a-guerra-e-quem-por-ca-fica=f607898

Luís Graça disse...

Se fostes ver o filme, podes dar a tua opinião, no sítio do Público, no Guia do Lazer > Cinema > Votos dos Leitores (de 1 a 5 estrelas)... Num total de 11 (votos), a pontuação média é 4 (estrelas)...

Aqui fica a "sinopse" do jornal Público (ainda não votos dos críticos):

"Um documentário que pretende ser uma abordagem singular sobre a influência da guerra em Portugal. As vidas e os testemunhos, não dos soldados que combateram durante os duros anos de guerra do ultramar, mas sim de quem ficou: mulheres, mães, irmãs ou namoradas que, durante anos, esperaram por eles, os seguiram ou tiveram de fazer o luto. Realizado por Marta Pessoa ("Alguém Olhará por Ti", "Lisboa Domiciliária") um filme sobre o conflito de guerra que marcou um povo, desta vez, numa perspectiva feminina". PÚBLICO
_____________

Fonte: Reproduzido, com a devida vénia, de:

http://cinecartaz.publico.pt/Filme/286681_quem-vai-a-guerra

Antº Rosinha disse...

Só ao fim de 30 anos, se começa a falar, escrever e discutir, muito retraidamente, o que foi a guerra do ultramar.

Foi uma censura e auto-censura, de muitos anos, mais violenta que a censura imposta pela estratégia natural de qualquer guerra, e que Salazar impôs.

Pena que com tantas "distrações" nacionais e festas "joaninas", estes assuntos de há 40 anos, fiquem para 3º plano nas preocupações das pessoas, o que é mau para a memória de uma nação.

Luís Graça disse...

António Rosinha:

Somos um país que adora ou cultiva as "comemorações"... Em 1880, à beira já do esgostamento de um modelo (o fontismo) de desenvolvimento económico, social e político, comemorámos o 3º centenário da morte do grande Camões... Em 1940, o duplo centenário, o da nacionalidade (800 anos) e o da restauração (400)... Em 2010, o 1º centenário da República... Em 2011, o meio século do início da guerra colonial (ou do ultramar, para sermos pluralistas)...

É tarde para falarmos do nosso passado recente ? É tarde para ti, para mim, para todos nós, ex-combatentes, mas não para a a geração dos nossos filhos e netos... Repara, ainda hoje é tabu, em Espanha, a guerra civil de 1936-1939... Como era tabu, em 1880, a nossa guerra civil de 1828-1834, durante as chamadas lutas liberais... em que andámos a enforcarmo-nos uns aos outros... Cada povo tem o seu "timing", o seu tempo de fazer o luto, a catarse, de olhar o passado com distanciamento, sabedoria, objectividade... Nós, que fomos actores (nas guerras do fim do império), não temos a mesma capacidade do historiador para encarar os factos e a sua rede de causalidade da mesma maneira, fria, racional, asséptica... Não podemos pedir aos outros que tenham, como nós, as mesmas "dores de parto"... Fechámos um ciclo e abrimos outro, com dor... e esperança.

Dorme bem, que é fundamental para a nossa saúde (física e mental)... Luis

Luís Graça disse...

(...) "E também as enfermeiras paraquedistas que, por si só, mereciam um documentário à parte, que arriscaram a vida em cenário de guerra, entre homens, no tempo de brandos e bons costumes, em que a sua missão nem sempre era moralmente bem vista" (...).

O filme da Marta Pessoa é talvez desequilibrada, no que diz respeito ao "tempo de antena", atribuído a estes quatro ou cinco estratos da população feminina que "viveu" a guerra, de diferentes maneiras, e em diferentes cenários: a realizadora acabou por "filmar" mais enfermeiras pára-quedistas (8 em 21) do que as "outras" (mães, irmãs, esposas, namoradas, viúvas, madrinhas de guerra...). Também ficou "agarrada" pelas histórias das perturbações do stresse pós-traumático dos ex-combatentes que fizeram danos colaterais...

Se calhar, concordo, eram outros tantos filmes... Com algumas dificuldades de gestão deste " imenso rio subterrâneo e silencioso" que corre, entre nós, há 50 anos, e que é a memória feminina da guerra colonial, acho que o resultado final é muito positivo: são 21 histórias, podiam ser muitas mais, centenas, milhares...

O mais importante foi ter dado voz a estas nossas companheiras (das esposas às madrinhas de guerra) e camaradas (as enfermeiras pára-quedistas) que, tal como todos nós, estavam no mesmo barco, na mesma esquina da história, no mesmo tempo e espaço que nos coube viver...

Tal não obsta a que se faça tambémk um próximo filme, um grande filme, sobre a aventura (pioneira) dos nossos "anjos da guarda"... LG

PS - Foi pena a Marta Pessoa não se ter socorrido de um "conselheiro militar", alguém que, no seio da equipa de realização, a ajudasse a melhor situar e compreender a "guerra dos homens"... que travámos a milhares de quilómetros de casa...

Anónimo disse...

Opinião do "espectador" Carlos Vinhal, que foi ver o filme, ontem, lá ao pé de casa... e deixou a sua opinião no Guia do Lazer do jornal Público, "on line":


Carlos Vinhal

Quem vai à Guerra

Filme recomendado principalmente às gerações pós-guerra colonial que, já não tendo de participar nela, felizmente, a ignoram completamente. Este filme deveria ter incidido mais no que passaram as mulheres na retaguarda, as que ficaram cá, já que as que acompanharam os maridos foram uma minoria e raramente para a frente de guerra. As mulheres dos ex-combatentes sujeitos ao stress pós-traumático de guerra são umas heroínas. O mesmo podemos dizer das nossas Enfermeiras Pára-quedistas, as únicas no mundo que faziam evacuações a partir dos locais de flagelação.
Os meus parabéns à jovem Marta Pessoa.

Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil
Guiné, 1970/72

Publicada a 16-06-2011 por Carlos Vinhal

[ Texto reproduzido, com da devida véniam, de:

http://cinecartaz.publico.pt/Critica/286681_quem-vai-a-guerra?cId=13777 ]

Luís Graça disse...

Discretíssima, humilde, generosa, solidária, a Giselda é uma transmontana, com a força anímica e a coragem física que a gente conhece dos transmontanos...

E discreta passa no filme "Quem Vai à Guerra", quando ela tem histórias fabulosas para contar (e que aliás já contou aqui, algumas, no blogue)...

Veja-se por exemplo aquela vez em que o seu D0 27 caiu, literalmente no charco, no tarrafo, na "região libertada" da Ilha do Como, coroa de glória da propaganda do PAIGC durante toda a guerra...

Vd. poste de 14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3892: FAP (12): O Fur Mil Pil Mota, e as Enf páras Giselda e Natália, caídos no Como em 1973 e salvos pelos fuzos (Miguel Pessoa)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/02/guine-6374-p3892-fap-12-o-fur-mil-pil.html

E eu, a propósito (ou a despropósito) escrevi sobre ela (mas também sobre o Miguel) o seguinte:

(...) Acho que [vocês, os dois] mereciam figurar no Guiness Book! Mas na nossa Tabanca Grande ficam seguramente melhor, e sobretudo melhor acompanhados pelos amigos e camaradas da Guiné. Giselda, sê bem vinda! Morcões, abram alas para receber, no nosso blogue, a primeira camarada da Guiné, tão combatente como qualquer um de nós!

É um privilégio para todos nós, Giselda, receber-te neste dia, 14 de Fevereiro [de 2009], que por sinal até é dia dia dos Namorados...

Jocastas chamava eu às enfermeiras pára-quedistas que conheci, de relance, no mato, no Vietname, longe de Bissau... Não aceitava que não levassem os nossos mortos, mas apenas os feridos. Hoje percebo porquê... E reconheço que não terei sido tão justo quanto o deveria ser, na minha apreciação do seu papel no TO da Guiné....

Também reconheço que todos nós temos uma dívida para com estas mulheres que, corajosamente, foram os anjos da guarda dos nossos camaradas, caídos ao nosso lado... Uma evacução Y na Guiné, em tempo recorde (20/30 minutos), podia significar a diferença entre a vida e a morte.

Foram também as primeiras mulheres a ingressar, contra tudo e contra todos os preconceitos, nas nossas Forças Armadas. Acho que o país não lhes fez ainda a homenagem que lhes é devida, em tempo útil.

Aceita, Giselda, este pequeno gesto como um reparação de uma pequena injustiça (da minha parte) e sobretudo uma homenagem (da nossa Tabanca Grande), a ti, e às restantes camaradas enfermeiras pára-quedistas que serviram na Guiné e nas demais frentes da guerra do Ultramar.

Luís Graça

PS - É também por elas, pela Giselda e as outras nossas camaradas, que eu vou ver o filme, segunda vez, agora no cinema comercial...